CONTRACAPA E COMENTÁRIOS INICIAIS



“Eu sei, pessoalmente, que não há nada no mundo que o corpo físico possa sofrer que se compare à desolação e à prostração da mente”. – Charles Spurgeon

A depressão afeta muitas pessoas, tanto pessoalmente quanto através da vida daqueles que amamos. Neste livro, vemos como o Príncipe dos Pregadores do século XIX, C. H. Spurgeon, lutou com a depressão. O fato de um pastor cristão tão proeminente ter vivenciado a depressão e dela ter falado tão abertamente, convida-nos à empatia com um companheiro sofredor. Porque este pastor e pregador saiu à luta com fé e dúvida, sofrimento e esperança, nós ganhamos um companheiro na jornada. O que ele encontrou de Jesus na escuridão pode nos servir de luz para as nossas próprias trevas.

“Este livro é um comentário detalhado e uma meditação sobre a experiência de Spurgeon. Ele nos abre um horizonte de esperança – sem explicações reducionistas, sem respostas mágicas. Leia-o e considere-o profundamente”.

–– David Powlison, Diretor Executivo da Christian Counseling Education Foundation.
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Quando se vê o heróico, o valente Sr. Não Abro Mão da Verdade, o altruísta, o apologeta engajado em assuntos importantes, o proclamador da Bíblia, a personalidade bem humorada e risonha e a cachoeira perene de literaturas edificantes que foi Charles Spurgeon, fica difícil imaginar tal perfil servir a uma personalidade tão freqüente e completamente imersa em dores e depressões, tanto mentais quanto espirituais. No entanto, Spurgeon, em sua plenitude, desde os primeiros anos até o fim de seus dias, conviveu com uma angústia sombria, constantemente pairando sobre os contornos de sua mente, que às vezes investia em ataques contra seu próprio ser. A forma como ele administrou tudo isso, pela graça de Deus, tanto para si mesmo como para os outros, é o que inspira tanto o conteúdo cativante quanto o estilo literário fascinante de Zack Eswine em A Depressão de Spurgeon. Por transbordar um conhecimento abrangente e profundo acerca da produção literária dos sermões de Spurgeon sobre o tema, este livro é para aqueles em tempos de trevas, para aquelas pessoas que procuram entender e ajudar aos que vivem tais tempos, e para aqueles que têm sofrido perdas que mudaram suas vidas por conta de sua incapacidade de escapar das garras de trevas tão perturbadoras.

–– Tom J. Nettles
Professor de Teologia Histórica em The Southern Baptist Theological Seminary, Louisville, Kentuchy.
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Zack Eswine, pregador, pastor e não-desconhecedor do sofrimento, assim como Spurgeon, mergulhou nas pregações desse homem do se´culo dezenove e em suas experiências de depressão para nos revelar um indivíduo como nós, vulnerável a todos os tipos de dificuldades e perdas na vida, lutando para compreender as grandes e perenes questões da bondade de Deus, da presença do mal e da fragilidade do corpo, da mente e das emoções. Neste tesouro rico e poético, há muito incentivo, conforto e ajuda prática a serem encontrados.

–– Richard Winter
Autor do livro “When Life Goes Dark: Finding Hope in the Midst of Depression”, Diretor do Conselho do Covenant Theological Seminary St. Louis, Missouri.
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Zack Eswine é um pastor com a mente de um acadêmico e o coração de um poeta. Sua sabedoria, que bebeu das lutas de Charles Spurgeon contra a depressão, é teologicamente profunda e pastoralmente lúcida.

Recomende este livro a qualquer pessoa que você conheça e que tenha se pergunta sobre depressão, ministério pastoral ou Deus.

–– Jason Byassee
Autor de “Discerning the Body: Searching for Jesus in the Word”, Pastor Senior da Boone United Methodist Church Boone, North Carolina.
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O rio da vida frequentemente flui através de pântanos de desânimo. Charles Spurgeon sabia muito bem disso. Conhecia a depressão. Conhecia o Deus de quem a vida flui. Repito o mesmo acerca de Zack Eswine neste livro excepcional, renovador e sóbrio. O livro é um comentário detalhado e uma meditação sobre a experiência de Spurgeon. Eswine aponta continuamente para a realidade de que, para Spurgeon, a depressão permanece sendo uma experiência intrinsecamente humana. Muitas vezes, em nossos dias, a depressão é reinterpretada como uma “coisa”, tornada um objeto restrito a um diagnóstico meramente médico e alienado de nossa condição humana. Este livro nos abre um horizonte de esperança – sem explicações reducionistas, sem respostas mágicas. Leia-o e o considere profundamente.

–– David Powlison
Diretor Executivo da CCEF
Editor Senior, Journal of Biblical Counseling
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“Sou o alvo de depressões de espírito tão assustadoras que espero que nenhum de vocês jamais tenha que passar por tais extremos de desgraça”.[1]


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"Cuidamos das doenças do corpo muito prontamente. Elas são muito dolorosas para nos permitir dormir em silêncio e logo nos impelem a procurar um médico ou cirurgião para nos curar. Oh, quem dera fôssemos assim tão atentos em relação às mais sérias feridas de nosso homem interior”.[2]

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“Eu sei, pessoalmente, que não há nada no mundo que o corpo físico possa sofrer que se compare à desolação e à prostração da mente”.[3]

Charles Haddon Spurgeon

CAPÍTULO 10: ATÉ QUE PONTO PODEMOS CRER NO PREMILENISMO FUTURISTA | John MacArthur

O que Harold Camping, Hal Lindsey e R. C. Sproul têm em comum? A despeito de suas divergentes posições no que diz respeito ao milênio, todos crêem que podem ser específicos no tocante ao tempo exato da vinda de Cristo, muito embora a Escritura advirta contra a especulação.

O amilenista Harold Camping predisse (em 1992) a segunda vinda de Cristo e o fim deste mundo como o conhecemos para o ano de 1994.[1] Sua última atualização da previsão (no ano de 2005) apontava para o dia 21 de maio de 2011.[2]

O premilenista Hal Lindsey também se arriscou nessa previsão, pelo menos duas vezes. Primeiro, ele previu 1988.[3]. Depois, sua possível data sugerida mudou para 2007.[4]

Até mesmo R. C. Sproul embarcou nessa onda [“profética”] de estabelecer datas para a vinda de Cristo, embora num retrospecto histórico. Sendo um preterista parcial ou moderado, ele aponta a segunda vinda de Cristo para o ano de 70 d.C. Porém, para permitir uma ressurreição geral posterior, ele de fato propõe uma terceira vinda de Cristo, num tempo indeterminado no futuro.[5]

De forma clara, os três ignoram as lições dos profetas do Antigo Testamento e da curiosidade insatisfeita dos apóstolos do Novo Testamento: não compete aos seres humanos o conhecimento preciso de datas e tempos nos quais ocorrerão os eventos proféticos do futuro. Pedro falou dos profetas do Antigo Testamento (1Pe 1.10-11):

“Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam”.

