DISPENSACIONALISMO: A Importância da Hermenêutica Bíblica | JP Padilha


A hermenêutica verdadeiramente bíblica exige, indiscutivelmente, que existem três regras indispensáveis para uma teologia honesta e sem distorções da Escritura Sagrada.

REGRA 1: A Hermenêutica Histórico-Gramatical Consistente elimina Alegorizações Infundadas

Se a maioria dos cristãos soubesse dos desdobramentos que a Eclesiologia e Escatologia trazem para a vida prática do cristão, não estariam atribuindo o tema a uma mera questão "secundária". A prática do pedobatismo, por exemplo, é só a ponta do Iceberg Aliancista – Essa tradição romana ficou enraizada na maioria das igrejas reformadas e causa danos irreversíveis na ortodoxia cristã de forma direta. Há alguns anos atrás eu não diria isso. Mas, tendo me aprofundado um pouquinho no tópico e vasculhado as conseqüências doutrinárias resultantes de uma Eclesiologia surgida com as alegorias mirabolantes de Agostinho, descobri que não se trata meramente de ênfase, mas de conteúdo. Tanto os apóstolos como os pais da igreja dos dois primeiros séculos jamais foram conhecidos por defenderem uma visão anti-dispensacionalista.

A hermenêutica bíblica é o estudo dos princípios e métodos de interpretação do texto bíblico. Segundo os comandos claros de Timóteo 2:15, ao se envolverem com a hermenêutica, os crentes devem "procurar se apresentar a Deus aprovados, como obreiros que não têm de que se envergonharem, que manejam bem a palavra da verdade”(v.15).

Deste modo, o objetivo central da hermenêutica dispensacionalista é nos guiar por entre as passagens bíblicas com o propósito de nos levar a uma interpretação aplicada pela própria Escritura, e jamais pela ótica limitada de métodos humanistas, tais como o método de interpretação histórico-crítico ou alegórico. Assim, com base no método histórico-gramatical [literal] dos textos sagrados, atestado e aprovado pelo tempo, a intenção da hermenêutica dispensacional é mostrar o genuíno entendimento e aplicação da Teologia Bíblica. Toda teologia é, por definição, bíblica. Mas, quando falamos de Teologia Bíblica em termos de método interpretativo, estamos a tratar daquilo que foi dito somente pelos autores inspirados das Escrituras Sagradas, sem subterfúgios em opiniões de reformadores e/ou manuscritos não-inspirados, ou até mesmo na aplicação da filosofia cristã, que inclina-se a defender a fé cristã a nível apologético dentro de âmbitos científicos a fim de provar a autenticidade da Palavra Revelada.

A regra indispensável e crucial para o método histórico-gramatical de interpretação é que a Bíblia deve ser interpretada literalmente, a menos que a mesma nos forneça outra interpretação textual clara que aponte para um simbolismo intencionado pelo autor inspirado. Isto significa que a Bíblia deve ser sempre interpretada com base em seu significado normal ou simples, a menos que o texto sagrado revindique por si mesmo uma alegorização e o autor inspirado mostre claramente sua intenção de apontar para uma conclusão simbólica da passagem. A hermenêutica dispensacionalista se diferencia de todas as outras hermenêuticas por conta de sua consistência. Quando de frente para uma passagem bíblica, ela nos mostra de forma concisa se alguma figura de linguagem está, de fato, sendo empregada no manuscrito dos profetas ou dos apóstolos.

Na Bíblia não existem contradições ou múltiplos sentidos. Ela diz o que deseja realmente dizer e não pergunta ao homem se ele tem uma opinião secundária a respeito do que está escrito. Por exemplo, quando Jesus fala de ter alimentado "os cinco mil homens" em Marcos 8.19, o princípio da hermenêutica irrefutável exige que entendamos os “cinco mil” como um número literal – havia uma multidão de cinco mil pessoas esfomeadas e que foram alimentadas com verdadeiros pães e peixes por um Salvador dotado de poder milagroso. Qualquer tentativa de "espiritualizar" o número descrito em Marcos 8.19, ou de negar um milagre literal de Cristo nesse contexto, é lançar a inerrância das Escrituras na lata do lixo, acrescentar alegorias não intencionadas pelo autor e ignorar as leis da linguagem exigidas pelo autor da carta, que é comunicar um número real, literal e conciso, sem brechas para alegorizações.

Muitos intérpretes, sobretudo aliancistas [adeptos da teologia do pacto] cometem o erro grosseiro de tentar buscar significados esotéricos que nunca são encontrados nas entrelinhas do texto inspirado, como se cada passagem tivesse uma verdade espiritual oculta que, segundo eles, deveríamos tentar decifrar. A hermenêutica bíblica do Dispensacionalismo (Premilenismo Futurista) nos mantém fiéis ao significado intencionado pela Palavra de Deus e mui longe de alegorizações estapafúrdias de versículos claramente literais que não nos permitem enxergar qualquer sinal de simbolismo nos mesmos.

Dwight Pentecost, um dos poucos hermeneutas honestos de que podemos ter conhecimento hoje, esclarece que “a abordagem literalista não elimina cegamente as figuras de linguagem, os símbolos, as alegorias e os tipos; no entanto, se a natureza das frases assim exigir, ela se presta prontamente ao segundo sentido. Esse método [literal] é o único freio sadio e seguro para a imaginação do homem. Esse método é o único que se coaduna com a natureza da inspiração. A inspiração completa das Escrituras ensina que o Espírito Santo guiou homens à verdade e os afastou do erro. Nesse processo, o Espírito de Deus usou a linguagem, e as unidades de linguagem (como sentido, não como som) são palavras e pensamentos. O pensamento é o fio que une as palavras. Portanto, nossa própria exegese precisa começar com um estudo de palavras e de gramática, os dois elementos fundamentais de toda linguagem significativa”.[1]

Da mesma forma, Richard Mayhue estabelece a prova irrefutável contra a inconsistência da hermenêutica aliancista:

"Uma teologia não é uma hermenêutica. Tal pensamento enfraquece uma interpretação apropriada da Bíblia. Na realidade, boa hermenêutica (princípios de interpretação de literatura) aplicada por uma exegese habilidosa (Aplicação artística de princípios interpretativos) pode conduzir a uma teologia, mas não o inverso. Infelizmente, todos que seguem tal viés têm colocado o carro proverbial teológico na frente do boi/cavalo hermenêutico.

Todavia, todo Amilenista, Premilenista histórico e Pós-milenista segue esse processo, consciente ou inconscientemente, em parte ou no todo, quando chegam a tratar com a identidade da igreja (Eclesiologia) e o futuro de Israel (Escatologia). Quando eles não atingem seu fim teológico predeterminado usando a hermenêutica normal (Que os tem servido bem em todas as áreas da teologia), eles mudam a sua hermenêutica para gerar as conclusões predeterminadas com as quais começaram. Isso produz uma abordagem preconceituosa à interpretação a fim de validar uma predeterminada conclusão. Esta é uma maneira inaceitável, inconsistente e inválida para interpretar a Bíblia. Assim, ela é rejeitada em toda maneira e uso pelo Premilenismo Futurístico. Somente uma hermenêutica consistente pode conduzir a uma interpretação intencionada por Deus do texto sagrado. Para o Premilenismo Futurístico, uma hermenêutica histórico-gramatical consistente para interpretar a Escritura toda é uma teologia pressuposicional, e não predeterminada.

O Premilenismo Futurista não necessita de novas regras de interpretação quando chega em textos proféticos. O texto bíblico é tomado no seu valor normal, em seu contexto, reconhecendo linguagem simbólica e figuras de discursos, somado à realidade que eles representam. Ela permite o intérprete a assumir a mesma abordagem geral à história de Josué, ou ao altamente figurativo Cantares, ou livros proféticos.

Por isso, a não ser que algum claro e incontestável mandato da Escritura mude o modo como a pessoa interpreta a profecia da segunda vinda (e não há nenhum mandato), então a Escritura deve ser interpretada consistentemente ao longo de toda a Bíblia. Somente o Premilenismo Futurista faz isso".

