ISAÍAS 53 – Uma confissão dos judeus que ainda crerão | JP Padilha



Isaías 53 é o coração do Velho Testamento de diversas formas. O nome “Isaías” significa “A salvação do Senhor”. O livro de Isaías é a forma mais valiosa da poesia hebraica em toda sua existência. Mas, há um grande problema na interpretação da grande maioria dos cristãos professos da atualidade sobre este texto. Eles veem este texto como uma profecia acerca da primeira vinda de Jesus na terra, isto é, um prenúncio de Sua vida e ministério. Todavia, esta passagem não tem nada a ver com isso. Ali se trata da confissão e arrependimento profundo dos judeus que crerão no nome de Jesus na Grande Tribulação. Quando lemos todo o contexto, considerando até mesmo o capítulo anterior, onde começa falando do dia que o Senhor intervirá na Terra para estabelecer Seu Reino, conseguimos ver um quadro maior da profecia e do que Isaías está realmente falando. Ele está falando do futuro, mas sua conjugação está no pretérito. Por quê? Porque trata-se de uma confissão que os judeus farão na Tribulação quando olharem para trás e admitirem que estavam errados a respeito de Jesus, e que eles são responsáveis pela injustiça contra Ele. Ainda no capítulo 52, é dito que o Senhor fará Sião voltar. Obviamente isso ainda não aconteceu. Porém, o centro da mensagem deste artigo é o capítulo 53 e nós iremos aprender muito com ele da maneira correta, sem as cortinas de fumaça do evangelicalismo moderno. Vejamos o que diz a passagem:

“Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR? Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (Isaías 53.1-12).

A profecia de Isaías é a maior dentre os profetas maiores e contém mais conteúdo do que todos os profetas menores juntos. É necessário que se diga que, se tivéssemos perdido o Novo Testamento e tudo que sobrasse fosse apenas um relato da morte e ressurreição de Jesus Cristo, haveria explicação e teologia suficientes em Isaías 53 para levar um pecador à salvação. Ele explica a morte, a ressurreição e a exaltação de Cristo. Isaías 53 é o Santo dos Santos do livro de Isaías. É incrível! É inesgotável! Esta profecia trata-se de uma visão do futuro dada a Isaías 700 anos antes de Jesus vir em Sua primeira vinda.

É triste ter que dizer que muita gente na Igreja interpreta estes versos como se fossem uma profecia a respeito da vida de Jesus na terra em Sua primeira vinda. Não! Não é disso que se trata o capítulo. Este futuro profetizado em Isaías 53 é relativo à confissão que o remanescente judeu fiel fará durante a Tribulação na Terra. Eles, os judeus que se converterão durante a Tribulação (os 144.000 de Apocalipse), reconhecerão o que fizeram com o Seu Rei; e as palavras ditas em Isaías 53 são exatamente as palavras que eles dirão naquele tempo.

Há algumas visões notáveis dadas aos escritores das Escrituras Sagradas. Por exemplo:

• A Moisés foi concedida uma visão do Monte Nebo, olhando sobre a terra de Israel. E ele, em certo sentido, era capaz de ver a terra antes de Israel ter realmente tomado posse dela. E então é dito que Abraão, na verdade, olhou para frente, pela revelação divina, e viu o dia de Cristo e se alegrou.

• Jacó olhou para o rosto de Deus em Betel, e naquela experiência de luta ele viu o Cristo pré-encarnado.

• O apóstolo Paulo foi arrebatado ao terceiro Céu e viu coisas que aos homens são ilícitas para se falar e teve uma prévia de como seria quando um dia, depois de seu martírio, ele entraria naquele mesmo Céu que viu.

• E, claro, o apóstolo João foi transportado em visões diversas vezes, visões que no livro de Apocalipse mostram o futuro da Terra e também o futuro no Céu.

• Ezequiel viu a glória de Deus antecipando o julgamento que ainda está por vir.

• Pedro, Tiago e João estavam no Monte da Transfiguração e viram uma prévia da Segunda Vinda gloriosa de Jesus Cristo e ficaram surpresos por ela, como bem sabemos.