Os apóstolos do Novo Testamento desejaram ouvir de Cristo sobre o tempo específico de sua Segunda Vinda (Mt 24.3,36; Mc 13.4,32):

“No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em particular, e lhe pediram: ‘Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século.

E Jesus lhes respondeu:

“Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai”
.

Compare ainda Mateus 24.42,44,50; 25.13; e Lucas 12.39-40,46, onde Cristo usa “hora” e “dia” no contexto de suas parábolas sobre a segunda vinda.

Não satisfeitos com a resposta de Cristo, aproximadamente sete semanas depois no monte das Oliveiras, imediatamente antes da partida do Messias para os céus, eles o indagaram novamente (At 1.6-7):

“Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: ‘Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?’ Respondeu-lhes: “Não vos compete conhecer os tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade”.

Tendo abordado a pergunta inicial em termos bem precisos quanto ao tempo, Cristo agora usa expressões de tempo de longa duração num sentido mais geral.

O fator curiosidade se estende. Paulo escreve à igreja dos Tessalonicenses, que aparentemente o havia feito perguntas semelhantes com respeito aos profetas do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo (1Ts 5.1-2). Ele responde:

“Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite”.

Nem os profetas, nem os apóstolos, muito menos a igreja primitiva, sabiam os tempos (cronos), as estações (kairós), o dia (hemera) e a hora (hora). No que diz respeito ao tempo específico (dia/hora), ou geral (tempos/épocas), ambos, Jesus e Paulo, ensinaram sobre a futilidade de tais esforços.

Assim sendo, se eles não sabiam, por que as pessoas em nossos dias insistem em especular? Seria por uma crônica das Escrituras, ou por uma terrível má interpretação da Bíblia ou mesmo por uma desobediência voluntária? Mas a resposta óbvia da Escritura é que não temos necessidade de conhecer o futuro com um nível de especificidade e, portanto, Deus não o revelou em sua Palavra.

Isto significa dizer que há mais incerteza no que diz respeito a tempos específicos do que certeza? Em uma palavra, sim – com respeito a um tempo previsível no futuro. Mas não no que diz respeito à caracterização da vinda de Cristo em si.

Ambos, Cristo e Paulo, são muito claros quanto à possibilidade de uma predição acurada com respeito à data do retorno de Cristo. O evento não pode ser especificamente projetado por tempo e/ou épocas. Não podemos e também não necessitamos saber sobre o tempo do segundo advento de Cristo em termos tão precisos. Portanto, evitemos a impossibilidade de predizer o que somente Deus sabe, mas não nos revelou.

Bem, se não podemos saber o tempo (específico ou geral) do retorno de Cristo, o que podemos saber com certeza? O que Deus descortinou nas Escrituras! A seguinte discussão esboça cinco certezas da visão Premilenista Futurista considerando a segunda vinda de Cristo.


A CERTEZA DO FATO

Esta certeza fundamenta-se no atributo da veracidade de Deus (Is 65.16) e na impossibilidade de Deus mentir (Tt 1.2). Portanto, toda palavra que Deus profere é verdadeira. Um silogismo básico valida esta conclusão: 1) A Escritura é a Palavra de Deus; 2) A Palavra de Deus é verdadeira; 3) Portanto, a Escritura é verdadeira.

Deus o Pai (Sl 119.142, 151, 160), Deus o Filho (Jo 14.6) e Deus o Espírito Santo (Jo 14.17; 15.26; 16.13) falam somente a verdade, toda a verdade, nada mais do que a verdade.

Para que ninguém duvide de que a Escritura repetidamente fala da natureza verdadeira de Deus, vamos meditar nesta curta declaração teológica sobre a veracidade de Deus:

A ênfase do Novo Testamento sobre a veracidade de Deus é mais pronunciada. É no Novo Testamento que lemos que Ele é o verdadeiro Deus, ou o Deus da verdade (Jo 3.33; 17.3; Rm 3.4; 1Ts 1.9); que Seus juízos são verdadeiros e justos (Rm 2.2; 3.7; Ap 15.3 e 16.7); que o conhecimento de Deus é o conhecimento da verdade (Rm 1.18-25). O Novo Testamento afirma que Cristo é a verdadeira luz (Jo 1.9), o verdadeiro pão (Jo 6.32) e a verdadeira vinha (Jo 15.1). É Cristo que traz o verdadeiro testemunho (Jo 8.14; Ap 3.14); seus juízos são verdadeiros (Jo 8.16); ele é ministro da verdade de Deus (Rm 15.8); ele é cheio de verdade (Jo 1.14); ele é a personificação da verdade (Jo 14.6; Ap 3.7 e 19.11). Ademais, ele fala a verdade de Deus (Jo 8.40-47). O Espírito Santo é repetidamente chamado de o Espírito da verdade (1Jo 5.7; 16.13). O Evangelho, ou a fé cristã, é chamada de A Palavra da Verdade (2Co 6.7; Ef 1.13; Cl 1.5; 2Tm 2.15 e Tg 1.18). O Evangelho é a verdade de Cristo (2Co 11.10) e o caminho da verdade (2Pe 2.2). Dos cristãos é dito que encontraram a verdade, ao passo que dos hereges e descrentes é dito que erraram o caminho da verdade (1Jo 2.27; 2Ts 2.13; Ef 5.9 e 1Jo 3.19). A Igreja é chamada de coluna e baluarte da verdade (1Tm 3.15).[7]

Agora, no que diz respeito aos seus planos futuros, Jesus disse aos discípulos (Jo 14.3): “Eu voltarei”.

Os anjos também disseram aos discípulos (At 1.11): “Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi elevado aos céus, Ele há de vir, do mesmo modo como o vistes subir”.

Paulo falou afirmativamente aos Tessalonicenses sobre a segunda aparição de Cristo (1Ts 5.23; confira também 2.19; 3.13; 4.15): “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo”.

Com base no triplo testemunho de Cristo, dos anjos e do apóstolo Paulo, podemos descansar no fato de que Jesus virá uma segunda vez. Mas, para além deste ponto, as várias expectativas proféticas diferem em grande medida. Somente o Premilenismo Futurista oferece certezas bíblicas consistentes.


A CERTEZA RELATIVA QUANTO AO TEMPO
Embora não possamos saber o tempo do retorno de Cristo em termos absolutos, o tempo relativo – ou seja, a sequência dos eventos – pode ser conhecido com certeza. Para uma ilustração dos detalhes concernentes à sequência de tempo relativo, consulte a tabela sobre o Premilenismo Futurista (p. 10).

