Todo o Israel será salvo no fim dos tempos? | JP Padilha



Romanos 11.26 diz claramente: “Todo o Israel será salvo”. A questão que se coloca é: “O que significa Israel?” O futuro “Israel” é literal ou figurativo (ou seja, referindo-se aos judeus étnicos ou referindo-se à Igreja)? Aqueles que adotam uma abordagem literal das promessas do Antigo Testamento acreditam que os descendentes físicos de Abraão, Isaque e Jacó serão restaurados a um relacionamento correto com Deus e receberão o cumprimento das alianças. Aqueles que defendem a teologia da substituição (ou teologia do pacto) basicamente afirmam que a Igreja substituiu Israel completamente e herdará as promessas de Deus a Israel. As alianças, então, serão cumpridas apenas no sentido espiritual. Em outras palavras, a teologia da substituição ensina que Israel não herdará a verdadeira terra da Palestina; a Igreja é o “novo Israel” e o Israel étnico está para sempre excluído das promessas - os judeus não herdarão a Terra Prometida como judeus per se. A teologia do pacto chega a dizer que agora a Igreja é o “Israel Espiritual” (termo que nem sequer existe na Bíblia).

Usamos a abordagem literal. As passagens que falam do futuro Israel são difíceis de ver como figurativas para a Igreja. O texto clássico (Romanos 11.16-24) descreve Israel como distinto da Igreja: os “ramos naturais” são os judeus e os “ramos selvagens” são os gentios. A “oliveira” é o povo coletivo de Deus. Os “ramos naturais” (judeus) são “cortados” da árvore pela descrença, e os “ramos selvagens” (gentios crentes) são enxertados. Isso tem o efeito de deixar os judeus “com ciúmes” e, em seguida, atraí-los à fé em Cristo, para que sejam “enxertados” novamente e recebam a herança prometida. Os "ramos naturais" ainda são distintos dos "ramos selvagens", de modo que a aliança de Deus com Seu povo seja literalmente cumprida. Romanos 11.26–29, citando Isaías 59.20–21; 27.9 e Jeremias 31.33-34, diz:

“… e assim todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades; e este será o meu pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, eles na verdade, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são irretratáveis”.

Aqui, Paulo enfatiza a natureza “irretratável” do chamado de Israel como nação (cf. Rm 11.12). Isaías predisse que um “remanescente” de Israel seria um dia “Povo santo, remidos do Senhor” (Isaías 62.12). Independentemente do atual estado de descrença de Israel, um futuro remanescente irá de fato se arrepender e cumprir seu chamado para estabelecer a justiça pela fé (Rm 10.1-8; 11.5). Esta conversão coincidirá com o cumprimento da previsão de Moisés da restauração permanente de Israel à terra (Dt 30.1-10).

Quando Paulo diz que Israel será “salvo” em Romanos 11.26, ele se refere à libertação do pecado (Rm 11.27) ao aceitarem o Salvador, seu Messias, no fim dos tempos. Moisés disse: “Também o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, a fim de que ames ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma, para que vivas” (Deuteronômio 30.6). A herança física de Israel da terra prometida a Abraão será parte integrante do plano final de Deus (Dt 30.3-5).

Então, como “todo o Israel será salvo”? Os detalhes desta libertação são preenchidos em passagens como Zacarias 8-14 e Apocalipse 7-19, que falam do fim dos tempos de Israel na volta de Cristo. O versículo-chave que descreve a vinda à fé do futuro remanescente de Israel é Zacarias 12.10: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito”. Isso ocorre no final da tribulação profetizada em Daniel 9.24-27. O apóstolo João faz referência a esse evento em Apocalipse 1.7. O fiel remanescente de Israel é resumido em Apocalipse 7.1–8. O Senhor salvará esses fiéis e os trará de volta a Jerusalém “em verdade e em justiça” (Zacarias 8.7–8).