Mas, de todas estas visões surpreendentes das coisas que ainda estão por vir, nenhuma delas excede a incrível visão de Isaías. E, embora, tecnicamente, não fosse uma visão como definiríamos uma visão real, como as citadas anteriormente, foi uma revelação direta. No entanto, contida nessa revelação direta, ficou claro que era uma descrição do significado da cruz. Isaías, mais do que qualquer outra pessoa, ganhou o privilégio de ver profundamente o significado do Calvário e a morte de Jesus Cristo antes de qualquer um e antes que o evento ocorresse. Nesse sentido, Isaías torna-se o profeta do evangelho – o profeta da cruz. Embora existam coisas que aconteceram na cruz que estão profetizadas em outras partes do Velho Testamento, em nenhum outro lugar da Bíblia essas coisas aparecem todas juntas da maneira que acontece aqui. Sendo assim, como eu disse, se tudo que tivéssemos fossem apenas os registros históricos da crucificação, da ressurreição e exaltação de Cristo, você entenderia a teologia apenas por este capítulo de Isaías.

Isaías 53, então, se torna um resumo do evangelho no sentido de que é um resumo do que é necessário acreditar para um pecador ser salvo do julgamento de Deus e perdoado do pecado.

Mas, é mais do que isso. É a mais profunda de todas as revelações dadas a um profeta. Ao mesmo tempo, é mais do que apenas uma profecia do Calvário; mais do que apenas uma profecia da cruz de Cristo. Ele vai além disso e é definido no contexto do fim da história humana, muito tempo depois da cruz, para além dos nossos dias de hoje, para o futuro, no tempo da Tribulação quando Israel, como uma nação, se voltará para Jesus Cristo. Os judeus irão crer nEle e serão salvos (não todos os judeus, mas aquele remanescente guardado pelo Senhor). Cristo retornará, destruirá o Ímpio sobre a face da Terra, inaugurará o Seu Reino de mil anos, levando o Israel que crê para dentro deste Reino, bem como os gentios redimidos na Tribulação, os quais se converterão por meio do evangelho do Reino pregado pelos mesmos judeus de quem estamos falando aqui, e estes judeus e gentios entrarão para o Reino de mil anos de Cristo sobre a Terra, e se cumprirão todas as profecias do Reino que encontramos no Antigo Testamento.

Assim, em certo sentido, nós estamos indo em frente para além do Calvário até o fim dos tempos, e estamos ouvindo neste capítulo uma confissão dos judeus durante a fase da Tribulação, quando eles olham para trás, para a cruz, e percebem o quão errados eles estavam a respeito de Jesus Cristo e como eles interpretaram mal o maior de todos os eventos da história humana. É uma viagem no tempo. Olhando agora para Isaías 53, estamos de frente para o passado se olharmos para o texto com as lentes daqueles judeus que se converterão na Tribulação vindoura! O que Isaías faz é ir para um futuro distante, quando Israel olha para o passado e para Aquele a quem traspassaram e lamentaram por Ele como o Unigênito, e uma fonte de limpeza é aberta para eles, para purificá-los do pecado e da iniquidade. E essas são as palavras de Zacarias 12.10 e 13.1. Ele vai por todo o caminho até o fim, até o momento em que Israel reconhece que crucificaram o Seu Messias, o Seu Rei, o Senhor da glória.

Esta profecia, então, nos traz um contexto escatológico. Ela apresenta este grande evento escatológico: O arrependimento nacional dos judeus. Zacarias nos conta que dois terços deles não crerão. Eles serão julgados e condenados. Mas, um terço dessa nação irá crer. Se isso viesse a acontecer em breve, seria um número em torno de 4 ou 5 milhões de judeus salvos após crerem no evangelho do Reino, o qual eles pregarão a todas as nações (a ordem do “ide” foi dada aos judeus em circunstâncias judaicas – Mt 10.5-7). Eis a salvação da nação terrenal de Deus, escolhida para entrar no Reino Milenar – Israel. A única maneira pela qual qualquer um pode ser salvo é crendo no Senhor Jesus Cristo. Não há salvação para ninguém a menos que se creia na verdade sobre Jesus Cristo e na verdade sobre o evangelho da cruz. É crendo no Senhor Jesus e no fato de que Ele morreu, ressuscitou dos mortos e ascendeu aos Céus que uma pessoa é salva. E isso é exatamente o que uma futura geração de judeus irá fazer. Eles irão crer e receber Jesus Cristo. Eles vão ver a sua morte como vicária, substitutiva, uma morte sacrificial por eles, seguida pela ressurreição e exaltação.