Estas certezas maiores incluem:

● A era presente da Igreja (At 2 – Ap 3)
● Que o próximo grande evento profético é o arrebatamento da Igreja que precede a septuagésima semana de Daniel.
● Que os sete anos de tribulação e da ira de Deus, que caracteriza a septuagésima semana de Daniel (Ap 6-18), seguem o arrebatamento pretribulacional.
● Que ao fim da septuagésima semana de Daniel, Cristo vem à terra estabelecer seu reino (Ap 19) de acordo com as alianças e promessas incondicionais de Deus com o Israel nacional.
● Que Cristo então governará sobre o reino milenar (com mil anos de duração) prometido a Israel, sobre a terra, a partir de Jerusalém, assentado no prometido trono de Davi (Ap 20.4-6).


A CERTEZA DA CONDENAÇÃO ETERNA DE SATANÁS DEPOIS DO REINO DE MIL ANOS DE CRISTO SOBRE A TERRA
Não durante a era da Igreja, mas durante o reino de Cristo sobre Israel e sobre o mundo (Ap 20.4-6), Satanás será encarcerado (Ap 20.1-3). Mas ao fim do reinado de mil anos, o maligno receberá uma última oportunidade para enganar o mundo (Ap 20.7-8).

A rebelião final contra Deus e seu domínio resultará na morte de todos os anarquistas sob fogo enviado do céu (Ap 20.9) e Satanás lançado no lado de fogo por toda a eternidade (Ap 20.10).


A CERTEZA DO JULGAMENTO FINAL DE TODOS OS ÍMPIOS APÓS O REINO DE MIL ANOS DE CRISTO SOBRE A TERRA
Apocalipse 20.11-15, de modo breve, porém especificamente, relata o julgamento final após o governo do Messias sobre o mundo a partir de Jerusalém – o juízo do grande trono branco – onde todos os incrédulos de todos os tempos serão declarados culpados do pecado quando forem acusados pelo Justo Juiz e sentenciados a uma existência eterna no lago de fogo, na companhia de Satanás, a Besta e o Falso Profeta, banidos para sempre da presença de Deus (2Ts 1.3-10).


A CERTEZA DA ETERNIDADE FUTURA NA QUAL TODOS OS CRENTES HABITARÃO PARA SEMPRE APÓS O REINO DE MIL ANOS DE CRISTO SOBRE A TERRA
O que virá após tudo isto? Novos céus e nova terra (Ap 21.1). Esta expressão reflete a eternidade futura em todo seu glorioso esplendor (Ap 21.2–22.15).

Todas estas certezas se harmonizam com o Premilenismo Futurista, mas não se encaixam com o Amilenismo, nem com o Premilenismo histórico, e muito menos com o Posmilenismo. Todas estas características foram extraídas das Escrituras, no sentido de entendermos somente o que Deus tem revelado em Sua Palavra e nada além da Palavra. Estas verdades não foram impostas às Escrituras a partir de um sistema teológico preconcebido (como no caso da teologia da Aliança), como ocorre no Amilenismo, Premilenismo histórico e Posmilenismo.


UMA PALAVRA FINAL

Até que ponto podemos crer no Premilenismo Futurista? Na medida em que cremos na veracidade de Deus e de Suas promessas nas Escrituras!

Por isso, a próxima vez que alguém indagar: “O que você crê sobre o milênio?”, você não precisará mais empregar aquela resposta patética “Promilenar” ou “Panmilenar” mostrada no prefácio. Agora você pode responder confiante e convicto: “Creio nas certezas bíblicas do Premilenismo Futurista!” Estas certezas proféticas não devem apenas afetar suas crenças, mas também seu comportamento (2Pe 3.13-17,18).

“Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dEle sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz... Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A Ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém”.

Assim, juntamente com o apóstolo João, desejemos com ardor a vinda do Messias: “Vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).


–– John MacArthur / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 10, Pág. 189-195

SUMÁRIO: Os Planos Proféticos de Cristo

A VERDADE SOBRE OS SINAIS DOS TEMPOS | Dirley Pires


O Arrebatamento é o próximo evento profetizado a ocorrer segundo o calendário profético de Deus, mas não há e nem aparecerão sinais que indiquem que ele está próximo. Isto é verdade porque o Arrebatamento é iminente, o que significa que pode acontecer a qualquer momento. É impossível um evento iminente ter sinais. Se há sinais relacionados a um evento, então eles indicam que ele está perto ou distante e, portanto, não pode acontecer até que os sinais estejam presentes. Já que o Arrebatamento é descrito no Novo Testamento como um evento que pode acontecer a qualquer momento, não pode estar relacionado com qualquer sinal (veja 1 Co 1.7; 16.22; Fp 3.20; 4.5; 1 Ts 1.10; Tt 2.13; Hb 9.28; Tg 5.7-9; 1 Pd 1.13; Jd v.21; Ap 3.11; 22.7,12, 17, 20). 

Entretanto, isso não significa que não haverá sinais gerais para indicar que o final dos tempos está próximo. Existem sinais relacionados a outros aspectos do programa divino que nos fazem acreditar que esse tempo está chegado. Do mesmo modo, existem muitos sinais que anunciam o plano divino para Israel no fim dos tempos. No entanto, devemos ter cuidado com a maneira como os relacionamos a nós hoje. Já que os crentes de hoje vivem na era da Igreja, que terminará com Arrebatamento, os sinais proféticos relacionados a Israel não são cumpridos em nossos dias. Alguns estudiosos das profecias gostam de falar sobre como Deus está cumprindo dezenas de profecias atualmente. Mas isso não é verdade, pois as profecias que eles citam estão relacionadas com os eventos que ocorrerão durante a Tribulação. O mundo estava preparado para a Primeira Vinda de Cristo, e do mesmo modo estará preparado para os eventos que conduzirão à Segunda Vinda. O que Deus está fazendo é uma preparação, ou "montagem de cenário" do mundo para o período que é chamado de Tribulação. O Dr. John Walvoord explica:

Mas se não há sinais para o Arrebatamento em si, quais são as fontes legítimas que levam a crer que o Arrebatamento esteja próximo desta geração?

A resposta não é encontrada em nenhum dos eventos proféticos previstos antes do Arrebatamento, mas no entendimento dos eventos que os seguem. Assim como a história foi preparada para a Primeira Vinda de Cristo, ela está sendo preparada para os eventos que levam à Sua Vinda... Sendo assim, isto leva à conclusão inevitável de que o Arrebatamento pode estar animadoramente próximo.

–– Dirley Pires
FONTE: Ministério Escathos
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REFERÊNCIAS

Thomas Ice e Timothy Demy.
Profecias de A a Z.
Porto Alegre: Actual, 2003.