Depois que Israel for restaurado espiritualmente, Cristo estabelecerá Seu reino milenar na terra. Israel será reunido desde os confins da terra (Is 11.12; 62.10). Os simbólicos "ossos secos" da visão de Ezequiel serão reunidos, cobertos com carne e milagrosamente ressuscitados (Ez 37.1-14). Como Deus prometeu, a salvação de Israel envolverá um despertar espiritual e um lar geográfico: “E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor, o falei e o cumpri, diz o Senhor” (Ezequiel 37.14).

No Dia do Senhor, Deus irá “estender a sua mão para adquirir outra vez e resto do seu povo” (Isaías 11.11). Jesus Cristo retornará e destruirá os exércitos reunidos contra Ele em rebelião (Ap 19). Os pecadores serão julgados e o remanescente fiel de Israel será separado para sempre como o povo santo de Deus (Zc 13.8—14.21). Isaías 12 é o seu cântico de libertação; Sião governará sobre todas as nações sob a bandeira do Messias, o Rei.

UMA PEQUENA MINORIA SERÁ SALVA

Não podemos nos esquecer de que uma pequena minoria de pessoas será salva (Mt 7.14). Quanto a Israel isso não é diferente. Apenas um pequeno remanescente de judeus foi escolhido para pregar o evangelho do reino às nações, ser martirizado na grande Tribulação e herdar a terra prometida (Ap 7.4 – os 144.000). Também não podemos nos esquecer de que esse remanescente de Israel só se converterá durante a grande tribulação e será martirizado por causa do "evangelho do reino" que será pregado por ele. Os 144.000 assinalados de apocalipse 7.4 são judeus israelitas, não gentios. Repare que a Bíblia identifica cada uma de suas tribos:

“E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos dos filhos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da tribo de Rúben, doze mil assinalados; da tribo de Gade, doze mil assinalados...” (Apocalipse 7.4).

Além dos judeus convertidos, há uma multidão (Ap 7.9-17) de gentios convertidos que passarão pela tribulação (Ap 7.14).

ORDEM CRONOLÓGICA DOS ACONTECIMENTOS PROFÉTICOS

A ordem dos acontecimentos é mais ou menos a seguinte: Primeiro acontece o arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17), que inclui todos os salvos por Cristo. Ficarão na terra os que ouviram o evangelho e não creram e os que não ouviram o evangelho e não tiveram, portanto, a oportunidade de subirem no arrebatamento entre os salvos da Igreja. Os que ouviram e não creram não terão outra chance, pois Deus os fará crer na mentira do Anticristo que se levantará após o arrebatamento da Igreja (1Ts 2.7 12).

Porém, os que não ouviram, judeus e gentios, poderão ainda se converter na Tribulação, e é desses que trata a passagem em Apocalipse 4.9-17. No final da Tribulação, voltaremos com Cristo para julgar as nações (Segunda vinda) e terá início o Milênio, o Reino de Cristo sobre a terra. Não participaremos do Reino como súditos na terra, mas reinaremos com Cristo sobre a terra (2Tm 2.12). Entrarão no Milênio os judeus e gentios convertidos durante a Tribulação. Esse "evangelho do reino" é aquele que anuncia o retorno do Rei de Israel. Não se trata do evangelho da graça pregado hoje.

ISRAEL E IGREJA SÃO DOIS POVOS DISTINTOS

Sem mais delongas, vamos aos fatos: Israel e Igreja são dois povos diferentes, e isso é claramente explicado em Romanos 11. Israel está no presente momento em estado de torpor e cegueira enquanto Deus trata com a Igreja. Todavia, isso irá mudar. No fim, um remanescente judeu fiel irá se converter a Deus, e Deus terá os dois povos: Israel, escolhido desde a fundação do mundo (Mt 25.34), e a Igreja, escolhida antes da fundação do mundo (Ef 1.4).

A Igreja não é Israel. Eu não sou o “Israel de Deus”. Sou um cristão. Para ser Israel eu teria que me tornar israelita ou, no mínimo, me tornar um prosélito, passando a ter minhas práticas e costumes pautados nas ordenanças judaicas. Além disso, para ser um israelita, eu teria que buscar em Jerusalém o meu lugar de adoração (o Templo de Jerusalém), como fora ordenado aos judeus no Antigo Testamento.