Ao falar da natureza do livro de Apocalipse, Richard Mayhue nos fornece uma prova cabal e cristalina a respeito de passagens que contém números e que, se fossem levadas a sério, em seu sentido normal, muitos males teriam sido evitados ao longo dos séculos na teologia cristã:

“É entendido comumente, como uma regra básica de hermenêutica, que números devem ser aceitos por seu valor real, i ,e., comunicando uma grandeza matemática, a não ser que haja uma evidência substancial que garanta o contrário. Este ditado para interpretar números bíblicos é geralmente aceito como um ponto de partida apropriado [indispensável]. Esta regra permanece real por toda a Bíblia, incluindo Apocalipse. Um resumo de números em Apocalipse sustenta isto. Por exemplo, sete igrejas e sete anjos em apocalipse 1 referem-se a sete igrejas literais e seus mensageiros. Doze tribos e doze apóstolos referem-se ao real número histórico (Ap 21:11-14). Dez dias (Ap 2.10), cinco meses (Ap 9.5), um terço da humanidade (Ap 9.15), duas testemunhas (Ap 11.3), quarenta e dois meses (Ap 11.2), 1260 dias (Ap 11.3), doze estrelas (Ap 12.1), dez chifres (Ap 13.1), mil e seiscentos estádios (Ap 14:20), três demônios (Ap 16:13), e cinco reis caídos (Ap 17.9-10), todos usam números em seu sentido normal. Dos vários números em Apocalipse, SOMENTE dois (sete espíritos em Ap 1.4, e 666 em Ap 13.18) são conclusivamente usados de uma forma simbólica. Enquanto essa linha de arrazoado não prova que "mil anos" em Apocalipse 20 deve ser tomado literalmente, ele coloca o ônus da prova sobre aqueles que discordam em aceitar "mil anos" como mil anos.

Não devem apenas os números em geral ser tomados normalmente em Apocalipse, mas, mais especificamente, números referindo-se a tempo. Em Apocalipse 4-20, existem, pelo menos, VINTE E CINCO REFERÊNCIAS de medições de tempo. Apenas dois destes demanda ser entendido como algo que não seja um sentido literal, e estes não envolvem números reais: "O grande dia da ira dEle" (Ap 6.17) provavelmente excederá 24 horas e "A hora do seu juízo" (Ap 14.7) aparentemente se estende para além de sessenta minutos. Não há nada, no entanto, na frase "mil anos", que sugira uma interpretação simbólica”.[2]

REGRA 2: O Texto Dentro do Contexto


 A segunda lei fundamental que rege a hermenêutica dispensacionalista, ou seja, bíblica, é que as passagens devem ser interpretadas visando seu contexto histórico, gramatical e contextual.

1. O Contexto Histórico:

 Ao interpretar uma passagem historicamente, o leitor deve se empenhar em compreender a cultura, pano de fundo e situação que deu origem ao respectivo texto, considerando o contexto do texto. Por exemplo, a fim de compreender plenamente a fuga de Jonas em Jonas 1:1-3, faz-se necessário entender a correlação que a história dos assírios tem com a história de Israel.


2. O Contexto Gramatical:

 Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras gramaticais exigidas pelo texto sagrado e que reconheçamos as nuances do hebraico e grego. Por exemplo, quando Paulo escreve sobre "nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo" em Colossenses 1.13, as regras gramaticais atestam categoricamente que “Deus e Salvador” são termos paralelos e ambos conectados a Jesus Cristo. Em outras palavras, Paulo claramente aponta Jesus como "nosso grande Deus”.


3. O Contexto em Si:

 Ao interpretar os versículos de uma passagem de forma contextual, estamos cientes de que isto envolve a lei imutável que rege toda a Palavra inspirada, onde o leitor deve, por temor e tremor a Deus, considerar todo o contexto de um versículo ou passagem antes de determinar o seu significado uno [e não múltiplo]. Quando de fronte com um texto bíblico difícil de ser conciliado com passagens aparentemente opostas à sua premissa, os versículos anteriores e posteriores do capítulo ou livro, e, se necessário, da Bíblia em seu todo, devem ser imediatamente consultados para a conclusão intencionada pelos autores inspirados por Deus – O Espírito Santo não é débil e a Bíblia jamais contradiz a Si mesma. A Bíblia responde por si mesma, em qualquer passagem que possa apresentar dificuldades de correlação entre um ponto e outro por falta de uma análise aprofundada de seu amplo contexto. Tomemos como exemplo o livro de Eclesiastes. Muitas declarações enigmáticas em Eclesiastes tornam-se mais claras quando mantidas em seu devido contexto – o livro de Eclesiastes é escrito a partir da perspectiva terrena "debaixo do sol" (Ec 1.3). Na verdade, a frase “debaixo do sol” é repetida cerca de trinta vezes pelo rei Salomão, inspirado pelo Espírito Santo, estabelecendo o contexto real para tudo o que é "vaidade" neste mundo.

REGRA 3: A Escritura Interpreta a Escritura


 A terceira e última regra crucial da hermenêutica dispensacionalista que se diferencia de todas as visões aliancistas no campo teológico é o fato inexorável de que a Escritura interpreta a própria Escritura. Por esta razão, os cristãos protestantes dispensacionalistas sempre comparam a Escritura com a própria Escritura ao tentarem determinar o significado de uma passagem ao invés de construir uma teologia apropriada com o intuito errôneo de aplicar uma hermenêutica predeterminada (e é esse o maior erro já cometido por aliancistas na história eclesiástica). Uma boa hermenêutica produz uma boa teologia, mas nunca o inverso. Por exemplo, Isaías condena o desejo de Judá de buscar ajuda do Egito. É importante salientar o fato de que a sua dependência em uma cavalaria forte (Is 31.1) era motivada, em parte, pela proibição explícita de Deus de que Seu povo não deveria ir ao Egito em busca de cavalos (Dt 17:16).

Nos últimos tempos, o Premilenismo Futurista (Dispensacionalismo) tem sido maldosamente distorcido por doutores de igrejas tradicionalistas no desespero de defenderem suas convicções heréticas baseadas em erros passados. O Dispensacionalismo tem sido alvo de ataques desonestos e das mais variadas formas de perversão que se pode imaginar, pois o sistema dispensacionalista liberta os leitores de uma hermenêutica espúria e predeterminada por uma teologia de plástico, condicionada a olhar para a Bíblia com os olhos da incredulidade alegórica. O resultado dramático de nossos dias é notado pelas discrepâncias desse sistema religioso corrompido que vemos hoje, a saber, o aliancismo (também conhecido como Teologia do Pacto), igualmente defendido e aplicado pelo catolicismo romano.

As pessoas evitam estudar a hermenêutica dispensacionalista por caírem nos sofismas falaciosas criados pelo sistema evangélico aliancista e por acreditarem cegamente em conceitos “dispensacionalistas” criados pelos anti-dispensacionalistas. Doutores não-dispensacionalistas se empenham em criar conceitos nunca antes defendidos pelo Dispensacionalismo ou, quando isto não funciona, se dedicam a apontar erros obsoletos que os próprios dispensacionalistas corrigiram com o tempo. Ou seja, a elaboração errada de uma premissa obviamente leva a conclusões errôneas da mesma, tendo como objetivo promover um falso sistema eclesiástico jamais defendido pelo verdadeiro Dispensacionalismo. Isto é o que denomina-se como “espantalho”, uma forma sofística de levar pessoas a combaterem o que não entendem nem querem entender, uma vez que estas pobres almas concluíram que o Premilenismo é herético porque o sistema opositor assim o disse com base em falsas aplicações do sistema Premilenista Futurista (Dispensacionalismo). Estas pessoas, em sua maioria presas pelos grilhões da tradição romana aliancista, perdem o senso de ousadia ao foliar as páginas da Bíblia com confiança no Sumo Sacerdote [Jesus Cristo], que a todos os santos dá sabedoria, sem lançar fora os que com fé a pedem. Elas ficam inclinadas a pensar que, ao estudar o verdadeiro Dispensacionalismo, isto limitaria a sua capacidade de aprender  com a Palavra de Deus ou sufocaria a iluminação das Escrituras por parte do Espírito Santo. Não é atoa nem injusto que o nosso lema seja: “Na alegorização está a raiz da incredulidade”.

Todavia, os receios por parte dos que temem estudar o Dispensacionalismo (Premilenismo Futurista) são infundados e provocados claramente pelo medo da verdade. Sim. Medo da verdade que indubitavelmente atravessará seus corações como uma espada de dois gumes; o que irá doer, certamente. Mas, embora a verdade a respeito da natureza inegável das dispensações da Escritura sejam dolorosas para quem se acostumou com a ‘carne podre’ do aliancismo romano durante anos, esta mesma verdade liberta e produz frutos. É assim que funciona em toda a história da Bíblia. Passagens do Antigo Testamento, por exemplo, que antes não faziam qualquer sentido a respeito de Israel, começam a saltar como confetes do Livro Sagrado. A realidade que nos cerca, juntamente com os últimos acontecimentos testificados pelas profecias, trazem luz para o nosso entendimento e esperança realista quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo para arrebatar a Sua amada noiva e a livrar da Tribulação que há de vir sobre todo o mundo, quando Deus irá ferir a terra com a Sua ira, a qual sobre os ímpios [e não sobre a Sua amada igreja] permanece para sempre.

