JP Padilha
Sola Scriptura
O que significa Propiciação na Bíblia? | JP Padilha
"Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e Ele é a PROPICIAÇÃO pelos nossos pecados" (1 João 2.1-2).
A palavra Propiciação carrega a ideia básica de apaziguamento ou satisfação, especificamente em relação a Deus. A propiciação é um ato de duas partes que envolve apagar a ira de uma divindade ofendida e levá-la a se reconciliar com o ofensor(a) por meio de um sacrifício ou oferta. Ou seja, em termos diretos, a propiciação trata-se nada mais do que o sacrifício vicário de Cristo a fim de alcançar a reconciliação de Deus com Seu povo. Este sacrifício quitou a dívida de Seu povo de uma vez por todas e afastou a cólera de Deus de Seus escolhidos.
“Porque se nós, sendo inimigos [de Deus], fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação” (Romanos 5.10-11 – grifo meu).
A necessidade de se apaziguar com Deus é algo que muitas religiões têm em comum. Nas religiões pagãs antigas, assim como em muitas religiões hoje, ensina-se a ideia de que o homem aplaca Deus com a oferta de várias ofertas ou sacrifícios. No entanto, a Bíblia ensina que o próprio Deus proveu o único meio através do qual a Sua ira pode ser apagada e o homem pecador pode se reconciliar com Ele. No Novo Testamento, o ato de propiciação sempre se refere à obra de Deus e não aos sacrifícios ou ofertas oferecidos pelo homem. A razão para isso é que o homem é totalmente incapaz de satisfazer a justiça de Deus, exceto ao passar a eternidade no lago de fogo e enxofre. Não há nenhum serviço, sacrifício ou oferta que o homem possa oferecer para apagar a santa ira de Deus ou satisfazer a Sua perfeita justiça. A única satisfação (ou propiciação) que poderia ser aceitável a Deus e capaz de reconciliar o homem com Ele teve de ser feita pelo próprio Deus. Isto é, a salvação é uma obra divina, não uma obra humana. O homem não pode salvar-se a si mesmo, por mais que ele se esforce com “boas obras”. Por esta razão, Deus Filho, Jesus Cristo, veio ao mundo em carne humana para ser o sacrifício perfeito pelo pecado e fazer expiação ou "propiciação pelos pecados do Seu povo" (Hebreus 2.17).
A palavra Propiciação é usada em vários versículos para explicar o que Jesus realizou através da Sua morte na cruz. Por exemplo, em Romanos 3.24-25 é dito que os crentes em Cristo foram "justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos". Estes versículos formam um ponto-chave na argumentação de Paulo no livro de Romanos e são realmente o cerne da mensagem do evangelho da graça.
Nos três primeiros capítulos de Romanos, Paulo usa o argumento de que todos, tanto judeus como gentios, estão sob a condenação de Deus e merecem a Sua ira (Rm 1.18). Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23). Todos nós merecemos a Sua ira e punição. Deus, em Sua infinita graça e misericórdia, tem proporcionado uma maneira de apagar a Sua ira contra nós (eleitos) e nos reconciliar com Ele. Essa forma é através da morte sacrificial de Seu Filho, Jesus Cristo, como o pagamento pelos pecados. É por meio da fé em Jesus Cristo como sacrifício perfeito de Deus que podemos ser reconciliados com Deus. É só por causa da morte de Cristo na cruz e Sua ressurreição no terceiro dia que um pecador perdido, merecedor do inferno, pode se reconciliar com um Deus santo. A maravilhosa verdade do evangelho da graça é que os cristãos são salvos da ira de Deus e reconciliados com Deus não porque "nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1 João 4.10).
Jesus disse: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14.6). A única maneira da ira de Deus contra o pecador ser apagada e de nos reconciliarmos com Deus é através de Jesus Cristo. Deus não ama ninguém fora de Cristo. Não há outro caminho. Esta verdade também é comunicada em 1 João 2.2: "... e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro". Vale ressaltar que nesta passagem, onde se diz “não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”, não há a ideia de que Jesus salvou a todos os seres humanos, pois, se Ele tivesse salvado cada ser humano sem exceção, logicamente todos os indivíduos do mundo seriam salvos e não existiria o inferno. Portanto, tenhamos em mente todo o contexto soteriológico da Bíblia para não cairmos em um conceito universalista, o qual defende a ideia de que todo o mundo, sem exceção, está salvo. Tal ideia trata-se de uma heresia sem precedentes. A ideia aqui é a seguinte: O sacrifício de Cristo é suficiente para pagar os pecados do mundo todo, mas nem por isso Ele salvou o mundo todo. Se Ele quisesse, teria feito. Mas Ele não o fez. Jesus sequer orou pelo mundo, mas tão somente pelos eleitos de Deus. Ele diz: “Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (João 17.9).
NOTA: No Antigo Testamento, a propiciação era um ato de expiação que envolvia a oferta de sangue de sacrifício de animais a Deus. Este sacrifício é também conhecido na Bíblia como Dízimo. O local onde o sangue era oferecido era o propiciatório, a tampa da arca da aliança. Esse ato era uma sombra que apontava para o sacrifício que havia de ocorrer de uma vez por todas por meio de Cristo em Sua vinda.
A obra salvadora de Cristo é a libertação da ira de Deus. A propiciação de Jesus na cruz é a única coisa que pode afastar a condenação divina de Deus do pecador. A morte de Jesus na cruz foi um ato de substituição pelos pecados dos eleitos de Deus. Por Sua morte, Jesus pagou a penalidade pelos pecados dos Seus escolhidos, permitindo que recebam o dom da vida eterna. A propiciação de Cristo é um meio pelo qual os pecados podem ser perdoados de uma vez por todas. Todos os pecados dos Seus escolhidos foram apagados na cruz do calvário, há mais de 2.000 anos. A dívida foi quitada por Cristo. Aqueles que rejeitam a Cristo como Seu ÚNICO Salvador e se recusam a crer nEle não têm esperança de salvação. Eles só podem esperar ansiosamente pelo momento em que terão de enfrentar a ira de Deus que tem sido guardada para o vindouro dia do Juízo Final (Rm 2.5). Não há nenhuma outra propiciação ou sacrifício que possa ser feito por seus pecados.
– JP Padilha
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O QUE É O GNOSTICISMO? | JP Padilha
O Gnosticismo Cristão é um conjunto de crenças que combina elementos do Cristianismo e do Gnosticismo, considerado uma heresia. O Gnosticismo foi um movimento religioso popular na Igreja primitiva. Apesar dos gnósticos acreditarem em um Deus supremo, eles interpretavam Deus de uma forma diferente dos ensinamentos cristãos contidos na Bíblia.
Podemos elencar algumas das crenças gnósticas da seguinte forma:
• A existência de um Deus bom e de um deus mau, o demiurgo;
• A crença de que as almas dos homens existiam em um universo de luz e paz, mas foram aprisionadas em corpos humanos;
• A crença de que a salvação só seria possível através de um conhecimento secreto e por meio de práticas mágicas;
• A crença de que existe uma centelha divina em cada indivíduo que deve ser libertada.