Romanos 11 fala muito disso e nós deveríamos dar mais atenção ao que está explícito nesta passagem.

Mario Persona explica:

“Romanos 11 usa como exemplo a oliveira, a árvore de onde provém o azeite que é tantas vezes usado nas Escrituras como figura do Espírito Santo, pois o azeite é o combustível da luz que ilumina. O assunto do capítulo não é a salvação ou o testemunho individual, mas o testemunho coletivo de Deus na terra, ora nas mãos de seu povo Israel, ora nas mãos da Igreja, em diferentes épocas sob influência e direção do Espírito Santo.

Israel, os ramos naturais, foram quebrados, e a Igreja, os ramos de oliveira brava, enxertados. Considerando que uns e outros são meros ramos, podemos deduzir que a árvore continua existindo independente deles, porque a árvore é o testemunho de Deus em sua totalidade. Os ramos são aquelas coisas que partem do tronco e expandem seu alcance, o que vem bem de encontro à ideia de um testemunho crescente e abrangente.

Em Gênesis 12 Deus prometeu a Abraão que ele seria o pai de uma grande nação, e obviamente sabemos tratar-se de Israel. Abraão foi pai de Isaque e avô de Jacó, que teve seu nome mudado para Israel. A promessa incluía que todas as nações da terra seriam abençoadas por meio de Israel, ao qual Deus chamou de sua "menina dos olhos".”

Agora note a seriedade de tudo isso:

“Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus” (João 4.22).

“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gálatas 3.14).

Essas passagens não estão dizendo que os gentios (nós) se tornariam judeus ou Israel para serem abençoados. A mensagem está dizendo que nós, gentios, desfrutaríamos da bênção que, por intermédio de Abraão e de Israel, chegaria até nós na Pessoa de Jesus Cristo e de seu sacrifício consumado. Portanto, hoje somos salvos independente de nos tornarmos judeus ou parte da nação de Israel. O fato de nós, cristãos, existirmos, independente de Israel, não significa que Israel tenha deixado de ser a “menina dos olhos” de Deus, a nação terrenal de Deus, e muito menos significa que esta nação tenha perdido as bênçãos das promessas que Deus lhe deu.

Se antes Deus olhava para o mundo e enxergava apenas dois povos, Israel e gentios, hoje Deus enxerga três: Israel, gentios e Igreja. Veja:

“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos [gentios], nem à igreja de Deus” (1 Coríntios 10.32).

Ora, se o Espírito Santo de Deus faz essa distinção nas Escrituras, quem somos nós para dizer que Israel e Igreja são a mesma coisa? Quem nos persuadiu a crer em uma aberração dessas? Ora, Paulo não faria tal distinção entre esses três povos se a Igreja fosse apenas uma continuidade de Israel, e nem falaria de um futuro ainda a ser realizado para Israel em Romanos 11 e em várias outras passagens de suas epístolas.

“Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Romanos 11.1).

Nessa passagem Paulo está falando do povo de Israel. Basta ler o contexto. Paulo deixa claro que Deus não rejeitou Seu povo terrenal, Israel, citando ele próprio como exemplo inato de um israelita. O apóstolo se apresenta aqui como um judeu de nascença e apresenta as credenciais que o identificam como um judeu, embora ele seja membro do Corpo de Cristo (Igreja) agora.

DEUS NÃO É UM MENTIROSO

Sendo assim, embora Israel tenha falhado em seu testemunho, sua identidade como povo e as promessas ainda não cumpridas a esta nação não deixaram de existir. Por que? Porque Deus não é um mentiroso. Portanto, Suas promessas para Israel são verdadeiras e certamente ainda serão cumpridas (2Co 1.20). As pessoas que se perderam nas heresias da Teologia do Pacto necessitam reajustar sua eclesiologia e escatologia para se conformarem com a verdade das Escrituras e com a verdadeira natureza de Deus, o qual não mente. E dizer que Israel não tem um futuro a ser cumprido por Deus é chamá-lo de mentiroso. Não seria isso uma blasfêmia? Essa é a lógica de tudo isso.