A hermenêutica dispensacionalista aponta para a correta interpretação do texto inspirado sem mutilar seu real propósito ao se comunicar com os santos de forma inerente. O propósito da hermenêutica dispensacionalista é, sobretudo, nos proteger da má aplicação da exegese escriturística e nos livrar de qualquer outra concepção alegórica infundada que possa corromper a nossa compreensão da verdade. A Palavra de Deus é a verdade (Jo 17.17). Queremos ver a verdade, conhecer a verdade e viver a verdade. É por isso que a hermenêutica dispensacionalista, a qual consiste num método histórico-gramatical consistente – isto é, sem abandoná-lo ao lidar com textos proféticos e relacionados à Eclesiologia e Escatologia – é a melhor opção para quem deseja saber o que a Bíblia de fato está nos comunicando, e não o que a tradição dos homens quer que sigamos por motivos de conveniência.

– JP Padilha
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NOTAS:
[1] Dwight Pentecost / Manual de Escatologia
[2] Richard Mayhue / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista
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🔍 FONTE: https://jppadilhabiblia.blogspot.com.br/
📚 TÓPICO: Eclesiologia e Escatologia

A MULHER PIEDOSA CONTRA A QUEBRA DO NONO MANDAMENTO - Parte 1 | Simone Quaresma


Qual seria e extensão do estrago na sua vida e na vida dos que te rodeiam, se num dia desses, sem aviso, todas as suas conversas particulares e as coisas que você fala de outras pessoas, fossem expostas em alto e bom som, para quem quisesse ouvir? Esta idéia te parece assustadora? Será que tudo que falamos em oculto, é lícito o suficiente para ser declarado, se necessário, em praça pública? Será que temos atentado para o que a Bíblia insistentemente nos alerta com relação ao nosso falar? Se existe uma área da vida das mulheres que deve ser constantemente vigiada, é o modo como ela utiliza sua língua.

Muito embora não se dê atenção a este tipo de pecado, ele é largamente tratado na Bíblia, com admoestações severas e castigos assustadores para aqueles que não retrocedem. Numa rápida pesquisa em qualquer chave bíblica, podemos ver a abundância de textos sagrados que nos advertem quanto ao uso santo e piedoso do nosso falar. Não obstante, muito pouco se lê ou se ouve nos púlpitos sobre o assunto. Quantas vezes, por exemplo, você se lembra de ter presenciado em sua igreja, algum membro ser disciplinado por não se corrigir, e permanecer na prática de pecados relacionados à língua? Quantos fofoqueiros e mexeriqueiros impenitentes você conhece que nunca foram chamados ao arrependimento, nunca foram convidados a abandonar sua prática pecaminosa e sequer são tratados como faltosos? Seria o pecado contra o 9º mandamento menos importante e menos ofensivo ao Senhor do que a quebra do 6º, por exemplo? Sabemos, conforme explicações da pergunta 151 do Catecismo Maior de Westminster, que existem agravantes e atenuantes para classificar os tipos de pecado. Mas isso não quer dizer que um pecado é mais sério do que o outro. Todo pecado é uma violação da Lei de Deus, e como tal, merecem o inferno e custaram o sacrifício expiatório de Cristo para seu povo. O texto de Provérbios deixa esta idéia bem clara:

“Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos.” Provérbios 6.16-19

Sim, você leu direitinho! Pecados normalmente atribuídos a pessoas terríveis (derramar sangue inocente e tramar projetos iníquos), na mesma sentença que ter língua mentirosa e semear contendas. Talvez a partir deste entendimento, devêssemos nos deter mais acuradamente a estudar este mandamento. Será que tenho pecado contra o Senhor nesta área da minha vida durante anos, sem nunca ter me dado conta? Tenho minimizado a seriedade do uso das minhas palavras? Justamente por isso este artigo está sendo escrito! Para juntas, analisarmos quando e como temos quebrado a lei de Deus e mudarmos, se este for o nosso caso! Podemos estar enganadas, achando que temos progredido na carreira cristã, mas temos nos aperfeiçoado em pecados que ignoramos. O romancista americano Washington Irvin descreveu o mau uso da língua da seguinte forma: “Uma língua afiada é o único instrumento de corte que, quanto mais usado, mais afiado fica.” Temos progredido e aperfeiçoado o pecado da língua?

De minha parte, confesso que, apenas há poucos anos, me dei conta do quanto ignorava esta prescrição da lei de Deus. Tenho lutado contra minhas próprias artimanhas de achar que sou cheia de justiça, a ponto de falar de meus irmãos, como se eu estivesse muito acima deles… com muita vergonha, sou obrigada a confessar que durante muito tempo da minha caminhada cristã, não me policiei suficientemente e não coloquei como prioridade de vida uma língua que apenas construísse e edificasse, e nunca destruísse. Só há pouquíssimo tempo tenho orado como o salmista:

“Põe guarda, Senhor à minha boca; vigia a porta dos meus lábios.” Salmos 141.3

Sei bem que esta é uma luta que teremos durante toda a nossa vida, mas quanto mais atentas estivermos, mais fácil será para nós, detectarmos nosso pecado e lutar contra ele.

A língua mostra como está o coração
Nossas palavras refletem o que está no nosso coração, nossas verdadeiras intenções. E qual o meio usado para externar todo tipo de imundície e pecado que está dentro de nós? A língua! É através deste pequeno órgão que mostramos ao mundo quão contaminado está o nosso coração. É dele que vem todo tipo de mal, como disse Jesus:

“E dizia: O que sai do homem, isso é o que o contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de dentro e contaminam o homem.” Marcos 7.20-23

Tiago também nos admoesta quanto ao perigo da nossa língua. No capítulo 3, ele argumenta que há três coisas enormes, que são guiadas por pequenos elementos, fazendo uma metáfora clara do poder da língua.

“O leme é uma parte muito pequena da estrutura do navio, entretanto é essencial para seguir o curso que o piloto tem em mente. Note que não é o vento forte, mas o piloto, que determina a direção do navio. O contraste está na pequenez do leme e no tamanho do navio” disse Simon Kistemaker, em seu comentário do Novo testamento, editora Cultura cristã, página 151.

Os três exemplos usados por Tiago expressam a mesma realidade: o navio guiado pelo pequeníssimo leme, os freios nos cavalos e a insignificante fagulha na floresta, capaz de destruí-la. Estas metáforas são contundentes! Tiago compara a língua ao fogo no sentido de estar fora de controle e de ser extremamente destrutivo: é um mundo de perversidades que nenhum homem é capaz de domar; “é mal incontido, carregado de veneno mortífero.” “a imagem é de uma cobra venenosa, cuja língua nunca descansa e cujas presas estão cheias de veneno mortal… é um retrato horrendo que mostra a natureza do pecado.”

A argumentação de Tiago é assustadora! Como podemos ficar em paz, se usamos a língua para bendizer ao Senhor, e com a mesma língua maldizemos aqueles que são feitos à sua imagem? Alguma coisa muito errada está acontecendo quando agimos desta forma! O texto sagrado nos confronta:

“Com ela (a língua), bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim. Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso? Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce.” Tiago 3.9-12

O que Tiago quer dizer é que se a língua tem sido usada de forma pecaminosa, é porque tem algum problema na fonte que origina a palavra, o coração. É por este motivo temos que nos examinar seriamente. Devemos medir nossa religiosidade por parâmetros bíblicos, não por subjetividades inventadas por homens. E a Palavra de Deus é um medidor inexorável de nossa pretensa piedade:

“Se alguém SUPÕE ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã.” Tiago 1.26

“O homem de Belial, o homem vil, é o que anda com a perversidade na boca, acena com os olhos, arranha com os pés e faz sinais com os dedos. No seu coração há perversidade; todo o tempo maquina o mal; anda semeando contendas…” Provérbios 6.12-14

É impressionante como muitas vezes não nos damos conta do quanto a nossa maneira de falar mostra ao mundo que tipo de pensamentos e sentimentos pecaminosos acalentamos no coração. É a boca que deixa extrapolar, jorrar para fora, pintar em tons muito fortes e visíveis o tipo de crente que somos. Podemos até tentar demonstrar uma piedade fingida, mas nossa boca trairá esta intenção.

“No coração do prudente, repousa a sabedoria, mas o que há no coração do insensato vem à lume.” Provérbios 14.33

“A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos insensatos derrama a estultícia.” Provérbios 15.2

Nossa língua fala e demonstra quem somos. Temos falado o que vem à mente, sem nenhum tipo de avaliação preliminar? Semeamos contendas e falamos de forma que destrói ao invés de construir? Não somos fortes o suficiente para domar este pequeno órgão? Tem jorrado águas amargas da fonte que pensamos ser boa? Então é hora de avaliar o coração, de colocar em cheque a nossa fé, de nos arrependermos e mudarmos os pensamentos e as intenções, para que esta mudança atinja o nosso falar.

