A VERDADE SOBRE O DÍZIMO | JP Padilha


Este artigo se trata de uma exortação aos que inutilmente se esforçam em “agradar a Deus” com porcentagens monetárias fixas e mensais em suas denominações religiosas, achando que Deus requer do crente alguma quantia em dinheiro para, assim, conceder bênçãos terrenas e até a salvação a ele. O fato das pessoas carregarem essa carga levítica nos ombros (por mais que não admitam) torna o ato "dizimista" penoso e perigoso para a vida espiritual. Acredite, caro leitor: você ganhará mais espiritualmente em buscar entender que não há dízimos a serem pagos em algum templo religioso do que em empenhar-se nesta labuta inútil chamada "Dízimo".

Quando um fiel compreende o que é ofertar financeiramente na Igreja, a fim de ajudar a manter a obra do Senhor e suprir as necessidades dos mais pobres da Igreja de Deus, no intuito de cooperar com a congregação dos santos, ele passa a ser livre e apto para contribuir com a quantia proporcional à sua renda, sem nenhuma imposição da Lei. Todavia, para se ter um entendimento claro sobre o tema, é necessário saber distinguir as “Ordenanças Judaicas” das “Leis de Cristo” no Cristianismo. Ou seja, devemos diferenciar Judaísmo de Cristianismo. Simples assim.

DESVENDANDO O MITO

A prática do dízimo (dar 10% da renda para uma instituição religiosa) se tornou parte integrante dos cultos nas igrejas denominacionais. Todavia, o dízimo nunca fez parte da doutrina dos apóstolos; a doutrina do dízimo é uma instituição claramente judaica; trata-se nada mais do que uma ordenança adotada pela cristandade da ordem de coisas do Judaísmo. A epístola aos Hebreus chama essa ordem de coisas de "arraial" (Lv 27.30-34; Nm 18.21-24; Hb 13.13). O dízimo não tem lugar no Cristianismo. O Cristianismo funciona sob princípios completamente diferentes do sistema da Lei Mosaica. Sendo assim, impor tal padrão sobre os filhos de Deus no Cristianismo é não entender a graça e a diferença que existe entre Judaísmo e Cristianismo; entre Israel e Igreja.

O dízimo era uma instituição exclusiva do Israel de Deus, imposta aos filhos de Israel que estavam debaixo da Lei. Por outro lado, no Cristianismo, o novo homem não precisa de uma lei. O homem verdadeiramente convertido a Cristo se deleita em agradar a Deus e fazer a Sua vontade (Rm 8.4). Portanto, colocar o novo homem, nascido de novo em Cristo Jesus, debaixo da Lei e sob qualquer ordenança judaica como a lei do Dízimo é achar que existe algo nesta vida que poderia agir fora da vontade de Deus. O fato é que não existe tal impulso legalista em um crente na dispensação da graça que esteja andando no Espírito.

No Judaísmo não importava se a pessoa queria ou não dizimar (fazer sacrifícios de animais, recolhimento das plantações etc.), pois, mesmo assim, tal pessoa era obrigada a se desfazer de seus 10% de renda e devolvê-la à “Casa do Tesouro”, a qual não existe mais. Essa era a lei. A contribuição na Igreja de Deus, seja ela monetária ou em mantimentos, não se baseia sob tais princípios judaizantes. No momento em que o cristão faz uma contribuição, ele está se colocando sob princípios muito mais elevados do que aquele conhecido no Judaísmo como dízimo.

A Bíblia é muito clara ao nos mostrar que os crentes do Novo Testamento nunca são ordenados a dizimar. As passagens de Mateus 22.15-22 e Romanos 13.1-7 nos revelam a única “doação” que é requerida do crente na era da Igreja, que é o pagamento de impostos para o governo. É interessante notar que nós, na América, atualmente pagamos entre 20 e 30% de nossos rendimentos para o governo – uma figura muito similar à exigência do dízimo na teocracia de Israel.

