CAPÍTULO 3 (PARTE 1): Por Que Premilenismo Futurista? | Richard Mayhue

Durante os anos da minha infância, eu adorava os desafios de quebra-cabeça. Desde o início, surgiu uma estratégia básica que permitia de forma bem-sucedida completar o quebra-cabeça. Primeiro, eu procurava as mais óbvias e mais determinativas partes do quebra-cabeça que guiaria todos os meus esforços. Isso envolvia identificar as quatro peças dos cantos específicos. Segundo, localizava as partes mais óbvias que acabavam sendo as poucas com um lado reto das bordas. Com estes dois passos completos, o quebra-cabeça assumia uma forma e design básicos nos quais a multidão de peças restantes se encaixava e não podia mudar.

A mesma abordagem funciona bem para resolver o quebra-cabeça da visão em relação ao milênio. Quatro visões básicas prevalecem hoje: Pós-milenismo, Amilenismo, premilenismo histórico e Premilenismo Futurista. Pretendo definir cada uma das quatro perspectivas e explicar qual delas é biblicamente preferível e por que.

Os termos “milênio” e “milenismo” vem da palavra em latim Mille, significando “mil”. Biblicamente, elas apontam para a frase grega chilia ete, “MIL ANOS”, que aparece seis vezes em Apocalipse (20.1,3,4,5,6,7). O prefixo “pós” no Pós-milenismo refere-se à segunda vinda de Cristo depois do milênio, que, segundo essa visão, tem a ver com a era do Reino da igreja. O prefixo “a” no Amilenismo indica que não há milênio nenhuma na terra antes ou depois da segunda vinda de Cristo. Ambas as posições pré (premilenismo histórico e premilenismo futurista) crêem que há um período milenar na terra que é precedido pela segunda vinda de Cristo.

Pós-milenismo ensina que o reino de Deus está atualmente sendo avançado com crescente triunfo no mundo através da pregação do Evangelho e ministério da igreja. Cristo agora reina sobre essa “era dourada” de extensão indeterminada dos céus e retornará para a terra no fim – assim, um retorno pós-milenar. A igreja é considerada o “Israel espiritual”, tendo herdado as promessas feitas a Abraão e Davi, que foram ab-rogados por Israel por causa de sua desobediência nacional. Por isso, não há nenhum futuro para Israel nacional com qualquer significado bíblico. Quando Cristo retornar no final do milênio, então o arrebatamento, o segundo advento, ressurreição geral e julgamento, TODOS acontecerão em uma sequência rápida e, finalmente, vem o estado eterno.

Amilenismo ensina que a igreja é o Israel espiritual, tendo herdado as promessas de Deus para Abraão e Davi que foram perdidas por Israel devido à contínua desobediência. Cristo reina sobre esse “reino espiritual” do céu, e a obra redentora de Cristo continua na terra, mas sem o otimismo do pós-milenismo. Não há expectativa de um Israel nacional restaurado que terá significado PROFÉTICO. Os negócios da terra vão se deteriorar até Cristo intervir na sua Segunda Vinda. Todos os eventos do fim dos tempos, por exemplo, o arrebatamento, a ressurreição geral eo julgamento, acontecem em um curto espaço de tempo como um imediato prelúdio à eternidade futura.

O premilenismo histórico ensina que Cristo retornará para arrebatar a igreja, julgar os descrentes vivos, e instalar um Reino terrestre (Alguns dizem que terá a extensão de mil anos, enquanto outros crêem que mil é um número simbólico significando um “longo tempo”). Cristo reina agora sobre a terra dos céus e no futuro governará sobre um milênio na terra, onde pouca distinção é feita entre a Igreja e o Israel nacional restaurado. No fim do milênio haverá a ressurreição dos descrentes e o julgamento final, que será seguido pelo estado eterno. Esta categoria de premilenismo geralmente interpreta Apocalipse 6-18 num sentido “histórico”, i.e, que Apocalipse 6-18 deve ser interpretado como eventos passados na história da igreja mais do que eventos futuros. Daí o nome “Premilenismo histórico”.