Já nos primeiros séculos da Igreja primitiva, o “Gnosticismo Cristão” foi rapidamente considerado uma heresia e a Igreja se pronunciou contra ele. Na verdade, não existe tal conceito de “Gnosticismo Cristão”, pois o verdadeiro Cristianismo e o Gnosticismo são sistemas de crença que se opõem mutuamente. Os princípios do Gnosticismo contradizem o que significa ser cristão. Portanto, embora algumas formas de Gnosticismo afirmem ser cristãs, elas são decididamente não-cristãs. Na verdade, toda forma de Gnosticismo é antibíblica.
O Gnosticismo talvez fosse a heresia mais perigosa que ameaçava a Igreja primitiva durante os primeiros três séculos. Influenciado por filósofos como Platão, o Gnosticismo é baseado em duas premissas falsas:
Primeiro, essa teoria sustenta um dualismo em relação ao espírito e à matéria. Os gnósticos acreditam que a matéria seja essencialmente perversa e que o espírito seja bom. Como resultado dessa pressuposição, os gnósticos acreditam que qualquer coisa feita no corpo, até mesmo o pior dos pecados, não tem valor algum porque a vida verdadeira existe no reino espiritual apenas.
Segundo, semelhantemente aos evangélicos pentecostais de nossos dias, os gnósticos acreditam que possuem um conhecimento elevado – uma “verdade superior”, conhecida apenas por poucos. O Gnosticismo se origina da palavra grega gnosis, a qual significa “saber”, pois os gnósticos acreditam que possuem um conhecimento mais elevado – não da Bíblia –, mas um conhecimento adquirido por algum plano místico e superior de existência. Os gnósticos se enxergam como uma classe privilegiada e mais elevada sobre todas as outras devido ao seu conhecimento superior e mais profundo de Deus. Podemos dizer que os pentecostais são os gnósticos do nosso século, visto que reivindicam para si o status de receptores de revelações extra-bíblicas, as quais eles chamam de “revelação” ou “profecia”. Não é raro ver um pentecostal dizer que recebeu de Deus uma revelação fora da Bíblia e que Deus lhe fala constantemente de forma audível – uma falácia antiga entre os gnósticos e pentecostais.
Para descartar a ideia de qualquer compatibilidade entre o Cristianismo e o Gnosticismo, é necessário comparar o que os dois ensinam sobre as doutrinas principais da fé. Senão, vejamos:
Quanto à salvação, o Gnosticismo ensina que a salvação é adquirida através da posse de conhecimento divino que liberta o ser das ilusões da escuridão. Apesar de clamarem seguir a Jesus Cristo e Seus ensinamentos originais, eles O contradizem frequentemente. Jesus nada falou sobre salvação através de conhecimento, mas através da fé nEle como Salvador do pecado. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9). Além disso, a salvação que Cristo oferece é de graça e disponível a qualquer um (Jo 3.16), não apenas a uma certa elite que adquiriu uma revelação especial.
O Cristianismo afirma que há apenas uma fonte de Verdade, e essa é a Bíblia, a inspirada e inerrante Palavra do Deus vivente, a única regra infalível de fé e prática (Jo 17.17; 2Tm 3.15-17; Hb 4.12). Ela é a revelação escrita por Deus aos homens e nunca deve ser substituída pelos pensamentos, ideias, escrituras ou visões humanas.
Os gnósticos, por outro lado, usam uma variedade de documentos hereges e primitivos conhecidos como os “Evangelhos Gnósticos”, uma coleção de farsas que clama ser os “livros perdidos da Bíblia”. Ainda bem que os fundadores da Igreja primitiva quase que por unanimidade reconheceram que esses livros eram farsas fraudulentas que sustentavam doutrinas falsas sobre Jesus Cristo, salvação, Deus e todas as outras verdades cruciais da fé Cristã. Há inúmeras contradições nos Evangelhos Gnósticos em relação à Bíblia. Mesmo quando os tão chamados “Gnósticos Cristãos” citam a Bíblia, eles reescrevem os versículos e partes dos versículos para concordarem com a sua filosofia; essa é uma prática fortemente proibida, contra a qual as próprias Escrituras nos advertem (Dt 4.2, 12.32; Pv 30.6; Ap 22.18-19).
O Cristianismo e o Gnosticismo também se diferem drasticamente quanto à Pessoa de Jesus Cristo. Os gnósticos acreditam que o corpo físico de Jesus Cristo não era real, mas apenas “aparentava” ser físico e que o Seu espírito descera sobre Ele no Seu batismo e o abandonara bem antes de Sua crucificação. Tais concepções destroem não somente a humanidade de Jesus, mas também a expiação, pois Jesus tinha que ter sido não só Deus verdadeiro, mas também um verdadeiro homem (e fisicamente real) que realmente sofreu e morreu na cruz para que Seu sacrifício substitutivo pelo pecado fosse aceitável (Hb 2.14-17). Uma concepção bíblica de Jesus afirma tanto a Sua humanidade completa quanto a Sua divindade completa.
Assim como no Pentecostalismo, o Gnosticismo é relacionado à heresia do movimento Nova Era e é baseado em uma abordagem mística, intuitiva, subjetiva, interior, emocional, sensorial e pragmática da verdade. Essa abordagem não é nova; pelo contrário, é bem velha e volta, de certa forma, ao Jardim do Éden, onde Satanás questionou Deus e as palavras que Ele proferiu, convencendo a Adão e Eva a rejeitá-las e a acreditarem em uma mentira. Ele faz a mesma coisa nos dias de hoje, à medida que “o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5.8 ). Ele ainda questiona Deus e a Bíblia e facilmente agarra com suas presas àqueles que são ingênuos e escrituralmente mal informados, ou que estão apenas procurando por alguma forma de “revelação pessoal” (revelação inédita, fora da Bíblia) para fazê-los se sentirem especiais, únicos e superiores a outras pessoas. No entanto, revelações extra-bíblicas sempre levam à ruína e à perdição. Devemos seguir o exemplo do apóstolo Paulo e o seu comando:
“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja AMALDIÇOADO. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja MALDITO. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gálatas 1.6-10).
“Examinai tudo. Retende o bem” (1 Tessalonicenses 5.21). Fazemos isso ao comparar tudo com a Palavra de Deus, a única Verdade.
– JP Padilha
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REVELAÇÃO PROGRESSIVA NO QUE DIZ RESPEITO À SALVAÇÃO | JP Padilha
O termo "revelação progressiva" refere-se à ideia e ensino de que Deus revelou vários aspectos da Sua vontade e plano geral para a humanidade em diferentes períodos de tempo. Chamamos a isso de “dispensações”. Para nós, dispensacionalistas, uma dispensação é uma economia distinguível (ou seja, uma condição ordenada das coisas) na realização do propósito de Deus. Embora nós, como dispensacionalistas, debatamos o número de dispensações que ocorreram ao longo da história, todos acreditamos que Deus revelou apenas certos aspectos de Si mesmo e de Seu plano de salvação em cada dispensação, com cada uma se desenvolvendo sobre a anterior.