Como a Bíblia descreve a língua do justo e a do ímpio?
Ao medirmos nossa estatura cristã pelo uso da língua, podemos ser achadas em falta. Se queremos nos avaliar, precisamos fazê-lo pelo padrão Eterno. Será que nos encaixamos na descrição que a Palavra de Deus dá dos justos, ou temos nos parecido mais com os ímpios, nesta área específica? Antes de lhe mostrar os textos, no entanto, gostaria de explicar que, no livro de Provérbios, quando se usa a palavra ímpio o seu significado extrapola o senso comum. Tendemos a achar que ímpio, injusto, perverso, estulto, insensato, são termos muito fortes e que descrevem os que estão fora do arraial do povo de Deus. Mas não é bem assim… Estes termos estão se referindo ao ímpio de uma maneira geral, mas também àqueles que se julgam crentes, mas andam como os ímpios. Lembre-se que o livro de Provérbios foi escrito visando os jovens de Israel, os crentes! Então as advertências contidas aqui, tocam a todas nós. O perverso não é aquele monstro horroroso que comete crimes hediondos. Jesus faz a mesma analogia em Mateus 7.23 quando diz: “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” Praticar a iniqüidade significa não se adequar à lei de Deus, transgredi-la, violá-la, não se conformar à sua santa Palavra. Ímpio é o contrário de pio, santo, piedoso. Portanto, não leia todas estas admoestações e estes adjetivos tão pesados, como se isso estivesse muito distantes de nós. Quando não praticamos a justiça, agimos como o perverso, como o ímpio, como o estulto.

Dito isso, veja como Provérbios faz a diferenciação entre estas duas categorias:

“Prata escolhida é a língua do justo, mas o coração dos perversos vale mui pouco. Os lábios do justoapascentam a muitos, mas, por falta de senso, morrem os tolos.” Provérbios 10.18-21

“A boca do justo produz sabedoria, mas a língua da perversidade será desarraigada. Os lábios do justo sabem o que agrada, mas a boca dos perversos, somente o mal.” Provérbios 10.31-32

“A boca do justo é manancial de vida, mas na boca dos perversos mora a violência.” Provérbios 10.11

“Prata escolhida é a língua do justo, mas o coração do perverso vale mui pouco.” Provérbios 10.20

“Os lábios mentirosos são abomináveis ao SENHOR, mas os que agem fielmente são o seu prazer.” Provérbios 12.22

Agir fielmente, apascentar a outros e produzir sabedoria com o que fala, é característica dos justos. O contrário disso, é viver como os ímpios, que não conhecem a Deus, vivem. Se não nos enquadramos numa categoria, necessariamente estamos na outra! O uso da língua faz uma espécie de separação muito clara entre o que é povo e o que não é povo. Por isso, ela é o sinal de alerta, a trombeta tocando, a fumaça que denuncia o fogo!


Nos próximos textos, usaremos o Catecismo Maior de Westminster para entendermos o nono mandamento e suas abrangentes exigências.

– Simone Quaresma
FONTE: http://www.mulherespiedosas.com.br/

NATAL: UMA SUPERSTIÇÃO PAPISTA E ECUMENISTA | Charles H. Spurgeon


Não temos superstição alguma com relação a tempos e estações. Certamente não cremos no presente acordo eclesiástico chamado Natal. Primeiro, porque não acreditamos na missa de maneira alguma [Natal em Inglês é Christmas, ou seja, a missa de Cristo], mas a abominamos, seja ela feita em Latim ou em Inglês. E, em segundo lugar, porque não encontramos nenhuma autorização sequer da Escritura para observarmos qualquer dia como o dia do nascimento do Salvador, e, consequentemente, sua observação é uma superstição, porque não é de autoridade divina. A superstição fixou positivamente o dia do nascimento do Salvador, embora não haja possibilidade de se descobrir quando realmente aconteceu“.[1]

Quando puder ser provado que a observância do Natal, semana santa e outros festivais papistas foram alguma vez instituídos por um estatuto divino, nós também iremos e atenderemos a eles. É nosso dever rejeitar as tradições dos homens bem como observar as ordenanças do Senhor. Eu faço questionamento com respeito a cada rito e cada enfase, "É isto uma lei do Deus de Jacó?" e se isto não está claro então isto não tem autoridade entre nós que caminhamos na liberdade de Cristo.[2]

Considero que é uma das coisas mais absurdas debaixo do céu pensar que existe religião quando se guarda o dia de Natal. Não há nenhuma probabilidade de que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia, e a observância dele é puramente de origem papal – Sem dúvida os que são católicos tem o direito de reivindicá-lo – mas não posso entender como os protestantes consistentes podem tê-lo de alguma maneira como sagrado.[3]

– Charles Haddon Spurgeon
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📚 NOTAS:
[1] Charles H. Spurgeon / Sermon Joy Born at Bethlehem
[2] Charles H. Spurgeon / In: Treasury of David [Tesouro de Davi], s/d, Salmos 81.4.
[3] Charles H. Spurgeon / Encarnação e Nascimento de Jesus, pág. 2

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 FONTES:
– Spurgeon.org
– https://jppadilhabiblia.blogspot.com.br/

OBSERVAÇÃO: Algumas pessoas tem insistido, com base no contexto de uma citação confusa do livro "Encarnação e Nascimento de Cristo", que Spurgeon era a favor da celebração natalina. Todavia, a ênfase do puritano no fato de que tal celebração se trata de uma superstição papista e sem amparo das Escrituras aponta claramente para uma posição contrária. No início da página 2 Spurgeon se posiciona radicalmente contra o dia 25 de Dezembro instituído pela igreja romana. O que ele fez em alguns sermões, exigidos pela agenda eclesiástica, foi dizer que celebraria o nascimento de Cristo o ano inteiro se os irmãos concordassem em se juntar a ele contra o SANTO NATAL comemorado anualmente pelas massas.

CAPÍTULO 8: O Novo Testamento Rejeita o Premilenismo Futurista? | John MacArthur

Há vários anos o termo “newspaper exegesis” (‘exegese periódica’) foi cunhado e usado como argumento indigno contra o Premilenismo Futurista.[2] A caricatura mostrava os estudiosos do Premilenismo Futurista com a Bíblia em uma das mãos e a última edição do citado jornal na outra.

Ler os eventos a partir da Bíblia e interpretá-los como acuradamente escriturísticos representa uma séria acusação da má hermenêutica e exegese na prática. Neste capítulo, perceberemos que esta acusação não tem nenhum efeito sobre a vasta maioria dos aderentes do Premilenismo Futurista. Ao contrário, será demonstrado que a negligência na interpretação realmente caracteriza as outras visões escatológicas, no sentido de que elas, sem garantias bíblicas, lêem o Novo Testamento no Antigo, o que resulta numa escatologia que se adéqua a uma teologia predeterminada. Fazendo isto, eles reinterpretam o Antigo Testamento de maneira tal que ninguém antes do tempo de Cristo teria reconhecido suas conclusões.

As profecias do Antigo Testamento, tomadas em seu significado simples, inevitavelmente levam ao Premilenismo Futurista (Dispensacionalismo). Como notado no capítulo anterior, este é um ponto sobre o qual os eruditos amilenistas e posmilenistas concordam. Até mesmo um breve panorama da profecia do Antigo Testamento não permite questionamento quanto ao que estava sendo descrito, Como explica o Premilenista Walvoord:

Se interpretado literalmente, o Antigo Testamento nos dá uma clara noção de expectativa profética de Israel. Eles confiantemente anteciparam a vinda de um Salvador e Libertador, um Messias que seria Profeta, Sacerdote e Rei. Esperavam que Ele os livrasse de seus inimigos e inaugurasse um reino de justiça, paz e prosperidade sobre a terra redimida. Dificilmente se discutirá se o Antigo Testamento apresenta ou não tal quadro, não em textos isolados, mas na declaração constantemente repetida da maioria dos profetas. Todos os Profetas Maiores e praticamente todos os Menores possuem secções messiânicas, descrevendo a restauração e a glória de Israel em seu reino futuro. Isto é tão claro aos grandes estudiosos do Antigo Testamento que é consenso entre praticamente todos que o Antigo Testamento apresenta a doutrina Premilenista quando interpretado literalmente. A interpretação premilenista oferece o único cumprimento literal possível para centenas de versículos do testemunho profético.[3]

