OS JUDEUS ATUAIS AINDA DÃO O DÍZIMO? | JP Padilha



Não. Os judeus não dão o dízimo desde que o Templo de Jerusalém foi destruído no ano 70 d.C e a adoração judaica foi interrompida. Nesse sentido, os judeus acabam sendo mais bíblicos e coerentes do que os “cristãos” denominacionais, pois eles, os judeus, sabem que o dízimo só podia ser entregue aos levitas na Casa do Tesouro (Dt 26.12-14; Ml 3.10), que era uma repartição no Templo de Jerusalém. Eles também sabem que o dízimo nunca significou dinheiro, mas somente alimento (Dt 12.5-7; Dt 14.22-29. Dt 26.12-14). Existem 15 versos de 11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que descrevem o conteúdo do dízimo. E o conteúdo jamais incluiu dinheiro, prata, ouro ou qualquer outra coisa além de alimento. Mesmo assim, a definição incorreta de “dizimar” é uma das maiores mentiras ensinadas por denominações heréticas na história da cristandade (Cf. Levítico 27:30,32; Números 18:27,28; Deuteronômio 12:17; 14:22, 23, 26; 2 Crônicas 31:5; Neemias 10:37; 13:5; Malaquias 3:10; Mateus 23:23 e Lucas 11:42). Em nenhum lugar da Bíblia o Dízimo é entregue em dinheiro aos levitas na Casa do Tesouro, a qual se encontrava no Templo de Jerusalém.

Então nos deparamos com a seguinte pergunta: A lei do Dízimo ainda funciona? A resposta é óbvia: NÃO. Nada disso está mais em vigor hoje no Judaísmo, pois não há o Templo de Jerusalém. Por essa razão, quando um dito “cristão” chama de Templo aquele edifício que ele constrói com tijolos, pedras e cimento, ele está sendo motivo de riso para qualquer judeu que conheça o Antigo Testamento. E quando o cristão entrega o “dízimo” a um – assim chamado - “pastor” (pois esse diz que que a Casa do Tesouro é a Tesouraria da sua instituição religiosa), ele já passa a ser motivo de GARGALHADA para o judeu. E quando ele (o “pastor”) constrói um templo como réplica do que havia em Jerusalém, o judeu já fica IRADO porque a brincadeira passou dos limites e virou falta de respeito. Tudo isso que vemos na cristandade nada mais é do que uma caricatura mal feita do Judaísmo; todavia, infelizmente, a maioria dos cristãos hoje não percebe isso.

– JP Padilha
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COMO SURGIU A IDEIA DE DAR DÍZIMO A UMA INSTITUIÇÃO RELIGIOSA? | JP Padilha



O dízimo é bíblico? Sim. O dízimo é cristão? NÃO. A lei do dízimo pertence à dispensação da Lei e era uma instituição puramente judaica. No Novo Testamento não há nenhum registro sequer dessa prática e por cerca de 300 anos da história da Igreja não encontramos os cristãos dizimando, até porque o dízimo consistia em sacrifícios de animais e colheitas das plantações.

A ORIGEM DO “DÍZIMO CRISTÃO” E DO SALÁRIO DO CLERO

Cipriano (200-258 d.C.) foi o primeiro escritor “cristão” a mencionar a prática de sustentar financeiramente o “clero” – uma classe especial de homens considerados “líderes” da Igreja de Cristo. Cipriano argumentou em seus escritos antibíblicos que, da mesma forma que os levitas foram sustentados pelo dízimo no Velho Testamento, assim também o “clero cristão” deveria ser sustentado pelo dízimo – imposição que consiste em pagar 10% de sua renda a uma instituição religiosa. Todavia, isso representa uma das mais repugnantes ideias que alguém poderia ter com relação à Igreja. A partir do momento em que Cristo morre na cruz e ressuscita dentre os mortos, o sistema levítico está eliminado, juntamente com todo o tipo de lei mosaica e sacerdócio veterotestamentário. Na Igreja todos os crentes são sacerdotes, tendo como Sumo Sacerdote Jesus Cristo, que está nos céus. Por essa razão, se um dito “sacerdote” demanda dízimo dos fieis da Igreja de Deus, ele está praticando HERESIA e estelionato! O pedido de Cipriano foi bem incomum naquele tempo. Tanto que não foi apoiado nem divulgado pelo povo cristão naquela época, mas somente muito tempo depois.

Além de Cipriano, nenhum escritor cristão antes de Constantino (272 d.C. - 337 d.C.) jamais utilizou referências do Velho Testamento para impor sobre a Igreja a lei do dízimo. Foi apenas no século IV, 300 anos depois de Cristo, que alguns líderes cristãos começaram a defender a lei do dízimo como prática cristã a fim de sustentar o clero. Mesmo assim, isso não chegou a ser comum entre os cristãos até o século VIII! Segundo o que podemos constatar na história, pelos primeiros 700 anos o dízimo quase não fora mencionado entre os cristãos, até mesmo entre as denominações religiosas (seitas) que começaram a ser instituídas a partir do século IV. Vale ressaltar que, até que a institucionalização da Igreja começasse por volta do século IV, os cristãos se reuniam como Jesus havia ensinado em Mateus 18.20, dentro de suas casas e em lugares menos pretenciosos do que aquelas réplicas do Templo judaico que vemos na ruína do testemunho cristão hoje. A judaização da Igreja começou exatamente no século IV, com Constantino. Porém, a ideia do dízimo, como já fora mencionado, já estava circulando pouco tempo antes, com os ensinos de Cipriano.

DA TEORIA PARA A PRÁTICA

Para ser mais exato, o assim chamado “dízimo cristão” migrou do Estado para a Igreja. Na prática, tudo começou com o Estado tendo total influência sobre as denominações religiosas e vice-versa, como é o exemplo da “Igreja Anglicana” na Inglaterra e da “Igreja Católica Romana” na Itália. Na Europa Ocidental, exigir o dízimo da produção de alguém era cobrar o aluguel da terra que lhe era dada em arrendamento. Na medida em que a cobrança do aluguel de 10% era entregue à Igreja, esta aumentava sua quantidade de terras ao longo da Europa. Essa prática resultou em um novo significado relacionado a esta cobrança de 10%. Logo chegou a ser identificada com o dízimo levítico! Por conseguinte, o “dízimo cristão” como instituição foi baseado em uma fusão da prática do Velho Testamento com a instituição pagã (o Estado). Isto é, não podemos dizer que se trata de Judaísmo nem de Cristianismo, visto que nem Israel, nem a Igreja edificada por Cristo jamais exerceu esse tipo de “dízimo” em dinheiro pago a um “clero”.

Já no século XVIII, o “dízimo cristão” chegou a ser um requisito legal nas ditas “igrejas” em muitas áreas da Europa Ocidental. Nessa época o conceito bíblico do dízimo judaico, como lei cerimonial praticada no Antigo Testamento, já havia desaparecido. O “dízimo cristão” tornou-se obrigatório ao longo da Europa cristã.