Isaías 53 é a confissão que eles farão naquele futuro distante, mas também é a confissão que cada pecador salvo tem que fazer. Primordialmente, este texto é escatológico, mas nós estamos aqui porque também fizemos essa confissão. Estas são palavras que, de alguma forma, estiveram em nossas mentes e em nossas bocas. O tom do capítulo é muito triste, muito sombrio; de partir o coração. Triste. Por quê? Porque essa futura geração de judeus vai olhar para o passado e perceber que vir a crer em Jesus Cristo demorou muito tempo e eles amaram Seu Messias muito, muito tarde.

Quando esse dia chegar, isto é o que eles irão dizer e eu quero repetir estas palavras para que o leitor tenha uma visão escatológica do texto:

“Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR? Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum. Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca. Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido. E puseram a sua sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte; ainda que nunca cometeu injustiça, nem houve engano na sua boca. Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (Isaías 53.1-12).

Se, como alguns sugerem, Isaías é o maior livro do Antigo Testamento, o capítulo 53 é o maior dos capítulos. A palavra “muitos” aparece três vezes nesse capítulo. “Muitos”, neste capítulo, refere-se aos beneficiários da maravilhosa e estupenda expiação pelos Seus eleitos. Ele não morreu por todos. Ele morreu por “muitos”. Sua expiação é limitada aos eleitos. Eles são muitos; Ele é o único. Abaixo, no versículo 11, Ele é o Justo. Há muitos que são pecadores; há Um que é justo. Há muitos que são culpados; há Um que é o que fornece uma expiação satisfatória para eles.

“Muitos” é a palavra usada pelos escritores do Novo Testamento também. Mateus e Marcos referem-se a Cristo como tendo dado a Sua vida em resgate de muitos. Paulo, em Romanos 5.15, fala do sacrifício de Cristo por muitos. Em Hebreus 9.28 o escritor refere-se outra vez ao fato de que Cristo deu a vida por muitos. O fato de que há “muitos” ao invés de “todos” se encontra na narrativa de todos esses escritores.

Há também o contraste entre o “um” e o “muitos” aqui. Mateus, Marcos, Paulo e o escritor de Hebreus estão se referindo a Isaías 53 sem necessariamente citá-lo, onde você tem o contraste entre o “um” no versículo 11, o qual é justo, e os “muitos”, que são pecadores. Muitos são culpados, mas apenas Um é justo. “O justo justificará a muitos” (vs. 11).

Esta é uma confissão verdadeira do remanescente judeu fiel no fim dos tempos. Preste atenção no significado escatológico disso. É a característica de qualquer confissão que seja salvadora. É uma confissão verdadeira e honesta para a salvação. Ouça com atenção, porque aqui o pecador assume total responsabilidade por seu pecado. Todavia, mais do que isso, essa será a verdadeira confissão nacional de Israel no futuro, embora seja verdadeira para todo crente hoje, em cada indivíduo que vem, pela verdadeira fé salvadora, a receber Jesus Cristo. Há uma confissão genuína e honesta de pecado em que o pecador ou pecadora assume total responsabilidade por seus pecados. Em outras palavras, o pecador não culpa ninguém mais por suas transgressões. Ele agora sabe que a responsabilidade é dele. Culpar outra pessoa é tão antiquado e desonesto quanto a atitude de Adão e Eva, não é mesmo?

Este maravilhoso capítulo é uma passagem repleta de verbos no tempo passado, o qual nos fala de uma geração futura de israelitas olhando para a cruz. Porém, este capítulo também está cheio de outras características linguísticas que precisam ser identificadas, carregado de pronomes na primeira pessoa do plural. Enquanto você lê este artigo, você pode ouvir o eco do “nós, nós, nós, nossa, nossa, nossa, nós, nós, nós”? O problema aqui somos nós, reconhecidos em todo o verdadeiro ato de arrependimento.

É fato que o Espírito Santo tem que dar soberanamente vida para o pecador para que ele seja salvo. Sim, o Espírito de graça e de súplicas, como diz Zacarias, deve vir sobre os pecadores em Israel e, em seguida, eles podem se arrepender e crer no evangelho do Reino, o qual será pregado por eles mesmos – os judeus – na Tribulação vindoura. O poder do Espírito Santo é uma exigência na regeneração para despertar o pecador morto. E, sim, é verdade que as Escrituras dizem que Deus endureceu o coração dos incrédulos e, em particular, endureceu Israel contra Ele por causa da incredulidade deles.