À luz desta realidade histórica, amilenistas e posmilenistas geralmente respondem de uma das duas maneiras: Por um lado, alguns afirmam que as promessas dadas no Antigo Testamento, quando interpretadas como literais, eram condicionais. Assim, quando a nação de Israel rejeitou o Messias, ela automaticamente anulou qualquer promessa de um reino futuro. Mas, como discutido no capítulo anterior, esta [terrível] afirmação choca-se contra a natureza irrevogável da eleição divina (Rm 11.29). A rejeição do Messias por Israel era parte do plano de Deus desde a eternidade passada, o que levaria o Salvador à cruz. Isto não alterou o plano de Deus quanto ao Seu povo escolhido. Ademais, o glorioso futuros de Israel é predito na promessa incondicional das alianças Abraâmica, Davídica e Nova Aliança (e.g., Sl 89.29-37; Jr 30.4-11). Deus não revogaria estas promessas sem que tivesse que voltar atrás em Sua palavra, o que é absolutamente impossível (Hb 6.13-18). Por outro lado, muitos amilenistas e posmilenistas respondem a isto simplesmente rejeitando a noção de que as promessas concernentes ao milênio devam ser interpretadas literalmente. Em vez disso, eles afirmam que muitas das profecias do Antigo Testamento devem ser espiritualizadas, tais como quaisquer descrições físicas de um reino futuro são entendidas como metáforas de bênção espiritual. Eruditas amilenistas justificam tal abordagem apelando ao Novo Testamento com a desculpa de que, se o intérprete começar aqui (no NT), ele chegará ao entendimento do Antigo Testamento numa perspectiva amilenista. O propósito deste capítulo é investigar esta argumentação. Para fazê-lo, antes de tudo é importante entendermos a mente escatológica do Antigo Israel. Não se questiona se os judeus do Antigo Testamento interpretavam as palavras dos profetas de modo literal. Como resultado disto, eles esperavam um reino messiânico futuro na terra. A antecipação daquela era dourada descreve uma progressão por todo o período intertestamentário. Como explica o erudito abaixo:

Durante o período chamado intertestamentário desenvolvia-se um pensamento em boa parte da literatura judaica de uma ressurreição por vir e do estabelecimento de um “reino milenar.”... Por exemplo, um reino milenar é descrito em obras como Enoque 6–36, 91–104 e 2Enoque 33.1, onde temos a expressão 1.000 anos, 4Esdras 7.28-29, onde temos o número de 400 anos e Test. Isaque 6–8, onde se refere a um banquete milenar.[4]

Nos tempos de Cristo, portanto, a expectativa do povo judeu tinha como foco um reino terreno no qual o Messias reinaria de Jerusalém sobre todas as nações.[5] Esta teria sido a perspectiva de Maria ao ouvir o anúncio do anjo Gabriel em Lucas 1.31-33.[6]. Foi também a visão dos discípulos durante seu tempo com Jesus – foi por isto que, embora motivados por razões egoístas, eles desejaram grandeza pessoal no reino (cf. Mt 20.21; Mc 10.37; Lc 22.24).

A consideração do tratamento que o Novo Testamento dá às questões relativas ao milênio deve ser feita tendo como pano de fundo a escatologia judaica do primeiro século. Se os escritores do Novo Testamento tivessem rejeitado o Premilenismo Futurista, tão prevalecente em seus dias, deveríamos esperar que eles o denunciassem clara e explicitamente (como o fizeram em resposta a outras questões, tais como o legalismo dos judaizantes). Uma veemente condenação seria necessária a fim de sobrepor a tão disseminada escatologia dos crentes judeus, baseada num entendimento comum das Escrituras do Antigo Testamento que lhes tinham sido transmitida.[7]

O fato de não existir tal denúncia tem grande significância, especialmente quando comparado com as passagens do Novo Testamento onde uma interpretação literal da profecia do Antigo Testamento é assumida. Ademais, a referência mais explícita ao milênio em toda a Escritura encontra-se no Novo Testamento, no livro de Apocalipse 20.1–6. Se o propósito dos escritores do Novo Testamento era negar a escatologia prevalecente em seus dias, como afirma a posição amilenista, eles fizeram um péssimo trabalho – de fato, um trabalho muito pobre, tanto que a geração de pais da igreja que imediatamente os seguiu entendeu o Novo Testamento numa perspectiva distintamente Premilenista.[8] Como observa certo escritor:

Um dos testemunhos mais eloqüentes à verdade Premilenista encontra-se no absoluto silêncio do Novo Testamento e, consequentemente, dos primeiros pais da igreja a respeito de qualquer controvérsia considerando o ensino premilenista. A visão premilenista era universalmente adotada pelos judeus. A igreja também era predominantemente premilenista. Não há registro de qualquer controvérsia nesse sentido. É inacreditável que os judeus e a igreja primitiva tivessem cometido um erro tão sério em sua interpretação do Antigo Testamento em sua expectativa quanto ao justo reino sobre a terra após o segundo advento de Cristo, e não haja uma correção, além de toda evidência que vem a confirmar, e não negar tal interpretação.[9]

Na discussão que se segue, os ensinos de Cristo, Pedro, Paulo e João serão considerados. A cada um deles será perguntado se rejeitam ou não o Premilenismo Futurista. Notar-se-á que, em vez de uma interpretação alegórica excludente das promessas do Antigo Testamento, o Novo Testamento realmente promove e sustenta o Premilenismo Futurista dos profetas judeus.


JESUS TERIA REJEITADO O PREMILENISMO FUTURISTA?
Embora Jesus tenha falado do reino de Deus em um sentido geral (como o domínio no qual Deus governa ou a esfera da salvação), ele jamais negou a realidade do reino milenar futuro.[20]. De fato, a promessa de Jesus em Mateus 19.28 foi explicitamente premilenista. Ele disse aos seus discípulos: “Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da Sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel”. Esta promessa foi reiterada na noite que antecedeu sua morte, como registrado em Lucas 22.28-30: “Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações. Assim como meu Pai me confiou um reino, Eu vo-lo confio, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel”. Os discípulos que compartilhavam as expectativas milenistas de seus compatriotas judeus entenderam claramente estas promessas literalmente.

Após a ressurreição, o Senhor continuou a instruir seus discípulos sobre o reino. Lucas, em sua breve descrição do período de quarenta dias entre a ressurreição e a assunção do Senhor, explica que este tópico era predominante nos dias do ministério de ensino de Cristo. Em Atos 1.3, Lucas escreve: “A estes [os apóstolos] também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus”. Sua mensagem primária dizia respeito ao reino. Embora os discípulos tivessem sido caracterizados no passado como cabeças duras, este não era mais o caso, pois Cristo “abriu suas mentes para entenderem as Escrituras” (Lc 24.45).

Ao fim do período de quarenta dias a Escritura inclui uma passagem mais instrutiva acerca do reino milenar. Depois de terem sido ensinados sobre o reino pelo próprio Cristo e de terem recebido um entendimento sobrenatural da Palavra de Deus, os discípulos ainda entenderam o reino messiânico no seu sentido normal [literal] – Premilenista Futurista. Em Atos 1.6 eles inquiriram: “Senhor, será este o tempo em que restaurarás o Reino a Israel?”. Na mente dos discípulos, após intensiva instrução sobre o assunto pelo próprio Cristo ressurreto, as promessas do Antigo Testamento concernentes ao milênio ainda deveriam ser entendidas como literalmente verdadeiras. Sua única pergunta era a respeito de quando estas coisas deveriam acontecer. É importante notarmos a maneira que Jesus respondeu a esta dúvida: “Respondeu-lhes: ‘Não vos compete conhecer os tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade’” (v. 7). É significativo que Cristo não denuncie ou corrija a expectativa dos discípulos quanto ao milênio [literal]. Ele não refuta seu entendimento da natureza do reino. Em vez disso, Cristo meramente explica que não era da competência dos discípulos conhecerem o tempo daquele reino futuro. Durante os quarenta dias que Jesus passou com seus discípulos discutindo coisas pertinentes ao reino, Ele certamente poderia ter-lhes ensinado que esse reino era apenas “espiritual”. Tendo aberto os olhos dos discípulos para entenderem as Escrituras, o Senhor poderia ter-lhes explicado que os profetas do Antigo Testamento deveriam ser interpretados de modo alegórico e não literal. Mas Ele não o fez. Ao fim deste período, os discípulos ainda estavam convencidos de que o reino seria literalmente restaurado à nação de Israel. Se Cristo tivesse a intenção de corrigir tal noção, esta seria a melhor oportunidade para o fazer. Mas Ele nada disse. Ele se recusou a responder a pergunta dos discípulos acerca do tempo do reino, mas de maneira nenhuma refutou seu entendimento da natureza desse reino. A resposta de Cristo indica claramente que a expectativa dos apóstolos de um reino terreno, literal, refletia seu próprio ensino e o plano de Deus, claramente revelado no Antigo Testamento. Mas o tempo do reino era ainda futuro. Nesse ínterim, o Senhor tinha uma missão específica a confiar aos discípulos, que deveriam ser suas testemunhas “tanto em Jerusalém como em toda a Judeia, Samaria e até os confins da terra” (At 1.8).


PEDRO TERIA REJEITADO O PREMILENISMO FUTURISTA?
Do testemunho de Cristo, vamos aos testemunhos dos pós-Pentecostes dos apóstolos. Atos 1.6 indica que os discípulos mantiveram suas expectativas premilenistas após a ressurreição de Jesus. Mas o que dizer do Dia de Pentecostes? O estabelecimento da igreja em Atos 2 alterou seu entendimento da profecia do Antigo Testamento?