É realmente difícil compreender como os ditos “teólogos” e “pregadores” da Teologia do Pacto podem aplicar à Igreja promessas da Escritura que, em seu sentido normal de interpretação, aplicam-se claramente ao povo de Israel e à Palestina. E essas promessas ainda devem ser cumpridas no futuro. Os livros proféticos estão cheios de ensinamentos que, se forem interpretados normalmente, sem alegorizações infundadas, seriam inspiradores. O aprendizado resultante da compreensão dessas profecias seria uma magnífica segurança de um futuro grande e glorioso. A partir do instante em que essas profecias são espiritualizadas em sua interpretação, elas se tornam ridículas – Quando aplicadas à igreja, elas são uma comédia.

Como já fora dito, o Israel de Deus tornará a ser o centro da atenção neste mundo e Deus tornará a tratar com ele, não importa quanto tempo demore. Se não fosse assim, não teríamos mais que nos preocupar com Israel, e até seria um favor se tal nação desaparecesse da face da terra para deixar o caminho livre para a Igreja. Era assim que pensavam os católicos medievais, era assim que pensava Lutero e outros protestantes, e é assim que muitos ainda pensam.

O apóstolo Paulo, apesar de admitir o fracasso de Israel e falar da Igreja sendo introduzida por Deus como Seu testemunho na presente dispensação, deixa claro que ainda há uma dispensação à frente, chamada de “dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1.10), prevista para Israel no fim de toda a história humana, confirmando assim a identidade e singularidade desse povo que ainda irá ver cumpridas as promessas feitas por Deus no Antigo Testamento:

“Digo, pois: Porventura [os israelitas] tropeçaram, para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Romanos 11.11-12).

O TESTEMUNHO DE ISRAEL E O TESTEMUNHO DA IGREJA

Abaixo veremos alguns versículos onde Paulo mostra diretamente à Igreja o perigo de seu testemunho também ser cortado, como foi o caso de Israel por sua incredulidade. E é exatamente o que tem ocorrido. Israel falhou em seu testemunho e, agora, a Igreja também mostra que falhou. Todavia, deixaremos para falar sobre a falha no testemunho cristão em outro artigo. Nas epístolas que se seguem o apóstolo fala de dois povos distintos. Se a Igreja fosse a continuidade natural de Israel, não haveriam essas comparações na Bíblia. O versículo 23 de Romanos 11, por exemplo, deixa bem claro que Israel continua apenas em "stand by" (ou em suspensão), mostrando assim a possibilidade de sua readmissão ao testemunho de Deus na terra. E é exatamente o que ainda irá ocorrer no chamado Milênio (os mil anos de reinado de Cristo na terra).

“E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar” (Romanos 11.23).

Finalmente, a Bíblia mostra que é apenas uma questão de tempo para que isso aconteça: "até que a plenitude dos gentios haja entrado". Veja:

“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados” (Romanos 11.25-27).

A expressão "quando eu tirar os seus pecados" denota que a Igreja não é a continuidade de Israel, mas uma entidade distinta, pois Deus ainda irá tratar com Israel num futuro próximo, que é o tempo também citado no versículo 31:

“Assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem [no futuro] misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada” (Rom 11.31).

A HISTÓRIA SOMADA ÀS PROFECIAS

É importante e muito motivador notar que a história se encaixa com todas essas profecias que temos visto, especialmente com relação a Israel. Em 1967, soldados judeus entraram em Jerusalém, largaram suas armas e correram para o Muro das Lamentações, chorando profundamente. Isso mostra que atualmente Israel tem mostrado, com mais clareza do que nunca, que seu atual estado está em perfeita harmonia com o que Deus prometeu que faria a esta nação. É impressionante ver teólogos do pacto negarem a significância disso no corredor da história em conformidade com as Escrituras. Ora, no ano 70 d.C, até 1967, cerca de 2.000 anos até aqui, Jerusalém tem estado sob o domínio e controle dos gentios, e agora os judeus reconquistaram a cidade de Jerusalém. Jesus profetizou sobre isso. Ele disse que Jerusalém seria pisada sob os pés dos gentios até que a medida destes fosse completada (Rm 11.25-27). Isso é assombrosamente maravilhoso para quem aceita o que é dito pelas Escrituras sagradas, mas é estarrecedor para quem ainda acredita que Israel é uma nação esquecida por Deus e que a Igreja tomou o seu lugar de alguma forma espiritual.

