A Teologia do Pacto contradiz a Bíblia | JP Padilha



A teologia do pacto (também conhecida como teologia da substituição) essencialmente ensina que a Igreja substituiu Israel no plano de Deus. Os aderentes à teologia do pacto acreditam que os judeus não sejam mais o povo escolhido de Deus e que Deus não tem planos futuros específicos para a nação de Israel. Todas as opiniões diferentes do relacionamento entre a Igreja e Israel podem ser divididas em duas áreas: ou a Igreja é a continuação de Israel (Teologia da Substituição / Teologia do Pacto), ou a Igreja é completamente diferente e distinta de Israel (Dispensacionalismo / Pré-milenismo / Pré-tribulacionismo).

A teologia do pacto ensina que a Igreja é a substituição de Israel e que muitas promessas feitas a Israel na Bíblia são cumpridas na Igreja, não em Israel. Ela chega a inventar um termo que nem sequer existe na Bíblia, denominando a Igreja como sendo o “Israel Espiritual”. De qual Bíblia tiraram essa terminologia estapafúrdia? Não há resposta! A teologia do pacto também ensina, hereticamente, que os cristãos agora são os verdadeiros “israelitas”. Mas como, se nós, cristãos gentios, nem mesmo temos sangue judeu?

De acordo com a visão da teologia do pacto, as profecias nas Escrituras sobre bênção e restauração de Israel à Terra Prometida são "espiritualizadas" ou “alegorizadas” em promessas de bênçãos de Deus para a Igreja. Todavia, há grandes problemas com essa visão, tais como a existência contínua do povo judeu durante os séculos e especialmente com a revivificação do estado moderno de Israel. Se Israel tem sido condenada por Deus, e se não há nenhum futuro para a nação judaica, como podemos explicar a sobrevivência sobrenatural do povo judeu durante os últimos 2.000 anos, apesar de muitas tentativas de destruir essa nação? Como podemos explicar o porquê e como Israel reapareceu como uma nação no século XX depois de não existir por 1.900 anos? Outras perguntas que ficam à deriva no mar são: E quanto às maldições que cairão sobre Israel? E quanto aos horrores que Israel passará na Grande Tribulação? E quanto ao dia da indignação do Senhor? Essas promessas não foram igualmente transferidas para a Igreja? Certamente os teólogos do pacto terão que dar mais algumas cambalhotas exegéticas para lidar com isso.

A HISTÓRIA SOMADA ÀS PROFECIAS

É importante e muito motivador notar que a história se encaixa com todas essas profecias que temos visto, especialmente com relação a Israel. Em 1967, soldados judeus entraram em Jerusalém, largaram suas armas e correram para o Muro das Lamentações, chorando profundamente. Isso mostra que atualmente Israel tem mostrado, com mais clareza do que nunca, que seu atual estado está em perfeita harmonia com o que Deus prometeu que faria a esta nação. É impressionante ver teólogos do pacto negarem a significância disso no corredor da história em conformidade com as Escrituras. Ora, no ano 70 d.C, até 1967, cerca de 2.000 anos até aqui, Jerusalém tem estado sob o domínio e controle dos gentios, e agora os judeus reconquistaram a cidade de Jerusalém. Jesus profetizou sobre isso. Ele disse que Jerusalém seria pisada sob os pés dos gentios até que a medida destes fosse completada (Rm 11.25-27). Isso é assombrosamente maravilhoso para quem aceita o que é dito pelas Escrituras sagradas, mas é estarrecedor para quem ainda acredita que Israel é uma nação esquecida por Deus e que a Igreja tomou o seu lugar de alguma forma espiritual.

Todavia, o que parece estarrecedor e confuso para os teólogos do pacto está perfeitamente de acordo com as Escrituras. A sobrevivência dos judeus é exatamente o que deveríamos esperar ao aplicarmos consistentemente a hermenêutica literal à profecia bíblica e se entendermos que a eleição soberana de Deus sobre a nação de Israel é incondicional e distinta da Igreja. Ele fez promessas à Israel no Antigo Testamento que ainda não foram cumpridas, mas serão no futuro. Uma futura geração de israelitas étnicos na salvação e no restabelecimento do reino messiânico terreno está por vir, juntamente com o cumprimento total de todas as promessas feitas à Israel.

A ideia da Igreja substituir Israel ou ser sua continuação não deve ser tratada como uma mera questão secundária ou “opinião teológica”, como muitos têm afirmado. Esse pensamento a respeito de Israel e Igreja é uma heresia e ponto final. A propósito, eu a considero até mesmo maligna por desprezar todas as promessas feitas por Deus especificamente a esse povo e tentar usurpá-las para a Igreja. Até meados do século 19 Israel era visto pela cristandade em geral com indiferença e desprezo. Agora pense comigo, caro leitor: a "menina dos olhos" de Deus vista com desprezo pelos que se dizem seguidores de Cristo, um judeu! Consegue imaginar como isso é visto por Deus?

Desde o século 19 temos visto como muitos entenderam as verdades dispensacionais da Bíblia. Porém, infelizmente a atual Teologia da Prosperidade, filha caçula da Teologia do Pacto, volta a tentar aplicar à Igreja as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento, causando um retrocesso dos cristãos aos tempos do catolicismo medieval.

