A Doutrina Carismática da Subsequência | John MacArthur


Atos 2.4 é a pedra angular dos carismáticos, contendo o que pentecostais e carismáticos consideram o cerne da verdade do Novo Testamento: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem”.


A maior parte dos carismáticos acredita que esse versículo ensina que, na conversão, os crentes recebem o Espírito Santo em sentido restrito. Portanto, os crentes devem buscar o batismo “com o Espírito” a fim de moverem-se a um nível mais elevado de vida espiritual, imersos de modo sobrenatural no poder do Espírito de Cristo. A experiência é usualmente — muitos dirão sempre — acompanhada pelo falar em línguas, resultando em uma nova motivação e em um novo poder espiritual.

Esse conceito — o recebimento da salvação em um momento e o recebimento do batismo do Espírito em momento posterior
— chama-se ‘doutrina da subseqüência’. Gordon Fee alista duas características do pentecostalismo:

“1. A doutrina da subseqüência, ou seja, existe para o crente um batismo “no Espírito” distinto e posterior à experiência da salvação... 2. A doutrina das línguas como evidência física inicial do batismo “no Espírito””.(2)


Em sua pesquisa completa sobre a teologia pentecostal, Frederick Dale Bruner escreveu: “Os pentecostais acreditam que o Espírito batiza todos os crentes em Cristo (conversão) e que Cristo não batizou todos os crentes “no Espírito” (Pentecostes)”.(3) A maioria dos carismáticos crê não somente que o batismo do Espírito ocorre em algum momento após a conversão, mas também que o batismo do Espírito é algo que os cristãos precisam ‘buscar’. Bruner continua e afirma:

“As características mais importantes do entendimento pentecostal quanto ao batismo “no Espírito Santo”... são: 1. o acontecimento, de modo geral, é “distinto e subseqüente ao” novo nascimento; 2. a evidência inicial é o sinal de falar em outras línguas; 3. esse batismo deve ser buscado “com ardor”.(4)

Esses três elementos — o batismo do Espírito subseqüente à conversão, a busca intensa por parte dos batizados e a evidência de falar em línguas — são característicos de quase todas as variantes da doutrina carismática. Os carismáticos são vagos em quase todas as demais áreas da teologia, mas neste ponto eles falam com clareza a respeito do que crêem.

Os carismáticos procuram no livro de Atos apoio para sua doutrina da subseqüência. 1 Coríntios 12.13 (“Em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”) não pode ser usado para provar a doutrina da subseqüência, pois esse versículo afirma que ‘todos’ os crentes foram batizados pelo Espírito no Corpo de Cristo. Na verdade, torna-se evidente que o batismo descrito em 1 Coríntios 12.13 NÃO PODE ocorrer em algum momento depois da salvação. Do contrário, o que Paulo afirmou não pode ser verdadeiro a respeito de ‘todos’ os crentes. Nenhuma evidência, como o falar em “outras línguas”, é mencionada, e não há qualquer alusão à busca desse “batismo”.

Os carismáticos também não recorrem a 1Coríntios 14 para provarem a doutrina da subseqüência, da evidência ou da busca, pois esse capítulo não diz nada sobre esses elementos. De fato, as únicas passagens que os carismáticos podem usar para apoiar sua doutrina da subseqüência são encontradas em Atos. As epístolas não dizem nada que possa ser usado para fundamentar tal idéia.

A verdade é que o próprio livro de Atos não serve para apoiar o ponto de vista carismático. Apenas quatro passagens mencionam línguas ou o recebimento do Espírito Santo: os capítulos 2, 8, 10 e 19. Apenas em Atos 2 e 8 os crentes recebem o Espírito ‘após’ a salvação. Em Atos 10 e 19, os crentes foram batizados no Espírito no momento em que creram. Portanto, a doutrina da subseqüência não pode ser defendida de modo convincente com base no livro de Atos.

O que podemos dizer sobre as línguas? Atos 2, 10 e 19 nos informam que os crentes falaram em línguas, mas não há registro desse fenômeno no capítulo 8.

E o que podemos dizer sobre a exigência de buscar ardentemente o batismo do Espírito? Atos 2 nos mostra que os crentes esperaram em oração o cumprimento da promessa do Senhor (cf. 1.4, 14). Os capítulos 8, 10 ou 19 não fazem qualquer menção de “buscar” esse batismo.

A verdade é clara: dizer que o livro de Atos apresenta o padrão normal em favor do recebimento do Espírito Santo é um problema; nenhum padrão coerente está evidente em Atos dos Apóstolos!

É
verdade que os cristãos, no Dia de Pentecostes (At 2), os gentios, na casa de Cornélio (At 10), e os judeus de Éfeso que tinham apenas o batismo de João (At 19) receberam o Espírito Santo e, em seguida, falaram em línguas. Contudo, essas três ocorrências não implicam que devem ser entendidos como padrão para todos os outros cristãos. De fato, nenhuma das passagens debatidas (At 2, 8, 10 ou 19) transmitem a idéia de que outras pessoas precisam ter experiências semelhantes.

Se as línguas fossem uma experiência normal, por que não foram mencionadas em Atos 8 — quando os samaritanos receberam o Espírito Santo? Por que os textos de Atos 2 a 4 não afirmam que todos os que creram em decorrência do sermões de Pedro (mais de cinco mil pessoas segundo Atos 4.4) e receberam o Espírito Santo (At 2.38) também falaram em línguas? Para que algo se torne normativo, tem de ser comum a todos.

John Stott afirmou:

“Os três mil não parecem haver experimentado os mesmos fenômenos miraculosos (o vento impetuoso, as línguas de fogo ou a capacidade de falar em idiomas estrangeiros). Pelo menos nada se diz a respeito. Entretanto, devido à certeza divina anunciada por Pedro, eles devem ter herdado a mesma promessa e recebido os mesmos dons (v. 33, 39). Apesar disso, havia uma diferença entre eles: os cento e vinte já haviam sido regenerados e receberam o batismo do Espírito depois de esperarem em Deus durante dez dias. Os três mil, entretanto, eram incrédulos, e receberam simultaneamente o perdão dos pecados e o dom do Espírito — isso ocorreu logo depois de haverem se arrependido e crido, sem necessidade de espera.

Essa distinção entre os dois grupos, os cento e vinte e os três mil, é muito importante, pois a norma para hoje com certeza é o segundo grupo, os três mil, e não (como se supõe) o primeiro. A experiência dos cento e vinte ocorreu em dois estágios por causa das circunstâncias históricas. Eles não poderiam ter recebido o dom do Pentecostes antes do Dia de Pentecostes. No entanto, essas circunstâncias históricas deixaram de existir há muito. Vivemos em tempos posteriores à ocorrência do Dia de Pentecostes, à semelhança dos três mil. Em nosso caso e no caso deles, o perdão dos pecados e o “dom” ou “batismo” do Espírito são recebidos ao mesmo tempo”.(5)

–– John MacArthur | O Caos Carismático
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

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