CALVINISMO: O Único e Verdadeiro Evangelho | JP Padilha



Quando se trata da Doutrina da Eleição (ou Calvinismo), há de se admitir que podemos ser mais positivos em nossas colocações em conformidade com a Sagrada Escritura. Ao observar a linguagem direta e extremamente normativa da epístola de Romanos, eu diria que o Calvinismo veio de Paulo. Porém, Cristo enfatizou a Doutrina da Eleição em toda a Escritura. Nesse caso, o Calvinismo veio dos profetas e apóstolos. Se compreendermos que “calvinismo” se trata de um termo técnico para se referir às doutrinas da graça, não será difícil afirmar o que tenho dito na introdução.

Esta conclusão se deu quando iniciei os estudos concernentes ao Sínodo de Dort. Antes de me aventurar nos estudos, pensava se tratar de Calvino x Armínio, mas, com um pouco mais de meditação no que a Palavra de Deus nos apresenta, comecei a voltar no tempo e vi que anteriormente já havia sido Lutero x Erasmo, e, ainda antes disso, Agostinho x Pelágio. E então percebi que, no fim das contas, começou sendo Paulo x Judaizantes. Sempre houve gente querendo adicionar algo à Graça. E isto pode ser confirmado na Bíblia.

Esta realidade pode ser confirmada em passagens como Atos 15.1;5, onde testificamos a indagação da seita dos fariseus a favor da miserável doutrina da "Salvação por Obras", defendida da mesma forma pelos arminianos (é claro que na teoria eles negam, imputando tal distúrbio aos pelagianos). A crença arminiana consiste na lei do "faça por merecer". Ou seja, a salvação conquistada por Cristo, na cruz do calvário, passa a ser meritória e não obra da graça. A "Salvação por Obras" sempre foi o lema dos judaizantes e não poderia ser diferente com os arminianos.

Com base nessa reflexão, observemos na Bíblia, respectivamente em Romanos 9, o que notoriamente poderíamos denominar, sem falso temor, como um embate entre Calvinistas e arminianos. Nesse capítulo vemos o Apóstolo Paulo antecipando as queixas relacionadas à Soberania de Deus e aos Seus eternos decretos por parte dos judaizantes que não compreendiam a Doutrina da Eleição. Vejamos:

● Direto ao ponto:

- "Deus se compadece de quem Ele quer, e endurece a quem Ele quer" (v. 18).

● Diatribe – Antecipando a oposição dos judaizantes:

- "Dir-me-ás então: ‘Por que Deus se queixa ainda? Porquanto, quem tem resistido à Sua vontade’?” (v. 19). Esta é a lamúria de todo arminiano inato, que não abre mão de ser "livre de Deus para escolher seu próprio destino".

● Como numa clássica discussão entre Calvinistas e arminianos, a Bíblia responde ao opositor imaginário de forma direta:

- "Mas, quem és tu, ó homem, para discutires com Deus? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: 'Por que me fizeste assim'? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os VASOS DA IRA, PREPARADOS PARA A PERDIÇÃO; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos VASOS DE MISERICÓRDIA, QUE PARA GLÓRIA JÁ DANTES PREPAROU, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (v. 20-24).

O debate entre Paulo e os "judaizantes" (adoradores do deus pelagiano chamado Livre-arbítrio) foi o início do que hoje conhecemos tecnicamente como CALVINISMO X ARMINIANISMO. O fato das terminologias ainda não existirem na época não anula as teorias e práticas da seita arminiana desde os seus primórdios. A menos que se prove que uma doutrina antagônica aos cinco pontos do Calvinismo possa ser considerada “evangelho”, os Cânones de Dort continuam do lado da verdade e o arminianismo deve ser rejeitado em todas as suas esferas como uma doutrina de demônios.

De fato, Judaizantes e Arminianos podem ser antônimos no quesito "Lei", visto que o primeiro grupo tenta se justificar pela mesma, enquanto o segundo a ignora por completo. Outrossim, Judaizantes e Arminianos são sinônimos no que tange a ser "MALDITO" (Gl 1.6-10), porquanto proclamam um evangelho que permite que os santos venham a decair depois de terem sido chamados, anunciam uma doutrina que admite que os filhos de Deus são queimados no fogo da condenação após serem escolhidos por Cristo, e forjam para si um deus mutável e confuso, que deixa seus filhos à mercê de sua própria escolha e não sabe o que será deles, embora, segundo a mesma seita, Cristo tenha morrido por todos sem exceção. Sem sombra de dúvidas, não há uma seita que tenha feito mais estragos no seio da igreja cristã do que o movimento que hoje conhecemos como Arminianismo. Inexoravelmente, todas as suas vertentes, de dois mil anos para cá, tentaram implantar a doutrina do “eu escolho” na Igreja de Deus.

Para solidificar o que tenho defendido com severidade, Charles Spurgeon, o pregador mais conhecido do século XIX, não hesitava em declarar que não concebia pregação do evangelho que não fosse calvinista:

"Minha opinião pessoal é que não há pregação de Cristo e este crucificado, a menos que se pregue aquilo que atualmente se chama Calvinismo. Calvinismo é só um apelido; ele é o evangelho e nada mais. Não creio que possamos pregar o evangelho, a menos que preguemos a soberania de Deus em sua dispensação da graça; e também a menos que exaltemos o amor eletivo, imutável, eterno, inalterável e conquistador de Jeová; como também não penso que podemos pregar o evangelho, a menos que o alicercemos sobre a redenção especial e particular do seu povo eleito e escolhido, que Cristo realizou na cruz; e também não posso compreender um evangelho [arminiano] que permite que os santos apostatem depois de haverem sido chamados".[1]

Acesse o blog do meu livro "O Evangelho sem Disfarces" clicando aqui:
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/2019/08/sumario-o-evangelho-sem-disfarces.html

–– JP Padilha / O Evangelho sem Disfarces
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
–– Fonte 3: https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/
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NOTA:
[1] - Charles Haddon Spurgeon / Uma Defesa do Calvinismo.

O SURGIMENTO DO AMILENISMO | Nathan Busenitz


Como vimos no capítulo 7, os estudiosos amilenistas reconhecem prontamente que uma simples leitura dos profetas do Antigo Testamento leva a uma visão Premilenista Futurista. O capítulo 8 explicou que Cristo e os apóstolos nunca rejeitaram essas expectativas milenares, mas as afirmou como certas. Não é surpreendente, então, descobrir que o Premilenismo foi a visão escatológica predominante da igreja primitiva. É especialmente significativo perceber que esta visão escatológica floresceu na Ásia Menor – a região onde o apóstolo João havia ministrado e onde o livro do Apocalipse foi escrito.

Mas tudo isso levanta uma questão importante: Se o Premilenismo é ensinado no Antigo Testamento, afirmado no Novo e amplamente adotado na história da Igreja Primitiva, como então o Amilenismo se desenvolveu, de modo que ele se tornou a posição da maioria da igreja durante a Idade Média?

Os estudiosos têm sugerido pelo menos quatro fatores que contribuíram para o aumento do [pobre] Amilenismo – a visão que realmente tomou forma nos séculos III e IV. Os primeiros dois fatores – a hermenêutica alegórica e dualismo platônico – estão conectados, e entraram na igreja através da influência da filosofia e da cultura grega popular. Essa influência foi particularmente forte em Alexandria, Egito, onde ele primeiro afetou o ensino rabínico judaico antes da época de Cristo. Como Rick Bowman e Russel L. Penney explicam: “Este tipo de interpretação alegórica pode ser visto na época de Platão quando o hedonismo flagrante das divindades foi interpretado simbolicamente, a fim de torná-los aceitáveis. Incapaz de conciliar seus pontos de vista com a interpretação literal das Escrituras, comentaristas antigos judeus começaram a alegorizá-las. Os rabinos de Alexandria, Egito, começaram a ensinar alegoricamente, a fim de combater a crítica gentílica do Antigo Testamento”.[25] Esta abordagem rabínica teve um grande impacto sobre a igreja. O historiador Roger Olson observa a conexão: “O padrão de Alexandria tinha sido estabelecido no tempo de Cristo pelo teólogo judeu e estudioso bíblico Filo, que acreditava que as referências literais e históricas das Escrituras Hebraicas eram de menor importância. Ele procurou descobrir e explicar significados alegóricos ou espirituais das narrativas bíblicas... Muitos pensadores cristãos tomaram emprestado as estratégias [mirabolantes] hermenêuticas de Filo, e que não era mais verdadeiro nem mesmo em Alexandria”.[26]

Não é surpreendente, pois, descobrir que a oposição inicial ao Premilenismo saiu de Alexandria.[27] “O primeiro adversário proeminente [de um milênio literal] foi Clemente de Alexandria [cerca de 150-215], que tinha sido influenciado pela filosofia idealista platônica e tinha adotado o método alegórico grego de interpretação das Escrituras”.[28] O discípulo de Clemente, Orígenes de Alexandria, carregou ainda mais as opiniões de seu professor, popularizando a hermenêutica alegórica. Como Paulo Benware explica, “Orígenes (185-254 d.C.) e outros estudiosos em Alexandria foram grandemente influenciados pela filosofia grega e tentaram integrar essa filosofia com a teologia cristã. Incluído na filosofia grega estava a idéia de que essas coisas que eram materiais e físicas eram inerentemente más. Influenciado por este pensamento, esses estudiosos alexandrinos concluíram que um reino terreno de Cristo com as suas muitas bênçãos físicas seria algo mal”.[29]

De posse de uma hermenêutica alegórica, intérpretes alexandrinos foram capazes de explicar textos do Antigo Testamento que, tomados literalmente, apontam para um reino terreno milenar. Devido à influência da filosofia grega (dualismo platônico), eles estava ansiosos para minimizar as bênçãos materiais prometidas pelos profetas e reinterpretá-las como realidades espirituais. “Conforme o gnosticismo (e uma interpretação tradicional) do dualismo platônico, o corpo e inferior à alma, em valor, e mais geralmente o mundo material é inferior ao mundo imaterial”.[30] A compreensão espiritual do reino milenar foi considerada mais filosoficamente aceitável. Assim, pontos de vista premilenistas foram rejeitados, uma vez que eles foram baseados em uma interpretação literal das promessas do Antigo Testamento. Como o amilenista William Masselink reconhece: “A filosofia gnóstica [dualista] deste período e da escola de Alexandria, com suas interpretações alegóricas das Escrituras, foram também um grande detrimento para o progresso do quialismo”.[31]

Uma terceira contribuição para o desenvolvimento do Amilenismo (ou, pelo menos, à rejeição do Premilenismo) foi uma crescente oposição por parte dos cristãos para com judeus incrédulos. “Como a animosidade dos judeus para com os cristãos continuou e tornou-se cada vez mais claro que os judeus não acreditavam em Cristo, muitos cristãos começaram a ver os judeus como seus inimigos”.[32] Esta animosidade contribuiu para o declínio do Premilenismo, especialmente quando apologistas judeus argumentaram que Jesus não poderia ter sido o Messias desde que as promessas milenares ainda não haviam sido literalmente cumpridas através dEle. Assim, Andrew Chester, falando da igreja primitiva, observa:

É precisamente o fato de que a gloriosa transformação da terra ainda não tomou lugar que faz a reivindicação messiânica cristã vulnerável aos ataques dos judeus, enquanto, simultaneamente, as fontes judaicas e cristãs compartilham claramente a mesma tradição e passagens das Escrituras, e são, em muitos aspectos, difíceis de serem distinguidos um do outro. Por isso, é a estreita ligação entre as posições judaicas e cristãs que é submetida à polêmica por opositores cristãos do quialismo, como Orígenes, a fim de estabelecer a posição cristã como distintiva e se livrar do materialismo bruto.[33]

Ao espiritualizar as promessas milenares, Orígenes e outros tentaram defender o cristianismo de seus oponentes judeus, diferenciando ainda mais a sua escatologia a partir dos ensinamentos do judaísmo.[34]

Uma quarta contribuição para o desenvolvimento da teologia do Amilenismo foi a mudança sociopolítica significativa que ocorreu no Império Romano entre os séculos I e IV. A queda de Jerusalém em 70 d.C. e a revolta de Bar Kochba em 135 parecia indicar que Deus já não tinha quaisquer planos para Israel como uma nação. Em seguida, no quarto século, o início de um reino cristão em Roma, sob o reinado de Constantino, foi interpretado por muitos como o cumprimento das promessas milenares. Como resultado, o Premilenismo – que prevaleceu na Igreja Primitiva – foi agora completamente eclipsado. Citemos novamente o historiador Philip Schaff:

Em Alexandria, Orígenes se opôs ao quialismo como um sonho judeu e espiritualizou a linguagem literal dos profetas... Mas o golpe esmagador veio da grande mudança na condição social e nas perspectivas da igreja na era de Nicéia. Depois que o cristianismo, ao contrário de todas as expectativas, triunfou no Império Romano e foi abraçado pelos Césares, o reino milenar, em vez de ser ansiosamente esperado e considerado objeto de oração, começou a ser datado a partir da primeira aparição de Cristo ou a partir da “conversão” de Constantino e da queda do paganismo, e deve ser considerado como realizado na glória do Estado-Igreja Imperial dominante.[35]

Assim, as tentativas de defender a doutrina de um reino milenar literal de Cristo estavam viciadas em grande parte pela “conversão” do imperador Constantino... e, a cessação da perseguição, em conseqüência da mudança completa de sua atitude oficial em relação ao cristianismo. No gozo de patrocínio imperial, parecia evidente para muitos que o reino havia chegado e que bênçãos milenares preditas pelos profetas eram para se tornar a posse do povo de Deus aqui e agora. Na verdade, Eusébio, o pai da história Igreja, declarou especificamente que o reino já havia chegado.[36]

Com a nação judaica em baixa e um império cristão com sede em Roma, muitos crentes não acharam necessário olhar para frente, para um futuro reino messiânico na terra.

AGOSTINHO, O PAI DO AMILENISMO
A oposição ao Premilenismo Futurista ganha terreno no terceiro século e início do quarto, principalmente devido aos motivos listados acima. No entanto, foi Agostinho (354-430) quem estabeleceu, de fato, o Amilenismo da igreja medieval. Embora tivesse, inicialmente, se inclinado em direção à perspectiva Premilenista, o Bispo de Hipona, em última instância, rejeitou-a porque sentiu que havia promovido carnalidade através da sua ênfase em bênçãos materiais em um reino terreno. Como observa Keith Mathison:

No início de sua vida cristã, Agostinho havia sido atraído para o milenarismo (Premilenismo), porém, mais tarde o rejeitou. Sua rejeição, ao que parece, foi em grande parte devido a algumas das versões excessivamente carnais do milenarismo que eram correntes em sua época. Ele mudou de posição e adotou, de vez, uma abordagem simbólica para o vigésimo capítulo de Apocalipse. Na Cidade de Deus, Agostinho ensina que a primeira ressurreição mencionada em Apocalipse 20 é uma ressurreição espiritual, a regeneração de pessoas mortas espiritualmente (20.6). Em contraste com o Premilenismo, ele ensina que a segunda ressurreição ocorre na segunda vinda de Cristo, e não mil anos depois.[37]

As conclusões teológicas de Agostinho também foram influenciadas pela hermenêutica alegórica e filosofia grega de Alexandria:

Embora Orígenes e outros começassem a questionar a visão premilenista, foi Agostinho quem sistematizou e desenvolveu o Amilenismo como uma alternativa ao Premilenismo. Como Orígenes, Agostinho tinha sido educado na filosofia grega e não poderia escapar de sua influência, o que o levou a ver o Premilenismo com suspeita, entendendo-a como uma visão que promoveu um tempo de gozo carnal... A atitude de Agostinho, bem como a sua teologia, desde então tem dominado grande parte da igreja. Além disso, ele descobriu nos métodos alegóricos de interpretação de Orígenes uma ferramenta útil para contornar os ensinamentos de certas passagens milenares. Com isto, Agostinho veio a rejeitar a idéia de Premilenismo no reino terrestre de Cristo, que havia sido realizada na igreja durante vários séculos [desde os primórdios da igreja].[38]

Agostinho afirma suas razões para rejeitar o Premilenismo em A Cidade de Deus. Lá ele escreve: “Este parecer [de um futuro milênio literal depois da ressurreição] pode ser permitido se propor um único deleite espiritual aos santos durante este espaço (e nós já fomos da mesma opinião); mas vendo as provas deste documento, que afirma que os santos, após esta ressurreição, devem fazer nada além de deleitarem-se com banquetes carnais, onde o elogio deve exceder tanto a modéstia e a medida, este é bruto e apto para ninguém, mas os homens carnais para acreditar. Mas, os que são realmente e verdadeiramente espirituais se chamam aqueles desta opinião quialista”.[39] Do ponto de vista premilenista moderno, as razões de Agostinho para rejeitar uma compreensão literal da profecia milenar parece trivial.[40] No entanto, o que se poderia pensar dos méritos relativos às conclusões de Agostinho, ninguém questiona a influência que sua mudança de espírito provocou na história da igreja. Embora houvesse ainda alguns defensores do Premilenismo no século V,[41] “a derrota final do quialismo no Ocidente deve-se a Agostinho, que, em sua Cidade de Deus identificou o milênio com a história da Igreja na Terra e declarou que, para aqueles que pertencem à verdadeira Igreja, a primeira ressurreição já passou”.[42]

A Escatologia de Agostinho tornou-se o padrão para a igreja medieval no Ocidente. Como Millard Erickson aponta: “Os três primeiros séculos da igreja foram provavelmente dominados pelo que chamaríamos hoje de Premilenismo, mas, no século IV, um donatista africano chamado Tyconius propôs uma visão competitiva. Embora Agostinho fosse um adversário dos donatistas, ele adotou o ponto de vista de Tyconius do milênio. Esta interpretação dominou o pensamento escatológico em toda a Idade Média”.[43] De fato, uma forma modificada da Escatologia Amilenista de Agostinho (aquele em que o reino de Deus na terra foi igualado com a Igreja Católica Romana)[44] tornou-se tão dominante que alguns teólogos medievais foram aos extremos para suprimir o Premilenismo. “Não só a perspectiva anti-milenarista se tornou o padrão para a ortodoxia; começando com o Concílio de Éfeso no quinto século e durante a Idade Média, os líderes da igreja buscaram suprimir o milenarismo. Eles promoveram esta campanha até ao ponto de alterar os escritos de premilenistas entre os primeiros Pais da Igreja, como Irineu”.[45]

Mais de mil anos depois de Agostinho, quando a Reforma inrrompeu a cena, os reformadores magistrais mantiveram uma escatologia anti-Premilenista – algo que eles herdaram da igreja medieval.[46 Embora distantes do verdadeiro cristianismo a partir da instituição do papado,[47] Lutero e Calvino, no entanto, rejeitaram [lamentavelmente] o Premilenismo totalmente – vendo-o como uma corrupção[48] perigosa que havia sido descartada há muito tempo pela igreja.[49] Esta rejeição é particularmente irônica no caso de Calvino, como foi discutido no capítulo 7, pois ele se opôs à hermenêutica alegórica de Orígenes.[50] No entanto, foi a partir dessa hermenêutica alegórica que o Amilenismo inicialmente se desenvolveu na história da igreja.

A AFIRMAÇÃO DA HISTÓRIA DA IGREJA
Está fora de escopo deste capítulo discutir a história da Escatologia desde a Reforma até o presente. Nosso objetivo aqui é duplo: (1) Demonstrar que o Premilenismo era a visão predominante entre os primeiros pais da igreja e (2) dar uma explicação plausível para que se possa entender [de forma histórica e honesta] a razão do crescimento do Amilenismo tal como se desenvolveu nos séculos III e IV da história da igreja. Para reiterar um ponto feito no início: A história não é autoritária como o é a Escritura, mas ela pode [também] afirmar a posição Premilenista, indicando que as primeiras gerações de cristãos, em geral, interpretaram o testemunho apostólico através de uma lente Premilenista – uma visão [bíblica e sensata] em que um futuro de mil anos do reino messiânico sobre a terra era esperado pelos primeiros cristãos. O Premilenismo, como pode ser constatado, não é um desenvolvimento recente. Pelo contrário, é o mais antigo ponto de vista escatológico na história da igreja. Essa realidade acrescenta enorme credibilidade à posição Premilenista Futurista.

– Nathan Busenitz / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 9, Pág. 171-184
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FONTE: https://jppadilhabiblia.blogspot.com.br/
SÉRIE: Os Planos Proféticos de Cristo

A IGREJA PRIMITIVA ACREDITAVA NUM REINO MILENAR LITERAL | Nathan Busenitz



O testemunho dos pais da igreja, embora não seja autoritativo, é particularmente instrutivo em relação à forma como as primeiras gerações de cristãos entenderam o ensino dos apóstolos.[1] O seu testemunho é útil em muitas questões teológicas, incluindo a Escatologia. Se, como foi sugerido no capítulo 8, o Novo Testamento sustenta um futuro eterreno reino milenar, então esperaríamos que o Premilenismo fosse a visão predominante nos escritos dos pais da igreja primitiva. E é exatamente isso que encontramos.