Uma dispensação é a maneira como Deus trata com o homem durante um determinado período de tempo, quando este é provado e testado quanto à obediência a certas revelações definidas da vontade de Deus. Por exemplo, desde os dias de Moisés até Cristo o homem foi provado sob a Lei. O período atual é chamado de "dispensação da graça de Deus" (Ef 3.2). No Milênio o homem será provado sob o reinado pessoal de Cristo, sem a presença de um tentador (Satanás) – é a chamada "dispensação da plenitude dos tempos" (Ef 1.10).
Existem ao todo sete dispensações nas quais o homem tem sido provado: (1) em inocência, (2) em consciência (da expulsão do jardim do Éden ao dilúvio), (3) em autoridade ou governo (do dilúvio a Abraão), (4) sob a promessa (de Abraão a Lei), (5) sob a Lei (da Lei a Cristo), (6) sob a graça (de Cristo ao arrebatamento), (7) sob o reinado pessoal de Cristo (da vinda de Cristo ao final do Milênio).
Embora acreditemos na revelação progressiva, é importante ressaltar que não é necessário ser um dispensacionalista para adotar a revelação progressiva. Quase todos os estudantes da Bíblia reconhecem o fato de que certas verdades contidas nas Escrituras não foram totalmente reveladas por Deus para as gerações anteriores. Qualquer pessoa hoje que não sacrifique um animal (dízimo) quando pretende aproximar-se de Deus ou que adore a Deus em qualquer dia da semana ao invés de no último (sábado judaico) entende que tais distinções na prática e conhecimento têm sido progressivamente reveladas e aplicadas ao longo da história.
Além disso, há questões mais importantes sobre o conceito da revelação progressiva. Um exemplo é o nascimento e a composição da Igreja, da qual Paulo fala: "Por esta razão eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós gentios... Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como pela revelação me foi manifestado o mistério, conforme acima em poucas palavras vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho" (Efésios 3.1-6 – ênfase minha).
Paulo afirma quase a mesma coisa em Romanos: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos, mas agora manifesto e, por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, dado a conhecer a todas as nações para obediência da fé” (Romanos 16.25-26 – ênfase minha).
Em discussões sobre a revelação progressiva, uma das primeiras perguntas que as pessoas fazem é: Como a revelação progressiva se aplica à salvação? Aqueles que viveram antes do primeiro advento de Cristo foram salvos de uma maneira diferente do que as pessoas são salvas hoje? Na era do Novo Testamento, as pessoas devem colocar a sua fé na obra consumada de Jesus Cristo, crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos e serão salvas (Rm 10.9-10; At 16.31). No entanto, muitos estudiosos do Antigo Testamento dizem ser improvável que todos os santos do Antigo Testamento acreditavam na morte de Jesus Cristo, o Filho de Deus. John Feinberg, por exemplo, diz: "As pessoas da era do Antigo Testamento não sabiam que Jesus era o Messias, que Jesus iria morrer, e que a Sua morte seria a base da salvação.” Se Feinberg e outros estudiosos do Antigo Testamento estão corretos, então o que exatamente Deus revelou aos que viveram antes de Cristo, e como eram salvos os santos do Antigo Testamento? Qual aspecto muda no processo da salvação do Antigo Testamento para o Novo Testamento?
REVELAÇÃO PROGRESSIVA:
Dois caminhos ou um caminho de salvação?
Alguns afirmam que aqueles que defendem a revelação progressiva acreditam em dois métodos diferentes de salvação – um que estava em vigor antes da primeira vinda de Cristo e outro que surgiu depois da Sua morte e ressurreição. Tal afirmação é uma falácia e é refutada por L. S. Chafer, que escreve: "Porventura há duas maneiras pelas quais um homem pode ser salvo? Em resposta a esta pergunta pode-se afirmar que a salvação de qualquer criatura é sempre a obra de Deus em favor do homem e nunca uma obra do homem em nome de Deus. Há, portanto, apenas uma maneira de ser salvo e isso é pelo poder de Deus tornando a salvação do homem possível pelo sacrifício de Cristo.”
Se isso for verdade, então como podem as revelações no Antigo e Novo Testamento a respeito da salvação se reconciliarem? Charles Ryrie resume a questão de forma sucinta desta forma: "A base da salvação em qualquer época é a morte de Cristo; o requisito para a salvação em qualquer época é a fé; o objeto da fé em qualquer época é Deus; o conteúdo da fé muda nas diferentes épocas." Em outras palavras, não importa quando uma pessoa tenha vivido – a sua salvação, em última análise, depende da obra de Cristo e de uma fé colocada em Deus, mas a quantidade de conhecimento que uma pessoa tinha sobre os detalhes do plano de Deus tem aumentado durante os séculos através da revelação progressiva de Deus.
Quanto aos santos do Antigo Testamento, Norman Geisler oferece o seguinte: "Em suma, parece que os requisitos para a salvação no Antigo Testamento no máximo (em termos de crença explícita) foram (1) a fé na unidade de Deus, (2) o reconhecimento da pecaminosidade humana, (3) a aceitação da graça necessária de Deus e, possivelmente, (4) o entendimento de que o Messias estava por vir."
Há evidência nas Escrituras para apoiar a reivindicação de Geisler? Considere esta passagem no Evangelho de Lucas, a qual contém os primeiros três requisitos:
"Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ‘ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ‘ó Deus, sê propício a mim, um pecador!’ Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado" (Lucas 18.10-14).
Este evento ocorreu antes da morte e ressurreição de Cristo, ou seja, ainda no Velho Testamento, visto que o Novo Testamento só começa com a morte do Testador (Jesus - Hebreus 9.15-17); ou seja, os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João não fazem parte do Novo Testamento. A doutrina dos apóstolos está nas epístolas. É de suma importância lembrar-se disso a fim de não misturar o contexto judaico com o contexto cristão. A Igreja foi inaugurada no livro histórico de Atos, no capítulo 2.
Costumamos ver a Bíblia dividida de forma errada, onde os evangelhos fazem parte do Novo Testamento. Mas isso foi uma tramoia arquitetada por hereges durante a história a fim de transferir para a Igreja os comandos mais severos dados a Israel. Na prática, o Novo Testamento começa no livro histórico de Atos, e não nos evangelhos que obviamente nos mostram um contexto judaico somado a algumas profecias, sinais e milagres de Jesus como uma forma de mostrar ao povo que Ele era, de fato, o Filho Unigênito do Pai, o Deus encarnado. Não há Novo Testamento sem a morte do Testador: “E por isso [Jesus] é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9.15-17).