Todavia, o que parece estarrecedor e confuso para os teólogos do pacto está perfeitamente de acordo com as Escrituras. A sobrevivência dos judeus é exatamente o que deveríamos esperar ao aplicarmos consistentemente a hermenêutica literal à profecia bíblica e se entendermos que a eleição soberana de Deus sobre a nação de Israel é incondicional e distinta da Igreja. Ele fez promessas à Israel no Antigo Testamento que ainda não foram cumpridas, mas serão no futuro. Uma futura geração de israelitas étnicos na salvação e no restabelecimento do reino messiânico terreno está por vir, juntamente com o cumprimento total de todas as promessas feitas à Israel.

A ideia da Igreja substituir Israel ou ser sua continuação não deve ser tratada como uma mera questão secundária ou “opinião teológica”, como muitos têm afirmado. Esse pensamento a respeito de Israel e Igreja é uma heresia e ponto final. A propósito, eu a considero até mesmo maligna por desprezar todas as promessas feitas por Deus especificamente a esse povo e tentar usurpá-las para a Igreja. Até meados do século 19 Israel era visto pela cristandade em geral com indiferença e desprezo. Agora pense comigo, caro leitor: a "menina dos olhos" de Deus vista com desprezo pelos que se dizem seguidores de Cristo, um judeu! Consegue imaginar como isso é visto por Deus?

Desde o século 19 temos visto como muitos entenderam as verdades dispensacionais da Bíblia. Porém, infelizmente a atual Teologia da Prosperidade, filha caçula da Teologia do Pacto, volta a tentar aplicar à Igreja as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento, causando um retrocesso dos cristãos aos tempos do catolicismo medieval.

RESUMINDO:

A conversão do remanescente judeu fiel ocorrerá somente durante a Grande Tribulação, após a Igreja ter sido arrebatada aos céus. Esse remanescente judeu fiel ainda terá suas promessas cumpridas no futuro. Essas promessas NÃO foram cumpridas. Elas ainda continuam sem resquício de cumprimento. As promessas feitas a Israel são promessas de bênçãos TERRENAS. Eles ainda habitarão na terra prometida, num reino de justiça, juízo e paz. O MILÊNIO NÃO OCORREU, NEM ESTÁ OCORRENDO. O Milênio ainda está por vir, somente após a tribulação de sete anos.

DOIS POVOS, DOIS EVANGELHOS E DOIS DESTINOS

“O evangelho da graça de Deus”
 (At 20.24) que é pregado hoje e “o evangelho do reino” (Mt 4.23; 24:14) que será pregado durante a Tribulação são inteiramente diferentes. São dois evangelhos distintos pregados para dois propósitos distintos. O evangelho da graça de Deus chama pessoas para o céu; o evangelho do reino chama pessoas para as bênçãos sobre a Terra. O evangelho pregado hoje anuncia uma esperança, um chamado e um destino celestiais para aqueles que creem (Cl 1.5; 1Pe 1.4; Fp 3.20; 2Co 5.1-2; Hb 3.1). O evangelho do reino, que será pregado na Tribulação, anuncia uma bênção terrenal sob o reinado de Cristo no Milênio (Mt 24.14; Sl 96). O evangelho do reino anuncia as boas novas do reino prometido no Velho Testamento (2Sm 7.16; Dn 2.44-45,7.9-27), o qual está para ser estabelecido no advento do Messias em sua segunda vinda, e aqueles que receberem o Rei em fé irão ter parte nas suas bênçãos terrenais. Esse evangelho do reino foi primeiro pregado por João Batista na primeira vinda de Cristo (Mt 3.1-2). O Senhor e Seus discípulos também o pregaram (Mt 4.23,10.7). A pregação deles consistia em chamar as nações a se arrependerem e assim ficariam num estado apropriado para receberem o Rei. Se o tivessem recebido, Ele teria estabelecido o seu reino na sua primeira vinda, como prometido pelos profetas do Velho Testamento. Porém, infelizmente, Israel rejeitou seu Rei e assim perdeu a oportunidade de ter o reino estabelecido em todo o seu poder e manifestação. Quando Israel rejeitou seu Rei, o evangelho do reino parou de ser anunciado porque o reino não estava mais sendo oferecido a eles. Ao invés disso, Deus enviou o evangelho de Sua graça ao mundo gentio para chamar dentre eles um povo para o Seu Nome (Atos 13.44-48; 15.14; Rm 11.11). Este evangelho ainda está sendo pregado hoje.

