Haverá um avivamento mundial antes do Fim dos Tempos? | JP Padilha
A resposta para esta pergunta é um grande e sonoro “NÃO”. Um avivamento mundial, ou um reavivamento, é um despertar espiritual no qual a Igreja seria tirada de um estado de dormência ou estagnação, resultando em vidas transformadas e numa busca renovada pela retidão pessoal em Cristo. Em um sentido, o avivamento só pode acontecer entre os crentes, pois é uma restauração da vida. No entanto, no uso comum, a palavra Avivamento geralmente se refere a qualquer resposta em larga escala ao evangelismo em que novos convertidos são feitos.
Mas, aí surge uma pergunta diferente: A Bíblia contém alguma profecia sobre o surgimento de um avivamento mundial em algum tempo da história? Sim e não. No tempo em que estamos, isto é, na dispensação da graça de Deus, desde o tempo dos apóstolos, a ruína do testemunho cristão tem se destacado. E isso foi profetizado por Jesus e também pelos apóstolos. Ao mesmo tempo, a Bíblia prevê tempos de retorno ao Senhor, mas não na era da Igreja, pois ela falhou em seu testemunho, assim como Israel também falhou antes. Porém, após o arrebatamento da Igreja, haverá sim um período de reavivamento entre os judeus na Tribulação e eles converterão os corações de muitos gentios que também estarão na Tribulação.
Biblicamente falando, o "fim dos tempos" começa com o arrebatamento da Igreja ao Céu (1Ts 4.16-17). Com isso, dá-se início à Tribulação de sete anos sobre a Terra (Mt 24; Dn 9.24-27). Após a Tribulação, Jesus retorna à Terra com Seus santos arrebatados (Jd 1.14; Zc 14.5). Esta é a segunda vinda de Cristo, a qual ocorre somente após a Tribulação (Mt 25). Aqui não se trata do arrebatamento, pois o arrebatamento da Igreja ocorre antes da Tribulação (1Ts 4.16-17). A segunda vinda de Cristo é quando Ele retorna à terra com Seus santos arrebatados para julgar as nações e reinar por mil anos sobre a Terra (Mt 25; Ap 20.2-7). Após o Reino Milenar, vem o Juízo Final – o Grande Trono Branco, onde somente os perdidos são julgados (Ap 20.9-15). Depois disso, finalmente desfrutaremos do Estado Eterno – novos céus e nova terra (Ap 21–22).
NOTA: O Julgamento das Nações não é para estabelecer a salvação da alma, mas sim da carne. É muito importante entender que Mateus 25, onde fala da separação de bodes e ovelhas – no Julgamento das Nações –, não se trata da salvação eterna, já que esta não é obtida por meio de boas obras. A promessa é de participarem vivos do Reino de Cristo na Terra, o qual durará mil anos. O Julgamento das Nações não é para determinar a salvação eterna, mas sim física. As ovelhas são mantidas vivas para entrarem no Reino Milenar e os bodes são mortos para aguardarem o Juízo Final – o Grande Trono Branco, onde somente os perdidos são julgados (Ap 20.9-15). O Juízo Final só ocorre após os mil anos de reinado de Cristo sobre a Terra.
Examinaremos as previsões de avivamento em três períodos: A era da Igreja, o período da Tribulação e o Milênio.
REAVIVAMENTO DO FIM DOS
TEMPOS NA ERA DA IGREJA
Quando consultamos a Palavra de Deus, podemos constatar que quase todos os escritores do Novo Testamento previram que a ruína e o abandono da Palavra de Deus entrariam no testemunho cristão. Portanto, não deveria ser uma grande surpresa para nós quando víssemos esse abandono da ordem de Deus na criação de instituições ou denominações religiosas se autoproclamando “igrejas”. Trata-se daquelas construções com adornos judaicos onde um (assim chamado) “pastor” preside a congregação (algo que nunca é visto na Bíblia).
O único avivamento que houve na Igreja foi em seu início, em Atos 2, como profetizado por Joel no Antigo Testamento (Joel não sabia que a Igreja existiria. A Igreja permaneceu um “mistério” durante toda a era veterotestamentária – Ef 3.9. Os santos do Antigo Testamento não sabiam que este povo celestial – Igreja – viria a existir).
Em Atos 2, quando o Espírito Santo desce sobre o povo e inaugura a Igreja, Pedro prega para as multidões: “Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: ‘E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão’” (Atos 2.14-18).