O sermão de Pedro em Atos 3 indica exatamente o oposto – que os apóstolos aguardavam objetivamente o cumprimento literal da profecia do milênio, mesmo depois do nascimento da igreja. Após a cura de um homem (At 3.6-7), Pedro começou a pregar no templo. Lucas registra o sermão em Atos 3.12-26. Em meio à mensagem, Pedro disse aos seus ouvintes judeus: “Mas Deus, assim, cumpriu o que dantes anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para que sejam apagados os vossos pecados, a fim de que, pela presença do Senhor, venham os tempos de Seu refrigério, e que Ele envie o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas de que Deus falou pela boca dos seus santos profetas desde a antiguidade” (v. 18-21).

Nestes poucos versos, Pedro revela dois pontos importantes: Primeiro, ele enfatizou que as profecias do Antigo Testamento sobre a primeira vinda de Jesus tinham sido literalmente cumpridas (v. 18); assim, os judeus deveriam esperar que as profecias sobre sua segunda vinda também se cumpririam literalmente (v. 20-21). Segundo, Pedro usou a linguagem própria do milênio – indicando que falava de um reino terreno esperado por sua platéia judia. Frases como “tempos de refrigério” e “o período de restauração de todas as coisas” são frases características do milênio literal, emprestando imagens do Antigo Testamento, com as quais os ouvintes de Pedro estavam plenamente familiarizados.

Por exemplo, Ezequiel disse que o reino milenar seria “chuva de bênçãos” (34.26). O profeta Joel o descreveu como um tempo de satisfação (2.26). Isaías o viu como uma era em que “A areia esbraseada se transformará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas” (35.6-7). Isaías 11.6-10 o descreve com palavras semelhantes:

“O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar. Naquele dia, recorrerão as nações à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos povos; a glória lhe será a morada”.

“O período de restauração de todas as coisas” é outro nome para o reino terreno futuro de Cristo, o reino milenar. É reminiscente da descrição de nosso Senhor do reino como a “regeneração” (Mt 19.28). É então que a pergunta dos apóstolos em Atos 1.6 será respondida (cf. Mc 9.12). O reino será marcado por paz, alegria, santidade, pela revelação da glória de Deus, conforto, justiça, conhecimento do Senhor, saúde, prosperidade e liberdade da opressão. O universo será dramaticamente alterado em sua forma física (Jo 2.30,31; 3.14-16; Ap 16.1-21) assim como a maldição sobre o homem e seu mundo será revertida.

Pedro encerrou seu sermão em Atos 3 reafirmando o fato de que os judeus ainda eram a nação escolhida de Deus. Ele disse: “Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abraão: “NA TUA DESCENDÊNCIA SERÃO ABENÇOADAS TODAS AS NAÇÕES DA TERRA” (v. 25). Em vez de negar um futuro para a Israel nacional, Pedro sustentou e afirmou um entendimento literal das promessas do Antigo Testamento – note que elas seriam cumpridas literalmente, do mesmo modo que foram as promessas quanto à primeira vinda de Cristo. Quando o ouviram pregar, os judeus entenderam exatamente o que Pedro queria dizer.


PAULO TERIA REJEITADO O PREMILENISMO FUTURISTA?
Como apóstolo dos gentios, Paulo talvez fosse o mais interessado em negar um reino futuro para a nação de Israel ao proclamar o evangelho a uma audiência não-judia por todo o império romano. Entretanto, o que Paulo disse aos seus leitores predominantemente gentios em Romanos 3.1-4?

“Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus. E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá a desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso, segundo está escrito: PARA SERES JUSTIFICADO NAS TUAS PALAVRAS E VENHAS A VENCER QUANDO FORES JULGADO”.

A infidelidade de alguns judeus (cf. Rm 9.6) – ao ponto de uma geração inteira ter rejeitado o seu Messias – não anulou a fidelidade de Deus, nem cancelou Suas promessas à nação de Israel. Como Paulo perguntou retoricamente em Romanos 11.1: “Pergunto, pois: Terá Deus rejeitado Seu povo? De modo algum!”. O apóstolo continua a explicar esse ponto nos versos 25-29. Ele escreve:

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: VIRÁ DE SIÃO O LIBERTADOR, E ELE APARTARÁ DE JACÓ AS IMPIEDADES. ESTA É A MINHA ALIANÇA COM ELES, QUANDO EU TIRAR OS SEUS PECADOS. Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”.

No contexto, “Todo Israel” deve ser entendido apenas como – uma geração futura de judeus étnicos que comporão toda a nação de Israel no início do reino milenar. A visão amilenista comum de que “todo Israel” se refere unicamente ao remanescente redimido durante a era da igreja é incoerente com o texto. A declaração de Paulo diz respeito de todo o Israel judeu crente, a quem o Senhor preservara para Si mesmo. O fato, por exemplo, de que somente alguns dos ramos (judeus descrentes) foram quebrados (v. 17) plenamente indica que o remanescente de judeus crentes – os ramos que não foram quebrados – continuarão a existir, enquanto que a totalidade dos gentios está sendo completada. Estes judeus são os que estão sendo redimidos e que não fazem parte do endurecimento espiritual que veio a Israel por conta de sua rejeição do Messias (v. 25).

Antes de todo o Israel ser salvo, seus membros descrentes, impiedosos, serão separados pela inerrante mão do julgamento de Deus (Ez 20.33-38; Dn 12.10; Zc 13.8-9). Os que ouvirem a pregação dos 144.000 (Ap 7.1-8); 14.1-5), de outros convertidos (Ap 7.9), de outras testemunhas (Ap 11.3-13) e do anjo (Ap 14.6), e assim passarem pela vara do julgamento de Deus, compreendem todo Israel, que – em cumprimento à promessa irrevogável e soberana de Deus – será completamente uma nação de crentes prontos para o reino do Messias Jesus. Então as promessas da nova aliança serão final e completamente cumpridas:

“Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o Senhor; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados “ (Jeremias 31.31-34; cf. 32.38).

O controle de Deus sobre a história evidencia irrefutavelmente Sua soberania. E tão certo como Ele cortou o Israel infiel de Sua árvore da salvação, Ele também restaurará o Israel fiel, trazendo-o de volta para Si – uma nação completamente restaurada e completamente salva. Assim, como a totalidade dos gentios iniciará a salvação de Israel, assim também a salvação de Israel iniciará o reino milenar de Jesus Cristo. Como um expert que era no Antigo Testamento, Paulo tinha grande familiaridade com as promessas de Deus a Israel. Em Romanos 3 e 11, o apóstolo deixou muito claro que acreditava no cumprimento literal e futuro dessas promessas.


JOÃO TERIA REJEITADO O PREMILENISMO FUTURISTA?
Quem quer que afirme que o apóstolo João negou um reino milenar futuro e literal, deve tratar primeiro com o texto de Apocalipse 20.1-6 (para maior explicação sobre essa passagem, ver os capítulos 3 e 6). O texto não poderia ser mais claro. Considere as palavras de João escrevendo de seu exílio na ilha de Patmos, encorajando seus leitores com a futura esperança:

“E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo. E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos” (Apocalipse 20.1-6).

A passagem inequivocadamente ensina que o retorno de Cristo precede o reino milenar – um cenário incompatível com o Amilenismo e o Posmilenismo, mas que é exatamente o que ensina o Premilenismo Futurista. Para negar a cronologia que Apocalipse impõe às suas perspectivas, as posições amilenistas e posmilenistas precisam negar que o capítulo 20 segue cronologicamente o capítulo 19.[11] Mas tal negação ignora a significância cronológica da frase “e vi” (v. 1,4,11; cf. Ap 6.1,2,5,8,12; 7.2; 8.2,13; 9.1; 10.1; 13.1,11; 14.1,6,14; 15.1; 16.13; 17.3; 19.11,17,19; 21.1) e a continuidade do contexto. Tendo tratado do Anticristo e do falso profeta no capítulo 19, Cristo trata com o maligno, Satanás, no capítulo 20. Por que rejeitar uma cronologia tão óbvia? A principal motivação parece ser uma negação das conclusões Premilenistas Futuristas – na ausência daquela persuasiva justificativa bíblica.