Falando dos pais da igreja, o notável historiador do século XIX, Philip Schaff, escreveu:

O ponto mais marcante na Escatologia do período ante-Niceno [isto é, antes de 325 d.C.] é o proeminente quialismo, ou milenarismo, que é a crença em um reinado visível de Cristo em glória na Terra, com os santos ressuscitados, por mil anos, antes da ressurreição geral e do julgamento. Foi, aliás, não a doutrina da igreja estipulada em qualquer credo ou forma de devoção, mas uma opinião amplamente atual de mestres ilustres, como Barnabé, Papias, Justino Mártir, Irineu, Tertuliano, Metódio e Lactâncio.[2]

Outros estudiosos, inclusive não-premilenistas, reconheceram a importância da perspectiva premilenista na igreja primitiva pós-apostólica:

William Alger: Quase todos os primeiros pais da igreja acreditavam num milênio, um reino de Cristo na terra com seus santos por mil anos.[3]

William Masselink: A concepção quialista [pré-milenista] encontrou imediatamente aceitação na igreja cristã... A história apostólica nos mostra que muitos dos antigos pais da igreja eram inclinados a essa visão.[4]

Donald K. McKim: A Escatologia dos primeiros teólogos [Patrística] concernente ao reino de Deus é marcada pelo desenvolvimento do quialismo, um termo que se refere ao reinado de mil anos de Cristo (Ap 20.1-10) conectado com a sua segunda vinda, a ressurreição dos mortos e o julgamento final.[5]

Stanley Grenz: Na vizinhança de Éfeso, a localização das sete igrejas abordadas pelo livro do Apocalipse (hoje Turquia ocidental), uma desenvolvida tradição milenar partilha certas características com o Premilenismo moderno. Essa tradição foca nas bênçãos materiais que acompanhará o reino futuro de Cristo sobre a Terra física renovada após a ressurreição no final desta era.[6]

Roger E. Olson: Agostinho [no quarto século] desenvolveu o que veio a ser conhecido como amilenialismo, enquanto a maioria dos primeiros pais da igreja eram premilenistas.[7]

Christopher Rowland: O livro de Apocalipse oferece um exemplo de teologia que está no coração da mais antiga convicção cristã ao invés de ser marginal. Crenças no milênio ainda foram amplamente realizadas a partir do segundo século em diante, como é evidente nos escritos de Justino Mártir, Irineu, Hipólito, Tertuliano e Lactâncio.[8]

Resumindo a evidência histórica de uma perspectiva premilenista futurista, Leon J. Wood explicou:

Há um consenso geral entre os estudiosos de que a visão da igreja primitiva era premilenista. Ou seja, os cristãos afirmavam que Cristo reinaria sobre um reino terrestre literal por mil anos, assistido por santos arrebatados. Nenhum dos pais da igreja dos dois primeiros séculos são conhecidos por terem discordado dessa visão. Na sequência, pode ser listado como aqueles que favoreceram este ponto de vista: desde o primeiro século, Aristio, João o Presbítero, Clemente de Roma, Barnabé, Hermas, Inácio, Policarpo e Papias. A partir do segundo século, Potino, Justino Mártir, Melito, Hegisippus, Taciano, Irineu, Tertuliano e Hipólito.[9]

Neste capítulo, os escritos de alguns desses primeiros líderes cristãos serão brevemente pesquisados, permitindo-lhes expressar seus pontos de vista premilenistas em suas próprias palavras. Em seguida, será discutido o surgimento do Amilenismo na história da igreja primitiva.

AS PRIMEIRAS VOZES PREMILENISTAS
Um dos primeiros e mais importantes premilenistas na igreja primitiva foi Papias, bispo de Hierópolis (cerca de 60–135). Embora os escritos de Papias tenham sido perdidos, alguns de seus ensinamentos sobreviveram nos escritos de Irineu (cerca de 130–202) e Eusébio (cerca de 263–339). Em uma passagem prolongada, Irineu articula a posição escatológica de Papias:

A bênção que é predita [nas profecias] pertence sem dúvida aos tempos do reino, quando os justos irão ressuscitar dos mortos e do reino, e a criação que se renova e se liberta trará o orvalho do céu, e a fertilidade do solo, e a abundância de alimentos de todos os tipos. Assim, os anciãos, que viram João, o discípulo do Senhor, lembrarão de ouvi-lo dizer como o Senhor os usou para ensinar sobre aqueles tempos, dizendo: “Os dias estão chegando quando a vinha brotará, cada uma com também os frutos restantes, sementes e vegetação irão produzir em proporções semelhantes. E todos os animais que comem esse alimento tirado da terra virão estar em paz e harmonia uns com os outros, produzindo em completa submissão aos seres humanos”. Papias, bem como um antigo homem – aquele que ouviu João e era companheiro de Policarpo – dá um relato escrito destas coisas no quarto de seus livros.[10]

Eusébio, o historiador da Igreja do século IV, da mesma forma, registrou o ponto de vista premilenista de Papias. Em sua História Eclesiástica, Eusébio escreveu:

Este Papias, sobre quem que acabamos de discutir, reconhece que recebeu as palavras dos apóstolos por meio daqueles que tinham sido seus seguidores, e indica que ele próprio havia escutado Aristion e João o Presbítero. E, assim, ele os lembra pelos nomes, e em seus livros ele apresenta as tradições que eles repassaram... Entre essas coisas, ele diz que depois da ressurreição dos mortos, haverá um período de mil anos, durante o qual o Reino de Cristo existirá de forma tangível aqui nesta mesma terra.[11]

O testemunho de Papias é significativo, não só por causa da proximidade dos apóstolos, mas também porque é provável que as informações de Papias derivam diretamente do apóstolo João, ou, pelo menos, a partir das conversas diretas com João. Além disso, sua perspectiva reflete “a tradição cristã primitiva com base na sua herança judaica, bem como a tradição do ensino de Jesus e o Apocalipse de João, como parte integrante de seu retrato das glórias do porvir”.[12]

O proeminente apologista do século II, Justino (cerca de 100–165), também sustentou uma perspectiva premilenista. Justino é considerado “o mais importante dos apologistas gregos do segundo século e uma das personalidades mais nobres da literatura cristã primitiva”.[13] Depois de se converter ao cristianismo, dedicou sua vida à defesa da fé cristã. Ele ensinou em Éfeso e em outros lugares da Ásia Menor antes de se mudar para Roma, onde estabeleceu um centro de formação cristã.

Em seu Diálogo com o judeu Trifon, Justino enfatizou que ele interpretou as promessas milenares dos profetas do Antigo Testamento de uma forma literal:

Eu e outros, que somos cristãos de direito e de espírito em todos os pontos, estamos certos de que haverá uma ressurreição dos mortos e [um tempo de] mil anos em Jerusalém, que então será construída, adornada e ampliada, exatamente como os profetas Ezequiel, Isaías e muitos outros declaram... Temos percebido, por outro lado, que a expressão “O dia do Senhor é como mil anos” está relacionada com este assunto. E mais, havia um certo homem conosco, cujo nome era João, um dos apóstolos de Cristo, que profetizou, por meio de uma revelação feita diretamente a ele, que aqueles que acreditaram em nosso Cristo habitarão mil anos em Jerusalém; e que, posteriormente, o general, e, em suma, a ressurreição eterna e o julgamento de todos os homens teriam igualmente lugar [neste cenário].[14]

Opiniões semelhantes foram sustentadas por Irineu, bispo de Lyon, que foi mencionado anteriormente em conexão com Papias. Nascido na Ásia Menor, Irineu foi exposto aos ensinamentos de Policarpo (o discípulo de João) como um jovem rapaz. Mais tarde, ele se estabeleceu na parte ocidental do Império Romano, eventualmente sucedendo Potino como bispo de Lyon. Conhecido como um verdadeiro “pacificador”,[15] Irineu ajudou a resolver várias disputas inter-cristãs durante a sua vida, incluindo uma controvérsia sobre a data da Páscoa. No entanto, ele não permitiu que seu amor pela paz substituísse o seu amor pela verdade. Por esta razão, Irineu dedicou-se à refutação das heresias gnósticas, em última análise, produzindo uma obra de cinco volumes comumente chamada Contra as Heresias.

Comemorando sobre a posição escatológica de Irineu, o posmilenista Keith Mathison observou:

A Escatologia de Justino recebeu sua exposição mais desenvolvida no segundo século nos escritos de Irineu, bispo de Lyon. De acordo com Irineu, o fim da era atual será marcado por um reinado do Anticristo, que irá profanar o templo em Jerusalém por três anos e meio. Seu reinado será abreviado pelo retorno de Cristo, que irá lançá-lo para dentro do lago de fogo. Neste ponto, Cristo vai inaugurar a era milenar. Quando o Milênio acabar, haverá uma ressurreição geral, o julgamento final e a inauguração do estado eterno (Contra as Heresias, 5.30.4).[16]

Para citar Irineu, em suas próprias palavras:

Mas quando o Anticristo devastar todas as coisas neste mundo, ele reinará por três anos e seis meses, e sentará no templo de Jerusalém; e então o Senhor virá do céu, nas nuvens, na glória do Pai, lançando este homem e os que o seguem para o lago de fogo; mas trazendo para os justos os tempos do reino, isto é, o descanso, o sagrado sétimo dia; e restaurar a Abraão a herança prometida, o reino sobre o qual o Senhor declarou: “... muitos, vindo do Leste e do Oeste, sentarão com Abraão, Isaque e Jacó”.[17]

Em outro lugar, depois de citar uma série de profecias milenares do Antigo Testamento, Irineu concluiu:

Por todas estas e outras palavras foram, sem dúvida, falado em referência à ressurreição dos justos, que acontece após a vinda do Anticristo, e a destruição de todas as nações sob o seu governo; em que os justos reinarão na terra, já mais fortes aos olhos do Senhor.[18]

Como Justino, Irineu defendeu sua Escatologia Premilenista de ambos os ensinamentos dos apóstolos e das profecias do Antigo Testamento. Para aqueles que alegorizam profecias do Antigo Testamento, Irineu simplesmente comentou: “Se, no entanto, alguém se esforçar para alegorizar profecias desse tipo, eles não se acharão coerentes consigo mesmos em todos os pontos, e devem ser refutados pelo ensinamento de cada expressão em questão”.[19]

Outro premilenista dentre os pais da igreja é o famoso “Pai da Teologia Latina”, Tertuliano (cerca de 160–220). Pouco se sabe ao certo sobre a vida pré-cristã de Tertuliano, exceto que ele era filho de pais pagãos e recebeu uma excelente educação. Ele pode ter sido um advogado em Roma antes de se dedicar à Teologia, o que explicaria a terminologia jurídica Latina que muitas vezes ele cristianizou, formando assim a base para a Teologia Latina.