CAPÍTULO 9: A Igreja Primitiva Acreditava num Reino Milenar Literal | Nathan Busenitz

O testemunho dos pais da igreja, embora não seja autoritativo, é particularmente instrutivo em relação à forma como as primeiras gerações de cristãos entenderam o ensino dos apóstolos.[1] O seu testemunho é útil em muitas questões teológicas, incluindo a Escatologia. Se, como foi sugerido no capítulo 8, o Novo Testamento sustenta um futuro e terreno reino milenar, então esperaríamos que o Premilenismo fosse a visão predominante nos escritos dos pais da igreja primitiva. E é exatamente isso que encontramos.

Falando dos pais da igreja, o notável historiador do século XIX, Philip Schaff, escreveu:

O ponto mais marcante na Escatologia do período ante-Niceno [isto é, antes de 325 d.C.] é o proeminente quialismo, ou milenarismo, que é a crença em um reinado visível de Cristo em glória na Terra, com os santos ressuscitados, por mil anos, antes da ressurreição geral e do julgamento. Foi, aliás, não a doutrina da igreja estipulada em qualquer credo ou forma de devoção, mas uma opinião amplamente atual de mestres ilustres, como Barnabé, Papias, Justino Mártir, Irineu, Tertuliano, Metódio e Lactâncio.[2]

Outros estudiosos, inclusive não-premilenistas, reconheceram a importância da perspectiva premilenista na igreja primitiva pós-apostólica:

William Alger: Quase todos os primeiros pais da igreja acreditavam num milênio, um reino de Cristo na terra com seus santos por mil anos.[3]

William Masselink: A concepção quialista [pré-milenista] encontrou imediatamente aceitação na igreja cristã... A história apostólica nos mostra que muitos dos antigos pais da igreja eram inclinados a essa visão.[4]

Donald K. McKim: A Escatologia dos primeiros teólogos [Patrística] concernente ao reino de Deus é marcada pelo desenvolvimento do quialismo, um termo que se refere ao reinado de mil anos de Cristo (Ap 20.1-10) conectado com a sua segunda vinda, a ressurreição dos mortos e o julgamento final.[5]

Stanley Grenz: Na vizinhança de Éfeso, a localização das sete igrejas abordadas pelo livro do Apocalipse (hoje Turquia ocidental), uma desenvolvida tradição milenar partilha certas características com o Premilenismo moderno. Essa tradição foca nas bênçãos materiais que acompanhará o reino futuro de Cristo sobre a Terra física renovada após a ressurreição no final desta era.[6]

Roger E. Olson: Agostinho [no quarto século] desenvolveu o que veio a ser conhecido como amilenialismo, enquanto a maioria dos primeiros pais da igreja eram premilenistas.[7]

Christopher Rowland: O livro de Apocalipse oferece um exemplo de teologia que está no coração da mais antiga convicção cristã ao invés de ser marginal. Crenças no milênio ainda foram amplamente realizadas a partir do segundo século em diante, como é evidente nos escritos de Justino Mártir, Irineu, Hipólito, Tertuliano e Lactâncio.[8]

Resumindo a evidência histórica de uma perspectiva premilenista futurista, Leon J. Wood explicou:

Há um consenso geral entre os estudiosos de que a visão da igreja primitiva era premilenista. Ou seja, os cristãos afirmavam que Cristo reinaria sobre um reino terrestre literal por mil anos, assistido por santos arrebatados. Nenhum dos pais da igreja dos dois primeiros séculos são conhecidos por terem discordado dessa visão. Na sequência, pode ser listado como aqueles que favoreceram este ponto de vista: desde o primeiro século, Aristio, João o Presbítero, Clemente de Roma, Barnabé, Hermas, Inácio, Policarpo e Papias. A partir do segundo século, Potino, Justino Mártir, Melito, Hegisippus, Taciano, Irineu, Tertuliano e Hipólito.[9]

Neste capítulo, os escritos de alguns desses primeiros líderes cristãos serão brevemente pesquisados, permitindo-lhes expressar seus pontos de vista premilenistas em suas próprias palavras. Em seguida, será discutido o surgimento do Amilenismo na história da igreja primitiva.


AS PRIMEIRAS VOZES PREMILENISTAS
Um dos primeiros e mais importantes premilenistas na igreja primitiva foi Papias, bispo de Hierópolis (cerca de 60–135). Embora os escritos de Papias tenham sido perdidos, alguns de seus ensinamentos sobreviveram nos escritos de Irineu (cerca de 130–202) e Eusébio (cerca de 263–339). Em uma passagem prolongada, Irineu articula a posição escatológica de Papias:

A bênção que é predita [nas profecias] pertence sem dúvida aos tempos do reino, quando os justos irão ressuscitar dos mortos e do reino, e a criação que se renova e se liberta trará o orvalho do céu, e a fertilidade do solo, e a abundância de alimentos de todos os tipos. Assim, os anciãos, que viram João, o discípulo do Senhor, lembrarão de ouvi-lo dizer como o Senhor os usou para ensinar sobre aqueles tempos, dizendo: “Os dias estão chegando quando a vinha brotará, cada uma com também os frutos restantes, sementes e vegetação irão produzir em proporções semelhantes. E todos os animais que comem esse alimento tirado da terra virão estar em paz e harmonia uns com os outros, produzindo em completa submissão aos seres humanos”. Papias, bem como um antigo homem – aquele que ouviu João e era companheiro de Policarpo – dá um relato escrito destas coisas no quarto de seus livros.[10]

Eusébio, o historiador da Igreja do século IV, da mesma forma, registrou o ponto de vista premilenista de Papias. Em sua História Eclesiástica, Eusébio escreveu:

Este Papias, sobre quem que acabamos de discutir, reconhece que recebeu as palavras dos apóstolos por meio daqueles que tinham sido seus seguidores, e indica que ele próprio havia escutado Aristion e João o Presbítero. E, assim, ele os lembra pelos nomes, e em seus livros ele apresenta as tradições que eles repassaram... Entre essas coisas, ele diz que depois da ressurreição dos mortos, haverá um período de mil anos, durante o qual o Reino de Cristo existirá de forma tangível aqui nesta mesma terra.[11]

O testemunho de Papias é significativo, não só por causa da proximidade dos apóstolos, mas também porque é provável que as informações de Papias derivam diretamente do apóstolo João, ou, pelo menos, a partir das conversas diretas com João. Além disso, sua perspectiva reflete “a tradição cristã primitiva com base na sua herança judaica, bem como a tradição do ensino de Jesus e o Apocalipse de João, como parte integrante de seu retrato das glórias do porvir”.[12]

O proeminente apologista do século II, Justino (cerca de 100–165), também sustentou uma perspectiva premilenista. Justino é considerado “o mais importante dos apologistas gregos do segundo século e uma das personalidades mais nobres da literatura cristã primitiva”.[13] Depois de se converter ao cristianismo, dedicou sua vida à defesa da fé cristã. Ele ensinou em Éfeso e em outros lugares da Ásia Menor antes de se mudar para Roma, onde estabeleceu um centro de formação cristã.