A extensão do tempo em que Satanás será preso é definido como mil anos, isto é, as primeiras seis referências precisas e importantes à duração do milênio (cf. Ap 20.3,4,5,6,7). A prisão de Satanás traz sérias dificuldades para amilenistas e posmilenistas. Eles afirmam que Satanás já se encontra preso, pois crêem que já [supostamente] estamos vivendo o milênio (embora não entendam que a duração do milênio seja literalmente de mil anos). Muitos posmilenistas também crêem que Satanás esteja atualmente preso, pois, de outra forma, seria difícil ver como a igreja poderia antecipar o milênio. Entretanto, a atividade de Satanás na era presente torna impossível a afirmação de que ele esteja preso na era atual. Satanás introduz hipócritas mentirosos na igreja (At 5.3), trama esquemas contra os crentes (2Co 2.11; Ef 6.11), disfarça-se de anjo de luz para enganar as pessoas (2Co 11.14) e ataca os crentes (2Co 12.7; Ef 4.27). Satanás também deve ser resistido (Tg 4.7); ele atrapalha os que estão no ministério (1Ts 2.18) e leva os crentes ao desvio (1Tm 5.15). Amilenistas e posmilenistas geralmente argumentam que Satanás foi preso no momento da cruz e que tal prisão significa simplesmente que ele não pode mais enganar as nações, impendido-as de aprenderem a verdade de Deus. Mas Satanás nunca impediu as nações gentílicas de conhecerem a verdade antes de sua alegada prisão por ocasião da cruz. Os egípcios ouviram sobre o Deus verdadeiro pelos lábios de José e dos israelitas durante os quatrocentos anos em que lá viveram como escravos. Os assírios de Nínive não somente ouviram a verdade pela boca de Jonas, como também se arrependeram (Mt 12.41). A rainha de Sabá ouviu a respeito do verdadeiro Deus por meio de Salomão (1Re 10.1-9); os babilônios ouviram através de Daniel e de seus amigos judeus; os persas ouviram sobre Deus através de Ester, Mordecai e Neemias. Ademais, em que sentido Satanás é impedido de enganar as nações na era presente, quando Paulo afirma [peremptoriamente] que ele cega o entendimento dos incrédulos (2Co 4.4), e que ele “agora opera nos filhos da desobediência” (Ef 2.2), e que “mantém cativos os descrentes” (2Tm 2.26) em seu atual império (Cl 1.13)?


A Escritura testifica que tudo pode ser dito de Satanás nesta era, menos que esteja preso, o que acontecerá somente no reino terreno vindouro de nosso Senhor Jesus Cristo. Somente então o príncipe das trevas será encarcerado no grande abismo, que será fechado e selado para que ele não possa mais enganar as nações (cf. Is 24.21-22). Sua atividade no mundo não será meramente restringida ou refreada, mas completamente interrompida; não mais lhe será permitido atuar no mundo, como quer que seja. Com Satanás, suas hostes de demônios e todos os pecadores que rejeitaram a Deus estarão fora do caminho, e o reino milenar de paz e justiça será estabelecido [na terra por mil anos]. O regente supremo neste reino será, naturalmente, o Senhor Jesus Cristo. Somente ele é o “REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES” (Ap 19.16), e “O Senhor Deus lhe dará [a Ele somente] o trono de Davi, seu pai” (Lc 1.32). E Ele ainda prometeu graciosamente que seus santos reinarão com Ele (Ap 2.26-27). Eles governarão subordinados sobre cada aspecto da vida no reino e, sendo glorificados e aperfeiçoados, cumprirão com perfeição a vontade de Deus.

Nesta visão, João vê o panorama do povo de Deus ressurreto, recompensado e reinando com Cristo [na terra por mil anos]. Ele viu tronos simbolizando autoridade judicial e real, com o povo de Deus os ocupando, e o julgamento lhes foi dado. Os santos glorificados promoverão a vontade de Deus e julgarão disputas. Política e socialmente, o governo de Cristo e de Seus santos será universal (Sl 2.6-8); Dn 2.35), absoluto (Sl 2.9; Is 11.4) e justo (Is 11.3-5). Espiritualmente, Seu governo será um tempo em que o remanescente descrente de Israel será convertido (Jr 30.5-8; Rm 11.26) e a nação será restaurada à terra que Deus prometeu a Abraão (Gn 13.14-15; 15.18). Será um tempo em que as nações gentílicas também adorarão o Rei (Is 11.9; Mq 4.2; Zc 14.16). O governo milenar de Cristo e de Seus santos será marcado pela presença da justiça e da paz (Is 32.17) e da alegria (Is 12.3-4; 61.3,7). Finalmente, será um tempo em que a maldição será interrompida (Is 11.7-9; 30.23-24; 35.1-2,7), um tempo em que haverá abundância de alimentos (Joel 2.21-27), um tempo em que haverá plena saúde e bem-estar (Is 33.24; 35.5-6), o que resultará em longevidade (Is 65.20).

Embora os amilenistas tentem reduzir o Premilenismo Futurista meramente a um ensino do Antigo Testamento, o fato é que a passagem mais explícita acerca do milênio encontra-se no livro final do Novo Testamento. Tomadas em seu sentido normal, as palavras de João não podem ser minimizadas. Como observa Walvoord:

O livro de Apocalipse, embora sujeito a todo tipo de abuso por parte da erudição e divergentes interpretações, quando tomado em seu propósito pleno, nos oferece um esboço simples da verdade Premilenista Futurista – primeiramente um tempo de grande tribulação; em seguida o segundo advento, o aprisionamento de Satanás, a libertação e bênção dos santos, o governo justo sobre a terra por 1000 anos, seguidos pelo julgamento final, e novos céus e nova terra.[12]


REUNINDO TODAS AS TESTEMUNHAS
O coração do debate milenista realmente encontra-se no Novo Testamento. Praticamente todos reconhecem que o Antigo Testamento ensina o Premilenismo Futurista – isto é, caso suas promessas sejam interpretadas literalmente. Os judeus do Antigo Testamento e do período entre os dois testamentos certamente entenderam tais promessas em termos literais. Eles esperaram um reino messiânico terreno – um tempo de grande bênção física e paz política para o mundo. A questão, então, é se os escritores do Novo Testamento desaprovam ou não tal perspectiva. E a resposta simples é não.

De fato, eles fizeram o oposto. Quando é seu propósito falar sobre o tratamento de Deus com os judeus, eles enfatizam o fato de que Ele ainda não concluiu Sua obra naquela nação. As promessas do Antigo Testamento ainda não se cumpriram, mas se cumprirão – do mesmo modo que a profecia bíblica se cumpriu com respeito à primeira vinda de Cristo. Ademais, o Novo Testamento especifica a duração do tempo, mil anos, que terá o reino milenar antes da história do mundo chegar ao seu fim, dando início ao estado eterno. Com a confiança de que todas as promessas de Deus verdadeiramente se cumprirão, os crentes podem esperar um futuro glorioso – tanto no reino milenar como além – que os aguarda e a todos que põem sua fé em Jesus Cristo.

– John MacArthur / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 8, Pág. 155-168.

SUMÁRIO: Os Planos Proféticos de Cristo

CALVINO E SEU COMBATE CONTRA O NATAL | JP Padilha


Embora a opinião dos reformadores não seja autoritativa, ela é de suma importância para a igreja quando em conformidade com as Escrituras. Eis abaixo alguns dados históricos da luta de João Calvino contra uma das festas pagãs que mais destruiu (e tem destruído) lares "cristãos" em termos de doutrina e temor a Deus.

1536 - Quando Calvino chegou em Genebra, a observação de dias santos já havia sido abolida por Farel e Viret. "Antes de eu entrar na cidade, não havia festivais, com exceção do “dia do Senhor" [culto semanal], escreveu Calvino.

1537 - Calvino e Farel apresentaram seus artigos sobre a Organização da Igreja e seu culto em Genebra. A Ceia do Senhor era para ser celebrada semanalmente ou até com mais frequência, mas esta mudança era para ser gradualmente introduzida por uma observância mensal. Significativamente, sem dias santos mencionados nesses artigos, em conformidade com a prática existente da cidade.

1538 - A cidade de Genebra tinha descido a um tumulto político e eclesiástico. Parte do problema envolvia a relação entre a igreja em Genebra com a igreja em Berna. Os Berneses desejavam que os genebrinos se conformassem com as suas próprias práticas em três detalhes: o batismo de fontes, pão sem fermento na ceia, e à observância dos quatro "grandes festivais": Natal, Páscoa, Ascensão e Pentecostes.

Calvino e muitos dos outros ministros se posicionaram contra as tentativas do governo (libertinos e outros) da cidade de Genebra para impor essas mudanças sobre a igreja de Genebra. Essa oposição foi capitalizada pelos ministros inimigos em Berna e Genebra, e por vereadores inimigos em Genebra, que viu nesta controvérsia uma oportunidade de livrar-se de Calvino e sua disciplina eclesiástica rigorosa, e para expandir suas carreiras políticas, promovendo a união com Berna.