O DÍZIMO NO JUDAÍSMO

Para o funcionamento da lei do dízimo, é necessário haver um sacerdote. Para ter sacerdote, é preciso o Templo onde habita o Nome do Senhor (Dt 12.11). O único templo permitido para culto, adoração e pagamento do dízimo era o Templo de Jerusalém. Mas, esse templo não existe mais. Ele foi destruído no ano 70 d.C, como profetizado por Jesus. Além do mais, seria necessário que estivéssemos ainda “debaixo da Lei”, a lei cerimonial ordenada aos judeus. Todavia, não pense que, ao cumprir a lei do dízimo, você ficaria isento do restante das leis exigidas pela Torá. Como será mostrado mais à frente, a Bíblia diz que quem vive pela Lei e tropeça em um só ponto dela é culpado de transgredir toda a Lei. Quem vive por estas leis, por elas será morto. Todo aquele que vive por estas leis deve cumprir cada vírgula dela e não somente uma parcela dela.

“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa” (Malaquias 3.10).

Onde estão os outros dízimos que a Lei exige? Por que os assim intitulados “pastores” estão os omitindo? Sei que os advogados do “dízimo” gostam de usar o versículo de Malaquias 3.10 como pretexto para a arrecadação de dinheiro dos fieis inseridos em suas denominações. Sinto muito em desapontá-los, mas, esse versículo se trata de uma repreensão feita por Deus ao povo judeu por sua desobediência à Lei de Moisés, e não tem nada sobre a prática da Igreja de Deus aqui. Estamos falando da dispensação da lei, não da graça. Estamos falando do Velho Testamento. No versículo 7 da passagem de Malaquias 3, vemos a razão de Deus ter dito isso aos judeus:

“Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes” (Malaquias 3.7).

Quais eram os estatutos instituídos por Deus aos judeus? Será que eram iguais aos dos cristãos? Não. As leis cerimoniais regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e do serviço dos sacerdotes. Na Bíblia, encontramos três tipos de leis: Lei Civil, Lei Cerimonial e Lei Moral. Ainda falaremos sobre o respectivo tema. Voltemos nosso foco para o dízimo.

O QUE DEUS DIZIA PARA OS JUDEUS

"Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos*, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta "nação" (Israel). Trazei todos os dízimos** à casa do tesouro***, para que haja mantimento na minha casa (Templo de Jerusalém), e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu (Chuva), e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes (os alimentos provenientes do plantio voltariam a crescer)" (Malaquias 3.7-10 – Ênfase minha).

Nota*
Estatutos – Ordenanças da Lei Mosaica.

Nota**
Dízimos – Existiam CINCO tipos de dízimo.

Nota***
Casa do Tesouro – A Casa do Tesouro era um aposento que ficava dentro do Templo de Jerusalém, para onde eram levados os dízimos.

OS CINCO TIPOS DE DÍZIMOS
DO VELHO TESTAMENTO


1. O DÍZIMO DE ABRAÃO – A primeira vez que a palavra “Dízimo” é mencionada na Bíblia é em Gênesis 14.20: “E deu-lhe o dízimo de tudo”. Muita gente costuma justificar o ato de dizimar citando o caso de Abraão neste contexto, alegando que o dízimo antecede a Lei. No entanto, é necessário prestar mais atenção no contexto em que o ato de Abraão se encontra. Esta atitude de Abrão foi voluntária e isolada. Deus nunca ordenou que Abrão dizimasse. Abrão nunca mais dizimou em sua vida. Também é importante entender que esse dízimo não provinha de seus próprios bens, mas dos despojos da guerra contra Sodoma e Gomorra. Abrão pegou dos bens do rei de Sodoma que havia recuperado e deu 10% deles a Melquisedeque. Repare que Abrão não deu do que era seu, mas do que era do rei de Sodoma. O rei de Sodoma ofereceu que Abrão ficasse com os 90% de seus bens, mas este recusou-se a aceitar até mesmo a correia de uma sandália. Portanto, nada do que Abrão deu a Melquisedeque era realmente seu. Falaremos mais sobre esse dízimo de Abrão ao longo do artigo para maior esclarecimento do tema. O importante aqui é desfazer o mito de que o dízimo de Abrão dá ensejo para a prática herética do “dízimo cristão”.

2. O DÍZIMO DOS LEVITAS (Números 18.21-24) – Primeiro dízimo da Lei, sendo ele entregue anualmente. “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação”, disse Deus (Números 18.21). Os levitas passaram a receber esse auxílio consagrado porque não tinham nenhuma herança no meio dos israelitas (Nm 18.23). Essa contribuição servia para a sua manutenção.