Em outras palavras, antes do século VIII, o “dízimo cristão” era um ato de oferta voluntária (o termo “dízimo” já havia sido distorcido pelas denominações religiosas). Mas pelo fim do século X, ele passou a ser uma exigência legal para sustentar a Igreja Estatal — exigida pelo clero e colocada em vigor pelas autoridades seculares!

Infelizmente, com essa judaização da Igreja, a maioria das denominações religiosas modernas, principalmente aquelas conhecidas como “igreja evangélica”, dá continuidade ao ato de dizimar em dinheiro como uma exigência legal. Certamente você não vai ser castigado fisicamente por não dizimar. Porém, se você não for dizimista — isto se aplica à maioria das igrejas modernas — você será excluído das posições importantes do ministério da denominação a qual está afiliado, e sempre será culpado e atacado de cima do púlpito das instituições ditas cristãs.

Quanto à ideia do clero receber salários mensais, os ministros da Igreja de Deus não receberam salários durante os primeiros três séculos d.C. Durante 300 anos isso não é encontrado na história da Igreja. Porém, quando Constantino, líder estatal da igreja em Roma, entrou em cena ele instituiu a prática de pagar um salário fixo ao clero. Esse salário era proveniente dos fundos eclesiásticos e das tesourarias municipais e imperiais. Assim, pois, nasceu o salário do clero, uma prática daninha que não tem resquício de apoio do Novo Testamento. Mas isso não é tudo. O ato de pagar um salário ao – assim chamado hoje – “pastor” obriga-o a ser complacente com os homens. É a lei do “faça por merecer” (o dito “pastor” diz o que as pessoas querem ouvir e as pessoas dão dinheiro a ele por isso). O então pastor se torna escravo dos homens. O “vale refeição” do pastor está garantido na medida em que ele se faz simpático à congregação. Assim, pois, ele nunca está à vontade para expressar-se livremente sem temer perder alguns fortes dizimistas. Esta é a praga do sistema do pastor assalariado.

CONCLUSÃO

Embora o dízimo seja bíblico, ele não é cristão. Jesus Cristo nunca ensinou isso aos cristãos e jamais impôs tal lei à Sua amada noiva – a Igreja. Os cristãos do século I não o observaram e por cerca de 300 anos o povo de Deus não o praticou. Dizimar não foi uma prática aceita em grande escala entre os cristãos até o século VIII! O ato da oferta no Novo Testamento era segundo a capacidade de cada um e este sim tem a ver com dinheiro e todo o tipo de posse, além de não ser uma imposição da lei, mas sim um ato de caridade pessoal (1Co 16.1-2; 2Co 8.5, 11-12). Os cristãos doavam AOS POBRES para ajudar a outros, a fim de apoiar obreiros apostólicos da Igreja, permitindo-lhes viajar e fundar igrejas (2Co 9.9). O apóstolo Paulo falou sobre “dar e receber” e deixou claro que não desejava servir de peso a ninguém (2Ts 3.8,9; Fp 4.15-19). NINGUÉM dentre os cristãos primitivos pediu dinheiro em troca de exercer seu ministério com honestidade. Um dos testemunhos da Igreja Primitiva foi o de revelar o quão liberais eram os cristãos com relação aos pobres e necessitados. Foi isso que fez com que gente de fora da Igreja, inclusive o filósofo Galeno, presenciasse o poder gigantesco e encantador da Igreja Primitiva e dissesse: “Olhe como se amam uns aos outros”.

Definitivamente, o dízimo pertence ao Velho Testamento, onde um sistema de tributação foi estabelecido para apoiar os pobres e onde havia um sacerdócio especial separado para ministrar ao Senhor. Com a vinda de Jesus Cristo, houve uma “mudança na lei” — o antigo acordo foi “cancelado” e “posto de lado”, dando lugar a um novo. Agora, todos somos sacerdotes — livres para entrar no Santo dos santos, isto é, na presença de Deus (Ap 1.6; 5.10; 1Pe 2.5, 9; Hb 10.19-22; 13.15-16). A Lei, o velho sacerdócio e o dízimo, todos foram crucificados com Cristo. Agora não há cortina do templo, nem imposto do templo, e não há um sacerdócio especial que se coloca entre Deus e o homem. Você, querido cristão, foi libertado da atadura da lei do dízimo e da obrigação de apoiar o sistema clerical inventado pelos homens.

– JP Padilha
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POR QUE A LEI DO DÍZIMO NÃO É PARA OS CRISTÃOS? | JP Padilha



Você sabia que existem CINCO tipos de dízimos mencionados na Bíblia? Um foi voluntário, dado por Abraão uma única vez, antes de se tornar lei. Na Lei existiram quatro tipos de dízimo, sendo um deles usado para aliviar as necessidades dos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. E para ficar ainda mais interessante, NENHUM desses dízimos era mensal. O de Abraão foi um caso isolado, dado uma única vez em sua vida; três dízimos da Lei eram anuais e o “Dízimo da Caridade” era dado de três em três anos. Ficou curioso? Acompanhe o artigo até o fim para entender um pouco sobre isso.

Definindo o dízimo de acordo com o entendimento espúrio que se tem por parte das denominações religiosas hoje, podemos resumir da seguinte maneira: De acordo com a visão antibíblica das ditas “igrejas” de nossos dias, dízimo é dar 10% do seu salário para uma organização religiosa (ou, como deveríamos designar – uma seita) a qual a pessoa é afiliada. Geralmente, essa quantia em dinheiro é ofertada nos cultos de domingo. Então, esse dinheiro é usado para dar sustentação ao orçamento da – assim chamada – “igreja” (aluguel, contas diversas, salário do “pastor” ou de qualquer outro tipo de “clero” da organização, bem como para as suas “missões”, etc.). Para muitos, não dar o dízimo é considerado um pecado. Para tanto, os falsos profetas utilizam o texto de Malaquias 3.8-12 para amedrontar os frequentadores da seita. Vejamos o que diz o texto:

“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes. E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos”.