Suponhamos que um pecador se levante e diga: “Não é culpa minha. O Espírito Santo não me deu a vida. Pelo contrário, Deus me endureceu. Há uma negação que me leva a estar na condição de descrente que estou. Isso é o Espírito que não me deu a vida. Há uma afirmação bíblica que me leva a estar na condição que estou vivendo, e é a afirmação de que fui endurecido por Deus, e eu não posso ser culpado por isso”.

No entanto, não há nada disso aqui. A obra do Espírito Santo e os propósitos soberanos de Deus vêm juntos com a fé salvadora e o arrependimento. No entanto, Deus faz isso em Sua própria mente infinita e vasta. A solução para resolver esse problema não é o pecador empurrar a responsabilidade para longe de si mesmo. Na verdade, foi Jesus quem chorou sobre a cidade de Jerusalém, e disse: “Quantas vezes quis Eu ajuntar vocês, mas vocês não quiseram isso” (cf. Mateus 23.37). Ele disse: “Vocês não crerão” (João 3.12).

Em Romanos 10.21, Paulo cita o Antigo Testamento: “Todo o dia estendi as mãos a um povo rebelde e contradizente”. Ele se refere a Israel. Todavia, no futuro, durante a Tribulação que cairá sobre a Terra e castigará o povo de Israel, eles não culparão o Espírito Santo. Eles não culparão o julgamento de Deus. Neste tempo eles assumem total responsabilidade por sua incredulidade e a condição que a incredulidade deles os colocou. Eles assumem a total responsabilidade pelos pecados que cometeram, pelas transgressões e as iniquidades. Eles assumem a total responsabilidade para os efeitos e as consequências desses pecados. Agora compreendem o motivo de suas tristezas e dores que enchem suas vidas. "É tudo sobre nós", dizem eles. E, em toda verdade e confissão salvífica, não há culpa em ninguém. O pecador assume total responsabilidade. Todo pecador arrependido tem de fazer isso, assim como Israel o fará naquele tempo.

Esta expressão de profundo arrependimento e contrição não é apenas uma confissão que os judeus farão na Tribulação, mas deve fazer parte também da nossa confissão – da Igreja –, pois Jesus e os apóstolos falam desse arrependimento contínuo no coração. Aqui temos um modelo genuíno para o verdadeiro arrependimento. Eles reconhecem que são os “muitos” descritos em Isaías 53, que são pecaminosos, e que Isaías 53 é sobre eles e é sua responsabilidade. Eles também reconhecem que há “um” contra “muitos” que pode fornecer a única salvação e que esse “um” é o Servo Justo, o qual morreu em seu lugar. Esse é o centro desta confissão aqui.

Agora, ao chegarmos nos versículos 4-6, chegamos ao meio da estrofe desta mensagem. Há cinco estrofes; já cobrimos duas. Estamos agora no meio. Veremos mais duas. É a verdade mais importante. Estes três versículos podem ser os mais magníficos versículos em todo o Antigo Testamento. Confesso que é um pouco assustador escrever sobre isso e tentar apresentar esses versículos ao leitor. Sinto-me inadequado e incapaz de fazer isso porque essas passagens são tão incompreensíveis e insondáveis como estando além do alcance de qualquer mente. Farei o meu melhor para manter o leitor no curso e na direção de captar a grandeza desta porção das Escrituras.

Os muitos pecadores que estão honestamente dispostos a confessar seus pecados e são consequente e genuinamente salvos são os que creem nos versículos 4, 5 e 6. Esta é a verdade salvadora.

No capítulo 52 de Isaías vemos um trecho muito mal compreendido pelos crentes professos da atualidade. No versículo 7 é dito: “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina!”.

Muita gente pensa que esta passagem se refere a algum crente em Deus que possui o dom da Palavra, ou que se trata de um pastor vocacionado, etc. Mas o texto não fala nada a respeito disso. O texto aqui está falando do Senhor Jesus Cristo. Basta ler o contexto todo de Isaías 52–53. Tudo ali é sobre Cristo. É Ele quem anuncia as boas novas aqui.

Ainda sobre o capítulo 52, vemos o Servo surpreendente nos versículos 13-15, no final do texto. Então, agora, no capítulo 53, estamos olhando para o Servo desprezado nos versículos de 1 a 3, e chegamos ao Servo substituto a partir do verso 4. Continuando a considerar o Servo de Jeová (Cristo), nós agora o vemos em Seu papel como um substituto – Ele pagou a dívida dos nossos pecados. Não devemos mais nada a Deus por causa dessa substituição.