Não muito tempo depois, Calvino apelou ou protestou publicamente contra o conselho de Genebra ao qual chamou de um "conselho do diabo". Ele foi expulso da cidade. Com a expulsão de Calvino, o conselho de Genebra instituiu as cerimônias Berneses na igreja de Genebra, incluindo os quatro dias de festa. Com relação a isso, Calvino escreveu: "Aqueles [festivais] comemorados por vocês foram aprovados pelos mesmos decretos públicos pelos quais eu e Farel fomos expulsos...”,

Calvino e Farel temiam que Genebra retrocedesse muito em direção ao mal após as suas expulsões. Na verdade, eles temiam que a cidade retornasse às práticas do Romanismo, as quais tanto Calvino e Farel combateram arduamente e, com isso, a causa e o progresso da Reforma em Genebra seria perdida e o nome de Cristo gravemente desonrado. Em desespero, Calvino pediu ao sínodo em Zurique, concordando com a adoção das cerimônias Berneses, contudo, mesmo assim, apenas com certas condições. Essas tentativas de reconciliação falharam, e Farel e Calvino permaneceram expulsos da cidade que tinham tão fielmente trabalhado para reformar e firmar a Suficiência das Escrituras. 

1539 - Os problemas novamente eclodiram entre Genebra e Berna com o resultado de dois dos quatro síndicos que se opunham. Calvino e Farel fugiram de Genebra e foram sentenciados à morte. Eles foram substituídos por partidários de Calvino. Os dois outros síndicos que se opunham a Calvino, ambos morreram em 1540 em circunstâncias extremamente desonrosas. Dois dos ministros que se opunham a Calvino partiram logo em seguida.

1541 - Tudo isso pavimentou o caminho para o retorno de Calvino. Com a condição do seu regresso, um governo da igreja resolveu formular um acordo. O “ecclesiastiques Ordonnances” foi preparado por uma comissão de ministros e vereadores em 1541 e passou por um processo de revisão e ratificação pelos três níveis de governo civil em Genebra, e, em última análise, se tornando lei. Calvino tinha procurado implantar uma observância mensal da ceia (o mínimo), mas foi frustrado em seus desejos. A versão final do “Ordonnances” havia estabelecido "que deve ser administrada quatro vezes por ano, ou seja, no Natal , Páscoa, Pentecostes, e no primeiro domingo de setembro, no Outono", e também garantindo a observação continuada dos quatro festivais. A partir deste momento em diante, Calvino deveria manter essa ordem em Genebra.

Alguns pesquisadores chegaram à conclusão de que era prática normal de Calvino não interromper sua série de exposições regulares com sermões especiais dedicadas às observâncias sazonais, uma prática que poderia indicar uma completa falta de respeito para o calendário do festival [isso te lembra algo?]. 

1549 - Calvino foi definitivamente interrompido de dar seguimento às suas exposições normais para trazer sermões que combinavam com o calendário eclesiástico estabelecido pela “Ordonnances” de 1541. Calvino trouxe sete sermões ao longo de sete dias sobre a paixão e ressurreição de Cristo [Páscoa: No Novo Testamento, Cristo é a nossa Páscoa, uma vez que o Cordeiro de Deus fora imolado de uma vez por todas], um sermão de Pentecostes especial e um sermão sobre natividade de Cristo para a ceia no Dia de Natal. 

1550 - Calvino pregou oito sermões, de domingo a domingo, novamente na “paixão de Cristo” para a semana da “Páscoa”. Essa prática logo acabou. Em 16 de novembro de 1550, o Conselho votou novamente para eliminar os dias de festa. O Registro dos pastores em Genebra: “...um edital anunciou a revogação de todos os festivais, com a exceção dos “domingos que Deus tinha ordenado" [Deus nunca ordenou a observância do domingo]. Surpreendentemente, esta mudança resultou em outra grande controvérsia com Berna.

Há uma carta importante, escrita em 02 de janeiro de 1551, em que Calvino explica sua relação com a opinião a respeito dessas mudanças em Genebra. Ele, de fato, nega ser o autor ou instigador da mudança, e sustenta que ele não foi consultado sobre isso. (Rumores eram abundantes de que ele foi o responsável pela decisão).

Mas, devemos nos certificar de que todo o propósito da carta não é para reclamar sobre a mudança. Ele diz a seu correspondente que: "apesar” da decisão, “ele não lamentava por isso", e aconselha que se ele "soubesse o estado das nossas igrejas assim como eu, [ele] não hesitaria em assinar o meu julgamento; “...que o abandono das festas foi apenas o "uso de nossa liberdade como a edificação da igreja ... e que, se um certo Bernese ministro não agiu por ambição pessoal numa ocasião anterior, "dias de festas poderiam ter sido abolidas naquela província inteira”.

Mas a questão permanece: Por que Calvino disse que não teria aconselhado a tomar esta decisão se tivesse sido consultado? Gillespie responde: “Porque ele não viu o fim nem o remédio para o tumulto levantado sobre dias de festa, e, provavelmente, para impedir o curso da reforma...”.

1553 - A proibição não durou muito tempo. Encontramos Calvino novamente interrompendo o seu curso habitual para sermões sobre textos relacionados com os festivais [Calvino protestou contra o Natal publicamente em seus sermões, como será demonstrado aqui].

1557 - Calvino estava escrevendo palavras como estas: "Com relação às cerimônias e, sobretudo, à observância de dias santos, eu ofereço o seguinte: Apesar de existirem alguns que avidamente tem tempo para estar em conformidade com tais práticas [pagãs], eu não sei como eles podem fazê-lo sem desrespeito para com a edificação da igreja, nem sei como eles podem prestar contas a Deus por ter avançado o mal e impedido a sua solução". (Ironicamente, esta carta é datada de 25 de dezembro de 1557).

De que lado o debilitado e doente teólogo Calvino estava? Estaria ele do lado dos puritanos ou contra eles?

“O conteúdo geral das cartas de Calvino sobre a questão da observância dos dias santos parece indicar claramente que, embora ele estivesse pronto para TOLERAR essas celebrações controvertidas para não prejudicar o avanço da Reforma, ele mesmo não as aprovava e estranhava que outros se sentissem tão ofendidos com as reformas litúrgicas levadas a efeito em Genebra relacionadas à abolição dos dias santos”. (Paulo Anglada)

Citação de João Calvino em um de seus sermões contra o Natal:

“Vejo que há mais pessoas, aqui, hoje, do que costuma haver nos outros sermões. Por que isso? Porque é dia de “Natal”. E quem disse-lhes tal coisa? Pobres bestas. Isso é um eufemismo adequado para todos que vieram, aqui, hoje, honrar o “natal”. Pensam que honram a Deus? Consideram que tipo de obediência a Deus tens demonstrado? Em suas mentes estão celebrando um dia santo para Deus, ou, transformando-o em um. Na verdade, vocês têm sido frequentemente admoestados de que seja bom separar um dia do ano, no qual, lembramos de todo o bem ocorrido por causa no nascimento de Cristo no mundo, e ouvimos a história de seu nascimento sendo recontada, o que acontecerá no culto de domingo. Porém, se vocês acham que Jesus Cristo nasceu hoje, são tão loucos quanto bestas selvagens. Quando você engrandece somente um dia com o propósito de adorar a Deus, você simplesmente transforma-o em um ídolo. Na verdade, vocês insistem que têm feito assim para a honra de Deus, contudo, honram mais ao diabo.

Consideremos o que nosso Senhor tem a dizer sobre o assunto. Não era a intenção de Saul adorar a Deus quando ele poupou Agag, o rei dos amalequitas, juntamente com os melhores despojos e gado? Ele diz tanto quanto: "Eu quero adorar a Deus". A língua de Saul estava cheia de devoção e boa intenção. Mas, qual foi a resposta que recebeu? "Você é adivinho! Você é herege! Você é apóstata"! Vocês afirmam estar honrando a Deus, mas Deus o rejeita e rejeita tudo o que você faz. Consequentemente, o mesmo é verdade em nossas ações. Nenhum dia é superior a outro. Não importa se lembramos do nascimento do Senhor em uma quarta-feira, quinta-feira, ou em algum outro dia. Porém, quando insistimos em criar uma prática baseada em nossos caprichos, blasfemamos contra Deus e criamos um ídolo, apesar de termos feito tudo isso em nome de Deus. Quando você adora a Deus com ociosidade espiritual num dia “santo”, é um grave pecado para suportar, pois, isto atrai outros pecados até atingirmos a medida da iniquidade. Portanto, vamos prestar atenção ao que Miquéias (5:7-14) está dizendo aqui - que Deus não apenas despojará coisas que são más em si mesmas, como também eliminará qualquer coisa que promova superstição. Entendendo isso, não acharemos estranho o Natal não ser celebrado. Porém, hoje, no domingo, celebraremos a ceia do Senhor e recitaremos a história do nascimento do nosso senhor Jesus Cristo”. 


João Calvino 
📖 Excerto do sermão em Miquéias 5:7-14 
 Data: 22/12/1551
📚 Sermons on the Book of Micah, p. 302-303.
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NOTA: Dados históricos concedidos publicamente por Ivan Vasconi.

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Se você me perguntar o que eu sou, eu lhe responderei: "sou esposo". Se você insistir, lhe responderei: "sou pai"....