3. O DÍZIMO DOS DÍZIMOS – Também anual, outro tipo de dízimo que havia era o dízimo dos dízimos, retirado do que os levitas recebiam dos israelitas. Os levitas deveriam levar esse dízimo à Casa do Tesouro, que se encontrava numa repartição do Templo de Jerusalém. Essa contribuição era “considerada equivalente à do trigo tirado da eira e do vinho do tanque de prensar uvas” (Nm 18.27).

Em Neemias 10.38 está escrito que “o sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando os levitas recebessem os dízimos, e que os levitas trariam os dízimos dos dízimos à Casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro”.

Números 18.26 fundamenta esta verdade: “[…] também falarás aos levitas e dir-lhes-ás: Quando receberdes os dízimos dos filhos de Israel […], deles oferecereis uma oferta alçada ao SENHOR: o dízimo dos dízimos […] e deles dareis a oferta alçada do SENHOR a Arão, o sacerdote”.

4. O DÍZIMO DAS FESTAS (Deuteronômio 14.22-27) – Igualmente anual, o quarto tipo de dízimo mencionado na Bíblia é o dízimo festivo. Sobre este evento, Deus havia dado ordem para que, dentre os holocaustos, os sacrifícios, as ofertas alçadas, os votos, as ofertas voluntárias e a entrega dos primogênitos, os israelitas trouxessem ao lugar que Ele escolheria também os dízimos que deveriam ser extraídos dos nove décimos restantes da produção do povo, já que este deveria entregar aos levitas um décimo de suas colheitas, frutas e animais dos rebanhos.

Nesse lugar que Deus, à época, iria escolher – ou seja, posteriormente Jerusalém –, o povo de Israel deveria comer esses dízimos perante o Senhor e se alegrar em Sua presença, celebrando a ocasião de maneira festiva (Dt 12.5-6,11-12,17-19).

5. O DÍZIMO TRIENAL OU DÍZIMO DA CARIDADE (Deuteronômio 14.28,29) – Este dízimo era usado de três em três anos para aliviar as necessidades dos levitas, estrangeiros, órfãos e viúvas. Podemos entender acerca do quinto tipo de dízimo pelo que está escrito em Deuteronômio 14.28-29:

Ao fim de três anos, tirarás todos os dízimos da tua novidade no mesmo ano e os recolherás nas tuas portas. Então, virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em toda a obra das tuas mãos, que fizeres”.

Como mencionado, essa contribuição caridosa era feita a cada três anos, e era chamada de “o ano dos dízimos” (Dt 26.12). Ela não deveria ser levada ao Tabernáculo, mas sim compartilhada com os pobres daquele tempo. Era um mandamento divino (Dt 26.13-14) e trazia consigo grandíssimas promessas de Deus:

“E o Senhor hoje te declarou que tu lhe serás por seu próprio povo, como te tem dito, e que guardarás todos os seus mandamentos. Para assim te exaltar sobre todas as nações que criou, para louvor, e para fama, e para glória, e para que sejas um povo santo ao Senhor teu Deus, como tem falado” (Deuteronômio 26.18-19).

Portanto, é de se admirar que as denominações religiosas estejam tentando omitir isso ao povo cristão, quando falam somente de um dízimo religioso, ou seja, o que é citado em Malaquias 3, simplesmente porque este se encaixa melhor em seus propósitos e heresias, ignorando os outros quatro importantes dízimos religiosos da Bíblia.

E O "DEVORADOR" DO VERSÍCULO 11?

Esta é mais uma das dúvidas mais frequentes quando o assunto é Dízimo. As denominações religiosas, em especial as evangélicas, costumam dizer que o “devorador” do verso 11 de Malaquias 3 é um demônio que rouba nossas finanças quando não “pagamos o dízimo” para o “pastor” da “igreja”. Se eu fosse citar as passagens mais usadas por estelionatários da fé, certamente essa estaria no topo.

Para facilitar, vamos colocar novamente os significados do texto para chegarmos à conclusão óbvia de quem seja esse “devorador” tão temido pelos dizimistas modernos:

1 – A nação com quem Deus está se comunicando é Israel. O profeta está repreendendo a NAÇÃO DE ISRAEL, visto que os israelitas estavam roubando os dízimos, isto é, aqueles três tipos de dízimos encontrados na Lei. Além disso, para deixar mais claro ainda o contexto dessa passagem, lemos o seguinte no verso 4 do capítulo 4: “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, que lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos”.