Nos três primeiros versículos vemos que os judeus olharam para a sua vida passada, isto é, de seus antepassados. Os judeus confessarão: “Olhamos para Sua vida e não ficamos impressionados, não cremos na mensagem a respeito dEle, não cremos no braço do Senhor, que é o poder de Deus que veio em Cristo de modo que Cristo é literalmente o braço do Senhor personificado. Quantos de nós realmente creram? Bem poucos. A quantos destes chegou esta revelação e ela foi recebida com fé? Bem poucos. Por quê? Porque olhamos para Suas origens e Ele era como um rebento; e Ele era como um pedaço de raiz em terra seca, insignificante, totalmente sem importância; desnecessário. Seu inicio foi daquela forma; veio de uma cidade qualquer; de uma família qualquer; não tinha ninguém de influência em torno dEle que fosse religioso em termos de pessoas de elite na liderança. Ele era apenas um homem muito comum de uma família muito comum, de uma cidade comum, cercado por pessoas ainda mais comuns. Ele era ninguém de lugar algum. Esse foi Seu início.

E então olhamos para Sua vida e não havia nada sobre Ele. Nada majestoso sobre Ele, nenhuma forma imponente. Sua aparência não tinha nada que nos atraísse. Não havia nada sobre Ele que dissesse ser o 'Messias’. E então Seu fim foi o pior. Foi desprezado e abandonado pelos governantes. Ele se tornou um homem de dores e de sofrimento e estava de tal maneira deformado e desfigurado que escondemos nossos rostos dEle. Ele estava um horror em seus últimos momentos. Um início infeliz, uma vida inconsequente e uma morte horrenda. Por isso o desprezamos. Consideramo-lo como nada; ninguém.”

Essas serão basicamente as palavras de confissão dos judeus que se converterão na Tribulação vindoura. É isso que Isaías 53 está falando. Este é o Servo desprezado nos versículos 1-3 e é aí que a confissão do remanescente judeu fiel começa:

“Nós estávamos tão errados sobre Jesus Cristo!”. Isso é o que Israel está dizendo. “Estávamos errados o tempo todo”. E a transição vem no versículo 4 com a primeira palavra – “Certamente, ou verdadeiramente, ou, na verdade”. Esta é uma exclamação. Este é um reconhecimento súbito de algo inesperado; uma mudança dramática a partir da percepção que esta nação tinha anteriormente. Esta é uma inversão dos pensamentos deles; é uma meia volta que estão dando rapidamente. “Verdadeiramente”, como se dissessem: “Paramos em nosso curso, demos meia volta e fomos noutra direção. Agora vemos que Ele mesmo levou nossas aflições sobre Si, que nossas tristezas Ele carregou. Ele foi ferido pelas nossas transgressões, moído pelas nossas iniquidades, castigado para o nosso bem-estar e enfermado para a nossa cura.

Temos uma visão totalmente nova disso. Nossa consideração era que Ele era ninguém. Nós não queríamos que este homem reinasse sobre nós; nós dissemos tudo isso. E quando tivemos a opção de escolher entre soltar Barrabás ou Jesus, dissemos: ‘Mate Jesus, crucifica-o’. E agora sabemos o que fizemos. Certamente, Ele não morreu pelo Seu próprio pecado. Ele não morreu por Suas próprias iniquidades. Ele não morreu por Suas próprias transgressões. Ele não morreu porque era um blasfemo como nós pensamos que Ele fosse. Ele não morreu porque Deus o matou por ter alegado divindade. Ele não morreu porque Deus o matou por Ele ter afirmado ser o Messias. Achávamos que Ele estava mentindo e blasfemando. Ele não morreu por alegar igualdade com Deus. Verdadeiramente, Ele é o Messias. Ele é Deus.”

Isso é o que os judeus pensavam (e ainda pensam). Eles pensavam que Deus o matara por suas blasfêmias. “Ele era um blasfemo”, disseram, “e Deus o matou como um blasfemo por Seus próprios pecados, Suas iniquidades e Suas próprias transgressões”, o que, em suas mentes, eram blasfêmias extremas. Ele alegava ser o Messias, afirmando ser vivo antes de Abraão, afirmando ser igual a Deus, dizendo ser capaz de ressuscitar dentre os mortos, afirmando ser o Criador, o que para os judeus foi o suficiente para torturá-lo e matá-lo.