A maioria das pessoas usa esses versículos para dizer que o ato de não trazer os “dízimos e ofertas” para a “casa de Deus” (conceito que eles tomam para dar significado à construção de seus templos) é um pecado e retira o povo de suas “bênçãos”. O problema de usar a passagem acima, assim como outras passagens semelhantes do Velho Testamento, para dar ensejo à aplicação do dízimo na dispensação da graça é que essa passagem e a lei mosaica na qual ela está inserida eram válidas somente à nação de Israel, e pertence ao Antigo Testamento. Senão, vejamos:

1 – A nação com quem Deus está se comunicando é Israel. Sim, o profeta está repreendendo a NAÇÃO DE ISRAEL, visto que os israelitas estavam roubando os dízimos, isto é, aqueles três tipos de dízimos encontrados na Lei. Além disso, para deixar mais claro ainda o contexto dessa passagem, lemos o seguinte no verso 4 do capítulo 4: “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos”.
2 – A Casa para onde deveriam levar os dízimos (alimentos) era o Templo de Jerusalém, o lugar que o Senhor escolheu para habitar o Seu nome na dispensação da lei. A Casa do Tesouro era uma repartição no Templo estabelecida para este fim: Ser entregue os dízimos.
3 – Quando Deus promete que irá “abrir as janelas do céu e derramar bênçãos” sobre o Seu povo Israel, Ele está se referindo à chuva, pois sem a chuva não há alimento para se colher. Quando os israelitas voltassem a cumprir com a lei do dízimo, os alimentos provenientes do plantio voltariam a crescer.
4 – Finalmente, chegamos no versículo 11, a passagem tão temida por falta de conhecimento sobre o que vem a ser o “devorador” do verso. Esse versículo está falando de um inseto (gafanhoto), e não de um demônio querendo fazer os fieis ficarem pobres; muito menos na era da Igreja, visto que estamos falando de um contexto judaico, onde a Igreja nem mesmo existia. Para tanto, basta consultarmos as passagens onde o gafanhoto é descrito da mesma forma – como “devorador”. Observemos, primeiramente, a passagem tão temida:

“E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos” (Malaquias 3.11).

Deus acaba de concluir Sua promessa de que a terra de Israel não seria mais estéril, ou seja, voltaria a dar frutos para que os judeus pudessem se alimentar, fazer holocaustos e sacrifícios de animais.

Hoje vemos que o “devorador” de Malaquias 3 possui até um nome artístico e bem sensacionalista: “Demônio das Finanças”. Mas, de onde tiraram essa ideia? Obviamente que da Bíblia não. A verdade é que o devorador que Malaquias cita aqui era simplesmente um “gafanhoto” ou gafanhotos. Na Bíblia, os gafanhotos recebem vários nomes, tais como: gafanhotos, migrador, devorador e destruidor. Esses gafanhotos destruíam as colheitas e videiras por onde quer que passassem, aniquilando os frutos da terra (Lv 11.22; Am 4.6-11; Jl 1.3-4).

devorador não é um demônio; ele não é um ser maligno que vem para roubar o seu dinheiro e fazê-lo ficar pobre se você não pagar o dízimo, como é ensinado hoje por hereges estelionatários e facínoras que vendem um evangelho prostituído para se enriquecerem às custas da ignorância dos membros de suas denominações (seitas).

Preste atenção nesta passagem de Joel 1.4:

“O que o gafanhoto cortador deixou, o gafanhoto peregrino comeu; o que o gafanhoto peregrino deixou, o gafanhoto devastador comeu; o que o gafanhoto devastador deixou, o gafanhoto devorador comeu” (Joel 1.4).

A quem a Bíblia chama de devorador? Ao gafanhoto devorador. Quem era, então, o devorador no Antigo Testamento? O texto sagrado acabou de nos responder: Os gafanhotos. Não há uma linha sequer onde os demônios são mencionados aqui.

Agora veja o texto de Joel 2.25:

"Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros" (Joel 2.25).

Quem é o migrador, o destruidor e o cortador nas passagens onde o tema é o plantio e a colheita da produção de alimentos para sustento do povo de Israel? Se observarmos a continuação do verso, a conclusão se mostra tão clara quanto o sol do meio dia; senão vejamos:

“E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado” (Joel 2.26).

Como consequência de Deus tirar o “devorador” (gafanhoto) do meio do plantio do povo exclusivo de Israel, e também as portas do céu sendo abertas para que haja chuva, o povo de Deus daquela velha dispensação voltaria a se fartar, como prometido por Deus caso Seu povo tornasse a obedecer os Seus estatutos.

CINCO TIPOS DE DÍZIMOS NO VELHO TESTAMENTO

O DÍZIMO DE ABRAÃO – A primeira vez que a palavra “Dízimo” é mencionada na Bíblia é em Gênesis 14.20: “E deu-lhe o dízimo de tudo”. Esta atitude de Abrão foi voluntária e isolada. Abrão nunca mais dizimou em sua vida. Também é importante entender que esse dízimo não provinha de seus próprios bens, mas dos despojos da guerra contra Sodoma e Gomorra. Abrão pegou dos bens do rei de Sodoma que havia recuperado e deu 10% deles a Melquisedeque. Repare que Abrão não deu do que era seu, mas do que era do rei de Sodoma. O rei de Sodoma ofereceu que Abrão ficasse com os 90% de seus bens, mas este recusou-se a aceitar até mesmo a correia de uma sandália. Portanto, nada do que Abrão deu a Melquisedeque era realmente seu. Falaremos mais sobre esse dízimo de Abrão como introdução do tema “Dízimo”.

O DÍZIMO DOS LEVITAS (Números 18.21-24) – Primeiro dízimo da Lei, sendo ele entregue anualmente. “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação”, disse Deus (Nm 18.21). Os levitas passaram a receber esse auxílio consagrado porque não tinham nenhuma herança no meio dos israelitas (Nm 18.23). Essa contribuição servia para a sua manutenção.

O DÍZIMO DOS DÍZIMOS – Também anual, outro tipo de dízimo que havia era o dízimo dos dízimos, retirado do que os levitas recebiam dos israelitas. Os levitas deveriam levar esse dízimo à Casa do Tesouro, que se encontrava numa repartição do Templo de Jerusalém. Essa contribuição era “considerada equivalente à do trigo tirado da eira e do vinho do tanque de prensar uvas” (Nm 18.27).

Em Neemias 10.38 está escrito que “o sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando os levitas recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à Casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro”.

Números 18.26 fundamenta esta verdade: “[…] também falarás aos levitas e dir-lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel […], deles oferecereis uma oferta alçada ao SENHOR: o dízimo dos dízimos […] e deles dareis a oferta alçada do SENHOR a Arão, o sacerdote”.

O DÍZIMO DAS FESTAS (Deuteronômio 14.22-27) – Igualmente anual, o quarto tipo de dízimo mencionado na Bíblia é o dízimo festivo. Sobre este evento, Deus havia dado ordem para que, dentre os holocaustos, os sacrifícios, as ofertas alçadas, os votos, as ofertas voluntárias e a entrega dos primogênitos, os israelitas trouxessem ao lugar que Ele escolheria também os dízimos que deveriam ser extraídos dos nove décimos restantes da produção do povo, já que este deveria entregar aos levitas um décimo de suas colheitas, frutas e animais dos rebanhos.

Nesse lugar que Deus, à época, iria escolher – ou seja, posteriormente Jerusalém –, o povo de Israel deveria comer esses dízimos perante o Senhor e se alegrar em Sua presença, celebrando a ocasião de maneira festiva (Dt 12.5-6, 11-12, 17-19).