Uma das declarações mais claras de Tertuliano sobre Escatologia Premilenista é encontrada em seu tratado denunciando o herege Marcion. Lá, ele escreveu:

Nós confessamos que um reino terreno está prometido para nós, embora antes do céu, apenas em outro estado de existência; na medida em que será depois da ressurreição por mil anos na cidade divinamente construída de Jerusalém, “que desce do céu”, que o apóstolo chama também de “a nossa mãe de cima”, e, ao declarar que a nossa [politeuma], ou cidadania, está nos céus, assim, ele afirma claramente que ela é realmente uma cidade que está no céu. Nisso, tanto Ezequiel teve conhecimento como o apóstolo João contemplou.[20]

Em outros lugares, ele reiterou sua interpretação literal de Apocalipse 20. No Apocalipse de João, novamente, a ordem desse tempo é espalhada para fora para ver... que, após a prisão do diabo no abismo por um tempo, a prerrogativa abençoada da primeira ressurreição pode ser ordenada a partir dos tronos; e, então, novamente, após o lançamento do diabo no fogo, que o julgamento final e a ressurreição universal pode ser determinada a partir dos livros.[21]

Ao testemunho de Tertuliano poderíamos acrescentar, entre outros, as palavras de Lactâncio (cerca de 240–320). Em seu Institutos Divinos, que foi uma das primeiras tentativas de uma teologia sistemática na história da igreja, Lactâncio escreveu:

Mas Ele [Cristo], quando Ele destruir a injustiça e executar Seu grande julgamento, e ter recordado a vida dos justos, que viveram desde o início, serão comprometidos entre os homens por mil anos, e os regerá com apenas um comando... Sobre o mesmo tempo, também o príncipe dos demônios, que é o inventor de todos os males, deve ser amarrado com correntes, e poderá ser preso durante os mil anos do governo celestial em que a justiça reinará no mundo, de modo que ele não poderá inventar nenhum mal contra o povo de Deus. Depois de Sua vinda, os justos serão recolhidos de toda a terra, e o julgamento será concluído, a cidade sagrada será plantada no meio da terra, onde o próprio Deus, o Construtor, possa habitar junto com o justo, e governar.[22]

Em outros lugares, Lactâncio foi igualmente explícito:

Portanto, a paz sendo feita e todo o mal reprimido, o justo Rei e Conquistador irá instituir um grande julgamento sobre a terra com respeito aos vivos e aos mortos, e vai entregar todas as nações em sujeição aos justos que estiverem vivos, e vai elevar os justos mortos para a vida eterna, e Ele mesmo vai reinar com eles na terra, e vai construir a cidade santa, e este reino dos justos será por mil anos.[23]

Lactâncio ensinou que, após o término dos mil anos, o diabo será libertado e mais uma vez organizará a rebelião dos incrédulos. Uma vez que a revolta é esmagada e os inimigos de Deus destruídos, o estado eterno será introduzido e os crentes “devem ser sempre engajados diante do Todo-Poderoso... e servi-lo para sempre”.[24]

Embora este seja apenas um breve levantamento de alguns dos pais da igreja premilenistas, isto é suficiente para estabelecer o argumento, ou seja, que a Escatologia Premilenista prosperou [unanimemente] nas primeiras gerações da Igreja Primitiva. Com base em seu entendimento de ambos, a profecia do Antigo Testamento e o ensino apostólico, esses pais da igreja estavam convencidos de que Cristo voltaria à Terra vitoriosamente e estabeleceria o Seu reino em Jerusalém, durante mil anos.

– Nathan Busenitz / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 9, Pág. 171-177
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O MOMENTO DO APRISIONAMENTO DE SATANÁS | Matthew Waymeyer


Em Apocalipse 20.1-3, a visão de João focaliza sobre o status de Satanás durante o reinado milenar de Cristo. O apóstolo escreve:

“E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo.” (Apocalipse 20:1-3)

Uma questão primordial envolve o momento do aprisionamento de Satanás. De forma simples, seria agora ou no futuro? Em outras palavras, será que Satanás está atualmente preso no abismo durante a era atual, ou será que seu aprisionamento de mil anos se dará após a segunda vinda de Cristo? Amilenismo e Posmilenismo vêem a prisão de Satanás como uma realidade presente – o milênio é agora, segundo eles – enquanto o Premilenismo Futurista a vê como futuro.

O confinamento de Satanás não pode ser considerado uma realidade presente, pois os eventos de Apocalipse 20.1-3 são incompatíveis com a descrição do Novo Testamento de sua constante influência durante a era atual. De acordo com a visão de João, Satanás será cortado inteiramente de toda a atividade terrena durante os mil anos. A imagem dele sendo lançado no abismo e tendo-o fechado e selado sobre ele fornece uma ilustração vívida de uma remoção total de sua influência sobre a Terra. De fato, se uma visão tem a intenção de ensinar que Satanás ficará completamente inativo durante os mil anos descritos [com riqueza de detalhes] em Apocalipse 20, fica difícil [e ilógico] imaginar como isso poderia ser retratado de forma mais clara.

A localização específica da prisão de Satanás torna isso especialmente claro. A palavra Abismo se refere a uma prisão para os espíritos malignos. Quando os espíritos malignos são confinados no abismo, a Bíblia indica que eles são impedidos de vagar livremente pela terra. Isto é evidente em Lucas 8, onde Jesus deparou-se com um homem possuído por [vários] demônios. Quando Jesus passou por este homem, os demônios que o habitavam suplicaram que não fossem mandados para o abismo, mas que os permitisse entrar em uma manada de porcos próxima ao local (8.31-32). A razão para o pedido dos demônios não era porque eles estavam meramente determinados a matar os porcos, mas porque a prisão no abismo os teria cortado de ter qualquer influência neste mundo – pelo menos enquanto eles estivessem no abismo – enquanto que uma saída e refúgio na manada de porcos lhes permitiriam continuar a vaguear livremente pelo mundo e a causar estragos na terra.

NOTA: “E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” (Mateus 8:29). “Antes do tempo” foi a expressão usada pelos demônios para se referirem à segunda vinda propriamente dita de Jesus Cristo para o Seu Reinado, quando os espíritos malignos estarão presos no abismo e impedidos de atuarem no mundo. (JP Padilha)

O mesmo pode ser visto no livro de Apocalipse. Em Apocalipse 9.1-3, uma multidão de demônios deve, primeiramente, ser liberada do abismo antes de causar danos na Terra. Antes dessa liberação, no entanto, os demônios não têm nenhuma influência terrena, qualquer que seja. Da mesma forma, em Apocalipse 20, Satanás deverá primeiro ser “solto da sua prisão” (20.7) para que possa “sair a seduzir as nações” (20.8). Mas enquanto ele estiver confinado no abismo, o diabo não é capaz de sair de sua prisão e, portanto, sua atividade na terra é completamente nula.

Em contraste com isto, o Novo Testamento deixa bem claro que Satanás – que é descrito como “o deus deste século” (2Co 4.4) e “o príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11; cf. 1Jo 4.4) – é extremamente ativo na terra durante a era atual. Ele não somente “anda em derredor, como leão que ruge, buscando a quem possa devorar” (1Pe 5.8), mas também está envolvido em uma série de outras atividades: ele conta mentiras (Jo 8.44); ele tenta crentes a pecar (1Co 7.5; Ef 4.27); ele se disfarça como um anjo de luz (2Co 11.13-15); ele procura enganar os filhos de Deus ( 2Co 11.3); ele arrebata o evangelho dos corações incrédulos (Mt 13.19; Mc 4.15; Lc 8.12; cf 1Ts 3.5); ele leva “vantagens” sobre crentes (2Co 2.11); ele influencia as pessoas a mentir (At 5.3); ele mantém os incrédulos sob seu poder (At 26.18; Ef 2.2; 1Jo 5.19); ele “esbofeteia” os servos de Deus (2Co 12.7); ele impede o progresso do ministério (1Ts 2.18); ele procura destruir a fé dos crentes (Lc 22.31); ele promove guerra contra a igreja (Ef 6.11-17); ele ilude e engana as pessoas, mantendo-as cativas para fazerem sua vontade (2Tm 2.26). É impossível conciliar esta vasta descrição bíblica das atividades atuais de Satanás com a visão de que ele esteja atualmente selado no abismo.

Amilenistas e Posmilenistas têm respondido a esta incongruência insistindo que a prisão de Satanás só o impede de enganar as nações, porém, deixando-o livre para se envolver nestas outras atividades. Afinal – dizem eles – esse é o único propósito declarado do aprisionamento de Satanás em Apocalipse 20.3: “... para que não mais enganasse as nações”. Desta forma, Amilenistas e Posmilenistas dizem que a atividade de Satanás na era atual é limitada, mas não eliminada.

O problema deste argumento é que ele focaliza no propósito declarado no versículo 3 enquanto ignora a localização real do aprisionamento de Satanás. Se o diretor de uma prisão coloca um prisioneiro em confinamento solitário com o propósito declarado de impedi-lo de matar outros presos, isso não significa que ele está livre para roubá-los e fazer outras atividades. Afinal de contas, a localização do confinamento solitário o remove completamente do resto da prisão e o separa inteiramente dos outros prisioneiros. Da mesma forma, o grau de restrição de Satanás em Apocalipse 20 é determinado não somente pelo propósito declarado, mas também pela localização de sua prisão – o abismo – que o remove da terra e o corta de qualquer influência lá.[4]

Adicionalmente, o Novo Testamento ensina que Satanás está envolvido em enganar as nações durante a era atual. De acordo com 2Coríntios 4.4, Satanás “cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo”. Em outras palavras, Satanás está atualmente enganando os incrédulos que compõem as nações deste mundo, cegando-os e impedindo-os de abraçar o evangelho. Além disso, o livro do Apocalipse ensina que Satanás e seus demônios continuarão a enganar as nações até o momento em que Jesus retorna para estabelecer Seu reino, e, só então, Satanás será lançado no abismo (Ap 12.9; 13.14; 18.23; 19.20). Se Satanás está impedido de enganar as nações durante o reinado milenar de Cristo e ainda assim está enganando as nações na era atual, os mil anos de Apocalipse 20 não podem estar ocorrendo agora. O aprisionamento de Satanás tem de ser futuro.[5]

– Matthew Waymeyer / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 6, Pág. 121-123.
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JERUSALÉM, A PROFECIA E A PREPARAÇÃO PARA A VOLTA DE CRISTO | Daniel Ferro


Miquéias 4:6-10:
“Naquele dia, diz o Senhor, congregarei a que coxeava, e recolherei a que tinha sido expulsa, e a que eu tinha maltratado”.

----> Miquéias, o profeta, está trazendo aqui a palavra do Senhor de Sua promessa em congregar todos os que haviam sido dispersos e mal tratados. Essa profecia começou a se cumprir em 1947, quando Israel foi reconhecida como nação pertencente aos judeus, e hoje novamente vemos Deus nos lembrando da promessa que Ele fez ao Seu povo eleito.

“E da que coxeava farei um remanescente, e da que tinha sido arrojada para longe, uma nação poderosa; e o Senhor reinará sobre eles no monte Sião, desde agora e para sempre”.