Defensores do Premilenismo Futurista, também chamado de Premilenismo Dispensacional, usa uma abordagem histórico-gramatical consistente, tanto para as Escrituras do Novo Testamento como para o Velho Testamento, pela qual a Bíblia toda é interpretada, independente de se o assunto é escatológico (Relacionado ao futuro) ou não. Por isso, as promessas de Deus feitas a Abraão e Davi são vistas em sentido futurístico como antecipando uma nação de Israel restaurada. Neste modelo o arrebatamento vem primeiro (Veja capítulo 4 – “Por que um arrebatamento pré-tribulacional?”), seguido pela Segunda vinda de Cristo no fim do período da tribulação de sete anos, biblicamente falado como a septuagésima semana de Daniel. Depois de julgar a terra e seus habitantes, Cristo governa sobre a terra por mil anos (O Milênio) sentado no seu Trono davídico em Jerusalém. No fim do Milênio, Satanás se rebelará pela última vez, mas será instantaneamente derrotado. Então, virá a ressurreição e julgamento de todos os descrentes no Juízo do Trono Branco, que será seguido pela Nova Jerusalém e o estado eterno (Veja o gráfico na pág. 10).

O restante deste capítulo aplicará três regras de resolver o quebra-cabeça para solucionar o problema profético. Há quatro peças óbvias de canto que se conectam a quatro peças de moldura distintas. Essas oito peças correspondem à minha tese de que há oito razões decisivas para defender o Premilenismo Futurístico como o genuíno plano futuro de Deus. Então todas, as menos óbvias, pelas detalhadas, mas não decisivas, podem ser trabalhadas, embora elas não vão alterar o todo, o modelo básico que esse capítulo esboça. Não será uma ou duas razões que farão a questão forte, e sim a força combinada de todas elas. Nunca poderemos entender cada detalhe diminuto do plano profético de Deus, mas podemos entender o básico. O propósito desta primeira parte é ajudar você a estar certo dos fundamentos da profecia bíblica.

HERMENÊUTICA CONSISTENTE
O Premilenismo Futurista é distinto por ser a única opção das quatro principais visões que resulta de (1) Tratamento das Escrituras de forma indutiva, (2) Emprego consistente da abordagem histórico-gramatical testada pelo tempo, (3) Emprega todas as Escrituras com os princípios e habilidades de uma exegese despreconceituosa e (4) Não ter que mudar para uma hermenêutica de duplo sentido ao lidar com eclesiologia e escatologia. Esta é a primeira “peça do canto” para nosso quebra-cabeça.

Em outras palavras, o Premilenismo Futurista assume uma abordagem normal e clara para todas as passagens bíblicas no todo do tempo. Isso significa que o Premilenismo Futurista:

● Toma o texto bíblico por seu valor real.
● Interpreta o texto bíblico no contexto.
● Reconhece as figuras de discurso e linguagem simbólicas e a realidade que elas expressam.
● Usa textos claros para interpretar os não-claros e mais difíceis
● Dá margem ao progresso da Revelação sem alterar o significado da revelação prévia.
● Abre espaço para duplo cumprimento profético (Longe/perto), por exemplo, dois adventos de Cristo em Isaías 61 sem lançar mão de significados duplos em um sentido primário.

Premilenismo Futurista é mais atrativo hermeneuticamente porque somente ele permite a maior consistência em dois reinos bíblicos:

● Abordar qualquer livro da Bíblia com o mesmo tratamento interpretativo geral, seja (1) A pura história de Josué, (2) A linguagem figurativa do cântico de Salomão ou (3) Os livros proféticos, tanto maior quanto menor.
● Abordar qualquer tópico da teologia sistemática com o mesmo esquema geral interpretativo ao invés de mudar quando se depara com eclesiologia ou escatologia como fazem as outras principais posições.

