QUEM SÃO AS DUAS TESTEMUNHAS DE APOCALIPSE? | JP Padilha


“E darei autoridade às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor da terra“ (Apocalipse 11.3-4).

Costumo receber com frequência mensagens perguntando se as duas testemunhas de Apocalipse seriam Enoque, Moisés, Elias ou algum outro personagem da Bíblia. Alguns também acham que seriam dois grupos de pessoas ou até dois conceitos ou formas de se testemunhar. O fato de serem duas tem a ver com o testemunho, o qual na Bíblia exige um mínimo de duas pessoas para ser dado: "Pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato" (Deuteronômio 19.15).

Nos primeiros séculos da existência da Igreja na terra, os dois candidatos mais fortes para o cargo eram Enoque e Elias, já que eles não experimentaram a morte e, segundo alguns, iriam voltar de algum lugar onde estivessem para essa última missão na qual morreriam para depois serem ressuscitados.

A passagem de Apocalipse que descreve os sinais que farão diz que "estes têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, todas quantas vezes quiserem" (Apocalipse 11.6). Isso coloca na lista de candidatos Moisés e Elias, pois foram sinais que eles fizeram quando estavam na terra.

Alguns dentre os adeptos da herética Teologia do Pacto, que não conseguem diferenciar a Igreja de Israel, acreditam serem dois cristãos por não entenderem que a Igreja só aparece do capítulo 1 até o final do capítulo 3 de Apocalipse, quando se dá o arrebatamento – tipificado pela chamada de João para subir ao Céu – e só volta a aparecer no final do livro. Maior parte de Apocalipse está tratando de Israel e do mundo. Do capítulo 6 ao 18 de Apocalipse, a Igreja não é mencionada. O termo comum no Novo Testamento para “Igreja” é ekklēsia. Esse termo é usado dezenove vezes em Apocalipse 1–3 com relação à Igreja histórica do primeiro século. A palavra “Igreja” aparece apenas mais uma vez no epílogo do livro (Ap 22.16).

A Wikipedia diz que algumas seitas dão a personagens eminentes em seu meio a honra de serem essas duas testemunhas. Para os adventistas, seriam Uriah Smith e Ellen G. White; para os mórmons seriam dois profetas daquela seita em missão aos judeus, possivelmente dois membros do alto escalão daquela religião ou até mesmo o falso profeta Joseph Smith e seu irmão Hyrum Smith.

Mas a resposta para esta dúvida é muito simples: A Bíblia simplesmente não revela quem seriam essas duas testemunhas. Portanto, qualquer especulação não poderá ser verificada até o dia em que elas se manifestarem. Neste caso, os salvos por Cristo da presente dispensação não estarão mais na terra e assistirão a tudo isso de camarote a partir do Céu.

AS DUAS TESTEMUNHAS

Muitos pensavam que, uma vez que o profeta Malaquias disse que Deus iria enviar "Elias, o profeta, antes do grande e terrível Dia do Senhor" (Malaquias 4.5), e que ele e Moisés (uma vez que eles estavam juntos no Monte da Transfiguração – Mt 17.3) retornariam pessoalmente como testemunhas na Terra durante a Grande Tribulação, isso significaria que as duas testemunhas supracitadas seriam eles. Esta é uma interpretação bastante coerente, embora não possamos afirmar peremptoriamente ser eles as duas testemunhas, pois a Bíblia não o diz.

O capítulo 11 de Apocalipse deve ser interpretado literalmente, e não como “figuras”, significando que elas devem ser entendidas como “símbolos”. Se não for assim, poderemos chegar a algumas ideias bastante fantasiosas de como as coisas acontecerão no fim dos tempos.

A interpretação ortodoxa da Bíblia indica um cumprimento literal das Escrituras. Isso não significa que toda palavra ou frase encontrada na Bíblia seja literal, mas que o cumprimento dessas coisas será literal.

O Espírito de Deus usa muitas figuras e símbolos na Palavra para simbolizar coisas que são literais. Por exemplo, a Escritura fala de "o sol" não brilhando e "as estrelas" caindo do céu (Mt 24.29). Isso não pode ser entendido literalmente. Se o sol parasse de brilhar, toda a vida na Terra morreria. Além disso, a maioria das estrelas são milhares de vezes maiores do que a Terra. Se uma delas fosse cair na Terra, esta seria destruída imediatamente.

Essas coisas são, obviamente, simbólicas. Elas têm a finalidade de mostrar que a grande apostasia que o Anticristo trará resultará no afastamento da verdade e da luz divina (o sol) para bem longe dos homens, e que muitos líderes dentre os homens (as estrelas) irão sucumbir à escuridão espiritual e não mais temerão a Deus. Estas são coisas literais que acontecerão.