---> O contexto histórico do surgimento do amilenismo e pós milenismo é justamente no seio das tradições romanistas, onde eles tentaram dar resposta a questões que eles só podiam descansar seguramente na fé, no entanto, não o fizeram. Os romanistas liam as promessas de Deus para Israel, mas desde a ascensão da igreja católica até o século passado, não havia Israel. Portanto, por muito tempo a igreja interpretou as promessas de Deus como para a igreja. Como se a igreja fosse a "nova Israel". No entanto, tanto as Escrituras como a doutrina reformada se fundamenta na inalterável, infalível e eterna Palavra de Deus. Portanto, quando Deus destruiu o templo, dispersou os judeus, e abriu os portões para que os inimigos dos judeus entrassem, a igreja deveria ter descansado na esperança de que Deus restauraria Israel, assim como Ele começou a fazer e confirmou sua promessa a nós esta semana.

“E a ti, ó torre do rebanho, fortaleza da filha de Sião, a ti virá; sim, a ti virá o primeiro domínio, o reino da filha de Jerusalém”.

---> A torre do rebanho e fortaleza de Sião se refere a Jerusalém. O mais impressionante é o que é dito a seguir. "A ti virá o primeiro domínio", o primeiro domínio se refere à nação mais poderosa, sua origem da palavra sugere uma tradução próxima de "a nação que rege as outras nações". Sabemos que os EUA é a nação mais poderosa que existe, e qualquer coisa que seu líder faz afeta direta ou indiretamente o mundo. Sim, os EUA é o PRIMEIRO país a reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Isso já havia sido predito.

“E agora, por que fazes tão grande pranto? Não há em ti rei? Pereceu o teu conselheiro? Apoderou-se de ti a dor, como da que está de parto? Sofre dores, e trabalha, para dar à luz, ó filha de Sião, como a que está de parto, porque agora sairás da cidade, e morarás no campo, e virás até babilônia; ali, porém, serás livrada; ali te remirá o SENHOR da mão de teus inimigos”.

---> Os atuais acontecimentos em Israel sugerem que estamos cada vez mais próximos do arrebatamento. As palavras-chave para isto são "dores de parto", mesmo termo a que Paulo se refere em 1Tessalonicenses 5:2. No entanto, a carta foi escrita para a igreja de Tessalônica, uma cidade da Grécia, certo? Então como pode se referir a Israel também? A resposta é simples, o versículo seguinte mostra que Israel será levada para a Babilônia, região ao norte da palestina que se estende desde um pouco ao oeste da Índia, até o leste da Grécia inclui também, onde fora Tessalônica. Assim, dar-se-á entender que o domínio de Israel crescerá tanto, que chegará a dominar, pelo livramento do Senhor, até mesmo o território onde fora seu cativeiro. Evidência disto se mostra na expansão territorial de Israel, como se confere neste link: http://profwladimir.blogspot.com.br/…/mapas-de-israel-e-pal… .

Os eventos narrados neste versículo estão em plena e perfeita consonância com os detalhes de Zacarias 14. Querer alegorizar esta passagem é o mesmo que alegorizar Zacarias 14. Se eu posso alegorizar ambas, por que não poderia alegorizar os 4 evangelhos?

– Daniel Ferro, 07/12/2017.
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FONTE: Dispensacionalismo Hoje (link):
https://www.facebook.com/DispensacionalismoHoje/

UMA DECLARAÇÃO DE SPROUL ANTES DE PARTIR | John MacArthur


"Lembro-me de estar sentado em minha casa em Boston, em 1967, e vendo, pela televisão, soldados judeus entrando em Jerusalém, largando suas armas e correndo para o Muro das Lamentações e chorando profundamente. Imediatamente telefonei para um de meus caros amigos, professor de Teologia do Antigo Testamento, que não crê que o Israel moderno tenha qualquer significância. Eu o perguntei: “O que você acha agora? Desde o ano de 70 d.C até 1967, quase 900 até aqui, Jerusalém tem estado sob o domínio e controle dos gentios, e agora os judeus reconquistaram a cidade de Jerusalém. Jesus disse que Jerusalém seria pisada sob os pés dos gentios até que a medida destes fosse completada. Qual é o significado disto?”. Ao que ele respondeu: “Bem, preciso repensar esta situação”. Isto foi realmente estarrecedor".

– R. C. Sproul 
– The Gospel of God: Romans (Ross-shire, Scorland: Christian Focus, 1999), 191-92.
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Mas, o que parece estarrecedor e confuso para amilenistas e posmilenistas está perfeitamente de acordo com o entendimento Premilenista do futuro. A sobrevivência dos judeus é exatamente o que deveríamos esperar ao aplicarmos consistentemente a hermenêutica literal à profecia bíblica e se entendermos a eleição soberana de Deus sobre a nação de Israel como incondicional e distinta da Igreja.

Nos últimos anos, o Espírito de Deus tem agido na Igreja americana para reavivar a paixão entre o Seu povo pelas Doutrinas da Graça. Agora que o glorioso e elevado nível da eleição soberana na salvação tem sido redescoberto, é exatamente a hora de restabelecer o nível igualmente elevado da graça soberana para uma futura geração de israelitas étnicos na salvação e no restabelecimento do reino messiânico terreno, juntamente com o cumprimento total de todas as promessas feitas à Israel.

... O Premilenismo Futurista é a única conclusão a que se pode chegar partindo de uma hermenêutica histórico-gramatical literal aplicada consistentemente. Ademais, os calvinistas devem ser os primeiros a afirmarem que a eleição soberana de Deus não pode ser anulada, pois seus propósitos jamais serão frustrados. Assim, as promessas feitas ao Israel eleito serão cumpridas a Israel da mesma forma que as promessas feitas à Igreja eleita serão cumpridas a nós.

– John MacArthur / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista - John MacArthur & Richard Mayhue - Cap. 7, Pág. 149.
- Título por JP Padilha

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POR QUE UM ARREBATAMENTO PRETRIBULACIONAL? | Richard Mayhue


Cada ponto de vista do arrebatamento tem seus defensores ultra-zelosos que têm empregado raciocínios e metodologias inaceitáveis para provar sua posição. O Pré-tribulacionismo não é uma exceção. Algumas das falhas menos do que satisfatórias que têm sido observadas em todos os lados do debate do arrebatamento incluem:

Colocar argumentos históricos não-bíblicos no mesmo patamar das Escrituras, a fim de obter um senso maior de autoridade para uma conclusão pessoal ou mesmo a fim de refutar uma apresentação bíblica;
Enxergar os eventos atuais na Escritura a fim de provar seu ponto de vista;
Inserir a posição predeterminada sem antes prová-la na Escritura com o objetivo de obter um aparente apoio bíblico;
Atacar o caráter de alguém que sustenta uma visão particular, com a intenção de desacreditar a posição;
Acusar um defensor de uma posição oposta de sustentar certas crenças e interpretações inaceitáveis (quando, na verdade, eles não defendem essas posições) a fim de falsamente demonstrar sua suposta pobre erudição;
Empregar informação seletiva para formar seu ponto de vista, quando a plena exposição iria de fato enfraquecer a conclusão;
Traçar implicações errôneas e injustificáveis do grego do Novo Testamento, que são usados para demolir as conclusões mais óbvias e determinativas que são derivadas do contexto da passagem.

Esta apresentação busca evitar tais erros muito comuns. As seguintes perguntas serão levantadas e respondidas nesta tentativa de apresentar uma resposta convincente à querela em tela: “Por que um arrebatamento Pré-tribulacional?”

O que significa arrebatamento?
Haverá um arrebatamento escatológico?
O arrebatamento será parcial ou pleno?
O arrebatamento será pré, mid ou pós em relação à septuagésima semana de Daniel?

O escopo deste capítulo não permite discutir as principais deficiências de outras posições. Todavia, essa parte do livro descreve a superioridade exegética do Pré-tribulacionismo como ensinado nos principais textos escatológicos, tais como Mateus 24-25, 1Coríntios 15, 1Tessalonicenses 4 e Apocalipse 3.6-18. Não existe um único motivo isolado que torna o Pré-tribulacionismo convincente, mas sim a força combinada de todas as linhas de raciocínio a ser apresentado.

O QUE SIGNIFICA “ARREBATAMENTO”?
O substantivo e verbo português “arrebatar” deriva da palavra do latim “raptura”, que, nas Bíblias em latim, traduz o grego harpazo, que é usado quatorze vezes no Novo Testamento. A idéia básica da palavra é “remover repentinamente”. O Novo Testamento a usa com freqüência para definir os termos “roubar” ou “saquear” (Mt 11.12; 12;29; 13.19; Jo 10.12,28,29) e “remover” (Jo 6.15; At 8.39; 23.10; Jd 1.23).

O terceiro uso enfatiza o “ser arrebatado ao céu”. É usado no relato da experiência de Paulo ao terceiro céu (2Co 12.2,4) e na Ascensão de Cristo ao céu (Ap 12.2,4). Obviamente, harpazo é a palavra perfeita para descrever Deus repentinamente tirando a igreja da terra para o céu como na primeira parte da segunda vinda de Cristo. Não obstante, o texto em si não contém nenhuma sugestão da cronometragem do arrebatamento com relação à septuagésima semana de Daniel.

HAVERÁ UM ARREBATAMENTO FUTURO?
1Tessalonicenses 4.16-17 refere-se, inquestionavelmente, a um arrebatamento que é escatológico em sua natureza. Aqui, harpazo é traduzido como “arrebatado”.

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1Tessalonicenses 4:16,17).

Sem empregar harpazo, mas usando uma linguagem contextual semelhante, 1Coríntios 15.51-52 refere-se ao mesmo evento escatológico de 1Tessalonicenses 4.16-17.

“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados” (1Coríntios 15:51,52).

Assim, pode ser seguramente concluído que a Escritura aponta para o fato de um arrebatamento escatológico, embora nenhum destes textos fundamentais contenham quaisquer indicadores de tempo explícitos.

O ARREBATAMENTO SERÁ TOTAL OU PARCIAL?
Alguns têm sugerido que o arrebatamento falado em 1Tessalonicenses 4.16-17 e 1Coríntios 15.51-52 será apenas um arrebatamento parcial e não um arrebatamento de todos os que crêem. Eles raciocinam que a participação no arrebatamento não é baseada na verdadeira salvação de uma pessoa, mas sim condicional, com base na conduta merecedora da pessoa.

Esta teoria baseia-se em passagens do “Novo Testamento” que enfatizam um obediente ‘vigiar e esperar’, tendo como exemplos os textos de Mateus 25.1-13, 1Tessalonicenses 5.4-8 e Hebreus 9.28. O resultado, no entanto, seria que apenas uma parte da igreja seria arrebatada e os que não forem arrebatados iriam suportar uma parte ou toda da septuagésima semana de Daniel. Contudo, estes textos bíblicos que supostamente ensinam um arrebatamento parcial são melhor entendidos no sentido de diferenciar os verdadeiros crentes que são arrebatados dos que meramente professam uma falsa fé e ficam para trás. Textos que se referem ao aspecto final da “segunda vinda” de Cristo são muitas vezes confundidos com o arrebatamento da igreja e erroneamente utilizados para apoiar a teoria do arrebatamento parcial.