Sendo assim, a parábola do fariseu e o publicano ocorreu antes do Novo Testamento, e isso envolve claramente uma pessoa que não tem conhecimento da mensagem do evangelho da graça como articulada hoje no Novo Testamento. Na declaração simples do coletor de impostos ("Deus, sê propício a mim, um pecador!"), encontramos (1) uma fé em Deus, (2) um reconhecimento do pecado e (3) uma aceitação da misericórdia. Então Jesus faz uma declaração muito interessante: Ele diz que o homem foi para casa “justificado”. Este é o termo exato usado por Paulo para descrever a posição de um santo do Novo Testamento que acreditou na mensagem do evangelho da graça e colocou a sua confiança em Cristo: "Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5.1).
O quarto na lista de Geisler está em falta na narrativa de Lucas – a compreensão de um Messias que estava por vir. No entanto, outras passagens do Novo Testamento indicam que este pode ter sido um ensino comum no Velho Testamento. Por exemplo, no relato de João sobre Jesus e a mulher samaritana no poço, a mulher diz: "Eu sei que vem o Messias {que se chama o Cristo}; quando ele vier há de nos anunciar todas as coisas" (João 4.25). No entanto, como o próprio Geisler reconheceu, a fé no Messias não era algo que "tinham que ter" para a salvação no Antigo Testamento.
REVELAÇÃO PROGRESSIVA:
Mais evidência das Escrituras
Uma rápida pesquisa das Escrituras revela os seguintes versículos, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, que suportam o fato de que a fé em Deus sempre foi o caminho da salvação:
• “E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça” (Gênesis 15.6).
• “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Joel 2.32).
• “(...) porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados” (Hebreus 10.4).
• “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho” (Hebreus 11.1-2).
• “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6).
As Escrituras dizem claramente que a fé é a chave para a salvação para todos os povos ao longo da história. Mas, como poderia Deus salvar pessoas desprovidas do conhecimento do sacrifício de Cristo a seu favor? A resposta é que Deus as salvou com base em sua resposta ao conhecimento que tinham. Sua fé aguardava algo que não podiam ver, enquanto que hoje, os crentes olham para trás em eventos que podem ver. O gráfico do artigo ilustra esse entendimento (Vide imagem do artigo).
A Bíblia ensina que Deus tem sempre dado às pessoas revelação suficiente para exercer fé. Agora que a obra de Cristo tem sido concretizada, a exigência mudou; os "tempos da ignorância" acabaram:
• "(...) o qual nos tempos passados permitiu que todas as nações andassem nos seus próprios caminhos. Contudo não deixou de dar testemunho de si mesmo" (Atos 14.16)
• "Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam" (Atos 17.30)
• "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos" (Romanos 3.25).
Antes da vinda de Cristo, Deus estava prenunciando a morte de Jesus através do sistema de sacrifício e condicionando o Seu povo a compreender que o pecado leva à morte. A Lei foi dada para ser um tutor e levar as pessoas ao entendimento de que eram pecadoras necessitadas da graça de Deus (Gl 3.24). Mas a lei não revogou a anterior aliança com Abraão, a qual era baseada na fé. É a aliança de Abraão que é o padrão para a salvação hoje (Rm 4). Mas, como Ryrie afirmou acima, o conteúdo detalhado da nossa fé – a quantidade de revelação dada – tem aumentado ao longo dos tempos ao ponto que as pessoas hoje têm uma compreensão mais direta do que Deus requer delas.
REVELAÇÃO PROGRESSIVA – Conclusões
Referindo-se à revelação progressiva de Deus, João Calvino escreve: "O Senhor susteve esta economia e esta ordem na administração do pacto de sua misericórdia, de sorte que, quanto mais com o correr do tempo se aproximava o dia da plena revelação, com tanto maior clareza o quis anunciar. Assim, no início, quando a primeira promessa de salvação foi dada a Adão (Gn 3.15), ela brilhou como uma faísca fraca. Então, ao ser a ela adicionada, a luz cresceu em plenitude, rompendo cada vez mais e derramando o seu brilho mais amplamente. Finalmente – quando todas as nuvens se dispersaram – Cristo, o Sol da Justiça, plenamente iluminou toda a Terra" (Institutas, 2.10.20).
A revelação progressiva não significa que o povo de Deus no Antigo Testamento não tinha qualquer revelação ou compreensão. Aqueles que viveram antes de Cristo, diz Calvino, não estavam "sem a pregação que contém a esperança de salvação e de vida eterna, mas, eles só tinham um vislumbre de longe e em um esboço sombrio aquilo que vemos hoje em plena luz do dia" (Institutas, 2.7.16; 2.9.1; comentário sobre Gálatas 3.23).
O fato de que ninguém é salvo sem a morte e ressurreição de Cristo é claramente indicado na Escritura (Jo 14.6). A base da salvação tem sido, e sempre será, o sacrifício de Cristo na cruz, e o meio de salvação sempre tem sido a fé em Deus. No entanto, o conteúdo da fé de uma pessoa sempre dependia da quantidade de revelação que Deus estava contente em dar em um determinado tempo. Os santos do Velho Testamento tinham conhecimento da vinda de Cristo e criam que Ele viria. Os cristãos, por outro lado, têm conhecimento da vinda de Cristo e creem que Ele veio. Só o que podemos concluir é que muda-se a conjugação dos verbos “criam” e “creem”, mas a crença é a mesma, a fé é a mesma e o meio pelo qual os diferentes povos de Deus são salvos é o mesmo.
– JP Padilha
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PALAVRA INSPIRADA VS. REVELAÇÃO INÉDITA | JP Padilha
Jesus disse que nos enviaria o Espírito Santo para nos ensinar tudo aquilo que Ele havia ensinado na Palavra inspirada (Jo 14.26), e não que Ele enviaria sonhos e visões para a Igreja na dispensação da graça. Deus não se revela mais através de sonhos e visões, como no caso dos profetas no Velho Testamento, nem através de revelações inéditas, como no caso dos apóstolos no Novo Testamento. A Palavra de Deus está selada. Hoje o crente vive da fé na Palavra escrita e selada (cf. Gl 1.6-10). No mais, tenhamos em mente que o Antigo Testamento é um livro de tipos e figuras para o cristão.
No Velho Testamento vemos Deus mandar Davi matar seus inimigos à espada para conquistar a terra prometida. Você irá fazer isso também? No Velho Testamento é ordenado que o judeu leve o Dízimo à casa do tesouro (um aposento que ficava dentro do Templo de Jerusalém). Você irá fazer isso também? Da mesma forma, vemos Deus enviando sonhos e visões aos profetas do Antigo Testamento e se revelando de forma audível aos apóstolos no Novo Testamento para fins de edificação doutrinária ou advertências aos Seus povos – Israel e Igreja. Uma vez que a doutrina dos apóstolos foi selada e as advertências foram compiladas na Escritura Sagrada, Deus nos proíbe terminantemente de ir além do que está escrito (Gl 1.6-10).
A SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS
A doutrina da suficiência das Escrituras é um princípio fundamental da fé cristã. Dizer que as Escrituras são suficientes significa que a Bíblia é tudo de que precisamos para nos equipar para uma vida de fé e serviço. Ela fornece uma apresentação clara da intenção de Deus em restaurar o relacionamento quebrado entre Ele e a humanidade através do Seu Filho Jesus Cristo. A Bíblia nos ensina sobre a eleição, fé e salvação pela morte de Jesus na cruz e Sua ressurreição. Nenhum outro livro é necessário para que essa boa nova seja entendida, assim como nenhum outro livro é necessário para nos equipar a viver uma vida de fé. Da mesma maneira, nenhuma outra forma de revelação, que não seja escriturística, é necessária para ouvir a voz de Deus. Se queremos ouvir a voz de Deus, basta-nos abrir a Bíblia. Se queremos ouvir a voz de Deus de forma audível, basta-nos lê-la em voz alta.
Quando se usa a palavra "Escritura", os cristãos estão se referindo ao Antigo e ao Novo Testamento. O apóstolo Paulo declarou que as Escrituras "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Timóteo 3.15-17). Se a Escritura é "inspirada por Deus", então ela não é uma obra da vontade humana. Apesar de ter sido escrita por homens, os "homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1.21). Nenhum livro escrito pelo homem é suficiente para nos equipar para toda boa obra; somente a Palavra de Deus pode fazer isso. Além disso, se as Escrituras são suficientes para nos equipar completamente, então nada mais é necessário. Nem sonhos, nem visões, nem revelações supostamente dadas àquele ou a este indivíduo se dizendo “pastor” ou “profeta”.
Colossenses 2 discute os perigos que uma igreja enfrenta quando a suficiência das Escrituras é contestada ou quando a Escritura é mesclada com escritos não-bíblicos. Paulo advertiu a igreja de Colossos: "Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Colossenses 2.8). Judas é ainda mais direto: "Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos" (Judas 1.3). Observe a frase "de uma vez para sempre". Isso deixa claro que não há outros escritos ou ideias, independente de quão piedoso seja o pastor, teólogo ou igreja denominacional que esteja promovendo-os; independente de onde venham esses escritos extra-bíblicos com supostas revelações inéditas. Essas ideias ou escritos extra-bíblicos NÃO devem ser vistos como iguais ou complementares da Palavra de Deus. A Bíblia contém tudo o que é necessário para que o crente possa compreender o caráter de Deus, a natureza do homem e as doutrinas do pecado, do céu, do inferno e da salvação através de Jesus Cristo.
Talvez os versículos mais fortes sobre a questão da suficiência bíblica venham do livro de Salmos. No Salmo 19.7-14, Davi se alegra na Palavra de Deus, declarando que ela é perfeita, digna de confiança, certa, radiante, iluminada, verdadeira e inteiramente justa. Já que a Bíblia é "perfeita", então nada mais é necessário.
A suficiência da Escritura está sob ataque hoje em dia e, infelizmente, esse ataque com muita frequência vem das próprias igrejas. As denominações religiosas pentecostais são as mais danosas neste aspecto, pois alegam em seus discursos revelações que não se encontram nas Escrituras. Os mestres do Pentecostalismo são especialistas em enganar multidões através de revelações que, segundo eles, vêm da parte de Deus fora das Escrituras Sagradas, isto é, que vão além das Escrituras. Técnicas administrativas seculares, métodos de atrair multidões, entretenimento, revelações extra-bíblicas, misticismo e aconselhamento psicológico declaram que a Bíblia e seus preceitos não são suficientes para a vida cristã. Qualquer crente pode reivindicar estar proferindo uma revelação divina – e quase tudo pode se passar por verdade divinamente revelada. Não se engane: alguns dos mais conhecidos líderes carismáticos têm abusado da confiança de seu rebanho por afirmarem o recebimento de novas verdades divinas quando, na verdade, ensinam mentiras e invenções.
Os carismáticos desprezam a exclusividade da Escritura como Palavra de Deus; e o resultado é a competitividade espiritual. O anseio por algo novo e esotérico substitui a firme confiança na Palavra de Deus, estabelecida pelo cristianismo histórico. Isso é um convite à falsificação satânica. Confusão, erro e engano diabólico são os resultados inevitáveis.
Entretanto, Jesus disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem" (João 10.27). Sua voz é tudo o que precisamos ouvir, e as Escrituras são a Sua voz, completa e absolutamente suficientes.
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5.39).
"Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos" (1 Coríntios 1.22-23).
O cristão vive da fé, não de sinais. A fé não pede sinais. Quem pede sinais é a dúvida!
– JP Padilha
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PENTECOSTALISMO E SEUS DANOS À IGREJA DE DEUS | Marcos Granconato
OS TRÊS PERIGOS
Ao longo de sua história, a igreja cristã tem enfrentado três graves perigos: O PAGANISMO, O PAPISMO E O PENTECOSTALISMO. O paganismo ameaçou a igreja logo nos primeiros anos de sua existência, especialmente por meio de um misto de religiões, filosofias e fábulas que mais tarde ficou conhecido como gnosticismo. Esse modelo exercia forte atração sobre os cristãos menos preparados porque, além de oferecer experiências místicas, como visões e coisas do tipo (Cl 2.18), também impunha aos seus seguidores normas de conduta que pareciam piedosas — regrinhas como "não pode isso", "não pode aquilo" (Cl 2.20-23). O maior atrativo do gnosticismo, porém, estava na alegação de que seus adeptos formavam uma elite espiritual detentora de um grau de espiritualidade e conhecimento (gnosis) que outras pessoas eram incapazes de ter.
O papismo, por sua vez, desenvolveu-se em decorrência de processos muito mais longos e complexos, iniciados já no século 2, e que culminaram no surgimento de uma espécie de príncipe eclesiástico com autoridade universal, supostamente dotado de infinitos poderes temporais e espirituais — uma espécie de deus, reconhecido, aliás, como infalível!
Por causa do papismo, a igreja medieval ficou muitas vezes nas mãos de homens inescrupulosos, imorais e corruptos que, em nome de Cristo e em benefício próprio, cometeram atrocidades como as guerras das Cruzadas, os crimes da Inquisição e a exploração impiedosa do povo por meio da venda de relíquias e de indulgências. O caos e a vergonha a que o papismo lançou a igreja deram ensejo à Reforma Protestante do século 16.
O terceiro perigo, o pentecostalismo, é de todos o mais recente e também o mais danoso, posto que abriga elementos dos dois primeiros e, conforme será demonstrado, trouxe prejuízos para o cristianismo que nem mesmo os piores inimigos da fé foram capazes de causar nesses 2 mil anos de história eclesiástica.
SEU SURGIMENTO
O surgimento do movimento pentecostal geralmente é datado de 1906, ano em que William Joseph Seymour, um pregador afro-americano, iniciou reuniões num barracão na Rua Azuza, número 312, em Los Angeles, EUA. Nessas reuniões, a ênfase era a busca do batismo com o Espírito Santo, o que Seymour cria ser uma experiência mística pós-conversão, acompanhada pelo falar em línguas.