Em seu Diálogo com o judeu Trifon, Justino enfatizou que ele interpretou as promessas milenares dos profetas do Antigo Testamento de uma forma literal:

Eu e outros, que somos cristãos de direito e de espírito em todos os pontos, estamos certos de que haverá uma ressurreição dos mortos e [um tempo de] mil anos em Jerusalém, que então será construída, adornada e ampliada, exatamente como os profetas Ezequiel, Isaías e muitos outros declaram... Temos percebido, por outro lado, que a expressão “O dia do Senhor é como mil anos” está relacionada com este assunto. E mais, havia um certo homem conosco, cujo nome era João, um dos apóstolos de Cristo, que profetizou, por meio de uma revelação feita diretamente a ele, que aqueles que acreditaram em nosso Cristo habitarão mil anos em Jerusalém; e que, posteriormente, o general, e, em suma, a ressurreição eterna e o julgamento de todos os homens teriam igualmente lugar [neste cenário].[14]

Opiniões semelhantes foram sustentadas por Irineu, bispo de Lyon, que foi mencionado anteriormente em conexão com Papias. Nascido na Ásia Menor, Irineu foi exposto aos ensinamentos de Policarpo (o discípulo de João) como um jovem rapaz. Mais tarde, ele se estabeleceu na parte ocidental do Império Romano, eventualmente sucedendo Potino como bispo de Lyon. Conhecido como um verdadeiro “pacificador”,[15] Irineu ajudou a resolver várias disputas inter-cristãs durante a sua vida, incluindo uma controvérsia sobre a data da Páscoa. No entanto, ele não permitiu que seu amor pela paz substituísse o seu amor pela verdade. Por esta razão, Irineu dedicou-se à refutação das heresias gnósticas, em última análise, produzindo uma obra de cinco volumes comumente chamada Contra as Heresias.

Comemorando sobre a posição escatológica de Irineu, o posmilenista Keith Mathison observou:

A Escatologia de Justino recebeu sua exposição mais desenvolvida no segundo século nos escritos de Irineu, bispo de Lyon. De acordo com Irineu, o fim da era atual será marcado por um reinado do Anticristo, que irá profanar o templo em Jerusalém por três anos e meio. Seu reinado será abreviado pelo retorno de Cristo, que irá lançá-lo para dentro do lago de fogo. Neste ponto, Cristo vai inaugurar a era milenar. Quando o Milênio acabar, haverá uma ressurreição geral, o julgamento final e a inauguração do estado eterno (Contra as Heresias, 5.30.4).[16]

Para citar Irineu, em suas próprias palavras:

Mas quando o Anticristo devastar todas as coisas neste mundo, ele reinará por três anos e seis meses, e sentará no templo de Jerusalém; e então o Senhor virá do céu, nas nuvens, na glória do Pai, lançando este homem e os que o seguem para o lago de fogo; mas trazendo para os justos os tempos do reino, isto é, o descanso, o sagrado sétimo dia; e restaurar a Abraão a herança prometida, o reino sobre o qual o Senhor declarou: “... muitos, vindo do Leste e do Oeste, sentarão com Abraão, Isaque e Jacó”.[17]

Em outro lugar, depois de citar uma série de profecias milenares do Antigo Testamento, Irineu concluiu:

Por todas estas e outras palavras foram, sem dúvida, falado em referência à ressurreição dos justos, que acontece após a vinda do Anticristo, e a destruição de todas as nações sob o seu governo; em que os justos reinarão na terra, já mais fortes aos olhos do Senhor.[18]

Como Justino, Irineu defendeu sua Escatologia Premilenista de ambos os ensinamentos dos apóstolos e das profecias do Antigo Testamento. Para aqueles que alegorizam profecias do Antigo Testamento, Irineu simplesmente comentou: “Se, no entanto, alguém se esforçar para alegorizar profecias desse tipo, eles não se acharão coerentes consigo mesmos em todos os pontos, e devem ser refutados pelo ensinamento de cada expressão em questão”.[19]

Outro premilenista dentre os pais da igreja é o famoso “Pai da Teologia Latina”, Tertuliano (cerca de 160–220). Pouco se sabe ao certo sobre a vida pré-cristã de Tertuliano, exceto que ele era filho de pais pagãos e recebeu uma excelente educação. Ele pode ter sido um advogado em Roma antes de se dedicar à Teologia, o que explicaria a terminologia jurídica Latina que muitas vezes ele cristianizou, formando assim a base para a Teologia Latina.

Uma das declarações mais claras de Tertuliano sobre Escatologia Premilenista é encontrada em seu tratado denunciando o herege Marcion. Lá, ele escreveu:

Nós confessamos que um reino terreno está prometido para nós, embora antes do céu, apenas em outro estado de existência; na medida em que será depois da ressurreição por mil anos na cidade divinamente construída de Jerusalém, “que desce do céu”, que o apóstolo chama também de “a nossa mãe de cima”, e, ao declarar que a nossa [politeuma], ou cidadania, está nos céus, assim, ele afirma claramente que ela é realmente uma cidade que está no céu. Nisso, tanto Ezequiel teve conhecimento como o apóstolo João contemplou.[20]

Em outros lugares, ele reiterou sua interpretação literal de Apocalipse 20. No Apocalipse de João, novamente, a ordem desse tempo é espalhada para fora para ver... que, após a prisão do diabo no abismo por um tempo, a prerrogativa abençoada da primeira ressurreição pode ser ordenada a partir dos tronos; e, então, novamente, após o lançamento do diabo no fogo, que o julgamento final e a ressurreição universal pode ser determinada a partir dos livros.[21]

Ao testemunho de Tertuliano poderíamos acrescentar, entre outros, as palavras de Lactâncio (cerca de 240–320). Em seu Institutos Divinos, que foi uma das primeiras tentativas de uma teologia sistemática na história da igreja, Lactâncio escreveu:

Mas Ele [Cristo], quando Ele destruir a injustiça e executar Seu grande julgamento, e ter recordado a vida dos justos, que viveram desde o início, serão comprometidos entre os homens por mil anos, e os regerá com apenas um comando... Sobre o mesmo tempo, também o príncipe dos demônios, que é o inventor de todos os males, deve ser amarrado com correntes, e poderá ser preso durante os mil anos do governo celestial em que a justiça reinará no mundo, de modo que ele não poderá inventar nenhum mal contra o povo de Deus. Depois de Sua vinda, os justos serão recolhidos de toda a terra, e o julgamento será concluído, a cidade sagrada será plantada no meio da terra, onde o próprio Deus, o Construtor, possa habitar junto com o justo, e governar.[22]