A teoria do arrebatamento parcial não consegue ser convincente porque as alegadas passagens de apoio não suportam a sua conclusão. Várias outras considerações também enfraquecem essa posição. Primeiro, 1Coríntios 15.51 diz que “todos serão transformados”, não apenas alguns. Em segundo lugar, um arrebatamento parcial logicamente exigiria uma ressurreição parcial paralela, o que não é ensinado em nenhum lugar das Escrituras. Em terceiro lugar, um arrebatamento parcial minimizaria e, possivelmente, eliminaria a necessidade do Tribunal de Cristo, visto que o grupo dos verdadeiros crentes, levados no arrebatamento, receberia uma recompensa maior do que o grupo de verdade (mas carecendo de ainda mais refino espiritual) deixados na terra. Em quarto lugar, tal teoria cria uma espécie de purgatório na terra para aqueles “crentes” deixados para trás. Em quinto lugar, um arrebatamento parcial não é ensinado em nenhum lugar claro ou explícito das Escrituras. Portanto, concluímos que o arrebatamento será TOTAL e COMPLETO, e não apenas parcial.

O ARREBATAMENTO SERÁ PRÉ, MID OU PÓS COM RELAÇÃO À SEPTUAGÉSIMA SEMANA DE DANIEL?
As sete evidências seguintes apontarão para um arrebatamento Pré-tribulacionista. Na opinião deste escritor, elas criam uma tese muito mais atraente do que as fundamentações fornecidas para qualquer outro tempo possível para o arrebatamento.

1. A Igreja não é mencionada como estando na terra em Apocalipse 6-19.

O termo comum do Novo Testamento para “igreja” (ekklesia) é usado dezenove vezes em Apocalipse 1-3 e trata primariamente com a igreja histórica do primeiro século até o fim da vida do apóstolo João (aproximadamente 95 d.C.). Todavia, depois de 1-3, “igreja” (ekklesia) só aparece novamente no capítulo 22 do livro, e isto bem no final (22.16), quando João novamente se dirige à igreja do primeiro século. Por incrível que pareça, em nenhum lugar durante o período da septuagésima semana de Daniel o termo “igreja” é usado acerca dos crentes na terra (cf. Ap 6-19).

É impressionante e totalmente inesperado que João mudasse de instruções detalhadas para a igreja e ficasse em silêncio absoluto sobre ela durante quatorze capítulos descrevendo a septuagésima semana de Daniel (Ap 6-19) se, de fato, a igreja estivesse inserida na tribulação. Se a igreja irá experimentar a tribulação da septuagésima semana de Daniel, então, certamente, um estudo mais detalhado dos eventos da tribulação incluiria um relato do papel da igreja nessas circunstâncias. Mas não inclui! A única cronologia do arrebatamento que justifica essa freqüente menção da “igreja” em Apocalipse 1-3 e a total ausência da “igreja” até Apocalipse 22.16 é um arrebatamento Pré-tribulacional, que deslocaria a igreja da terra para o céu antes da septuagésima semana de Daniel.

Atualmente, a igreja universal é o canal humano de Deus da verdade redentiva. O Apocalipse fornece seguras indicações de que o remanescente judaico será o instrumento de Deus durante a septuagésima semana de Daniel. O leitor imparcial certamente ficará impressionado pela abruta mudança de “igreja”, em Apocalipse 1-3, para os 144.000 judeus das doze tribos em Apocalipse 7 e 14. O leitor imparcial no mínimo perguntaria: “Por que?”

Além disso, o fato de Apocalipse 12 ser uma mini-sinopse do período inteiro da tribulação, juntamente com o fato da mulher que deu a luz a um menino (Ap 12.13) ser Israel, logicamente e topicamente o período da tribulação foca na nação de Israel e não na igreja. Desta forma, parece ser altamente inconsistente afirmar que a igreja está ausente nas primeiras sessenta e nove semanas de Daniel e, ao mesmo tempo, presente na septuagésima. A melhor (óbvia) explicação para a ausência da igreja na septuagésima semana de Daniel é que um arrebatamento Pré-tribulacional removeu a igreja da terra antes da tribulação.

2. O Arrebatamento se torna inconseqüente se for Pós-tribulacional.

Se Deus miraculosamente preserva a igreja “durante” a tribulação (como é postulado pelo Pós-tribulacionismo), por que existir um arrebatamento? Se é para evitar a ira de Deus no Armagedon, então por que Deus não continuaria a proteger os santos na terra exatamente como Ele protegeu Israel (cf. Êx 8.22; 9.4,26; 10.23; 11.7) de Sua ira derramada sobre Faraó e o Egito? Além do mais, se o propósito do arrebatamento é que os santos vivos evitem o Armagedon (novamente, como é sugerido pelo Pós-tribulacionismo), por que ressuscitar os santos que ao mesmo tempo já estão imunes?

Além disso, se o arrebatamento ocorreu em conexão com a vinda Pós-tribulacional de nosso Senhor, a subseqüente separação das ovelhas dos bodes (cf. Mt 25.31) seria [estupidamente] redundante. Separação teria ocorrido no próprio ato do translado (arrebatamento) da igreja.

E mais, se todos os crentes da tribulação são arrebatados e glorificados antes da inauguração do reino milenar, quem, então, preencherá e propagará o reino? As Escrituras indicam que os incrédulos vivos serão julgados no final da tribulação e removidos da terra (ver Mt 13.41-42; 25.41). No entanto, elas também ensinam que crianças vão nascer dos crentes durante o milênio e que essas crianças serão capazes de pecar (veja Is 65.20; Ap 20.7-10). Isto não seria possível se todos os crentes na terra tivessem sido glorificados por meio de um arrebatamento Pós-tribulacional.

Finalmente, o paradigma Pós-tribulacionista da Igreja sendo arrebatada e logo em seguida trazida de volta à terra não permite tempo para o “Bema” (Tribunal) de Cristo acontecer (1Co 3.10-15; 2Co 5.10), nem a Ceia das Bodas (Ap 19.6-10). Assim, pode ser concluído que uma ocorrência Pós-tribulacional do arrebatamento não tem sentido lógico, é incongruente com o julgamento de ovelhas e bodes e, de fato, elimina dois eventos críticos do fim dos tempos. No entanto, um arrebatamento Pré-tribulacional evita todas essas intransponíveis dificuldades.

3. As epístolas não contêm nenhum alerta preparatório de uma iminente tribulação para os crentes da era da igreja.

As instruções de Deus para a igreja através das epístolas contêm uma variedade de alertas, mas nunca os crentes são avisados para se prepararem para entrar e suportar a tribulação da septuagésima semana de Daniel.

Elas avisam vigorosamente sobre o erro vindouro e os falsos profetas (veja At 20.29-30; 2Pe 2.1; 1Jo 4.1-3; Jd 1.4). Elas avisam contra um viver ímpio (veja Ef 4.25; 5-7; 1Ts 4.3-8; Hb 12.1). Elas até mesmo admoestam os crentes a perseverarem no meio da presente tribulação (veja 1Ts 2.13-14; 2Ts 1.4; 1Pe). No entanto, há um absoluto silêncio acerca de preparar a igreja para qualquer espécie de tribulação como a encontrada em Apocalipse 6-18.

Seria inconsistente as Escrituras permanecerem em silêncio sobre tal mudança traumática para a igreja. Se qualquer outro tempo do arrebatamento além do Pré-tribulacionismo fosse verdade, alguém poderia esperar que as epístolas ensinassem a presença da igreja na tribulação e a conduta da igreja na tribulação. No entanto, não há ensino nenhum como este. Somente um arrebatamento Pré-tribulacional explica satisfatoriamente tal silêncio óbvio.

4. 1Tessalonicenses 4.13-18 demanda um arrebatamento Pré-tribulacional.

Com vistas a uma discussão, vamos supor, hipoteticamente, que alguma outro cronologia diferente da Pré-tribulacional fosse verdade. O que então esperaríamos encontrar em 1Tessalonicenses 4? Como isto se compara ao que nós observamos?

Primeiro, esperaríamos os tessalonicenses alegres pelo fato de que seus entes queridos estão em casa com o Senhor e não teriam de suportar os horrores da tribulação. Mas, nós descobrimos que os tessalonicenses estão de fato sofrendo pelo temor de que eles perderão o arrebatamento (1Ts 4.12-15). Somente um arrebatamento Pré-tribulacional possui respostas para esse sofrimento deles.

Em segundo lugar, esperaríamos que os tessalonicenses estivessem sofrendo por sua própria tribulação iminente em vez de sofrer por seus entes queridos que haviam morrido. Além disso, seria de se esperar que eles estivessem curiosos sobre a sua própria futura perseguição. Porém, os tessalonicenses não tinham medo nem dúvidas sobre a vindoura tribulação.

Em terceiro lugar, seria de se esperar que Paulo, mesmo na ausência de interesse ou de perguntas por parte dos tessalonicenses, teria fornecido instruções e exortações para tal teste supremo, o que tornaria a presente tribulação deles parecer microscópica em comparação à “ira vindoura”. Mas, não há sequer uma indicação de qualquer tribulação iminente deste tipo envolvendo a igreja.

Portanto, 1Tessalonicenses 4 só se encaixa no modelo de um arrebatamento Pré-tribulacional. O texto sagrado é incompatível com qualquer outra cronologia para o arrebatamento.

5. João 14.1-3 paralelo à 1Tessalonicenses 4.13-18.

João 14.1-3 refere-se à vinda de Cristo mais uma vez. Não é uma promessa a todos os crentes que irão para Ele na morte, mas refere-se ao arrebatamento da igreja. Observe o paralelismo aproximado entre as promessas de João 14.1-3 e 1Tessalonicenses 4.13-18. Primeiro, a promessa de uma presença com Cristo: “... para que onde Eu estou, estejais vós também” (Jo 14.3). “... estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4.17). Segundo, a promessa de consolo: “Não se turbe o vosso coração;...” (Jo 14.1). “Consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4.18).

Jesus instruiu seus discípulos que Ele estava indo para a casa de Seu Pai (céu) preparar um lugar para eles. Ele lhes prometeu que voltaria e os receberia, para que eles estivessem onde quer que Ele estivesse.

A frase “onde Eu estou”, ao mesmo tempo que implica presença contínua em geral, aqui significa presença no céu em particular. Nosso Senhor disse aos fariseus em João 7.34: “Onde Eu estou, vós não podeis ir”. Ele não estava falando sobre sua atual habitação na terra, mas sim de sua presença ressurreta à destra do Pai. Em João 14.3, “onde Eu estou” tem que significar “no céu” conforme o contexto de João 14.1-3.

Um arrebatamento Pós-tribulacional exige que os santos encontrem Cristo nos ares e imediatamente desça de volta à terra, sem experimentar o que nosso Senhor prometeu em João 14. Uma vez que João 14 refere-se ao arrebatamento, somente um arrebatamento Pré-tribulacional satisfaz a linguagem de João 14.1-3 e permite que os santos arrebatados permaneçam por um tempo significativo com Cristo na casa de Seu Pai.