É triste ter que dizer isso, mas esta foi a primeira e última vez que a Igreja experimentou um verdadeiro avivamento. Logo nas primeiras epístolas escritas por Paulo vemos a ruína do testemunho cristão entrando em nosso meio. O avivamento profetizado em Joel 2.28-32 foi cumprido há 2.000 anos, quando a Igreja começou, mas ela não experimentou nada disso depois de Atos 2. Pelo contrário. Sua falha no testemunho é visto logo nas epístolas, especialmente nas epístolas paulinas.
Em Mateus 24.14, Jesus fala do evangelho do Reino sendo pregado ao mundo inteiro, "e então virá o fim". Mas aqui Jesus não está se referindo ao evangelho da graça, o qual conhecemos e pregamos hoje. Jesus, em Mateus 24, está falando da evangelização feita pelo remanescente judeu fiel, por meio do evangelho do Reino, o qual anuncia o retorno do Rei de Israel. Sendo assim, Mateus 24 não se trata da era da Igreja, pois ela já estará no Céu nesse tempo. Todo o capítulo é sobre Israel e sobre a Tribulação que cairá em especial na terra de Israel.
Nem Jesus, nem os apóstolos jamais ensinaram que um reavivamento global aconteceria nos últimos dias antes da Tribulação.
O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, não disse que haveria um reavivamento mundial. Pelo contrário, ele disse o oposto: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm a consciência cauterizada" (1 Timóteo 4.1-2). Ou seja, já nos dias de Paulo a Igreja mostrava seu fracasso no testemunho cristão. Paulo ainda acrescentou: "Mas você precisa saber disto: nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis" (2 Timóteo 3.1). Oras, o que vemos aqui não é um reavivamento. O que o apóstolo tem em mente é o oposto. Uma apostasia, no sentido de abandono da fé, é o que está sendo prenunciado. Observe a descrição dos últimos dias: eles serão "difíceis".
E mais, "os perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados" (2 Timóteo 3.13). Em vez de se arrependerem em um reavivamento mundial, "os seres humanos serão egoístas, avarentos, orgulhosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, convencidos, mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus, tendo forma de piedade, mas negando o poder dela. Fique longe também destes" (2 Timóteo 3.2-5).
Em outra epístola, o apóstolo Paulo nos alertou para o fato de que haveria um grande abandono da Palavra de Deus entre os cristãos professos. Ele disse: "Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si" (Atos 20.29-30).
Em suas epístolas a Timóteo, o apóstolo Paulo mencionou aqueles que naufragariam na fé (1Tm 1.19-20), que apostatariam da fé – do conjunto formado pela verdade cristã (1Tm 4.1-3), que se afastariam da fé (1Tm 6.10), que se desviariam da fé (1Tm 6.20-21), que perverteriam a fé de outros por meio de seus ensinos heréticos (2Tm 2.18), e que se tornariam reprovados quanto à fé (2Tm 3.8 ). Ele disse que chegaria um tempo em que os cristãos professos, de um modo geral, não suportariam a sã doutrina, mas desviariam seus ouvidos da verdade, voltando-se para as fábulas que não têm qualquer fundamento na Palavra de Deus (2Tm 4.2-4). Ele disse que os padrões morais no testemunho cristão também se degenerariam até chegarem ao mesmo nível dos praticados entre os pagãos (2Tm 3.1-5; cf. Rm 1.28-32). Ele falou de impostores que se levantariam professando conhecer a verdade, os quais imitariam os poderes miraculosos de Deus em uma tentativa de resistirem à verdade (2Tm 3.7-8). Ele também falou que as coisas NÃO melhorariam, mas que "homens maus e enganadores" dentro do testemunho cristão (pois é este o contexto do artigo) iriam "de mal para pior" (2Tm 3.13). Basta darmos uma olhada superficial no testemunho cristão de nossos dias para vermos que todas essas previsões chegaram ao seu triste cumprimento.
As previsões de Paulo de uma apostasia abrangente antes que o Anticristo seja revelado sugerem que o que ocorrerá será o oposto de um reavivamento. Será um afastamento da Verdade, pois muitos crentes professos abandonarão a fé e rejeitarão o ensino bíblico nos dias que antecedem a Tribulação.
REAVIVAMENTO DO FIM
DOS TEMPOS NA TRIBULAÇÃO
O Novo Testamento fala de um reavivamento vindouro entre os judeus/Israel. Romanos 11.25 diz que agora, por um tempo, "veio um endurecimento em parte a Israel, até que tenha entrado a plenitude dos gentios". Então, "todo o Israel será salvo", o que indica que os judeus um dia serão "abrandados" para o evangelho do Reino e o receberão. O evangelho do Reino, o qual será pregado pelo remanescente judeu fiel, é aquele que anuncia o retorno do Rei de Israel (Mt 24.14). Ali diz: “E este Evangelho do Reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”. Aqui não vemos o evangelho da graça sendo pregado, como é hoje, mas sim o evangelho do Reino. A ordem do “ide” foi dada aos discípulos em circunstâncias judaicas, falando ali da Tribulação que sofrerão na Terra.