E os judeus continuarão confessando:

“Da nossa perspectiva, este blasfemo morreu pela mão de Deus por esses pecados horríveis; terríveis. Isso é o que nós pensamos. Agora sabemos que estávamos errados. Foram as nossas aflições que Ele suportou. Foram as nossas tristezas que Ele carregou. Ele foi ferido, esmagado, castigado, açoitado por nós. Essa é a inversão completa de como nós vimos a cruz. Ele tomou o nosso lugar, morreu em nosso lugar, deu a Sua vida por nós. Tecnicamente, nós chamaríamos isto de substituição vicária penal. Oras, as Escrituras dizem isso. Foi uma morte vicária.”

Finalmente, como nação eles verão isto e crerão. Eles serão salvos nessa hora. Os versículos 4, 5 e 6, aliás, estão tão ligados que são como círculos concêntricos. Eles se entrelaçam, dando voltas entre si. E cada um deles menciona os erros e as provisões do Servo de oferecer expiação por esses erros, e fazem um ciclo em torno do mesmo tema. Eles – os judeus que se converterão na Tribulação – entendem como estavam errados.

Eles tinham uma atitude errada, demonstrada num comportamento errado. Arrependimento abrange todos esses três versículos. O verdadeiro arrependimento leva ao reconhecimento de que pensamos errado e agimos errado, porque somos profundamente corruptos por natureza (Rm 3). Os versículos 3 e 4 são sobre suas atitudes erradas; o versículo 5 é sobre o seu comportamento errado e o versículo 6 é sobre sua natureza errada. Eles vão fundo nisso. Eles dirão: “A nossa atitude foi errada, terrivelmente errada. Nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Isso está errado. Pensamos que Ele estava sendo punido por Sua própria iniquidade. Nossos comportamentos eram errados – transgressões e iniquidades (v. 5). Mas, principalmente, porque a nossa natureza é corrupta (v. 6)”. O versículo 6 é sobre a natureza desses judeus: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho” (Is 53.6).

Todavia, o leitor poderá se perguntar: "Em que sentido o verso 6 está falando da natureza?". Ovelha faz o que ovelhas fazem. Essa é a analogia. Elas vagueiam rumo ao perigo. Assim somos nós. Nossa natureza estava errante e seguimos nosso próprio caminho. É disso que Paulo fala em Romanos 3. Nascemos odiando a Deus. Somos corruptos por natureza. E então nos convertemos a Jesus. Assim também, esta futura geração de judeus chegaram a um ponto ao qual todo pecador deve chegar para ser salvo, em que você entenda que tem que mudar sua mente a respeito de Cristo; em como você pensa sobre Cristo. Você tem que reconhecer suas transgressões e iniquidades (v. 5) que marcam o seu comportamento, a alienação subsequente de Deus e a enfermidade da sua alma. E então você deve reconhecer que há um problema lá no fundo, profundamente embutido em sua humanidade. Você é um pecador, e isso é o que você tem aqui em Isaías 53. O despertamento é impressionante. Eles – os futuros judeus, guardados por Deus para salvação – entenderam isso. Nossas aflições Ele mesmo carregou; nossas tristezas Ele carregou. Nós mesmos somos o problema aqui. Nossas aflições.

A palavra para "Aflições" é “Enfermidade”. São doenças, enfermidades, calamidades, etc. Palavra bastante ampla. E aqui pecados são vistos a partir da perspectiva dos seus efeitos. Os pecados são vistos a partir da perspectiva do que produzem; as condições que provêm do pecado. A vida se torna cheia de doença, enfermidade, calamidade. Estas são as aflições. Trata-se de uma palavra que parece principalmente em seu objetivo, no exterior, com as agonias, lutas e questões com que lidamos na vida. Nossas aflições Ele mesmo carregou. A palavra "Carregar" significa levantar, pegar e colocar sobre si mesmo. Ele pegou tudo isso que o pecado produziu e colocou sobre Si mesmo.