Em outros lugares, Lactâncio foi igualmente explícito:

Portanto, a paz sendo feita e todo o mal reprimido, o justo Rei e Conquistador irá instituir um grande julgamento sobre a terra com respeito aos vivos e aos mortos, e vai entregar todas as nações em sujeição aos justos que estiverem vivos, e vai elevar os justos mortos para a vida eterna, e Ele mesmo vai reinar com eles na terra, e vai construir a cidade santa, e este reino dos justos será por mil anos.[23]

Lactâncio ensinou que, após o término dos mil anos, o diabo será libertado e mais uma vez organizará a rebelião dos incrédulos. Uma vez que a revolta é esmagada e os inimigos de Deus destruídos, o estado eterno será introduzido e os crentes “devem ser sempre engajados diante do Todo-Poderoso... e servi-lo para sempre”.[24]

Embora este seja apenas um breve levantamento de alguns dos pais da igreja premilenistas, isto é suficiente para estabelecer o argumento, ou seja, que a Escatologia Premilenista prosperou [unanimemente] nas primeiras gerações da Igreja Primitiva. Com base em seu entendimento de ambos, a profecia do Antigo Testamento e o ensino apostólico, esses pais da igreja estavam convencidos de que Cristo voltaria à Terra vitoriosamente e estabeleceria o Seu reino em Jerusalém, durante mil anos.


A ASCENSÃO DO AMILENISMO
Como vimos no capítulo 7, os estudiosos amilenistas reconhecem prontamente que uma simples leitura dos profetas do Antigo Testamento leva a uma visão Premilenista Futurista. O capítulo 8 explicou que Cristo e os apóstolos nunca rejeitaram essas expectativas milenares, mas as afirmou como certas. Não é surpreendente, então, descobrir que o Premilenismo foi a visão escatológica predominante da igreja primitiva. É especialmente significativo perceber que esta visão escatológica floresceu na Ásia Menor – a região onde o apóstolo João havia ministrado e onde o livro do Apocalipse foi escrito.

Mas tudo isso levanta uma questão importante: Se o Premilenismo é ensinado no Antigo Testamento, afirmado no Novo e amplamente adotado na história da Igreja Primitiva, como então o Amilenismo se desenvolveu, de modo que ele se tornou a posição da maioria da igreja durante a Idade Média?

Os estudiosos têm sugerido pelo menos quatro fatores que contribuíram para o aumento do [pobre] Amilenismo – a visão que realmente tomou forma nos séculos III e IV. Os primeiros dois fatores – a hermenêutica alegórica e dualismo platônico – estão conectados, e entraram na igreja através da influência da filosofia e da cultura grega popular. Essa influência foi particularmente forte em Alexandria, Egito, onde ele primeiro afetou o ensino rabínico judaico antes da época de Cristo. Como Rick Bowman e Russel L. Penney explicam: “Este tipo de interpretação alegórica pode ser visto na época de Platão quando o hedonismo flagrante das divindades foi interpretado simbolicamente, a fim de torná-los aceitáveis. Incapaz de conciliar seus pontos de vista com a interpretação literal das Escrituras, comentaristas antigos judeus começaram a alegorizá-las. Os rabinos de Alexandria, Egito, começaram a ensinar alegoricamente, a fim de combater a crítica gentílica do Antigo Testamento”.[25] Esta abordagem rabínica teve um grande impacto sobre a igreja. O historiador Roger Olson observa a conexão: “O padrão de Alexandria tinha sido estabelecido no tempo de Cristo pelo teólogo judeu e estudioso bíblico Filo, que acreditava que as referências literais e históricas das Escrituras Hebraicas eram de menor importância. Ele procurou descobrir e explicar significados alegóricos ou espirituais das narrativas bíblicas... Muitos pensadores cristãos tomaram emprestado as estratégias [mirabolantes] hermenêuticas de Filo, e que não era mais verdadeiro nem mesmo em Alexandria”.[26]

Não é surpreendente, pois, descobrir que a oposição inicial ao Premilenismo saiu de Alexandria.[27] “O primeiro adversário proeminente [de um milênio literal] foi Clemente de Alexandria [cerca de 150-215], que tinha sido influenciado pela filosofia idealista platônica e tinha adotado o método alegórico grego de interpretação das Escrituras”.[28] O discípulo de Clemente, Orígenes de Alexandria, carregou ainda mais as opiniões de seu professor, popularizando a hermenêutica alegórica. Como Paulo Benware explica, “Orígenes (185-254 d.C.) e outros estudiosos em Alexandria foram grandemente influenciados pela filosofia grega e tentaram integrar essa filosofia com a teologia cristã. Incluído na filosofia grega estava a idéia de que essas coisas que eram materiais e físicas eram inerentemente más. Influenciado por este pensamento, esses estudiosos alexandrinos concluíram que um reino terreno de Cristo com as suas muitas bênçãos físicas seria algo mal”.[29]

De posse de uma hermenêutica alegórica, intérpretes alexandrinos foram capazes de explicar textos do Antigo Testamento que, tomados literalmente, apontam para um reino terreno milenar. Devido à influência da filosofia grega (dualismo platônico), eles estava ansiosos para minimizar as bênçãos materiais prometidas pelos profetas e reinterpretá-las como realidades espirituais. “Conforme o gnosticismo (e uma interpretação tradicional) do dualismo platônico, o corpo e inferior à alma, em valor, e mais geralmente o mundo material é inferior ao mundo imaterial”.[30] A compreensão espiritual do reino milenar foi considerada mais filosoficamente aceitável. Assim, pontos de vista premilenistas foram rejeitados, uma vez que eles foram baseados em uma interpretação literal das promessas do Antigo Testamento. Como o amilenista William Masselink reconhece: “A filosofia gnóstica [dualista] deste período e da escola de Alexandria, com suas interpretações alegóricas das Escrituras, foram também um grande detrimento para o progresso do quialismo”.[31]

Uma terceira contribuição para o desenvolvimento do Amilenismo (ou, pelo menos, à rejeição do Premilenismo) foi uma crescente oposição por parte dos cristãos para com judeus incrédulos. “Como a animosidade dos judeus para com os cristãos continuou e tornou-se cada vez mais claro que os judeus não acreditavam em Cristo, muitos cristãos começaram a ver os judeus como seus inimigos”.[32] Esta animosidade contribuiu para o declínio do Premilenismo, especialmente quando apologistas judeus argumentaram que Jesus não poderia ter sido o Messias desde que as promessas milenares ainda não haviam sido literalmente cumpridas através dEle. Assim, Andrew Chester, falando da igreja primitiva, observa:

É precisamente o fato de que a gloriosa transformação da terra ainda não tomou lugar que faz a reivindicação messiânica cristã vulnerável aos ataques dos judeus, enquanto, simultaneamente, as fontes judaicas e cristãs compartilham claramente a mesma tradição e passagens das Escrituras, e são, em muitos aspectos, difíceis de serem distinguidos um do outro. Por isso, é a estreita ligação entre as posições judaicas e cristãs que é submetida à polêmica por opositores cristãos do quialismo, como Orígenes, a fim de estabelecer a posição cristã como distintiva e se livrar do materialismo bruto.[33]

Ao espiritualizar as promessas milenares, Orígenes e outros tentaram defender o cristianismo de seus oponentes judeus, diferenciando ainda mais a sua escatologia a partir dos ensinamentos do judaísmo.[34]

Uma quarta contribuição para o desenvolvimento da teologia do Amilenismo foi a mudança sociopolítica significativa que ocorreu no Império Romano entre os séculos I e IV. A queda de Jerusalém em 70 d.C. e a revolta de Bar Kochba em 135 parecia indicar que Deus já não tinha quaisquer planos para Israel como uma nação. Em seguida, no quarto século, o início de um reino cristão em Roma, sob o reinado de Constantino, foi interpretado por muitos como o cumprimento das promessas milenares. Como resultado, o Premilenismo – que prevaleceu na Igreja Primitiva – foi agora completamente eclipsado. Citemos novamente o historiador Philip Schaff:

Em Alexandria, Orígenes se opôs ao quialismo como um sonho judeu e espiritualizou a linguagem literal dos profetas... Mas o golpe esmagador veio da grande mudança na condição social e nas perspectivas da igreja na era de Nicéia. Depois que o cristianismo, ao contrário de todas as expectativas, triunfou no Império Romano e foi abraçado pelos Césares, o reino milenar, em vez de ser ansiosamente esperado e considerado objeto de oração, começou a ser datado a partir da primeira aparição de Cristo ou a partir da “conversão” de Constantino e da queda do paganismo, e deve ser considerado como realizado na glória do Estado-Igreja Imperial dominante.[35]

Assim, as tentativas de defender a doutrina de um reino milenar literal de Cristo estavam viciadas em grande parte pela “conversão” do imperador Constantino... e, a cessação da perseguição, em conseqüência da mudança completa de sua atitude oficial em relação ao cristianismo. No gozo de patrocínio imperial, parecia evidente para muitos que o reino havia chegado e que bênçãos milenares preditas pelos profetas eram para se tornar a posse do povo de Deus aqui e agora. Na verdade, Eusébio, o pai da história Igreja, declarou especificamente que o reino já havia chegado.[36]

Com a nação judaica em baixa e um império cristão com sede em Roma, muitos crentes não acharam necessário olhar para frente, para um futuro reino messiânico na terra.


AGOSTINHO, O PAI DO AMILENISMO
A oposição ao Premilenismo Futurista ganha terreno no terceiro século e início do quarto, principalmente devido aos motivos listados acima. No entanto, foi Agostinho (354-430) quem estabeleceu, de fato, o Amilenismo da igreja medieval. Embora tivesse, inicialmente, se inclinado em direção à perspectiva Premilenista, o Bispo de Hipona, em última instância, rejeitou-a porque sentiu que havia promovido carnalidade através da sua ênfase em bênçãos materiais em um reino terreno. Como observa Keith Mathison:

No início de sua vida cristã, Agostinho havia sido atraído para o milenarismo (Premilenismo), porém, mais tarde o rejeitou. Sua rejeição, ao que parece, foi em grande parte devido a algumas das versões excessivamente carnais do milenarismo que eram correntes em sua época. Ele mudou de posição e adotou, de vez, uma abordagem simbólica para o vigésimo capítulo de Apocalipse. Na Cidade de Deus, Agostinho ensina que a primeira ressurreição mencionada em Apocalipse 20 é uma ressurreição espiritual, a regeneração de pessoas mortas espiritualmente (20.6). Em contraste com o Premilenismo, ele ensina que a segunda ressurreição ocorre na segunda vinda de Cristo, e não mil anos depois.[37]

As conclusões teológicas de Agostinho também foram influenciadas pela hermenêutica alegórica e filosofia grega de Alexandria:

Embora Orígenes e outros começassem a questionar a visão premilenista, foi Agostinho quem sistematizou e desenvolveu o Amilenismo como uma alternativa ao Premilenismo. Como Orígenes, Agostinho tinha sido educado na filosofia grega e não poderia escapar de sua influência, o que o levou a ver o Premilenismo com suspeita, entendendo-a como uma visão que promoveu um tempo de gozo carnal... A atitude de Agostinho, bem como a sua teologia, desde então tem dominado grande parte da igreja. Além disso, ele descobriu nos métodos alegóricos de interpretação de Orígenes uma ferramenta útil para contornar os ensinamentos de certas passagens milenares. Com isto, Agostinho veio a rejeitar a idéia de Premilenismo no reino terrestre de Cristo, que havia sido realizada na igreja durante vários séculos [desde os primórdios da igreja].[38]

Agostinho afirma suas razões para rejeitar o Premilenismo em A Cidade de Deus. Lá ele escreve: “Este parecer [de um futuro milênio literal depois da ressurreição] pode ser permitido se propor um único deleite espiritual aos santos durante este espaço (e nós já fomos da mesma opinião); mas vendo as provas deste documento, que afirma que os santos, após esta ressurreição, devem fazer nada além de deleitarem-se com banquetes carnais, onde o elogio deve exceder tanto a modéstia e a medida, este é bruto e apto para ninguém, mas os homens carnais para acreditar. Mas, os que são realmente e verdadeiramente espirituais se chamam aqueles desta opinião quialista”.[39] Do ponto de vista premilenista moderno, as razões de Agostinho para rejeitar uma compreensão literal da profecia milenar parece trivial.[40] No entanto, o que se poderia pensar dos méritos relativos às conclusões de Agostinho, ninguém questiona a influência que sua mudança de espírito provocou na história da igreja. Embora houvesse ainda alguns defensores do Premilenismo no século V,[41] “a derrota final do quialismo no Ocidente deve-se a Agostinho, que, em sua Cidade de Deus identificou o milênio com a história da Igreja na Terra e declarou que, para aqueles que pertencem à verdadeira Igreja, a primeira ressurreição já passou”.[42]