O DÍZIMO TRIENAL OU DÍZIMO DA CARIDADE (Deuteronômio 14.28,29) – Este dízimo era usado de três em três anos para aliviar as necessidades dos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. Podemos entender acerca do quinto tipo de dízimo pelo que está escrito em Deuteronômio 14.28-29:

Ao fim de três anos, tirarás todos os dízimos da tua novidade no mesmo ano e os recolherás nas tuas portas. Então, virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em toda a obra das tuas mãos, que fizeres”.

Como mencionado, essa contribuição caridosa era feita a cada três anos, e era chamada de “o ano dos dízimos” (Dt 26.12). Ela não deveria ser levada ao tabernáculo, mas sim compartilhada com os pobres daquele tempo. Era um mandamento divino (Dt 26.13-14) e trazia consigo grandíssimas promessas de Deus:

“E o Senhor hoje te declarou que tu lhe serás por seu próprio povo, como te tem dito, e que guardarás todos os seus mandamentos. Para assim te exaltar sobre todas as nações que criou, para louvor, e para fama, e para glória, e para que sejas um povo santo ao Senhor teu Deus, como tem falado” (Deuteronômio 26.18,19).

Portanto, é de se admirar que as denominações religiosas estejam tentando omitir isso ao povo cristão, quando falam somente de um dízimo religioso, ou seja, o que é citado em Malaquias 3, simplesmente porque este se encaixa melhor em seus propósitos e heresias, ignorando os outros quatro importantes dízimos religiosos da Bíblia.

O DÍZIMO DE ABRAÃO

Quando abrimos a Bíblia em Gênesis 14.8-24 e Hebreus 7.1-10, algumas perguntas são necessárias para um bom entendimento dos textos: “Quem deu o dízimo?”, “De onde veio o dízimo?” “A quem o dízimo foi entregue?”. Podemos responder às três perguntas de forma bem resumida:

Os reis de Sodoma e Gomorra e seus aliados guerrearam contra Quedorlaomer e outros reis, os quais venceram e aprisionaram Ló (sobrinho de Abrão), juntamente com os reis de Sodoma, Gomorra etc. Abrão recebeu a notícia da prisão, juntou seus servos e partiu para a guerra contra Quedorlaomer a fim de libertar seu sobrinho Ló. Abrão venceu seu inimigo e libertou seu sobrinho. Voltando da guerra, Abrão se encontrou com o agradecido rei de Sodoma, o qual se prontificou a dar-lhe tudo quanto era seu e havia sido recuperado na batalha. Abrão encontrou-se também com Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, o qual deu pão e vinho a Abrão e o abençoou.

Em troca da boa ação de Melquisedeque, Abrão pegou, dos bens do rei de Sodoma que havia recuperado após a batalha, e deu 10% desses bens a Melquisedeque. Repare que Abrão não deu do que era seu, mas do que era do rei de Sodoma. O rei de Sodoma ofereceu que Abrão ficasse com os 90% de seus bens, mas Abrão recusou-se a aceitar até mesmo a correia de uma sandália. Portanto, nada do que Abrão deu a Melquisedeque era realmente seu.

Quem deu o dízimo? Abrão.
De onde veio o dízimo? Dos bens do rei de Sodoma.
A quem o dízimo foi dado? A Melquisedeque.

Se alguém quiser obrigá-lo a dar o dízimo com base na passagem de Hebreus 7.1-10, você terá de fazê-lo entregando algo que não é seu. Por exemplo, imaginemos que você fosse um policial. Depois de lutar contra a quadrilha que assaltou o Banco e prender os bandidos, você deveria entregar para a sua religião 10% do dinheiro roubado que você recuperou e devolver o restante (90%) para o Banco, mesmo que o banqueiro insistisse para que você ficasse com tudo. Absurdo, não é mesmo?! Da mesma forma, é um absurdo usar Hebreus 7.1-10 para justificar a lei do dízimo na atual dispensação – a dispensação da graça. Sendo assim, fica fácil de entender que o dízimo de Abrão não pode ser usado como exemplo para legitimar o que os hereges chamam de “Dízimo Cristão”. Além do mais, Abraão deu o dízimo uma única vez em sua vida. Esse ato não foi repetido.

OS DÍZIMOS DA LEI MOSAICA

O vocábulo “Dízimo” se encontra muitas vezes nos livros de Levítico, Números e Deuteronômio, e nós vamos entender um pouco sobre o porquê disso. Abaixo estão algumas referências:

Levítico 27.30-34
“Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor; santas são do Senhor. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao Senhor. Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados. Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai”.

Preste muita atenção no último versículo. A lei do dízimo faz parte dos mandamentos que o SENHOR ordenou a MOISÉS, PARA OS FILHOS DE ISRAEL, no monte Sinai. Essas leis, de cunho cerimonial, foram abolidas por Cristo. A lei do dízimo, sendo parte das demais leis, foi instituída não para a aplicação dos pagãos e muito menos para a prática da Igreja, a qual nem existia. A Igreja era um mistério a ser revelado futuramente desde então (Cl 1.26; Ef 3.3,4,9; Rm 16.25; 1Tm 3.9). 

Analisemos com atenção a passagem que acabamos de ler em Levítico. Para onde se supõe que esses dízimos iriam e para quê eles seriam usados? A resposta para essa pergunta está em Números 18.21:

“E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação”.

Analisemos todo o contexto para entendermos um pouco mais sobre essa referência ao dízimo:

Números 18.20-32
“Disse também o senhor a Arão: na sua terra herança nenhuma terás, e no meio deles, nenhuma parte terás; eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos filhos de Israel. E eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança, pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. Mas os levitas executarão o ministério da tenda da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniquidade; pelas vossas gerações estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão, porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão. Então o Senhor falou a Moisés, dizendo: também falarás aos levitas, e dir-lhes-ás: quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel, que eu deles vos tenho dado por vossa herança, deles oferecereis uma oferta alçada ao Senhor, os dízimos dos dízimos. E contar-se-vos-á a vossa oferta alçada, como grão da eira, e com plenitude do lagar. Assim também oferecereis ao Senhor uma oferta alçada de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta alçada do Senhor a Arão, o sacerdote. De todas as vossas dádivas oferecereis toda a oferta alçada do Senhor; de tudo o melhor deles, a sua santa parte. Dir-lhes-ás pois: quando oferecerdes o melhor deles, como novidade da eira, e como novidade do lagar, se contará aos levitas. E o comereis em todo lugar, vós e as vossas famílias, porque vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação. Assim, não levareis sobre vós o pecado, quando deles oferecerdes o melhor; e não profanareis as coisas santas dos filhos de Israel, para que não morrais”.