Ora, a Bíblia ensina que o batismo do Espírito Santo é dado a todos os crentes, sem que eles precisem se esforçar para obtê-lo (1Co 12.13; Gl 3.2). Também ensina que isso ocorre no momento da conversão (Ef 1.13), sem nenhuma necessidade de ser evidenciado pelo dom de línguas, já que, na Igreja Primitiva, esse dom era dado somente a alguns (1Co 12.30).
Contudo, os seguidores de Seymour criam que o batismo do Espírito Santo era uma espécie de segunda bênção (a primeira bênção seria a conversão) dada por Deus somente a quem a buscasse com orações, jejuns, clamores, lágrimas e vigílias. Por isso, testemunhas oculares relataram que, na Rua Azuza, as pessoas passavam dias e noites gritando, chorando, gemendo, uivando, pulando, girando e se contorcendo, enquanto clamavam pela "bênção". Já os que eram "batizados" balbuciavam o que criam ser línguas estranhas e, em êxtase, caíam no chão onde ficavam rolando ou se sacudindo, numa manifestação frenética de loucura total. Outros, ainda, desmaiavam e ficavam deitados por horas a fio, inertes como se estivessem mortos.
Tudo isso, pensavam, era necessário e valia a pena, pois o batismo do Espírito Santo, uma vez recebido, elevaria o crente a um novo e mais rico patamar espiritual, tornando-o participante de uma elite de homens santos e fazendo-o desfrutar de uma vida repleta de experiências poderosas e arrebatadoras com Deus.
Foi dito aqui que o primeiro grande perigo que ameaçou a igreja de Cristo foi o paganismo manifesto em doutrinas gnósticas. Pois bem... O pentecostalismo demonstrou ser um dos maiores danos que já sobrevieram à igreja porque, com sua ênfase numa doutrina jamais ensinada nas Escrituras, trouxe de volta para o cristianismo precisamente aquelas velhas noções pagãs, apegando-se ao êxtase, ao frenesi espiritual e, especialmente, ao principal conceito gnóstico da existência de uma elite espiritual que se situa acima dos crentes comuns.
Então, como ocorreu com o gnosticismo nos séculos 1 e 2, a possibilidade de provar emoções novas e de fazer parte de uma elite espiritual fez com que o pentecostalismo atraísse uma imensa massa de pessoas ignorantes, ávidas por experiências místicas e sedentas por conquistar o reconhecimento e a admiração dos seus correligionários.
O PENTECOSTALISMO É PIOR DO QUE O PAPISMO
Conforme dito anteriormente, a segunda maior ameaça sofrida pela igreja ao longo dos séculos foi o papismo. Ora, o pentecostalismo também não deixou de fora os principais elementos desse mal. Com efeito, além de trazer novamente para a igreja de Cristo o velho paganismo combatido pelos pais apostólicos do século 2, o movimento pentecostal trouxe também para a igreja evangélica o velho papismo combatido pelos reformadores do século 16. A diferença é que o papismo pentecostal é um papismo piorado.
De fato, se no romanismo foi acolhida a figura de um papa apenas, no movimento pentecostal ocorreu a diabólica proliferação de um exército de pequenos papas locais, todos reivindicando autoridade divina e infalibilidade absoluta sob os títulos de bispo, apóstolo, profeta ou patriarca.
Com incrível ousadia, todas essas figuras alegam que Deus lhes fala diretamente e, à semelhança dos pontífices medievais, não aceitam que suas opiniões ou condutas sejam questionadas por ninguém e em nenhum grau. Também à semelhança dos papas renascentistas, esses facínoras exploram a boa-fé do povo e juntam tesouros para si, vendendo quinquilharias que dizem ser santas e dotadas de poder. Na verdade, isso acontece hoje numa escala tão grande que é fácil concluir que os papas medievais, em termos de engano e estelionato, teriam muito que aprender com os pequenos papas da atualidade que reinam soberanos nas igrejas pentecostais.
UMA FÁBRICA DE SEIS MALES
Se o pentecostalismo abriga elementos do paganismo e do papismo, há também outras razões muito mais perceptíveis que comprovam que essa vertente dita evangélica é um risco terrível para a causa cristã. Para expor essas razões, basta descrever o pentecostalismo como uma fábrica de seis males: heresia, superstição, falsos irmãos, hipocrisia, desordem e desilusão.
● O PRIMEIRO MAL
Por que podemos afirmar seguros que o pentecostalismo é uma fábrica de HERESIAS? A resposta é simples e lógica: Crendo que Deus fala diretamente aos seus apóstolos e profetas, bem como àqueles que foram agraciados com a “segunda bênção”, os pentecostais não valorizam o estudo teológico, a exegese ou mesmo as lições mais elementares da hermenêutica bíblica. Para que — dizem eles — se afadigar na análise do texto bíblico, no aprendizado das línguas originais ou na leitura de obras de profundidade doutrinária se Deus nos fala diretamente? Aliás, no afã de ressaltar essa fábula, alguns pastores mais criativos deixam uma cadeira vazia ao seu lado no púlpito, afirmando que aquele lugar é ocupado por um anjo ou pelo próprio Espírito Santo que, pondo-se ao seu lado, sussurra as coisas que ele deve dizer à multidão.
Agravando essa situação, grande parte dos líderes pentecostais se opõe ferozmente ao estudo da teologia, dizendo que “a letra mata” (2Co 3.6). Ora, o fácil contexto dessa citação é suficiente para mostrar que Paulo fala ali da Lei Mosaica (a letra) e seu impacto mortal sobre aqueles que tentam ser justificados através da sua observância. Para os pentecostais, porém, nesse texto, Paulo, justamente o apóstolo mais estudioso do Novo Testamento (At 26.24), reprovava o dedicado estudo da Palavra de Deus!
O resultado dessas proezas é que o pentecostalismo acaba sendo um prato cheio para os que se deleitam na preguiça intelectual e dá ensejo para que homens sem preparo, seguindo as imaginações de seu próprio coração e chamando tudo o que lhes vêm à mente de “revelação”, ensinem aos seus seguidores absurdos que vão desde as tolices mais chocantes até as heresias mais deploráveis e destruidoras. Na verdade, esse fato é tão notável e evidente que qualquer crente com conhecimento teológico básico sabe que é mais fácil encontrar um dente na boca de um torcedor corintiano do que uma frase de alto valor doutrinário na boca de um pastor pentecostal.
De fato, poucas vezes na história do pensamento cristão existiu uma fábrica de heresias tão produtiva como o pentecostalismo. Há algum tempo eu adquiri o grau de mestre (Th.M) em teologia histórica e posso afirmar depois de muitos anos de estudo que nem Márcion, o arqui-herege do século 2, nem os montanistas, nem os defensores da cristologia heterodoxa que ameaçou a igreja nos séculos 4 e 5, nem os cátaros, nem o catolicismo medieval, nem os radicais da época da Reforma, nem as seitas pseudocristãs da atualidade superaram o pentecostalismo na produção de doutrinas blasfemas, desvios teológicos, erros de interpretação, ensinos destruidores, lições vergonhosas e propostas antibíblicas.