6. A natureza dos eventos na vinda Pós-tribulacional de Cristo difere radicalmente daquela do arrebatamento.

Se compararmos o que acontece no arrebatamento em 1Tessalonicenses 4.13-18 e 1Coríntios 15.50-58 com o que ocorre nos eventos finais da segunda vinda de Cristo [para reinar] em Mateus 24-25, no mínimo oito contrastes ou diferenças significantes podem ser observados. Essas diferenças exigem que o arrebatamento ocorra em um tempo significativamente diferente do evento final da segunda vinda propriamente dita de Cristo. Veja as claras distinções entre arrebatamento e segunda vinda:

No arrebatamento, Cristo vem nos ares e retorna ao céu (1 Ts. 4:17), porém no evento final da segunda vinda, Cristo vem à terra para habitar e reinar (Mt. 25:31-32).
No arrebatamento, Cristo reúne os seus (1 Ts 4:17), porém na segunda vinda, os anjos reúnem os eleitos (Mt. 24:31).
No arrebatamento, Cristo vem para recompensar (1 Ts. 4:17), porém na segunda vinda, Cristo vem para julgar (Mt. 25:31-46).
No arrebatamento, a ressurreição é proeminente na vinda de Jesus (1 Ts. 4:15-16), porém na segunda vinda, nenhuma ressurreição é mencionada com a descida de Cristo.
No arrebatamento, os crentes são removidos da terra (1 Ts. 4:15-17), porém na segunda vinda, os descrentes são removidos da terra [para o inferno, até que venha o Juízo Final e sejam lançados no lago de fogo] (Mt. 24:37-41).
No arrebatamento, os descrentes permanecem na terra (implícito), porém na segunda vinda, os crentes permanecem na terra (Mt. 25:34).
No arrebatamento, não existe menção do reino de Cristo na terra, porém na segunda vinda, o reino de Cristo na terra é estabelecido (Mt. 25:34).
No arrebatamento, os crentes receberão corpos glorificados (cf. 1 Co. 15:51-57), porém na segunda vinda, ninguém que está vivo recebe corpo glorificado.

Adicionalmente, várias parábolas de Cristo em Mateus 13 confirmam as diferenças entre o arrebatamento e o evento final da segunda vinda:

Na parábola do trigo e do joio, o joio (descrentes) são tirados dentre o trigo (crentes) no ápice da segunda vinda (Mt 13.30,40), enquanto os crentes são removidos do meio dos descrentes no arrebatamento (1Ts 4.15-17).
Na parábola da rede, os peixes ruins (descrentes) são removidos do meio dos peixes bons (crentes) no ápice da segunda vinda (Mt 13.48-50), enquanto que os crentes são removidos do meio dos descrentes no arrebatamento (1Ts 4.15-17).

Finalmente, não há menção do arrebatamento em ambos os textos mais detalhados da segunda vinda – Mateus 24 e Apocalipse 19. Isso deve ser esperado à luz das observações acima que, compulsoriamente, apontam para um arrebatamento Pré-tribulacional.

7. Apocalipse 3.10 promete que a igreja será removida antes da septuagésima semana de Daniel.

A igreja de Filadélfia (Ap 3.7-13), em nossa visão, refere-se tanto à igreja do primeiro século, em termos locais, quanto à futura igreja que experimentará o arrebatamento. Este é o exemplo de cumprimento profético paralelo e faz muito sentido com o alerta sobre a tribulação que virá sobre o mundo todo (Ap 3.10), que não ocorreu no primeiro século. A questão aqui é se a frase “guardar da hora da (tereo ek) tribulação” significa um “contínuo estado de segurança fora da” ou “segurança de emergência dentro de”.

A preposição grega ek (“da”) contém a idéia básica de emergência. Mas isso não é válido para todos os casos. Duas exceções notáveis são encontradas em 2Co 1.10 e 1Ts 1.10. Na passagem de Coríntios, Paulo ensina seu resgate dos mortos por Deus. Agora, Paulo não emerge de um estado de morte, mas é resgatado de um perigo em potencial.

Mais convincente ainda é 1Tessalonicenses 1.10. Aqui Paulo declara que Jesus está resgatando os crentes da ira vindoura. A idéia não é “imersão da”, mas, antes, proteção da entrada “na”.

Por isso, ek pode ser entendido como significando um estado contínuo “fora de” ou “imersão de dentro”. Então, nenhuma posição do arrebatamento pode ser dogmática nesse ponto; todas as posições, neste aspecto, permanecem possíveis.

Tem sido questionado que se João tivesse tido a intenção de usar “guardar da”, ele teria usado tereo apo (cf. Tg1.27: “manter a si mesmo incontaminado do mundo”). Porém, é igualmente verdade que se João tivesse tido a intenção de “proteção dentro”, ele teria usado tereo com en, eis ou dia. Alega-se que o maior ônus da prova recai sobre outras posições, desde sua solução de imunidade “dentro de”, mas que de modo algum explica o uso de ek.

Primeiro, ek é muito mais perto de apo no significado do que ele é de en, eis ou dia. Os dois frequentemente se sobrepõem, e apo, no grego moderno, está absorvendo ek. Quando combinado com tereo ek, se aproxima muito mais de apo do que de em, eis ou dia. Por esta razão, “guardar da” é o significado mais provável.

Segundo, a frase tereo en é usada três vezes no Novo Testamento (veja At 12.5; 1Pe 1.4; Jd 1.21). Em cada caso, implica existência prévia interior com uma visão de continuar dentro. Agora, se tereo en significa “continuada existência dentro”, então tereo ek [muito logicamente e obviamente] significa manter uma existência EXTERIOR.

João 17.15 (“eu não peço que os tires do mundo, mas que os guardes (tereo ek) do mal”) é a única outra passagem no Novo Testamento onde tereo ek ocorre. Esta combinação de palavra não ocorre na Septuaginta. Nós podemos concluir que, o que quer que seja que a frase signifique aqui, terá também o mesmo significado em Ap 3.10.

Mas se tereo ek foi designado para significar “existência anterior interna” em João 17.15, então ele entraria em contradição com 1João 5.19, onde é dito que os crentes são de Deus e os descrentes estão sob o poder do maligno, isto é, tereo ek implicaria no entendimento de que os discípulos tinham “contínua existência” dentro do maligno. No entanto, com muita clareza, 1João 5.19 diz exatamente o oposto. Em vez disso, João 17.15 registra a petição do Senhor para mantê-los fora do maligno.

Sendo que João 17.15 significa “manter fora” do maligno, então o pensamento paralelo em Ap 3.10 é manter a igreja fora da hora da provação. Por isso, somente um arrebatamento Pré-tribulacional cumpriria a promessa.

Se Apocalipse 3.10 significa “imunidade” ou “proteção interior”, como outras posições insistem, então teríamos um resultado cheio de contradições: Primeiro, se a proteção em Apocalipse 3.10 é limitada somente da ira de Deus durante a tribulação e não de Satanás, então Apocalipse 3.10 nega o pedido do nosso Senhor em João 17.15. Segundo, se é questionado que Apocalipse 3.10 significa total imunidade de provações, como isso pode ser conciliado com Apocalipse 6.9-11 e 7.14 onde abundam os mártires? O indiscriminado massacre dos santos durante a tribulação exige que a promessa à igreja de Filadélfia seja interpretada como “guardando da” hora da provação, e não “guardando na” hora da provação. Os santos martirizados durante a tribulação são aqueles que vêm a Cristo depois do arrebatamento; depois que a igreja é levada embora.

RESPOSTAS A PERGUNTAS DIFÍCEIS
Ao longo das últimas três décadas, eu coletei e interagi com algumas das mais importantes objeções ao Pré-tribulacionismo. Segue abaixo uma lista de desafios que foram levantados e, em seguida, respondidos:

OBJEÇÃO: Uma vez que a frase “ao encontro do Senhor”, em 1Ts 4.17 (apantao e apantasis) pode se referir a uma cidade amigável indo ao encontro do rei visitante e o escoltando de volta à cidade, essa frase não aponta para decididamente um arrebatamento Pós-tribulacional?

RESPOSTA: Em primeiro lugar, este verbo/substantivo grego pode se referir tanto à reunião dentro de uma cidade (Mc 14.13; Lc 17.12) ou sair da cidade para um encontro e voltar (Mt 25.6; At 28.15). Assim, a utilização desta palavra não é de forma alguma decisiva. Em segundo lugar, lembre-se que Cristo está vindo para um povo hostil que irá, eventualmente, lutar contra Ele no Armagedom. Assim, o arrebatamento Pré-tribulacional retrata melhor o Rei resgatando , através de um arrebatamento, seus fiéis seguidores que estão presos em um mundo hostil e que mais tarde irá acompanhá-lo quando Ele retornar para conquistar Seus inimigos e estabelecer o Seu reino (cf. Ap 19.11-16).

OBJEÇÃO: Por que Paulo escreve em 1Ts 5.6 para os crentes estarem alertas para o “Dia do Senhor” se eles não estariam nele de acordo com o Pré-tribulacionismo?

RESPOSTA: Paulo exorta os crentes em 1Ts 5.6 a estarem alerta e viverem uma vida piedosa no contexto do Dia do Senhor, assim como Pedro faz em 2Pe 3.14-15, onde o Dia do Senhor é claramente uma experiência no final do milênio, uma vez que os velhos céus e terra serão destruídos e substituídos pelos novos. Em ambos os casos, são exortações para apresentar um viver piedoso para os verdadeiros crentes à luz do juízo futuro de Deus sobre os incrédulos. Sendo assim, estes textos não são relevantes para determinar o momento do arrebatamento.

OBJEÇÃO: Mateus 24.37-42, onde pessoas são tiradas do mundo, não ensina um arrebatamento Pós-tribulacionista?

RESPOSTA: Mateus 24.37-42 não se refere ao arrebatamento, mas sim ao julgamento dos incrédulos na segunda vinda de Cristo. Primeiro a alusão histórica de Noé (Mt 24.37-39) mostra que Noé e sua família foram deixados vivos e o mundo inteiro foi levado à morte e julgamento. Essa é exatamente a sequência esperada na segunda vinda de Cristo [após a tribulação], como ensinada na parábola do joio e do trigo (Mt 13.24-43), na parábola da rede (Mt 13.47-50) e no julgamento nacional dos bodes e ovelhas (Mt 25.31-46). Em todos esses casos, no evento final da segunda vinda de Cristo, os descrentes são levados ao julgamento e os crentes justos permanecem. Portanto, esta passagem não lida com o arrebatamento [em nenhum nível e em nenhum grau].

OBJEÇÃO: Um arrebatamento Pré-tribulacional resulta em duas vindas de Cristo enquanto a Escritura ensina apenas uma?