DEUS NÃO É UM MENTIROSO

Embora Israel tenha falhado em seu testemunho, sua identidade como povo e as promessas ainda não cumpridas a esta nação não deixaram de existir. Por que? Porque Deus não é um mentiroso. Portanto, Suas promessas para Israel são verdadeiras e certamente ainda serão cumpridas (2Co 1.20). As pessoas que se perderam nas heresias da Teologia do Pacto necessitam reajustar sua eclesiologia e escatologia para se conformarem com a verdade das Escrituras e com a verdadeira natureza de Deus, o qual não mente. E dizer que Israel não tem um futuro a ser cumprido por Deus é chamá-lo de mentiroso. Não seria isso uma blasfêmia? Essa é a lógica de tudo isso.

É realmente difícil compreender como os ditos “teólogos” e “pregadores” da Teologia do Pacto podem aplicar à Igreja promessas da Escritura que, em seu sentido normal de interpretação, aplicam-se claramente ao povo de Israel e à Palestina. E essas promessas ainda devem ser cumpridas no futuro. Os livros proféticos estão cheios de ensinamentos que, se forem interpretados normalmente, sem alegorizações infundadas, seriam inspiradores. O aprendizado resultante da compreensão dessas profecias seria uma magnífica segurança de um futuro grande e glorioso. A partir do instante em que essas profecias são espiritualizadas em sua interpretação, elas se tornam ridículas – Quando aplicadas à igreja, elas são uma comédia.

Como já fora dito em vários de meus artigos sobre o tema, o Israel de Deus tornará a ser o centro da atenção neste mundo e Deus tornará a tratar com ele, não importa quanto tempo demore. Se não fosse assim, não teríamos mais que nos preocupar com Israel, e até seria um favor se tal nação desaparecesse da face da terra para deixar o caminho livre para a Igreja. Era assim que pensavam os católicos medievais, era assim que pensava Lutero e outros protestantes, e é assim que muitos ainda pensam.

O apóstolo Paulo, apesar de admitir o fracasso de Israel e falar da Igreja sendo introduzida por Deus como Seu testemunho na presente dispensação, deixa claro que ainda há uma dispensação à frente, chamada de “dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1.10), prevista para Israel no fim de toda a história humana, confirmando assim a identidade e singularidade desse povo que ainda irá ver cumpridas as promessas feitas por Deus no Antigo Testamento:

Digo, pois: Porventura [os israelitas] tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Romanos 11.11-12).

CONCLUSÃO

A visão de que Israel e Igreja são povos totalmente distintos entre si é ensinada claramente no Novo Testamento. Biblicamente falando, a Igreja é completamente diferente e distinta de Israel e estes dois povos nunca devem ser confundidos ou mencionados como se fossem a mesma coisa. As Escrituras nos ensinam que a Igreja é uma criação completamente nova que passou a existir no Dia de Pentecostes (At 2) e continuará na terra até ser levada ao céu no arrebatamento (Ef 1.9-11; 1Ts 4.13-17). A Igreja não tem nenhum relacionamento com as maldições e bênçãos para Israel. A propósito, é interessante notar como os gurus da teologia do pacto alegorizam somente as bênçãos prometidas a Israel, mas nunca trazem para a Igreja as maldições que igualmente são profetizadas contra ela no Antigo Testamento. As alianças, promessas e advertências são válidas apenas para Israel. Israel tem sido temporariamente colocada de lado no programa de Deus durante esses últimos 2.000 anos de dispersão.

Após o arrebatamento da Igreja (1Ts 4.13-18), Deus irá restaurar Israel como o foco principal do Seu plano. O primeiro evento durante esse tempo será a Grande Tribulação (Ap 6-19). O mundo será julgado por rejeitar a Cristo, enquanto Israel será preparada através das provações da Grande Tribulação para a Segunda Vinda do Messias. Portanto, quando Cristo retornar à terra no final da Tribulação, Israel estará pronta para recebê-lo. O restante de Israel que sobreviver à Tribulação será salvo e o Senhor estabelecerá o Seu reino na terra com Jerusalém como a sua capital. Com Cristo reinando como Rei, Israel será a nação principal, e representantes de todas as nações irão a Jerusalém honrar e louvar o Rei – Jesus Cristo. A Igreja retornará com Cristo e reinará com Ele por um período literal de 1.000 anos (Ap 20.1-5).

O Antigo e o Novo Testamento sustentam uma compreensão pré-milenar e dispensacionalista do plano de Deus para Israel. Mesmo assim, o suporte mais forte para o pré-milenismo é encontrado no ensino de Apocalipse 20.1-7, onde diz, seis vezes, que o reino de Cristo irá durar 1.000 anos. Depois da Tribulação, o Senhor retornará para estabelecer o Seu reino em Israel, de onde governará todo o mundo com vara de ferro (Ap 2.27). Cristo reinará sobre toda a terra e Israel será o líder das nações. A Igreja reinará com Ele por 1.000 anos. A Igreja não substituiu Israel no plano de Deus. Embora Deus esteja focalizando a Sua atenção na Igreja nessa dispensação da graça, Ele não se esqueceu de Israel (sua “menina dos olhos” – Dt 32.10) e um dia restaurará Israel ao Seu papel como a Sua nação escolhida (Rm 11).

– JP Padilha
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