Quem duvida, deve estudar esses movimentos e compará-los com as aberrações que dia após dia brotam dos púlpitos pentecostais. Sem dúvida, o crente sincero se sentiria mais à vontade numa missa dirigida pelo Papa Inocêncio III do que num “culto de libertação” realizado por pentecostais. Se bem que, na verdade, o melhor mesmo seria não comparecer em nenhuma das duas reuniões.
● O SEGUNDO MAL
O segundo mal que a máquina pentecostal produz incansavelmente é a SUPERSTIÇÃO. Mais uma vez, a noção de que Deus fala diretamente a seus profetas, revelando coisas novas a cada dia, fez com que o pentecostalismo abrisse as portas para o misticismo religioso, repleto de crendices toscas inventadas por pessoas que diziam ter recebido uma “revelação” qualquer.
Os reformadores do século 16 afirmavam que a superstição é filha da ignorância. Assim, sem conhecer a doutrina bíblica e fiando-se nas ilusões de inúmeros sonhadores, os pentecostais passaram a acreditar em frases mágicas (“eu determino”, “tá amarrado”; “eu tomo posse”, “eu não aceito...”), em rituais de quebra de maldição, na força maior de orações feitas de madrugada, no poder de objetos ungidos com óleo de cozinha e até em água milagrosa obtida por meio de um copo deixado sobre o aparelho de TV durante a transmissão de um programa evangélico qualquer.
Percebendo a facilidade com que as massas criam nessas fábulas, homens perversos e impostores foram atraídos para o meio pentecostal onde conquistaram facilmente postos de liderança (para se destacar no meio pentecostal basta gritar, sapatear e rodopiar bastante). Então, movidos pela ganância, esses homens inventaram ainda mais superstições, criaram um amplo comércio de relíquias muito semelhante ao que a igreja católica explorou na Idade Média e enriqueceram vendendo cacarecos ungidos para o povo iludido, prometendo saúde e prosperidade por meio dessas coisas (2Pe 2.1-3).
A massa desesperada seguiu esses golpistas, acreditando que sua vida ia melhorar e, então, os salões pentecostais ficaram lotados. Foi assim que o pentecostalismo fez com que a igreja do Senhor recebesse a fama de um covil de ladrões e a maravilhosa fé cristã, exposta e defendida por gigantes e santos do passado, ficasse com a pecha de uma religião de feiticeiros, muito semelhante à macumba, ao candomblé, ao baixo catolicismo e ao fetichismo de tribos primitivas. Com efeito, nenhuma outra estratégia do diabo foi capaz de emporcalhar tanto o santo nome da igreja de Deus.
● O TERCEIRO MAL
O terceiro mal que o pentecostalismo fabrica incessantemente são os FALSOS IRMÃOS. Infelizmente, ao contrário do que muitos pensam, um número enorme de pentecostais jamais conheceu a salvação anunciada no verdadeiro evangelho. Isso acontece especialmente porque quem se filia a esse movimento geralmente o faz em busca dos milagres de Cristo e não do seu perdão. Porém, outra causa para o grande número de incrédulos dentro dessa vertente evangélica está no fato de que os pentecostais acreditam piamente na heresia arminiana da perda da salvação.
Consequentemente, ainda que afirmem em teoria que a salvação é somente pela fé em Cristo, na prática, os pentecostais vivem tentando se manter salvos por meio da religiosidade aparente, das práticas rituais e da observância de regrinhas inventadas pela igreja. Por incrível que pareça, muitos deles chegam a acreditar que preservam a salvação porque não deixam a barba crescer ou porque nunca vestiram uma bermuda!
Tudo isso mostra que muitos pentecostais jamais entenderam as Boas Novas de Cristo, sendo apenas incrédulos cheios de medo tentando melhorar de vida ou buscando ser salvos pelo esforço próprio.
Obviamente, essa presença enorme de falsos crentes no meio evangélico, produzida especialmente pelo movimento pentecostal, é uma das principais causas do descrédito a que foi lançado o cristianismo nos tempos modernos.
● O QUARTO MAL
A HIPOCRISIA é o quarto mal que a máquina pentecostal fabrica. A ênfase numa espiritualidade marcantemente exterior, com gritos, pulos e quedas no chão, deu espaço para constantes representações teatrais. Com efeito, simulando o que chamam de “transbordar do Espírito”, muitos pentecostais sapateiam, rodopiam e se contorcem como loucos, tudo para convencer os outros de que são fervorosos espiritualmente. Também a altíssima valorização do falar em línguas impeliu esse povo ao fingimento, levando-os a repetir, por conta própria, três ou quatro sílabas desconexas a fim de dar a impressão de que foram agraciados com o maravilhoso dom descrito em Atos 2 (muitos deles, depois de “falar em línguas de anjos” no domingo, falam a língua dos demônios durante a semana na forma de palavrões!). Buscando ainda status dentro da igreja, muitos pentecostais fingem profetizar, quando, na verdade, somente dizem qualquer coisa que lhes venha à mente e que possa estar relacionada à vida alheia. Naturalmente, todo esse teatro é facilmente percebido por qualquer pessoa normal, o que transforma a fé cristã em motivo de piadas aos olhos dos incrédulos.
● O QUINTO MAL
O quadro descrito acima desemboca facilmente no quinto mal produzido pelas igrejas pentecostais: a DESORDEM. Nem num hospício, nem num desfile de carnaval, nem na Câmara dos Deputados em Brasília é possível ver e ouvir as loucuras e sandices que se veem e ouvem num culto pentecostal. Ali uns riem, outros uivam; uns correm de lá para cá, outros rolam no chão; uns dançam, outros oram aos gritos... No final, dizem que tudo isso é fervor ou ação do Espírito Santo. Pra piorar, os pentecostais ainda afirmam que a igreja ordeira, centrada no estudo da Palavra, marcada por decência, reverência e santo temor é, na verdade, fria e precisa aprender muito com eles se quiser amadurecer na vida cristã!
● O SEXTO MAL
Finalmente, o sexto mal que se origina no pentecostalismo é a DESILUSÃO. Ouvindo profecias vazias e revelações inventadas, muitas pessoas criam esperanças que jamais se cumprem e que as lançam, enfim, num poço de frustração. Quando isso acontece, para agravar a situação, mestres impostores as atormentam ainda mais, dizendo que as ditas profecias não se cumpriram por causa da falta de fé. Então, além de frustradas, essas pessoas passam a se sentir também culpadas, vivendo infelizes pelo resto da vida.