O dízimo era destinado aos levitas, os quais formavam naquele momento a tribo sacerdotal de Israel. O dízimo era a sua (dos levitas) recompensa pelo serviço do tabernáculo e depois do templo. Números 18.31 diz isso claramente: “porque vosso galardão é pelo vosso ministério na tenda da congregação”. Isso seria contado por eles “como novidade da eira, e como novidade do lagar” (Números 18.30). De fato, os levitas tinham que devolver o seu próprio dízimo proveniente do primeiro.

Esses dízimos e ofertas foram dadas a Arão e era para ser a oferta alçada do Senhor:

“Disse mais o Senhor a Arão: Eis que eu te tenho dado a guarda das minhas ofertas alçadas, com todas as coisas santas dos filhos de Israel; por causa da unção as tenho dado a ti e a teus filhos por estatuto perpétuo” (Números 18.8 – Cf. Números 18.8-32).

O DÍZIMO DESTINADO AOS LEVITAS, ESTRANGEIROS, ÓRFÃOS E VIÚVAS

Façamos a seguinte pergunta: O dízimo dos levitas é o único dízimo da Lei contido nas Escrituras? A resposta é NÃO. Em Deuteronômio 14.22-29 nos deparamos com outro dízimo – em outro contexto e com outro propósito: O dízimo doado por Deus aos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas.

Esse dízimo era praticado de três em três anos. A ordem era a seguinte: “E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, COMERÁS OS DÍZIMOS do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias” (Deuteronômio 14.23). Se observarmos o contexto de Deuteronômio 14, veremos o que deveria ser feito com os dízimos caso os filhos de Israel estivessem distantes do lugar escolhido pelo SENHOR para ali consumi-los:

“E quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe de ti o lugar que escolher o Senhor teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado; então VENDE-OS, e ata o dinheiro na tua mão, e vai ao lugar que escolher o Senhor teu Deus; e aquele dinheiro darás por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa” (Deuteronômio 14:24-26).

Será que os dizimistas modernos conseguem "vender dinheiro"? A passagem é clara quanto à ordem de Deus para que os filhos de Israel, quando distantes do lugar onde o Senhor escolhesse para ali pôr o Seu nome, de VENDER os dízimos, pegar o dinheiro recebido e fazer compras de tudo quanto desejasse o seu coração. E agora? O que os dizimistas contemporâneos, se dizendo cristãos, irão fazer com essa ORDENANÇA CLARAMENTE JUDAICA? Comerão suas notas de cem reais? Venderão seu dinheiro?

Note que esse dízimo era consumido pelas mesmas pessoas que haviam de ofertar, mas estavam impedidas de chegar até o Templo de Jerusalém devido à distância. Isso se difere do que lemos em Levítico e em Números anteriormente, onde o dízimo estava destinado somente aos levitas. Trata-se de uma nova forma de lidar com o dízimo. De fato, todo terceiro ano este dízimo era para ser usado de forma diferente: No final daquele ano, este dízimo devia ser coletado pelos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas para seu próprio sustento:

“Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão” (Deuteronômio 14.29).

Além do mais, a cada sete anos deveria ter o Shabat - Sábado (“descanso/inatividade”), nome dado ao dia de descanso semanal no judaísmo, simbolizando o sétimo dia em Gênesis, após os seis dias de Criação, no qual nada era semeado nem colhido pelo proprietário da terra (Levítico 25.1-5), mas todas as pessoas eram chamadas para comer o que a terra trouxesse de si mesma (Levítico 25.6-7), assim como do grande excedente do sexto ano que Deus havia prometido dar (Levítico 25.20-22).

O VELHO TESTAMENTO NÃO ESTÁ ENDEREÇADO AO CRISTÃO

O Velho Testamento é brilhante e igualmente importante para nos ensinar muitas coisas a respeito de Deus e de Seus mandamentos morais. Porém, os mandamentos morais não devem ser confundidos com as leis cerimoniais, nas quais está inserida a lei do dízimo. A lei do dízimo não está entre as leis morais as quais devemos seguir. Parte integrante do Velho Testamento, inspirado por Deus, está ali para nosso aprendizado. No entanto, o Velho Testamento não está endereçado a nós, cristãos.

“Porque também Cristo não agradou a si mesmo, mas, como está escrito: Sobre mim caíram as injúrias dos que te injuriavam. Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança (Romanos 15.3,4).

“Porque todo o sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e ‘sacrifícios’ (dízimos); por isso era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer. Ora, se Ele (Jesus) estivesse na terra, nem tão pouco sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, os quais servem de EXEMPLO E SOMBRA das coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o modelo que no monte se te mostrou” (Hebreus 8.3-5) – Ênfase minha.

Em 1 Coríntios 10.1-12 constatamos ainda mais o porquê do Velho Testamento nos servir de exemplo para que não tropecemos nas leis de Cristo, fazendo-nos semelhantes àqueles que estavam debaixo da lei e foram desobedientes a Deus. As coisas escritas no Velho Testamento foram-nos “feitas em FIGURA” (Cf. 1Co 10.1-12).

O que quer que encontremos no Velho Testamento, foi escrito para o nosso aprendizado. Nós, cristãos, podemos aprender através de Deuteronômio, Malaquias ou através de qualquer outro livro do Velho Testamento. Contudo, embora o Velho Testamento esteja registrado para o nosso aprendizado, nem tudo ali está escrito para a nossa aplicação. O Velho Testamento é endereçado aos judeus que estavam vivendo sob a lei mosaica. Jesus Cristo não havia chegado ainda. O preço pelos nossos pecados ainda não havia sido pago na cruz do calvário. O nosso Sumo Sacerdote ainda não havia chegado. Paulo diz em Gálatas 3.23-26:

“Mas antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gálatas 3.23-26).

A lei do dízimo esteve em vigor no que conhecemos como dispensação da lei. E se você deseja entender sobre o funcionamento do dízimo e sua caducidade é melhor que tenha um entendimento sobre as dispensações da Bíblia. Uma dispensação é a maneira como Deus trata com o homem durante um determinado período de tempo, quando este é provado e testado quanto à obediência a certas revelações definidas da vontade de Deus. Por exemplo, desde os dias de Moisés até Cristo o homem foi provado sob a Lei. O período atual é chamado de "dispensação da graça de Deus" (Ef 3.2). No Milênio o homem será provado sob o reinado pessoal de Cristo, sem a presença de um tentador (Satanás) – é a chamada "dispensação da plenitude dos tempos" (Ef 1.10).

Existem ao todo sete dispensações nas quais o homem tem sido provado: (1) em inocência, (2) em consciência (da expulsão do jardim do Éden ao dilúvio), (3) em autoridade ou governo (do dilúvio a Abraão), (4) sob a promessa (de Abraão à Lei), (5) sob a Lei (da Lei a Cristo), (6) sob a graça (de Cristo ao arrebatamento), (7) sob o reinado pessoal de Cristo (da vinda de Cristo ao final do Milênio).