W. Scott escreveu: “Sobre a questão do número 2 de testemunhas, inúmeras hipóteses têm surgido, tal como os dois Testamentos, a Lei e o Evangelho da Graça, Huss e Jerome, os Valdenses e os Albigenses, etc”. Todavia, nenhuma dessas teorias contem resquício de uma exegese consistente com a interpretação histórico-gramatical (literal) do texto sagrado.

Outros, demonstrando mais razão e com aparente sanção da Escritura, supõem que Moisés e Elias são as duas testemunhas, citando Malaquias 4.4-5 como prova de sua afirmação. A frase do versículo 4 desta passagem, “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo”, não implicaria na presença pessoal do grande legislador nas cenas dos últimos dias; enquanto que no versículo 5 parece realmente uma declaração expressa de que o distinguido profeta Elias deve novamente aparecer na Palestina: “Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor”. Embora este texto da Bíblia não seja o melhor para provar que as duas testemunhas poderiam ser Moisés e Elias, a visão de que sejam estes dois homens as duas testemunhas de Apocalipse é mais lúcida e combina com o contexto do remanescente judeu fiel que encontramos pregando o evangelho do Reino e sendo martirizado na Grande Tribulação. Abaixo teremos provas suficientes de que estamos, de fato, lidando com um texto que fala de duas testemunhas reais, pertencentes ao povo judeu que será salvo na Grande Tribulação.

DUAS TESTEMUNHAS REAIS – LITERAIS

Apesar de algumas interpretações simbólicas tentadoras sobre as duas testemunhas de Apocalipse 11, temos razões suficientes para acreditarmos que as duas testemunhas de Apocalipse são literalmente duas pessoas reais, pertencentes ao remanescente judeu fiel.

“E darei autoridade às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de saco. Estas são as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor da terra” (Apocalipse 11.3-4).

A conexão entre esta visão dos dois pregadores e a passagem anterior (vv. 1-2) deve ser clara. Eles estão entre as testemunhas singulares de Deus que proclamarão Sua mensagem de julgamento durante os estágios finais da destruição de Jerusalém pelos gentios – e pregarão o evangelho do Reino para que o remanescente judeu possa crer e desfrutar da proteção de Deus.

“Testemunhas” é o plural de martus, de onde deriva a palavra inglesa mártir , visto que muitas testemunhas de Jesus Cristo na Igreja primitiva pagaram o preço da pregação com suas vidas. Como esta palavra é sempre usada no Novo Testamento para se referir a pessoas, as duas testemunhas devem ser pessoas reais, não movimentos ou grupo de pessoas, como alguns comentaristas têm sustentado. Há duas testemunhas literais aqui porque a Bíblia exige o testemunho de duas pessoas para confirmar um fato ou verificar a verdade (Dt 17.6; 19.15; Mt 18.16; Jo 8.17; 2Co 13.1; 1Tm 5.19; Hb 10.28).

Será sua responsabilidade profetizar. Profecia no Novo Testamento não se refere necessariamente a prever o futuro. Seu significado principal é "falar", "proclamar" ou "pregar" a Palavra de Deus. As duas testemunhas proclamarão ao mundo que os desastres que ocorrerão durante a última metade da Tribulação são os julgamentos de Deus. Elas alertarão que o derramamento final do julgamento de Deus e o tormento eterno se seguirão. Ao mesmo tempo, pregarão o evangelho do Reino, chamando as pessoas ao arrependimento e à fé no Senhor Jesus Cristo. O período de seu ministério é de mil duzentos e sessenta dias (1.260 dias), os últimos três anos e meio da Tribulação, quando as forças do Anticristo oprimem a cidade de Jerusalém (v. 2) e muitos judeus se abrigam no deserto (Ap 12.6 – a Mulher de Apocalipse 12 é Israel). O fato de serem pregadores de fato e não símbolos de instituições ou movimentos é indicado pela descrição de suas vestimentas e comportamento que se segue.

VESTIDAS DE SACO? (11.3b)

O pano de saco era um tecido áspero, pesado e grosseiro, usado nos tempos antigos como símbolo de luto, angústia, pesar e humildade. Jacó vestiu-se de pano de saco quando pensou que José havia sido morto (Gn 37.34). Davi ordenou que o povo se vestisse de pano de saco após o assassinato de Abner (2Sm 3.31), e ele mesmo o usou durante a praga que Deus enviou em resposta ao seu pecado de numerar o povo (1Cr 21.16). O rei Jeorão usou pano de saco durante o cerco de Samaria (2Rs 6.30), assim como fez o rei Ezequias quando Jerusalém foi atacada (2Rs 19.1). Isaías (Is 20.2) e Daniel (Dn 9.3) também usaram pano de saco.

As duas testemunhas vestirão pano de saco como uma lição objetiva para expressar sua grande tristeza pelo mundo miserável e incrédulo, atormentado pelos julgamentos de Deus, dominado por hordas de demônios e povoado por pessoas perversas e pecadoras que se recusam a se arrepender. Elas também lamentarão a profanação do Templo, a opressão de Jerusalém e a ascensão do Anticristo.