O evangelho do reino voltará a ser pregado futuramente pelo remanescente judeu fiel após a Igreja ser chamada ao céu no arrebatamento. Nesse tempo, Deus tornará a tratar com Israel de onde parou há quase 2.000 anos. Israel será salvo no dia vindouro (isto é, um remanescente entre eles – Rm 9.6-8; 11.26-27) e o reino será introduzido em poder (Ap 11.15).

O ponto que precisamos aprender é este: Não há menção do evangelho da graça de Deus sendo pregado na Tribulação – apenas o evangelho do reino (Mt 24.14). A razão óbvia é que o evangelho da graça chama crentes para serem parte da Igreja e, como a Igreja não estará na Terra durante a Tribulação, o evangelho da graça não será pregado.

Deus não enviará dois diferentes evangelhos ao mesmo tempo. Isto traria uma total confusão e iria confundir a chamada celestial da Igreja com a chamada terrenal de Israel com suas respectivas esperanças e destinos. Entender esse ponto nos revela que é impossível ter a Igreja e o remanescente judeu crente no período da Tribulação ao mesmo tempo. Se, durante a Tribulação, o evangelho da graça de Deus fosse pregado e chamasse os crentes dentre os judeus e gentios e os colocasse na Igreja, cada vez que um judeu cresse no evangelho da graça ele seria tirado de sua posição judaica e seria feito parte da Igreja, o que tiraria o “Israel de Deus” de cena (Rm 11.5; Gl 6.16 – Leia sobre “o Israel de Deus”). Assim, nunca haveria um remanescente judeu crente! Uma consideração cuidadosa dessa questão prova que a Igreja e o remanescente judeu não podem estar na Terra ao mesmo tempo durante a Tribulação.

Ou seja, o fato de que o evangelho da graça de Deus não será pregado na Tribulação mostra que o arrebatamento já terá ocorrido.

Uma nova aliança será feita com Israel no Milênio, após a Tribulação (Jr 31.31-33), não com a Igreja. A Igreja não teve uma velha aliança e nem terá uma nova, visto que ela só veio a ser inaugurada em Atos 2. Não existe Igreja no Velho Testamento, e isso inclui os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. Quando falamos da nova aliança, estamos nos referindo a Israel, o povo terrenal de Deus. O remanescente de judeus que virá a sofrer na Tribulação dará testemunho durante os sete anos de Tribulação, levando o evangelho do Reino a toda criatura. Sim, a ordem do “ide” foi dada claramente aos apóstolos em circunstâncias judaicas, falando do evangelho do reino, aquele que anuncia o retorno do Rei de Israel após a Tribulação (Mt 28.19). Esse não é o evangelho da graça, o qual pregamos hoje.

O evangelho da graça diz: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos 16.31). O evangelho do Reino, que foi pregado por João Batista aos judeus de sua época e que ainda voltará a ser pregado pelo remanescente judeu no futuro, diz: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 3.2). Um é o evangelho da graça; o outro é o evangelho do Reino.

– JP Padilha
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