A dispensação da graça é o período em que vivemos agora. Há uma diferença gigantesca entre o período que antecede o sacrifício de Cristo e o que sucede o mesmo. Esses dois períodos se diferem na maneira como Deus trata com o homem. Eis a pergunta: Podemos aprender alguma coisa com o Velho Testamento? Definitivamente SIM. Mas o Velho Testamento está endereçado a nós? NÃO necessariamente. Você pode ler os Salmos e os Provérbios e obter guia para sua vida hoje. É a sabedoria eterna de Deus que atravessa o tempo. Por outro lado, podemos consultar passagens específicas da lei, tais como as passagens sobre o dízimo, ou as passagens sobre o sacrifício de touros, ou as celebrações que eles tinham em Israel, como por exemplo a Páscoa. Embora você possa aprender com essas passagens das Escrituras Sagradas, elas não se aplicam diretamente a nós. O mesmo é válido para tudo o que se refira à lei mosaica, pois ela foi abolida por Cristo (Mt 11.13; Lc 16.16; Cl 2.14; Ef 2.14-15). É como ler os códigos de leis que não têm mais validade. Você pode aprender por eles, mas eles não serão aplicados porque são obsoletos.

Ora, se a Lei foi abolida, vamos aplicá-la novamente? De fato, nós, cristãos, temos muito o que aprender a partir do Velho Testamento, mas nada se deve aplicar da lei cerimonial contida no mesmo. O Velho Testamento está ABOLIDO e, juntamente com ele, a lei do dízimo a qual lhe pertence.

JESUS MANDOU DAR O DÍZIMO?

Outra pergunta frequente, que surge depois que aprendemos que o dízimo não faz parte dos princípios da Igreja de Deus, é esta: Jesus mandou dar o dízimo ou não? Afinal, vemos Ele falando sobre isso nos evangelhos, ordenando que os judeus paguem o dízimo

Sim, Jesus disse em Mateus 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas". E esta mesma ordem é repetida em Lucas 11:42. No entanto, Jesus não estava falando com cristãos, mas sim com judeus. A ordem de cumprir com a lei do dízimo foi dada claramente aos “escribas e fariseus hipócritas”, pois eles só obedeciam aquilo que lhes convinha. A Igreja nem mesmo existia nesse contexto e, portanto, Jesus não poderia estar falando com ela, já que ela viria a ser inaugurada em Atos 2.

Costumamos ver a Bíblia dividida de forma errada, onde os evangelhos fazem parte do Novo Testamento. Mas isso foi uma tramoia arquitetada por hereges durante a história a fim de transferir para a Igreja os comandos mais severos dados a Israel. Na prática, o Novo Testamento começa no livro histórico de Atos, e não nos evangelhos que obviamente nos mostram um contexto judaico somado a algumas profecias, sinais e milagres de Jesus como uma forma de mostrar ao povo que Ele era, de fato, o Filho Unigênito do Pai, o Deus encarnado. Não há Novo Testamento sem a morte do Testador: “E por isso [Jesus] é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testadorPorque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9:15-17).

Sendo assim, é um grande erro se basear em passagens dos evangelhos para tentar legitimar heresias como o “dízimo cristão”, pois, nessas passagens, muitas outras ordens foram dadas claramente aos judeus porque eles ainda viviam debaixo da lei.

Vejamos alguns exemplos:

1) Em Mateus 8:4 Jesus curou um leproso e lhe ordenou que fosse ao templo oferecer os sacrifícios ordenados pelos sacerdotes de Israel: "vai mostrar-te ao sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho ao povo”. Esses sacrifícios haviam sido determinados em Levítico 14:4-7 para todo aquele que fosse curado de lepra, e consistia em sacrificar "duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, e estofo carmesim, e hissopo", uma das quais era morta "num vaso de barro, sobre águas correntes", enquanto "a ave viva, e o pau de cedro, e o estofo carmesim, e o hissopo" deviam ser molhados "no sangue da ave que foi imolada sobre as águas correntes. E, sobre aquele que há de purificar-se da lepra" o sangue deveria ser aspergido "sete vezes; então, o declarará limpo e soltará a ave viva para o campo aberto” (Lv 14:4-7)

E agora? Será que os advogados do dízimo darão ordens aos cristãos para que cumpram também com esta lei? Como um cristão deveria agir nessas circunstâncias, tendo em vista que não estamos em Israel, nem existe um sacerdote e o Templo foi destruído? E, ainda que existisse o Templo, se um cristão se atreve a ir até lá para tentar oferecer um sacrifício na mesquita islâmica, a qual ocupa hoje o lugar do Templo, é muito provável que algum radical islâmico transforme esse cristão em sacrifício. Outro problema é que o cristão também teria dificuldades de encontrar um sacerdote da linhagem de Levi, como devia ser no mandamento dado pela Lei de Moisés.

2) Jesus também ordenou que, em casos de desavença entre os crentes da velha dispensação, a oferta levada até o altar deveria ser deixada perante o altar enquanto a reconciliação não fosse concluída entre os irmãos: "Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mateus 5:23-24).

Mais uma vez eu pergunto: e agora? Como o cristão deve prosseguir se um dia entrar em desavença com um irmão? Ora, a desavença com o irmão é um pecado, e sabemos que no Antigo Testamento, da mesma forma que o dízimo era obrigatório os pecados exigiam sacrifício de animais. Como faremos para cumprir com esta lei?

3) No mesmo capítulo que vimos no ponto 2, Jesus diz: "Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus” (Mateus 5:18).

E agora? Como nós, cristãos, deveríamos fazer com a lei? Escolher uma aqui e rejeitar outra lá? Não é bem assim que funciona. O dízimo, a oferta pela cura e os sacrifícios pelos pecados, incluindo ofensas contra seu irmão, eram ditados pela Lei dada a Moisés. Portanto, se o cristão quiser guardar um mandamento — como o dízimo, por exemplo — ele terá também de guardar todos os outros.

Dito isto, talvez alguém venha a dizer que os sacrifícios de animais em nada têm a ver com a lei do dízimo e que disso nós estamos isentos, uma vez que o Cordeiro de Deus (Jesus) foi sacrificado por nós. A resposta para tal é que não somente os sacrifícios de animais eram exigidos pela Lei, como também a pena de morte por causa da blasfêmia, da maldição lançada sobre o pai e a mãe, do adultério, do sábado que devia ser guardado, da prostituição (sexo entre solteiros), da homossexualidade, etc. Todos esses casos eram punidos com a morte.

Vejamos alguns exemplos:

"Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando o nome do Senhor, será morto" (Levítico 24:16).

"Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá; amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele" (Levítico 20:9).

"Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera"
 (Levítico 20:10).

"Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá" (Êxodo 35:2).

"Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça, então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti" 
(Deuteronômio 22:20,21).

"Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles" (Levítico 20:13).

Se eu fosse citar todos os mandamentos semelhantes a esses na Bíblia, daria um livro inteiro sobre a pena de morte para tais crimes. Sim, todos esses pecados são crimes na teocracia de Israel.

