UM LADRÃO NA NOITE | JP Padilha
A ideia do “ladrão” em relação à vinda de Cristo é usada sete vezes, apenas no Novo Testamento (Mt 24.43; Lc 12.39; 1Ts 5.2,4; 2Pe 3.10; Ap 3.3; Ap 16.15). Cristo faz alusão a “um ladrão vindo no meio da noite” na ilustração do pai de família sensato apresentada em Mateus e Lucas (Mt 24.43; Lc 12.39). Nenhum desses textos se refere ao Arrebatamento da Igreja. Em vez disso, ambos os contextos apoiam a noção de que Jesus se referiu à Sua Segunda Vinda. Nessas passagens, Jesus fala da nação de Israel durante o tempo da Tribulação de sete anos (Dn 9.24-27; Mt 24), quando os crentes judeus fiéis daquela época estarão aguardando o retorno do Senhor, diferentemente daqueles que não estavam esperando pela chegada do Messias em Sua primeira vinda.
À medida que nos movemos cronologicamente através do cânon do Novo Testamento, chegamos a uma importante passagem dos escritos de Paulo que se refere duas vezes a “um ladrão vindo de noite” (1Ts 5.2,4). 1 Tessalonicenses 5.1-11 é uma seção que segue o parágrafo anterior (1Ts 4.13-18), no qual Paulo fala sobre o Arrebatamento (1Ts 4.16-17). Paulo usa a frase transitiva do grego peri de (“relativamente”) em 1 Tessalonicenses 5.1 à medida que muda do assunto profético do Arrebatamento para “o Dia do Senhor” (Segunda Vinda).
Paulo empregou palavras gregas conhecidas para indicar a mudança referente aos tópicos dentro do mesmo tema geral da profecia (cf. 1Ts 4.9,13; 1Co 7.1,15; 8.1; 12.1; 16.1). A expressão aqui aponta para a ideia de que, num contexto mais amplo sobre o tempo final da vinda do Senhor Jesus, o tema está mudando de uma discussão a respeito do Arrebatamento dos cristãos para o julgamento dos incrédulos em Sua Segunda Vinda (aqui não é o Juízo Final, quando os incrédulos são julgados e condenados no Grande Trono Branco. Aqui se refere ao Julgamento das Nações para decidir quem entra no Reino Milenar e quem é morto fisicamente e imediatamente – “Julgamento dos bodes e ovelhas” – Mt 25).
Deve-se observar que Paulo, logo após falar do Arrebatamento em 1 Tessalonicenses 4.16-17, muda seu foco para a Segunda Vinda de Cristo e identifica claramente seu tópico em 1 Tessalonicenses 5.2 como “o dia do Senhor”, que “vem como o ladrão de noite” (1Ts 5.2b). O Arrebatamento não é mencionado como algo que vem como um ladrão à noite. O versículo 3 nos fala daqueles que estarão dizendo: “Há paz e segurança”. Então, o verso continua:... “então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão”. Os incrédulos, descritos como “das trevas” (v. 5), são aqueles que serão pegos desprevenidos e despreparados para a ira de Deus durante a Tribulação. Isso ocorrerá na segunda metade do tempo da Tribulação.
Na verdade, o versículo 9 lembra aos crentes que eles não experimentarão a ira de Deus durante a Tribulação, pois diz: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 5.9). O meio de livramento da ira de Deus será o Arrebatamento da Igreja mencionado por Paulo no final do capítulo 4, versos 16-17 especialmente.
A figura do ladrão também é usada em 2 Pedro 3.10, onde o Dia do Senhor é o assunto abordado por Pedro. Fica bem claro que essa passagem não é uma referência ao Arrebatamento, uma vez que diz: “Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada”.
“Mas se você não estiver atento, virei como um ladrão e você não saberá a que hora virei contra você” (Apocalipse 3.3).
As duas últimas referências ao tema do ladrão ocorrem em Apocalipse 3.3 e 16.15. Jesus está falando diretamente à igreja carnal de Sardes, a quem Ele diz para acordar da inércia espiritual e se arrepender: “Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei”. Essa passagem certamente não está relacionada ao Arrebatamento, mas a uma promessa de juízo para aqueles dentro da Igreja que não se arrependerem. Eles não serão arrebatados e certamente entrarão na Tribulação caso não se arrependam.