Premilenismo Futurista é mais atrativo hermeneuticamente porque ele não envolve ou requer:

● Um entendimento prévio de alegadas alianças (Tais como redenção, graça, obras) feitas em eternidade passada para as quais não há evidências bíblicas amplamente persuasivas e que no máximo são vagamente inferenciais.
● Interpretação alegórica ( uma aberração do terceiro e quarto século AD introduzida por Orígenes e Agostinho). Compare Gálatas 4.24-31, onde Paulo emprega alegoria com a sanção profética, mas com claro significado interpretativo usado somente como ilustração.
● Interpretações históricas forçadas em textos dos (1) Profetas maiores e menores, (2) O sermão do monte das oliveiras e (3) Apocalipse. Por exemplo, Apocalipse 11.1-2 interpretado como a destruição de Jerusalém no ano 70 AD ao invés de um tempo futuro na primeira metade da septuagésima semana de Daniel.
● Minimização do uso típico ou analógico do Velho Testamento pelo Novo Testamento (e.g, Mateus 2.15/Oséias 11.1 e Mateus 2.14-18/Jeremias 31.15).

A final e definitiva característica que faz o Premilenismo Futurista único e mais atrativo do que as outras opções em sua conformidade a um paradigma provado de como foram as profecias do Velho Testamento de fato cumpridas. Tais profecias se cumpriram de acordo com a hermenêutica normal, como empregada pelo Premilenismo Futurista. Por exemplo:

● Profecias do VT cumpridas na história do VT.
● Gênesis 17.6 – de Abraão viriam reis.
● Daniel 2 – Reinos mundiais.
● Habacuque – Com respeito à Babilônia e Judá.
● Profecias do VT cumpridas na vida e ministério terrestre de Cristo.
● Tribo de Judá – Gênesis 49.10.
● Nascido em Belém – Miquéias 5.2
● Crucificação  - Salmos 22.

Mesmo os aliancistas admitem a exatidão do resultado do Premilenismo Futurista se uma hermenêutica normal e consistente for usada. Por exemplo:

O. T. Allis em “Profecia e a Igreja”:[1]
“... as profecias do VT, se interpretadas literalmente, não podem ser consideradas como tendo cumpridas ou como sendo possíveis de cumprimento nessa era”.

Floyd E. Hamilton no “As Bases da fé milenar”:[2]
“Agora devemos admitir francamente que uma interpretação literal das profecias do VT dá-nos exatamente este quadro de um reino terrestre do Messias como o Premilenismo Futurista retrata”.

Loraine Boettner em “Significado do milênio”:[3]
“É geralmente aceito que se as profecias forem tomadas literalmente, elas predizem uma restauração do Israel nacional na terra da Palestina com os Judeus tendo um lugar preeminente no Reino e reinando sobre as nações”.

Baseado no que eles sabiam do material profético do VT, a comunidade judaica do primeiro século a.C não estava esperando pelo primeiro advento de Cristo como apresentado pelos evangelhos. Ao contrário, eles criam que a segunda vinda do Messias estava próxima e iria pôr um fim na tribulação judaica nas mãos de outras nações, e estabeleceriam o reino Davídico (2Sm 7.12-17) na terra.

As seguintes características resumem suas expectativas concernentes ao Messias:[4]

● Um tempo de extrema tribulação iria prevalecer antes da chegada do Messias.
● No meio deste caos, Elias chegaria como o percussor e proclamador do Messias.
● O Messias viria então para a terra.
● As nações iriam se levantar contra o Messias.
● Uma coalisão de nações seria derrotada e destruída.
● Jerusalém seria reocupada e reconstruída.
● A Diáspora judaica retornaria para Jerusalém.
● Israel se tornaria a capital do mundo.
● Um tempo de paz e prosperidade seria inaugurado.

Interessantemente, isto é muito semelhante ao que o Premilenismo Futurístico espera que irá acontecer no tempo da segunda vinda do Messias. Abordagens baseadas em um entendimento aliancista – incluindo Amilenismo e premilenismo histórico – propõem resultados muito diferentes [e que não coadunam com os manuscritos inspirados].

– Richard Mayhue / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o premilenismo futurista – John MacArthur & Richard Mayhue, Cap. 3, Pág. 57-62

SUMÁRIO: Os Planos Proféticos de Cristo

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