Voltemos, então, ao tema Dízimo: qual era o mandamento referente a isso?

"Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao Senhor..." (Levítico 27:30 etc.).

Jesus era judeu e, portanto, cumpriu com todos os mandamentos da dispensação da lei. E é por isso que Ele ordenou que os escribas e fariseus dessem o dízimo. Ele deu tal ordem porque o contexto dos evangelhos naquela ocasião é o judaísmo e Ele está tratando com judeus, o povo escolhido por Deus para habitar na terra. Havia o Templo, havia sacerdotes, sacrifícios, pena de morte por apedrejamento para adúlteros, para virgens que fornicavam, para homossexuais e até para filhos que ofendessem os pais; além dos sacrifícios de animais (dízimos) que eram requeridos em vários outros casos, como na troca pela cura da lepra.

Ao não entenderem o que na Bíblia é dito a Israel, sob a Lei, e o que é dito à Igreja, sob a graça, a qual só foi formada depois do período dos evangelhos, no capítulo 2 de Atos, as pessoas que fazem parte do sistema religioso denominacional sempre precisam escolher o que da Lei irão ou não cumprir. É isso que a maioria das religiões “cristãs” fazem, especialmente as que seguem a Teologia do Pacto. Essas pessoas simplesmente não entendem as diferentes dispensações da Bíblia.

Não obstante, ao fazerem isso — ou seja, escolher qual mandamento da Lei irá ou não cumprir — essas pessoas estão tropeçando naquilo que Jesus disse: "Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus." (Mateus 5:18).

Agora, preste muita atenção neste versículo:

"Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos." (Tiago 2:10).

Se você olhar com atenção para esta passagem, verá que todo o dinheiro que você deu a vida inteira para essas denominações religiosas heréticas de nada valeu se você deixou de cumprir qualquer outro ponto da Lei, e será culpado de todos os mandamentos que deixou para trás.

Para piorar as coisas, até na hora de dar o dízimo você certamente não cumpriu tudo do jeito que estava escrito: "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro" (Malaquias 3:10). A "casa do tesouro" não é a tesouraria de algum edifício chamado "igreja", abrigado em um templo de tijolos feito por homens. A "casa do tesouro" era um aposento do Templo de Jerusalém que foi destruído há quase dois mil anos. Esse lugar não existe mais. Portanto, pergunto aos “dizimistas” modernos: Para onde vocês irão levar os seus dízimos?

O SACERDÓCIO DE TODOS OS CRENTES

Vamos dar uma pausa no que se refere diretamente ao dízimo e entender o que significa o “Sacerdócio Cristão”. O significado da palavra "sacerdote" é "aquele que faz a oferta" (Hb 5.1; 8.3; 1Pe 2.5). Um sacerdote é alguém que tem o privilégio de entrar na presença de Deus em lugar do povo. No cristianismo, todos nós somos sacerdotes, diferentemente do judaísmo, onde tudo funcionava diferente. Como sacerdotes em Cristo Jesus, exercemos nosso sacerdócio ao oferecer os sacrifícios de louvor a Deus e ao apresentar as petições a Ele em oração (Hb 13.15; 1Jo 5.14-15). Por isso que na Bíblia diz que, a partir do momento em que Jesus nos apresenta o evangelho da graça, todos nós somos sacerdotes, tendo Ele como nosso Sumo Sacerdote para sempre:

Quem são os sacerdotes no cristianismo? “Mas vòs sois a geração eleita, o sacerdòcio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9).

E quem é o nosso Sumo Sacerdote? “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão” (Hebreus 4.14). “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” (Hebreus 7.26).

Todavia, uma das causas da confusão que prevalece na cristandade professa é que, em muitos casos, o sacerdócio é considerado como um direito limitado a uma classe privilegiada de pessoas (os chamados “Padres”, “Pastores”, “Ministros”, etc), sendo que algumas delas nem sequer são salvas!

Por meio de Cristo, nosso Sumo Sacerdote nos céus, todos os cristãos são sacerdotes. O livro de Apocalipse declara que os cristãos são feitos "sacerdotes para Deus" por meio da fé na obra consumada de Cristo na cruz (Ap 1.6; 5.10). A epístola de Pedro confirma isso, dizendo que "vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo" (1Pe 2.5, 9). Além disso, a epístola aos Hebreus exorta todos os cristãos a se aproximarem de Deus além do véu, entrando no santuário ou "santo dos santos" (Hb 10.19-22; 13.15-16).

O fato de dizer que o Senhor é o "Grande Sacerdote" ou "Sumo Sacerdote" implica que existe um grupo de sacerdotes que está abaixo dEle. Ele não presidiria como "grande" ou "sumo" sacerdote se não existissem sacerdotes sob Ele. Pela mesma razão, uma pessoa não seria chamada de líder de algum grupo de pessoas se não existissem pessoas para ele liderar. A exortação em Hebreus 10.19-22 visa encorajar os cristãos a se aproximarem de Deus e desempenharem seus privilégios sacerdotais.

Em cada uma das passagens do Novo Testamento, onde o assunto do sacerdócio é tratado, não há qualquer menção – nem uma sequer – de que apenas alguns dentre os santos sejam sacerdotes. Tampouco existe em qualquer outro lugar do Novo Testamento algo semelhante. Quando o Novo Testamento fala de sacerdócio, ele se refere, sem exceção, a todos os crentes como constituídos com este privilégio. Além do mais, essas passagens não apenas nos falam que todos os cristãos são sacerdotes, como também aprendemos delas que somos sacerdotes com privilégios que vão além daqueles que tinham os sacerdotes do Antigo Testamento.

Um sacerdote no cristianismo pode aproximar-se da própria presença de Deus, no santo dos santos. Esse é um lugar onde nenhum filho de Aarão podia entrar. Até mesmo quando Aarão, o sumo sacerdote em Israel, entrava uma vez por ano além do véu, ele não o fazia com ousadia, como podemos fazer agora. No dia da Expiação (sacrifício de animais) ele entrava ali com medo de morrer, mas nós podemos entrar "em inteira certeza de fé". Além disso, os sacerdotes da linhagem de Aarão prestavam um culto do qual pouco compreendiam. Eles não sabiam por que deviam fazer as coisas que lhes eram ordenadas. Mas nós temos um "culto racional" (Rm 12.1). Podemos desempenhar nossas funções sacerdotais com entendimento de tudo aquilo que fazemos na presença de Deus.

Portanto, considerando que as Escrituras ensinam que todos os cristãos são sacerdotes, e que todos nós temos igual privilégio de desempenhar nosso sacerdócio na presença de Deus, fica claro que não existe a necessidade de um clérigo para fazer isso pelos demais. Nas reuniões de culto, adoração e oração (quando os cristãos exercitam seu sacerdócio), tudo o que precisamos é esperar no Espírito de Deus para que Ele dirija as orações e os louvores dos santos. Se permitirmos que Ele lidere na assembleia, no lugar que Lhe é de direito, Ele irá guiar um irmão aqui e outro ali a expressar de forma audível uma adoração e louvor, como quem fala por toda a assembleia.