RESPOSTA: De maneira alguma. Independente da posição do arrebatamento que alguém sustenta, a segunda vinda de Cristo é um só evento que ocorre em duas partes – Cristo vindo nos ares para arrebatar a igreja (1Ts 4.13-18) e Cristo vindo à terra para conquistar, julgar e estabelecer Seu Reino milenar (Mt 24-25).

OBJEÇÃO: Quando Jeremias escreve (30.7): “Ah! Que grande é aquele dia, e não há outro semelhante! É tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será livre dela”, não é a mesma categoria de linguagem usada em Ap 3.10 (guardar de) e, assim, não aponta para um arrebatamento Pós-tribulacional?

RESPOSTA: A Septuaginta (LXX) traduz o texto hebraico de Jeremias com a frase sozo apo. No caso de Israel, eles serão salvos através do julgamento e surgem dele como o povo de Deus sobre o qual Crito vai reinar como prometido a Davi (2Sm 7.8-17) e profetizado por Ezequiel (37.11-18). O fato de sozo apo significar “protegido no meio de” não interfere em nada no significado de um verbo e preposição diferentes usados em Apocalipse 3.10 (tereo ek). (Veja a explanação anterior sobre Apocalipse 3.10). Finalmente, não há nenhuma equação do resultado de Israel e o plano de Deus para a igreja.

OBJEÇÃO: Se o Pré-tribulacionismo é verdadeiro, por que não há menção de “igreja” em Apocalipse 4-19?

RESPOSTA: É verdade que a palavra “igreja” (ekklesia) não é usada acerca da igreja no céu em Ap 4-19. No entanto, isso não significa que a igreja não está presente. Há pelo menos duas ocorrências distintas da igreja no céu. Primeiro, os vinte e quatro anciçãos em Ap 4-5 simbolizam a igreja. Segundo, a frase “vós santos, apóstolos e profetas”, em Ap 18.20, claramente se refere à igreja no céu. O cenário de arrebatamento que melhor se adéqua com a igreja estar no céu nesses textos é um cenário de arrebatamento.

OBJEÇÃO: Por que Apocalipse é dirigido à igreja se a igreja não irá experimentar a tribulação de Apocalipse 6-19 devido ao arrebatamento Pré-tribulacional?

RESPOSTA: Deus frequentemente advertiu Israel no Velho Testamento do juízo iminente, mesmo que a geração que recebeu a profecia não iria experimentá-lo. Como mencionado na segunda pergunta acima, tanto Paulo (1Ts 5.6) quanto Pedro (2Pe 3.14-15) usaram um julgamento futuro que as pessoas a quem eles escreveram não experimentariam para exortar o povo de Deus a apresentar uma vida piedosa. O mesmo padrão foi seguido por João em Apocalipse. A igreja foi alertada quanto ao futuro julgamento de Deus sobre o pecado na terra como base para a igreja ensinar uma doutrina pura e viver uma vida santa (Ap 2-3). [Pois estas são ordens de Deus].

OBJEÇÃO: Se o Dia do Senhor ocorre no final da septuagésima semana de Daniel, a sequência cronológica de 1Tessalonicenses 4 e 1Tessalonicenses 5 não ensinam um arrebatamento Pós-tribulacional?

RESPOSTA: Primeiro, independentemente do Dia do Senhor (segunda vinda para reinar) começar no início ou no fim da septuagésima semana de Daniel, este ponto não determina necessariamente o tempo do arrebatamento. Segundo, a gramática de 1Ts 5.1 dá razão contra uma cronologia aproximada com 1Ts 4 pelo uso de Peri de (“agora quanto a” ocorrendo dezoito vezes no Novo Testamento). Em todas, com exceção de quatro casos, uma mudança óbvia no tempo ou no tema está implícita (Veja, por exemplo, Mt 22.31; 24.36; Mc 12.26; 13.32). Essa frase preposicional é usada por Paulo oito vezes. Cada outro uso paulino indica uma mudança de tema. Por isso, é esperado que o uso de Peri de por Paulo em 1Ts 5.1 também indique uma mudança de tempo e tema de 1Ts 4. Isto é consistente com seu uso anterior de Peri de nesta epístola (cf. 4.9).

Em 1Ts 4.13-18, Paulo descreveu as circunstâncias dos entes queridos mortos no tempo do arrebatamento. Mas em 5.1 e nos versos seguintes Paulo muda para o Dia do Senhor e do julgamento subseqüente sobre os descrentes. Este é um tema totalmente diferente do arrebatamento e, igualmente, trata-se de um evento que ocorrerá em um tempo diferente do arrebatamento.[1] Se 1Ts 4.13 e 5.1 devem ser tomados como uma unidade de pensamento, como alguns tem sugerido, então o uso de Paulo de Peri de não significa nada. No entanto, por causa de Peri de aparecer aqui, é melhor interpretado como uma grande mudança no pensamento dentro do amplo tema da escatologia. Apenas um arrebatamento Pré-tribulacional seria responsável por isso.


OBJEÇÃO: Existe alguma relação entre a trombeta do arrebatamento de 1Ts 4.17; 1Co 15.52 e a trombeta de Jl 2.1, ou a trombeta de Mt 24.31, ou a trombeta de Ap 11.15? Se existe, isso não contradiz um arrebatamento Pré-tribulacional?

RESPOSTA: Um cuidadoso estudo dos quase cem usos de “trombeta/trombetas” no Antigo Testamento vai rapidamente instruir o estudante das Escrituras a não equiparar às pressas as trombetas em quaisquer dos textos sem uma grande quantidade de indícios contextuais corroborantes. Por exemplo, existe a trombeta usada para alerta (Jr 6.1); a trombeta usada para a adoração/louvor (2Cr 20.28; Sl 81.3; 150.3); as trombetas usadas para a vitória (1Sm 13.3); a trombeta utilizada para reconvocação (2Sm 2.28; 18.16); a trombeta usada para regozijo (2Sm 6.15); para anúncios (2Sm 20.1; 1Re 1.34; 2Re 9.13); para dispersamento (2Sm 20.22) e etc. Aqui foram citadas apenas algumas.

Depois de olhar para os textos em questão, parece que cada trombeta é usada para um propósito distinto que é único e diferente dos outros três.

A trombeta de Joel 2.1 é uma trombeta de alarme (cf. Jr 6.1) de que o Dia do Senhor está próximo. A trombeta de 1Tessalonicenses 4.16 e 1Coríntios 15.52 é uma trombeta que anuncia o Rei se aproximando (cf. Sl 47.5) para que as pessoas possam sair para saudá-lO. A trombeta de Mateus 24.31 é uma trombeta para reunir-se (cf. Ex 19.16; Ne 4.20. Jl 2.15). A trombeta de Apocalipse 11.15 é a sétima de uma série de sete trombetas e anuncia vitória (cf. 1Sm 13.3). Não há razão convincente para equiparar a trombeta do arrebatamento com qualquer uma das outras três trombetas.


OBJEÇÃO: A promessa de libertação para os santos da igreja em 2Ts 1.6-10, no tempo em que Jesus voltar com seus anjos para julgar o mundo, aponta para um arrebatamento Pós-tribulacional?

RESPOSTA: Paulo não está aqui escrevendo um tratado profético detalhado, cronológico ou mesmo preciso, mas antes está escrevendo para dar esperança aos tessalonicenses de que, no fim, a justiça de Deus prevalecerá. Como os profetas do Velho Testamento (cf. Is 61.1-2; 2Pe 1.10-11), Paulo compactou tanto os detalhes, que a extensão de tempo não é aparente, nem todos os detalhes são claros à primeira vista. No entanto, o apóstolo está claramente assegurando aos tessalonicenses que certamente virá um dia de retribuição para seus perseguidores. Como resultado, esse texto não tem nenhuma influência no sentido de determinar o tempo do arrebatamento.

OBJEÇÃO: Apocalipse 14.14 ensina um arrebatamento Mid-tribulacional?

RESPOSTA: Enquanto a linguagem certamente refere-se a Cristo, o contexto é de julgamento, semelhante a Apocalipse 19.11-16. Contudo, o contexto do arrebatamento é de bênçãos para os santos (veja as oito maiores diferenças/contrastes entre o arrebatamento e o último evento da segunda vinda de Cristo, discutida acima). Consquentemente, Apocalipse 14.14 não se refere a um arrebatamento Mid-tribulacional.

OBJEÇÃO: A posição do arrebatamento Mid-tribulacional não é na realidade uma posição Pré-tribulacional, uma vez que a “grande tribulação” (Mt 24.21; Ap 7.14) não inicia até o meio da septuagésima semana de Daniel?

RESPOSTA: Dizer que a tribulação real não começa até o ponto do meio da Septuagésima semana de Daniel é fazer uma delimitação arbitrária e também contradizer o testemunho de, no mínimo, quatro dos primeiros selos de Apocalipse 6.1-8, que retratam a tribulação desencadeada por Cristo dos céus. Estes selos são descritos como “dores de parto” e “tribulação” em Mateus 24.8-9. Enquanto a intensidade final da tribulação (“grande tribulação”) está na metade final da septuagésima semana de Daniel, todo o período é marcado por uma tribulação em geral. Assim, a única posição Pré-tribulacional genuína é aquela que coloca o arrebatamento antes da septuagésima semana de Daniel.

OBJEÇÃO: Se a igreja participa da primeira ressurreição, e se a primeira ressurreição é descrita em Apocalipse 20.4-5, isso não aponta para uma ressurreição/arrebatamento Pós-tribulacional?

RESPOSTA: O uso da frase “primeira ressurreição” em Apocalipse 20.5-6 se refere especificamente à ressurreição Pós-tribulacional daqueles que creram em Cristo durante a septuagésima semana de Daniel, como é explicitado pela linguagem pela linguagem de Apocalipse 20.4. Nada na frase limita a “primeira ressurreição” somente a este grupo de pessoas ou a esse tempo. A “primeira ressurreição” cujo é contrastada com a “segunda morte” (Ap 20.6,14; 21.28) – que é a ressurreição de todos os descrentes – é composta de várias categorias adicionais de pessoas que foram ressuscitadas em vários tempos. Estas incluem: (1) Cristo, as primícias (1Co15.23); (2) Santos da igreja no arrebatamento (1Co 15.23,50-58.); e (3) Santos do VT no final da Septuagésima semana de Daniel (Ez 37.12-14; Dn 12.2). Este texto, então, não aponta para uma ressurreição/arrebatamento Pós-tribulacional.

– Richard Mayhue / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o premilenismo futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 4, Pág. 83-99
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Nota
[1]. O arrebatamento ocorre logo antes do início da septuagésima semana de Daniel, enquanto que o Dia do Senhor começa no fim da septuagésima semana de Daniel. Veja Richard L. Mayhue, “The Bible’s Watchwood: Day of the Lorde”, The Master’s Seminary Journal 22.1 (spring 2011): 65-68.
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📚 SÉRIE: Os Planos Proféticos de Cristo
🔍 FONTE: https://jppadilhabiblia.blogspot.com.br/ 

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