2 – A Casa para onde deveriam levar os dízimos (alimentos) era o Templo de Jerusalém, o lugar que o Senhor escolheu para habitar o Seu nome na dispensação da lei. A Casa do Tesouro era uma repartição no Templo estabelecida para este fim: Ser entregue os dízimos.

3 – Quando Deus promete que irá “abrir as janelas do céu e derramar bênçãos” sobre o Seu povo Israel, Ele está se referindo à chuva, pois, sem a chuva não há alimento para se colher. Quando os israelitas voltassem a cumprir com a lei do dízimo, os alimentos provenientes do plantio voltariam a crescer.

4 – Finalmente, chegamos no versículo 11, o qual eu deixei para mencionar somente agora, pois minha intenção é mostrar ao leitor que o contexto de toda a passagem se refere a um simples inseto, e não a um demônio querendo fazer os fieis ficarem pobres; muito menos na era da Igreja, visto que estamos falando de um contexto judaico, onde a Igreja nem mesmo existia.

Observemos a passagem tão temida:

“E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos” (Malaquias 3.11).

Deus acaba de concluir Sua promessa de que a terra de Israel não seria mais estéril, ou seja, voltaria a dar frutos para que os judeus pudessem se alimentar, fazer holocaustos e “sacrifícios de animais” (dízimos).

Hoje vemos que o “devorador” de Malaquias 3 possui até um nome artístico e bem sensacionalista: “Demônio das Finanças”. Mas, de onde tiraram essa ideia? Obviamente que da Bíblia não. A verdade é que o devorador que Malaquias cita aqui era simplesmente um “gafanhoto” ou gafanhotos. Na Bíblia, os gafanhotos recebem vários nomes, tais como: gafanhotos, migrador, devorador e destruidor. Esses gafanhotos destruíam as colheitas e videiras por onde quer que passassem, aniquilando os frutos da terra (Lv 11.22; Am 4.6-11; Jl 1.3-4).

devorador não é um demônio; ele não é um ser maligno que vem para roubar o seu dinheiro e fazê-lo ficar pobre se você não pagar o dízimo, como é ensinado hoje por hereges estelionatários e facínoras que vendem um evangelho prostituído para se enriquecerem às custas da ignorância dos membros de suas denominações (seitas).

Preste atenção nesta passagem de Joel 1.4:

“O que o gafanhoto cortador deixou, o gafanhoto peregrino comeu; o que o gafanhoto peregrino deixou, o gafanhoto devastador comeu; o que o gafanhoto devastador deixou, o gafanhoto devorador comeu” (Joel 1.4).

A quem a Bíblia chama de devorador? Ao gafanhoto devorador. Quem era, então, o devorador no Antigo Testamento? O texto sagrado acabou de nos responder: Os gafanhotos. Não há uma linha sequer onde os demônios são mencionados aqui.

Agora veja o texto de Joel 2.25:

"Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros" (Joel 2.25).

Quem é o migrador, o destruidor e o cortador nas passagens onde o tema é o plantio e a colheita da produção de alimentos para sustento do povo de Israel? Se observarmos a continuação do verso, a resposta se mostra tão clara quanto o sol do meio dia; senão vejamos:

“E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo nunca mais será envergonhado” (Joel 2.26).

Como consequência de Deus tirar o “devorador” (gafanhoto) do meio do plantio do povo exclusivo de Israel, e também as portas do céu sendo abertas para que haja chuva, o povo de Deus daquela velha dispensação voltaria a se fartar, como prometido por Deus caso Seu povo tornasse a obedecer os Seus estatutos.

PARA QUEM DEVERIA SER
ENTREGUE OS DÍZIMOS?


Somente os levitas tinham o direito de receber em mãos o dízimo como sustento, e não o sacerdote. Por via de regra, também se tomava certas porções do dízimo para aliviar as necessidades dos estrangeiros, órfãos e viúvas. Ao terceiro ano, o dízimo referente a este ano não devia ser entregue diretamente nas aldeias locais e visto à disposição em quantidade, não somente aos Levitas, como também aos órfãos, estrangeiros e viúvas (Dt 12.5-7,17; 14.22-29; 26.12-14).

Agora eu pergunto ao leitor: Seu “pastor” é sacerdote? Ainda existe sacerdote? Ainda existe o Templo de Jerusalém? Você faz sacrifícios de animais? Você é judeu? Você dizima à maneira de Deus, ou dos homens? Você viaja até Jerusalém a fim de encontrar a “Casa do Tesouro” para dizimar? Qual animal você usa para o sacrifício?