O Apocalipse menciona um reavivamento entre os judeus durante a Tribulação. No final, haverá um reavivamento em Israel (Rm 11.25-29; Ap 7.3-9). Será na Tribulação. Eles confessarão seu pecado com as palavras descritas em Isaías 53. Naquele mesmo período de tempo, haverá um grande reavivamento; uma enorme difusão do evangelho do Reino, o qual anuncia o retorno do Rei de Israel (Mt 24.14). Anjos nos céus, de acordo com o livro de Apocalipse, pregarão o evangelho eterno (Ap 14.6-8), duas testemunhas que morrem e ressuscitam pregarão o evangelho do Reino (Ap 11), 144.000 judeus pregarão o evangelho do Reino – 12.000 de cada tribo (Ap 7.3-8). Uma multidão inumerável se converterá na Tribulação por meio do evangelho pregado pelo remanescente judeu fiel – Pessoas de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas virão à fé (Ap 7.9). Haverá um grande derramamento do evangelho do Reino. Israel virá à fé. A Tribulação terá o efeito de voltar o coração dos judeus para Seu verdadeiro Messias, e isso foi profetizado no Antigo Testamento: "É tempo de angústia para Jacó, mas ele será salvo dela" (Jeremias 30.7).
A Batalha de Gogue e Magogue (Ez 38–39) ocorrerá durante a Tribulação. Ali sim haverá um reavivamento após esse conflito. As nações do mundo verão a grandeza e a santidade de Deus demonstradas (Ez 38.23). Especialmente e especificamente para Israel, haverá um reavivamento: "Desse dia em diante, a casa de Israel saberá que eu sou o Senhor, seu Deus (...); Nunca mais esconderei deles o meu rosto, pois derramarei o meu Espírito sobre a casa de Israel, diz o Senhor Deus" (Ezequiel 39.22, 29).
REAVIVAMENTO DO FIM
DOS TEMPOS NO MILÊNIO
Várias passagens do Antigo Testamento profetizam uma era vindoura de justiça, paz e segurança, quando o Messias reinará de Jerusalém. Durante esse período, que, segundo Apocalipse 20, durará 1.000 anos, "a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar" (Isaías 11.9). Isso soa como um verdadeiro avivamento mundial. Também durante essa era, os antigos inimigos do Senhor "subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos Exércitos, e para celebrarem a Festa dos Tabernáculos" (Zacarias 14.16 – veja também Hc 2.14; Sl 22.27; Is 18.7; 19.21; 27.13; Jr 31.34). Mesmo depois desse reavivamento global e de um período prolongado de justiça e paz, muitas pessoas seguirão Satanás em uma rebelião no final do Reino Milenar, a qual durará por pouco tempo (Ap 20.7-10).
CONCLUSÃO
Alguns acreditam que tivemos grandes avivamentos na história do Cristianismo, outros acreditam que estamos no meio de um reavivamento e outros acreditam que estamos nos preparando para o maior avivamento da história da Igreja. Bom, a verdade é que os três grupos estão errados. Durante a era da Igreja NÃO haverá um segundo avivamento além daquele registrado em Atos 2. Não gostaríamos de nada melhor do que Deus realizando uma grande obra e trazendo multidões de pessoas para o Reino dos Céus, e oramos pela conversão de cada pessoa que se encontra no mundo. De fato, um retorno total a Deus em escala global mudaria este mundo. Mas as Escrituras dizem que, nos dias que antecedem o arrebatamento da Igreja, não haverá um reavivamento mundial. Os últimos dias serão um período preocupante e alarmante. Paulo disse que os dias em que vivemos, desde sua época, são maus (Ef 5.16). Porém, nos consolamos com o fato de que nosso Senhor venceu o mundo (Jo 16.33). Mantemos nossos olhos nEle e deixamos Sua luz brilhar através de nós, trazendo glória a Deus enquanto aguardamos o retorno de nosso Salvador nos ares, quando Ele nos arrebatará ao Céu (1Ts 4.16-17), pois, afinal, essa era a esperança de Paulo já no seu tempo, assim como deve ser a nossa esperança – a bendita esperança (Tt 2.13).
Para um entendimento mais complexo sobre a ruína do testemunho cristão que ocorre em nossa era, clique no link abaixo:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2023/09/a-ruina-do-testemunho-cristao-e-criacao.html
– JP Padilha
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