A Escatologia de Agostinho tornou-se o padrão para a igreja medieval no Ocidente. Como Millard Erickson aponta: “Os três primeiros séculos da igreja foram provavelmente dominados pelo que chamaríamos hoje de Premilenismo, mas, no século IV, um donatista africano chamado Tyconius propôs uma visão competitiva. Embora Agostinho fosse um adversário dos donatistas, ele adotou o ponto de vista de Tyconius do milênio. Esta interpretação dominou o pensamento escatológico em toda a Idade Média”.[43] De fato, uma forma modificada da Escatologia Amilenista de Agostinho (aquele em que o reino de Deus na terra foi igualado com a Igreja Católica Romana)[44] tornou-se tão dominante que alguns teólogos medievais foram aos extremos para suprimir o Premilenismo. “Não só a perspectiva anti-milenarista se tornou o padrão para a ortodoxia; começando com o Concílio de Éfeso no quinto século e durante a Idade Média, os líderes da igreja buscaram suprimir o milenarismo. Eles promoveram esta campanha até ao ponto de alterar os escritos de premilenistas entre os primeiros Pais da Igreja, como Irineu”.[45]

Mais de mil anos depois de Agostinho, quando a Reforma inrrompeu a cena, os reformadores magistrais mantiveram uma escatologia anti-Premilenista – algo que eles herdaram da igreja medieval.[46 Embora distantes do verdadeiro cristianismo a partir da instituição do papado,[47] Lutero e Calvino, no entanto, rejeitaram [lamentavelmente] o Premilenismo totalmente – vendo-o como uma corrupção[48] perigosa que havia sido descartada há muito tempo pela igreja.[49] Esta rejeição é particularmente irônica no caso de Calvino, como foi discutido no capítulo 7, pois ele se opôs à hermenêutica alegórica de Orígenes.[50] No entanto, foi a partir dessa hermenêutica alegórica que o Amilenismo inicialmente se desenvolveu na história da igreja.


A AFIRMAÇÃO DA HISTÓRIA DA IGREJA

Está fora de escopo deste capítulo discutir a história da Escatologia desde a Reforma até o presente. Nosso objetivo aqui é duplo: (1) Demonstrar que o Premilenismo era a visão predominante entre os primeiros pais da igreja e (2) dar uma explicação plausível para que se possa entender [de forma histórica e honesta] a razão do crescimento do Amilenismo tal como se desenvolveu nos séculos III e IV da história da igreja. Para reiterar um ponto feito no início: A história não é autoritária como o é a Escritura, mas ela pode [também] afirmar a posição Premilenista, indicando que as primeiras gerações de cristãos, em geral, interpretaram o testemunho apostólico através de uma lente Premilenista – uma visão [bíblica e sensata] em que um futuro de mil anos do reino messiânico sobre a terra era esperado pelos primeiros cristãos. O Premilenismo, como pode ser constatado, não é um desenvolvimento recente. Pelo contrário, é o mais antigo ponto de vista escatológico na história da igreja. Essa realidade acrescenta enorme credibilidade à posição Premilenista Futurista.


–– Nathan Busenitz / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 9, Pág. 171-184

SUMÁRIO: Os Planos Proféticos de Cristo

BÍBLIA VS. TEOLOGIA DA PROSPERIDADE | Elizabete Andrade & JP Padilha


"Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão" (1 Timóteo 6:8-11).

De fato houve a generosidade cristã na igreja primitiva. Os crentes eram desapegados de seus bens materiais. A explicação mais coerente para isso (a Bíblia não diz) é o fato de que eles esperavam a volta de Cristo para aqueles dias (1Ts 4.13-18; 5.1-10). Tesouros, imóveis, dinheiro... para nada serviriam. Aquele é um excelente exemplo para nós.

A diferença para o atual momento é que, naquele tempo, os bens doados eram divididos entre todos os da congregação. Com a corrupção do sistema religioso, os bens e dinheiro doados servem para o sustento desse sistema, que subsiste em si mesmo: “Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade” (Atos
 4: 34-35). Isso não ocorre hoje.

Devemos ter muito cuidado com heresias que batem à nossa porta. Temos por princípio que somente a Escritura pode ser a nossa verdade de fé. Digo que tenham cuidado, mesmo quando alguém cita a Palavra de Deus. Muitos manejam-na maliciosamente para defender seus interesses. Pedro não enriqueceu, tornando-se um multimilionário com tantos bens arrecadados. Tampouco fundou ele uma religião, usando os bens arrecadados para pregar a Palavra.

Quem sustentava a igreja? Muitos defensores da “Lei do Dízimo” dizem que se não houver tomada de dízimos do povo o evangelho não avança. Para eles, certamente, o que sustenta a obra de Deus é o dinheiro (mesmo não havendo nenhuma correlação entre dízimo e dinheiro na Bíblia). Se isso fosse uma boa árvore, certamente não haveria fruto mau: “Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons” (Mateus
 7: 18).

Somente a Escritura é a Palavra inspirada de Deus e a única verdade inerrante para a Doutrina (ensino normativo) dos cristãos.

Artigo completo sobre “Dízimo” aqui: A VERDADE SOBRE O DÍZIMO

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Elizabete Andrade JP Padilha
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Estejamos, pois, com o coração voltado para as coisas do alto (Cl 3.1-15) a fim de que, como genuína Noiva de Cristo, estejamos ataviados em santidade para o nosso encontro com o Senhor nos ares. (JP Padilha)

MULHER CRISTÃ: Uma Companheira Constante


Os deveres da mulher cristã começam em casa, estando ela no centro, em primeiro lugar depois de seu marido. Numa seção comovente em seu livro Female Piety (Piedade Feminina), James escreve: “Na vida de casada, ela deve ser sua companheira constante, em cuja sociedade ele deve achar alguém que se una a ele mão com mão, olho com olho, lábio com lábio e coração com coração: a quem ele pode desabafar os segredos de um coração pressionado pelos cuidados, ou oprimido por angústias; cuja presença ela tem como prioridade perante toda a sociedade; cuja voz será para ele sua música mais doce; cujo sorriso, sua luz do sol mais brilhante: de quem ele se afastará com pesar, e a cuja conversa ele retornará com pés ansiosos, quando o labor do dia tiver terminado; quem caminhará próximo de seu coração amoroso, e palpitará o pulso de suas afeições quando os braços dela se apoiarem nele e forem pressionados em seu lado. Nos momentos de conversa a sós ele lhe falará de todos os segredos de seu coração; encontrará nela todas as capacitações, todos os estímulos, da mais terna e encarecida sociedade; e em seu gentil sorriso e loquacidade, gozará de tudo que possa ser esperado em quem foi dado por Deus para ser sua companheira e amiga.

 Autor: David Lipsy
📖 Livro: A Mulher Puritana
 Editora - Os Puritanos 

QUEM É O JP PADILHA? QUAL É A SUA PROFISSÃO?

Se você me perguntar o que eu sou, eu lhe responderei: "sou esposo". Se você insistir, lhe responderei: "sou pai". Você ...