Muitas outras perguntas poderiam ser feitas, de modo que não caberiam neste livro; e eu posso garantir que nenhuma delas seria respondida de acordo com a lei do dízimo bíblico.

O DÍZIMO DE ABRAÃO

Como já fora apontado neste artigo, muita gente costuma justificar o ato de dizimar citando o caso de Abraão no contexto de Gênesis 14.20, alegando que o dízimo antecede a Lei. No entanto, é necessário prestar mais atenção no contexto em que o ato de Abraão se encontra. Esta atitude de Abrão foi voluntária e isolada. Deus nunca ordenou que Abrão dizimasse.

Quando abrimos a Bíblia em Gênesis 14.8-24 e Hebreus 7.1-10, algumas perguntas são necessárias para um bom entendimento dos textos: “Quem deu o dízimo?”, “De onde veio o dízimo?” “A quem o dízimo foi entregue?”. Podemos responder às três perguntas de forma bem resumida:

Os reis de Sodoma e Gomorra e seus aliados guerrearam contra Quedorlaomer e outros reis, os quais venceram e aprisionaram Ló (sobrinho de Abrão), juntamente com os reis de Sodoma, Gomorra etc. Abrão recebeu a notícia da prisão, juntou seus servos e partiu para a guerra contra Quedorlaomer a fim de libertar seu sobrinho Ló. Abrão venceu seu inimigo e libertou seu sobrinho. Voltando da guerra, Abrão se encontrou com o agradecido rei de Sodoma, o qual se prontificou a dar-lhe tudo quanto era seu e havia sido recuperado na batalha. Abrão encontrou-se também com Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, o qual deu pão e vinho a Abrão e o abençoou.

Em troca da boa ação de Melquisedeque, Abrão pegou dos bens do rei de Sodoma que havia recuperado após a batalha e deu 10% desses bens a Melquisedeque. Repare que Abrão não deu do que era seu, mas do que era do rei de Sodoma. O rei de Sodoma ofereceu que Abrão ficasse com os 90% de seus bens, mas Abrão recusou-se a aceitar até mesmo a correia de uma sandália. Portanto, nada do que Abrão deu a Melquisedeque era realmente seu.

Quem deu o dízimo? Abrão.
De onde veio o dízimo? Dos bens do rei de Sodoma.
A quem o dízimo foi dado? A Melquisedeque.

Se alguém quiser obrigá-lo a dar o dízimo com base na passagem de Hebreus 7.1-10, você terá de fazê-lo entregando algo que não é seu. Por exemplo, imaginemos que você fosse um policial. Depois de lutar contra a quadrilha que assaltou o Banco e prender os bandidos, você deveria entregar para a sua religião 10% do dinheiro roubado que você recuperou e devolver o restante (90%) para o Banco, mesmo que o banqueiro insistisse para que você ficasse com tudo. Absurdo, não é mesmo?! Da mesma forma, é um absurdo usar Hebreus 7.1-10 para justificar a lei do dízimo na atual dispensação – a dispensação da graça. Sendo assim, fica fácil de entender que o dízimo de Abrão não pode ser usado como exemplo para legitimar o que os hereges chamam de “dízimo cristão”. Além do mais, Abraão deu o dízimo uma única vez em sua vida. Esse ato não foi repetido.


DÍZIMO NUNCA SIGNIFICOU DINHEIRO

Na Palavra de Deus o dízimo consiste sempre em alimento. Somente alimento! As igrejas heréticas ensinam que os dízimos bíblicos incluem todas as fontes de renda. No entanto, não devemos usar o Dicionário Aurélio para definir o que é o dízimo ou não. A Palavra de Deus é a única fonte de conhecimento para definir a palavra “Dízimo”. Devemos nos empenhar em conhecer as Escrituras e entrar em uma boa concordância bíblica para um entendimento correto do que era o dízimo no Velho Testamento. Quando estudamos a respeito disso, descobrimos que a definição usada pelos advogados do dízimo está assombrosamente errada. Na Palavra de Deus, o vocábulo “Dízimo” não aparece sozinho. Embora já existisse dinheiro, a substância do dízimo divino jamais foi dinheiro. Ele era o “dízimo do alimento”. Isso é muito importante. Os verdadeiros dízimos bíblicos eram sempre e tão somente o alimento proveniente das fazendas e rebanhos, somente dos israelitas que vivessem exclusivamente dentro da Terra Santa de Deus, às fronteiras nacionais de Israel. A fartura provinha da mão de Deus e não da manufatura ou habilidade do homem.