Evidentemente entendemos que não somente desempenhamos nosso sacerdócio nas ocasiões em que estamos congregados em uma assembleia. A qualquer momento um cristão pode entrar na própria presença de Deus em oração e adoração e desempenhar seu papel de sacerdote. Todavia, no contexto deste ponto em específico, estamos falando de cristãos reunidos em uma assembleia para adoração e ministério.

Quando compreendemos a proximidade do relacionamento que todos os cristãos têm como parte do Corpo e Noiva de Cristo, podemos ver como a ideia de uma casta ministerial mais próxima de Deus do que os demais é totalmente incompatível com isso (Ef 2.13; 5.25-32). Se nós, como cristãos, adotarmos uma classe de pessoas assim, estaremos negando que somos capacitados, como sacerdotes, a oferecer sacrifícios espirituais a Deus. Na prática, isso destrói os privilégios do cristianismo e, em certo sentido, restaura o judaísmo, ou ao menos nos leva de volta para aquele nível.

Enquanto algumas poucas denominações chegam ao ponto de possuírem um clérigo com o título de "Sacerdote” (dando a entender que os demais naquela denominação não o são), a maioria das igrejas chamadas evangélicas denomina seu clérigo como "Pastor", "Reverendo", "Ministro", etc. Nesse caso não há muita diferença, pois uma posição assim na igreja não está de acordo com a verdade das Escrituras. Trata-se de uma função puramente inventada pelo homem.

Deus nos proíbe expressamente de nos nomearmos com títulos lisonjeiros:

“Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo” (Mateus 23.8-10).

Todavia, mesmo que as Escrituras digam isso com total clareza, algumas denominações chamam seus clérigos de "Padre", que vem do latim e significa "Pai". Algumas denominações chegam ao ponto de usar o título "Reverendo". Todavia, a Bíblia, na versão inglesa, diz que "reverend" ("reverendo") é o nome do Senhor! O Salmo 111:9 da versão inglesa King James, traduzido para o português, diz: "Santo e reverendo é o Seu nome". Acaso seria correto o homem usar um termo que é atribuído ao Senhor como um título para si mesmo? É claro que não.

CONCLUSÃO

Sabemos que a lei Mosaica, juntamente com as profecias, tinha como objetivo identificar o Messias, Jesus Cristo. Lemos isso em Gálatas 3.24:

“Assim, a lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé”.

E que a Lei foi abolida por Cristo conforme é dito em Efésios 2.15:

“Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz”.

Visto que a lei Mosaica foi abolida debaixo da nova dispensação – a dispensação da graça de Deus – não há sequer um texto no Novo Testamento em que os apóstolos de Jesus Cristo tenham cobrado os 10% de seus sacrifícios e holocaustos (dízimo) dos fieis da Igreja. E pode acreditar que JAMAIS veremos os discípulos de Cristo cobrando 10% mensais em dinheiro dos seus seguidores e irmãos, prática herética das denominações religiosas da cristandade em geral.

O dízimo, nos moldes do Antigo Testamento, não é mais aplicável nos nossos dias. Tanto isso é verdade que nem os judeus praticam a lei do dízimo, visto que não há o Templo de Jerusalém. Os judeus não dão o dízimo desde que o Templo de Jerusalém foi destruído no ano 70 d.C e a adoração judaica foi interrompida. Nesse sentido, os judeus acabam sendo mais bíblicos e coerentes do que os “cristãos” denominacionais, pois eles, os judeus, sabem que o dízimo só podia ser entregue aos levitas na Casa do Tesouro (Dt 26.12-14; Ml 3.10), que era uma repartição no Templo de Jerusalém. Eles também sabem que o dízimo nunca significou dinheiro, mas somente alimento (Dt 12.5-7; Dt 14.22-29. Dt 26.12-14).

A Epístola aos Hebreus, principalmente os capítulos 9 e 10, deixa bastante claro que todas as cerimônias do Antigo Testamento foram abolidas com a vinda de Cristo, pois elas apenas tipificavam Aquele que viria e eram sombras da realidade que é Cristo. Além dessa epístola, Paulo fala constantemente sobre a abolição das cerimônias do Antigo Testamento no Novo Testamento, como em Gálatas 4.8-11, Colossenses 2.8-23, etc.

Assim, a questão é determinar se o dízimo fazia parte da lei cerimonial ou da lei moral. A lei moral é permanente e a cerimonial, como já fora dito, é transitória. Assim, constatamos que o dízimo foi igualmente transitório, pois fazia parte da lei cerimonial e não moral. Quando analisamos o Antigo Testamento, percebemos que o dízimo estava totalmente amarrado ao sistema sacrificial daquele tempo e havia vários tipos de dízimo (Lv 27.32; Nm 18.21-28; Dt 12.6-17; 14.22-28; 26.12).

Estando dessa forma ligado aos sacrifícios e ao sacerdócio veterotestamentário, o dízimo como era praticado no Antigo Testamento é impraticável nos dias de hoje. Assim, ele pertence à Lei cerimonial do Antigo Testamento e não adianta tentar encontrar a lei do dízimo sendo aplicada no Novo Testamento. Não há nada sobre dízimo no Novo Testamento.

Considere o seguinte diálogo:

João: Tem um gato invisível sobre aquela mesa.
Pedro: Não tem não!
João: Prove que não tem.

É quem afirma a existência de um gato invisível que precisa provar que ele existe. O Pedro do diálogo acima não precisa provar nada. Ou seja, os adeptos do herético "Dízimo Cristão" é que devem provar que ele está na Bíblia. Eu, no entanto, não preciso provar nada. Onde está a lei do Dízimo no Novo Testamento?

Vale ressaltar que o Novo Testamento só começa com a morte do Testador (Jesus - Hebreus 9.15-17); ou seja, os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João não fazem parte do Novo Testamento. A doutrina dos apóstolos está nas epístolas. É de suma importância lembrar-se disso a fim de não misturar o contexto judaico com o contexto cristão. A Igreja foi inaugurada no livro de Atos, no capítulo 2. O livro de Atos é, predominantemente, um livro de experiências que mostra a fase de amadurecimento da Igreja primitiva e de seu contato com o sobrenatural de Deus, visto que Deus fez muitos sinais e milagres durante esta fase de transição e crescimento espiritual.

Você não encontrará o dízimo na doutrina dos apóstolos, exceto por alguma citação fazendo referência ao Antigo Testamento e à Lei.

“E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9.15-17).


– JP Padilha
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Se você me perguntar o que eu sou, eu lhe responderei: "sou esposo". Se você insistir, lhe responderei: "sou pai"....