Outros, seguindo orientações que lhes disseram ter sido reveladas por Deus, tomam decisões ou praticam coisas que acabam por destruir sua família, seu casamento, sua juventude, seu futuro, sua saúde, sua carreira e seu patrimônio. Quando, enfim, despertam para isso, percebem muitas vezes que é tarde demais.
Há ainda aqueles que, numa busca escravizadora pelo que acreditam ser o batismo do Espírito Santo, entregam-se a um rigorismo cruel que os priva do lazer (cinema é pecado!), do conforto (mulher de calça comprida? Nem pensar!), do alegre convívio com os filhos pequenos (ir à praia com eles seria pura carnalidade!) e até dos prazeres do leito conjugal. No fim de tudo, ao descobrirem que nada disso teve qualquer proveito, passam a se lamentar frustrados, percebendo que foram enganados, que a vida passou e que aquilo que perderam não pode mais ser recuperado.
Veem-se, assim, quão horríveis são os males causados pelo pentecostalismo. Como evitá-los? Como fugir deles? Esse será o tema do último artigo desta série.
RESSALVAS E OPÇÕES:
Muitas pessoas vão dizer que nesta série de artigos eu faço confusão entre pentecostalismo e neopentecostalismo. Dirão que, na verdade, é somente o neopentecostalismo que realiza os abusos que tenho enumerado, estando o pentecostalismo “clássico” livre disso tudo.
Esse parecer resulta de certas distinções que foram feitas no passado entre o chamado pentecostalismo de “primeira onda” (com ênfase no batismo do Espírito acompanhado de línguas estranhas), o pentecostalismo de “segunda onda” (com ênfase em curas e milagres) e o da “terceira onda” (que adota a teologia da prosperidade). Sem dúvida, essa distinção tem certo valor como forma de classificação que auxilia a análise histórica do movimento. Contudo, a observação do cenário atual mostra que, na prática, a referida diferenciação tornou-se obsoleta, não fazendo mais qualquer sentido.
Com efeito, como acontece em qualquer praia em que uma “onda” logo se mistura com a outra, o mesmo ocorreu com o pentecostalismo. Por isso, hoje é possível perceber que a “primeira”, a “segunda” e a “terceira onda” se mesclaram, viraram uma vaga só, espumando heresias, confusões, fraudes, escândalos e hipocrisias. Assim, a diferença entre pentecostalismo e neopentecostalismo, se houver, poderá talvez ser encontrada na eventual ênfase que cada igreja em particular dá a um erro específico. Na base, porém, todo o movimento se iguala, pois as comunidades que o compõem adotam os mesmos pressupostos, praticam e pregam basicamente as mesmas coisas, afirmando a crença na “segunda bênção”, nas revelações e nos portentos supostamente concedidos por Deus aos seus falsos apóstolos e profetas ilusórios.
Feita essa ressalva, importa agora voltar a atenção para os crentes em Cristo que se encontram nas igrejas pentecostais. Sim, há cristãos de verdade nessas comunidades. Eu conheço muitos deles. Trata-se de irmãos em Cristo que percebem que algo está errado, que sentem a falta de alimento sólido, que observam, inconformados, aquelas manifestações fingidas de arrebatamento espiritual, que sofrem ao perceber a ação de espertalhões e a santidade hipócrita de quem louva a Deus com gritos mas tem a vida suja (Is 29.13).
São irmãos que, às vezes, se sentem culpados, pensando: “Será que o errado sou eu? Será que não tenho fervor? Será que Deus está realmente agindo aqui e só eu não estou vibrando? Por que não sinto vontade de gritar e pular? Por que não consigo falar em línguas? E quanto a essas profecias, curas e orações barulhentas? Será que só eu percebo que são forçadas?”.
Tive contato com muitos irmãos amados que enfrentaram esses dilemas no meio pentecostal e que hoje estão num aprisco bíblico. Outros, porém, geralmente por causa de vínculos sociais e afetivos, ainda vivem nesse meio, mesmo se sentindo incomodados e pouco à vontade. Para esses crentes de verdade, creio haver quatro opções:
1. Permanência com influência: Nessa primeira opção, o crente permanece na igreja em que está, tentando mudar as coisas. Trata-se de uma decisão nobre, mas a experiência mostra que tem poucos resultados. Ademais, essa opção tem se mostrado perigosa, pois, geralmente, com o passar do tempo, os crentes que a adotam ficam indiferentes diante do erro. Aos poucos, sem que percebam, tornam-se menos rígidos em seus julgamentos. A constante e tácita convivência com a mentira faz com que, para eles, o mal se torne normal (e até engraçado). O resultado final é que, sem alimento espiritual e com as faculdades amortecidas, seu testemunho entra em colapso, seu casamento começa e enfrentar crises e seus filhos, quando crescem, correm para o mundo, dizendo que tudo na igreja não passa de representação barata.
2. Ecclesiola in ecclesia: Essa expressão significa “pequena igreja dentro da igreja” e foi usada especialmente pelos puritanos da Inglaterra para se referir a pequenos grupos de crentes verdadeiros que se reuniam para cultuar a Deus de maneira correta, sem, contudo, se desligar da igreja maior, cheia de erros, à qual pertenciam. Essa opção pode ser útil, especialmente porque uma ecclesiola seria um bom lugar para levar o visitante, sem passar vergonha. Além disso, talvez seja uma forma de obter alimento verdadeiro. Porém, essa alternativa é perigosa porque pode gerar orgulho espiritual ou até mesmo uma forma de elitização. Ademais, a liderança da igreja maior se indisporá com grupos assim e os problemas serão inevitáveis.
3. Formação de uma nova igreja por um grupo: A vantagem dessa opção é o surgimento quase imediato de uma igreja séria. Porém, os perigos dessa medida a tornam desaconselhável. Isso porque a nova igreja nascerá com a fama de dissidente, enfrentando a forte oposição da igreja de origem. Esta, em regra, não poupará esforços para caluniá-la, enfraquecê-la e até destruí-la. Ainda que possa sobreviver a tudo isso, o sofrimento decorrente dessas investidas deixará marcas que poderiam ser evitadas caso fosse adotado um modo de agir diferente.
4. Saída individual pacífica: De todas as alternativas, essa é a melhor. Nessa opção, o crente simplesmente se desliga da comunidade maculada em que se encontra e se filia a uma igreja séria, onde poderá nutrir comunhão com seus irmãos e cultuar a Deus longe de escândalos, encenações e badernas. Na igreja que pastoreio tenho várias ovelhas que, pertencendo a comunidades pentecostais no passado, tomaram essa iniciativa e hoje fazem parte do nosso rol de membros. O senso de terem achado finalmente o seu lar, a alegria de aprender a Palavra de Deus a partir da hermenêutica sadia e o alívio de terem se livrado de um ambiente eclesiástico nocivo, repleto de excessos e de maluquices, fazem desses irmãos os mais gratos e vibrantes crentes que há no nosso meio.
– Marcos Granconato
Livro: A Prática da Igreja de Deus, págs. 166-176
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