O pecado é visto aqui não como uma entidade moral, o que a palavra "Pecado" transmitiria, mas sim a partir da angústia, horrores e questões da vida que fluem do pecado. Ele pegou o pecado com tudo o que ele produz e o carregou, colocou-o sobre Si mesmo e carregou-o. Bem, sabemos que Ele o carregou para a cruz e suportou o castigo completo de Deus em nosso lugar. Ao Senhor agradou moê-lo (v. 10). Ele sofreu o castigo pelos nossos pecados e, portanto, carregou o peso total do pecado e todos os seus efeitos.

Em todo o Antigo Testamento há avisos para o povo judeu, bem como para todas as nações sobre esse assunto, de que violar a lei de Deus fará de você culpado. Na verdade, há uma pequena frase: "Levem sobre si a sua iniquidade, levem sobre si a sua iniquidade". E você encontra essa pequena frase ao longo do livro de Levítico. Você a encontra em Ezequiel 4, onde as pessoas que violam a lei de Deus vão assumir a sua culpa e, portanto, ser punidas. Então aqui, o Servo, o Messias, leva sobre Si o fardo cheio de culpa do pecador e assume os efeitos do pecado, coloca-os todos sobre Si e paga na íntegra a pena por esses pecados e, assim, os remove para sempre.

Em Levítico 16 vemos como era feita a expiação. Neste ritual, um animal era morto e outro animal era mantido vivo. Os sacerdotes colocavam suas mãos sobre aquele animal, o bode expiatório, como se colocassem todos os pecados do povo de Israel sobre este bode, e ele era enviado para o deserto para nunca mais voltar. Nunca mais! Jesus é o bode expiatório. Ele carrega todos os nossos pecados e paga a pena integralmente. Ele é o animal do sacrifício, bem como o bode expiatório no Antigo Testamento, e remove todos os nossos pecados – dos eleitos de Deus.

Ele toma o nosso pecado e sua punição completa, paga-o na íntegra e, assim, põe fim ao reinado do pecado em nossas vidas com todos os seus efeitos, com todas as suas manifestações, todas as suas tristezas e todas as suas dores. E um dia entraremos na plenitude disso. Um dia, quando nós entrarmos no Céu, não haverá mais pecado e seus efeitos. Devíamos ter sofrido por nossos pecados, mas Ele o fez. Ele removeu de nós tudo o que pertencia a nós, tudo o que devíamos ter sentido no julgamento – a dor, a devastação e até mesmo o castigo eterno e colocou sobre Si. E assim Ele deslocou a carga completamente para longe de nós. Ele toma o nosso pecado e o remove depois de ter pago por ele completamente.

Essa é a profecia de Isaías sobre Aquele que viria. E você verá essa mesma verdade reiterada nas seções restantes deste grande capítulo porque é a verdade principal. Vejamos o versículo 8, por exemplo: “Da opressão e do juízo foi tirado; e quem contará o tempo da sua vida? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; pela transgressão do meu povo ele foi atingido”. A questão então é: Quem é esta pessoa? Quem é esta pessoa que carrega o pecado, toda a sua manifestação, todos os seus efeitos e paga na íntegra a punição que satisfaz o julgamento e a ira de Deus, e, em seguida, o remove para nunca mais vê-lo novamente? Quem é essa pessoa que faz isso?

Pedro, sem dúvida, tendo esta passagem em mente, nos diz em 1 Pedro 2, falando de Cristo: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pedro 2.24).

Essa é uma alusão direta a Isaías 53. Este Homem não pode ser ninguém além de Cristo. Ninguém além de Jesus Cristo pode cumprir isto. Israel chegará a esse conhecimento; chegará a essa consciência, chorando e lamentando em arrependimento, tendo visto a verdade sobre o Servo, Messias, Yeshua, Jesus. E eles vão testemunhar o enorme erro que cometeram. Gerações fizeram isso; por milhares de anos cometeram este erro. E aqui eles declaram o quanto estavam errados. Não foi pelo Seu próprio pecado que Ele sofreu. Foi pelo pecado deles.

E então vem esta confissão:

"No entanto... lá atrás... nós mesmos o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Nós pensávamos que Deus o estava punindo por Seus próprios pecados. Consideramos Ele por aflito, ferido, afligido por Deus, por blasfêmia. Pensávamos que Deus estava punindo-o pelos Seus pecados”.