Apocalipse 16.15 é um enunciado intercalado que ocorre entre a sexta e a sétima taça de juízo. Desta forma, dezoito dos dezenove juízos da Tribulação já aconteceram. Como a última taça de juízo está associada à preparação para a Segunda Vinda de Cristo, ela é uma admoestação para os santos da Tribulação observarem os sinais que apontam para o retorno de Cristo, o que está descrito na segunda metade de Apocalipse 19. Esta certamente não é uma referência ao Arrebatamento. “Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia, e guarda as suas roupas, para que não ande nu, e não se vejam as suas vergonhas” (Apocalipse 16.15).
CONCLUSÃO
Embora haja outras questões de maior importância do que analisar se o Arrebatamento pode ser comparado com a chegada de um ladrão na noite, creio que é importante manejarmos adequadamente a Palavra de Deus (2Tm 2.15), relacionando frases e descrições bíblicas da mesma forma que a Bíblia o faz. Pode acontecer que, quando aplicamos mal o imaginário bíblico, não apenas criamos associações falsas, mas também deixamos escapar a aplicação do tema que a Bíblia está realmente ensinando. Este poderia ser o caso da linguagem do ladrão na noite.
A figura do “ladrão na noite” NUNCA se aplica ao Arrebatamento. Tal linguagem é geralmente descritiva dos incrédulos e da ira e juízo de Deus relacionados com a Tribulação ou com a Segunda Vinda de Cristo. A figura de “um ladrão na noite” mostra que ela se aplica aos incrédulos que são pegos desapercebidos, uma vez que eles nunca realmente crêem que Deus vai julgar a história. O incrédulo pensa que vai sair impune, mesmo ignorando Deus por toda a sua vida. Portanto, Deus não é um fator decisivo, pensa ele.
O que a Bíblia quer enfatizar sobre o ímpio é: “Algum dia ele vai ter uma grande surpresa”, exatamente como o indivíduo que é roubado por um ladrão. Ser roubado é um acontecimento que interrompe o estado normal de voltarmos para casa todos os dias, encontrando-a da maneira como deveria estar. Como o aluno indolente, que nunca está pronto para o exame e, portanto, é pego desprevenido quando chega realmente a hora da prova, assim o incrédulo nunca estará preparado, já que ele não acredita em Deus de jeito nenhum, ou não acredita que Deus um dia o responsabilizará por seus erros.
Muitos de nós conhecemos a errônea e estúpida canção de Larry Norman que diz: “Jesus virá como um ladrão na noite, e levará todos os que o amam”. Mas, Cristo não levará nada como um ladrão no Arrebatamento. Ele virá para Sua Noiva – a Igreja, o Corpo de Cristo (1Ts 4.16-17). Os crentes são chamados “filhos da luz” em 1 Tessalonicenses 5.5 e instruídos por Paulo a ficarem despertos durante o tempo presente, que antecede o Arrebatamento, ao qual ele dá o nome de noite. “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas” (1 Tessalonicenses 5.4-5). Isto é, nós, a Igreja, não pertencemos ao grupo de pessoas que serão pegas de surpresa na Segunda Vinda de Cristo, pois já teremos sido arrebatados no mínimo 7 anos antes. A Igreja não entrará na Tribulação. No contexto de 1 Tessalonicenses 5, o dia se refere ao Dia do Senhor, que é o tempo da ira de Deus, que geralmente chamamos de Tribulação.
Para melhor entendimento sobre “O Dia do Senhor”, leia o capítulo 29 – “O que é o Dia do Senhor?”. Você também encontrará meu artigo no Blog sobre o mesmo tema.
Os acontecimentos dos últimos dias pegarão o mundo desapercebido, já que, mesmo em seus sonhos mais desvairados, as pessoas não crêem que aqueles cristãos malucos e suas Bíblias poderiam estar certos sobre o Arrebatamento (Para elas, esse evento será chocante, pois os escolhidos de Deus desaparecerão em uma fração de segundo). Todavia, nós, crentes, conhecemos a verdade e não nos surpreenderemos quando os acontecimentos da profecia bíblica começarem a se desenrolar. Maranata!
– JP Padilha
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