“Estas são as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor da terra” (v. 4).

A questão de quem seriam as duas testemunhas tem intrigado estudiosos da Bíblia ao longo dos anos, e inúmeras possibilidades têm sido sugeridas. João as identifica simplesmente como as duas oliveiras e os dois candelabros que estão diante do Senhor da Terra. Essa descrição enigmática é extraída de Zacarias 4.1-14.

A profecia de Zacarias prevê a restauração de Israel no Milênio (Zc 3.8-10). As oliveiras e os candelabros simbolizam a luz do reavivamento em Jerusalém, visto que o azeite de oliva era comumente usado em lâmpadas. A conexão das lâmpadas às árvores visa representar um suprimento constante, espontâneo e automático de óleo fluindo das oliveiras para as lâmpadas. Isso simboliza a verdade de que Deus não trará a bênção da salvação pelo poder humano, mas pelo poder do Espírito Santo (Zc 4.6). Assim como Josué e Zorobabel, as duas testemunhas liderarão um reavivamento espiritual em Israel, culminando na construção de um Templo. Sua pregação será instrumental na conversão nacional de Israel (Ap 11.13; cf. Romanos 11.4-5, 26) e o Templo associado a essa conversão será o Templo Milenar.

A IDENTIDADE DAS DUAS TESTEMUNHAS

Embora seja impossível ser dogmático sobre a identidade específica desses dois pregadores, há uma série de razões que sugerem que eles podem ser Moisés e Elias. A Bíblia não revela isso e, portanto, o que faremos é uma análise do porquê essa possibilidade se mostra mais coerente com a identidade desses dois pregadores – as duas testemunhas.

Primeiro, os milagres que realizarão (destruir seus inimigos com fogo, reter a chuva, transformar água em sangue e ferir a terra com pragas) são semelhantes aos julgamentos infligidos no Antigo Testamento por Moisés e Elias com o propósito de estimular o arrependimento. Elias invocou fogo do céu (2Rs 1.10-12) e proclamou uma seca de três anos e meio na terra (1Rs 17.1; Tg 5.17) – a mesma duração da seca trazida pelas duas testemunhas (Ap 11.6). Moisés transformou as águas do Nilo em sangue (Êx 7.17-21) e anunciou as outras pragas do Egito registradas em Êxodo 7–12.

Segundo, tanto o Antigo Testamento quanto a tradição judaica esperavam que Moisés e Elias retornassem no futuro. Malaquias 4.5 previu o retorno de Elias, e os judeus acreditaram que a promessa de Deus de levantar um profeta como Moisés (Dt 18.15, 18) tornou necessário o seu retorno (Jo 1.21; 6.14; 7.40). A declaração de Jesus em Mateus 11.14 de que “se vocês estiverem dispostos a aceitar, o próprio João Batista é o Elias que havia de vir” não exclui necessariamente o retorno futuro de Elias. Como os judeus não aceitaram Jesus, João não cumpriu essa profecia. Ele veio “no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à atitude dos justos, a fim de preparar um povo bem disposto para o Senhor” (Lucas 1.17).

Terceiro, tanto Moisés quanto Elias (talvez representando a Lei e os Profetas) apareceram com Cristo na Transfiguração, a prévia da Segunda Vinda (Mt 17.3).

Quarto, ambos deixaram a Terra de maneiras incomuns. Elias nunca morreu, mas foi transportado para o Céu em uma carruagem de fogo (2Rs 2.11-12), e, quanto a Moisés, Deus enterrou sobrenaturalmente seu corpo em um local secreto (Dt 34.5-6; Jd 1.9). A declaração de Hebreus 9.27, de que “está ordenado aos homens morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo”, não descarta o retorno de Moisés, uma vez que há outras raras exceções a essa declaração geral (Jo 11.14,38-44 – Lázaro).

Como o texto não identifica especificamente esses dois pregadores, a visão defendida acima, como todas as outras visões a respeito de suas identidades, deve permanecer como sendo mera especulação.

Apesar de termos eventos bíblicos que supostamente indicam ser Moisés e Elias as duas testemunhas, eu prefiro não me posicionar por duas razões: 1 - A Bíblia não declara com clareza quem são essas duas testemunhas. Tudo o que aprendemos aqui é que se trata de duas testemunhas – dois pregadores – reais e literais. 2 - Eu não preciso saber quem são elas porque nem estarei aqui para vivenciar o tempo de experimentação sobre a terra (a Tribulação). A Igreja não passará pela Tribulação, mas será arrebatada antes dela (1Ts 4.16-17; Ap 3.10). 3 - Por fim, no Céu, para onde vamos, teremos certeza de quem são essas duas testemunhas e os veremos de camarote.

– JP Padilha
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