Existem 15 versos de 11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que descrevem o conteúdo do dízimo, e o conteúdo jamais incluiu dinheiro, prata, ouro ou qualquer outra coisa além de alimento. Mesmo assim, a definição incorreta de “dizimar” é uma das maiores mentiras ensinadas por denominações heréticas na história da cristandade (cf. Lv 27.30-32; Nm 10.37; 18.27-28; Dt 12.5-7,17; 14.22-29; 26.12-14; 2Cr 31.5; 13.5; Ml 3.10; Mt 23.23; Lc 11.42).

O DÍZIMO NÃO É ENCONTRADO NA DOUTRINA DOS APÓSTOLOS,
NEM AS PRÁTICAS HERÉTICAS LIGADAS AO DÍZIMO


A doutrina dos apóstolos está nas epístolas. É de suma importância lembrar-se disso a fim de não misturar o contexto judaico com o contexto cristão. A Igreja foi inaugurada no livro de Atos, no capítulo 2. O livro de Atos é, predominantemente, um livro de experiências que mostra a fase de amadurecimento da Igreja primitiva e de seu contato com o sobrenatural de Deus, visto que Deus fez muitos sinais e milagres durante esta fase de transição e crescimento espiritual.

Você não encontrará o dízimo na doutrina dos apóstolos, exceto por alguma citação fazendo referência ao Antigo Testamento e à Lei. Além de não encontrar o dízimo na doutrina dos apóstolos, também não encontrará igrejas denominadas (exceto pela identificação da cidade onde estavam), templos, pastores dirigindo congregações, mulheres falando nas reuniões da igreja, altares, música instrumental na adoração, corais, homílias, danças, ensaios, dias santos, escolas de teologia, seminários, um clero distinto dos leigos, roupas ou cadeiras diferentes para certas pessoas do clero, títulos honoríficos, presidente disso, diretor daquilo e muitas outras coisas inventadas pelas denominações criadas pelos homens.

Na doutrina dos apóstolos os cristãos não constroem templos, nem trazem outro nome que diferencie os crentes uns dos outros além do nome de Cristo. Na doutrina dos apóstolos, ninguém se faz membro de alguma instituição religiosa; ninguém assina algum contrato para obter carteirinha.

Na doutrina dos apóstolos você jamais verá crentes prestando juramento a algum sistema religioso. Na verdade, os crentes da Igreja de Deus são exortados a reconhecerem que há um só Corpo de Cristo, o qual inclui TODOS os salvos desde a fundação do mundo. Os cristãos são ordenados a darem testemunho prático disso quando congregam somente ao nome do Senhor Jesus (Mt 18.20) para a comunhão e aprendizado da doutrina dos apóstolos, além de celebrar a ceia do Senhor à mesa do Senhor e dedicarem tempo à oração.

Individualmente – e não como igreja – os cristãos são levados a pregarem o evangelho, mas não são capacitados por alguma escola de teologia e nem enviados por alguma junta de missões ou liderança. Toda obra é imputada apenas pelo Espírito Santo, não por denominações religiosas. Tais homens, com dons específicos e sem nenhum interesse no dinheiro, saem para a obra do Senhor e jamais pedem dinheiro aos irmãos para se dedicarem à obra, visto que a obra é do Senhor e Ele irá sempre prover as necessidades dos que são destinados ao ministério se forem realmente pertencentes ao Senhor. O cristão não pede dinheiro em troca da pregação do evangelho, nem aos seus irmãos e muito menos aos incrédulos.

Na doutrina dos apóstolos, os cristãos não promovem partidos políticos, nem apoiam candidatos, mas simplesmente cumprem com a lei porque não são inimigos do governo enquanto o mesmo não estabelece leis que contrariem a lei de Deus. Os cristãos são simplesmente cidadãos celestiais que estão momentaneamente vivendo na terra, um lugar que não lhes pertence. Eles não se iludem em transformar este lugar em um "mundo melhor", pois sabem muito bem qual é o seu destino.

– JP Padilha
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