A linguagem aqui é muito forte. A palavra "Aflito" consiste em “atacar violentamente”. Uma palavra muito violenta usada em Êxodo 11.1 sobre as pragas no Egito. A palavra "Ferido" significa, basicamente, “bater em alguém até a morte”. A palavra "Aflito", em geral, designa alguém que está sendo humilhado, degradado, destruído. Sendo assim, os judeus pensaram que quando Ele estava sendo esmagado, espancado, degradado e humilhado significava que Deus estava fazendo isso porque Ele era um blasfemo. Aliás, essa ainda é a avaliação judaica hoje. A avaliação judaica é apenas essa hoje. Esse é o seu ponto de vista antes do tempo da Tribulação. Mas há judeus que já enxergam a verdade – judeus convertidos a Cristo hoje. Judeus cristãos. E eles confessam: “Isso é o que pensávamos, mas agora entendemos diferente”.

Igualmente, o remanescente judeu fiel, guardado por Deus para entrar no Reino Milenar, entenderá, em algum dia no futuro, que este é o Cordeiro de Deus, escolhido por Ele para ser o substituto vicário carregando os pecados deles. Eles entenderão, e, assim, no versículo 5 dirão que “Ele foi ferido pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniquidades, castigado para o nosso bem-estar, flagelado para a nossa cura”. Esta é uma linguagem maravilhosa!

As palavras “Ferido”, “Traspassado, “Esmagado”, “Castigado” ou “Punido”, “Açoitado”, etc. são palavras muito fortes. Vamos falar sobre elas por um momento. A Bíblia que estou usando é a ACF – Almeida Corrigida Fiel. E ela usa a palavra “Ferido” (v. 5). Contudo, em outras Bíblias podemos encontrar todas essas palavras que significam a mesma coisa no contexto com que estamos lidando.

O profeta não tem conhecimento da cruz; ele não sabe o que vai acontecer. Durante 700 anos este texto não foi compreendido pelos judeus. O Espírito de Deus o leva a buscar estas palavras e podemos dizer que são palavras metafóricas de alguma forma, ou são uma espécie de palavras gerais dizendo que Ele foi ferido, traspassado, esmagado, castigado, punido e açoitado. Ele simplesmente está tentando escolher as palavras que são dramáticas o bastante para demonstrar algo repulsivo para se pensar; palavras que expressem o estado de alguém sendo tratado da maneira mais repugnante possível.

Há estudiosos hebraicos que indicam que a palavra “Traspassado” (v. 5a), por exemplo, é a expressão hebraica mais forte para uma “morte violenta”. Assim, se você olhar para a linguagem do verso 5 de um modo geral, você poderia dizer: "Bem, quem quer que Ele seja, teve uma morte violenta", e você estaria certo. Você poderia olhar para a palavra "Esmagado" (v. 5b – moído), e perceber que essa palavra pode se referir a qualquer coisa sendo pisoteada até a morte. Literalmente pisoteado, esmagado sob o pé, como está escrito em Lamentações 3.34, o tempo todo sendo golpeado e ferido. É a vida de alguém que está sendo esmagado, gravemente ferido e pisoteado até a morte.

Mas, a verdade sobre essa questão é que não são apenas termos gerais, pois cada um deles aconteceu especificamente com Jesus.

“Traspassado” (v. 5a – atravessado) – Ele foi traspassado cinco vezes – os dois pés, as mãos e o lado. O Salmo 22 é um salmo que olha para frente, para a cruz. O Salmo 22 começa assim: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?". As exatas palavras que Jesus disse na cruz. Mas no versículo 16 deste salmo o salmista escreve: "Traspassaram-me as mãos e os pés”. A maioria dos salmos expressa os sentimentos de Jesus. Se alguém pretende compreender os salmos, essa é uma das regras básicas de interpretação dos salmos. Em Zacarias 12.10 é dito: "Olharão para aquele a quem traspassaram". E eles realmente traspassaram Jesus na cruz. Isso realmente aconteceu. Em João 19, há diversos versículos que estão ligados a este. Em João 19.34 lemos: "Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água". No versículo 37 é dito: "E outra vez diz a Escritura: Eles verão aquele a quem traspassaram". Sim, Ele foi literalmente traspassado. Sendo assim, a profecia de Isaías 53 é muito específica!

A palavra “Esmagado” (v. 5b – moído) pode referir-se, como já fora dito, a qualquer coisa desde um tipo de ferimento grave até ao ato de ser pisoteado até a morte. Preste atenção. Nós sabemos o que aconteceu com Jesus. Sabemos que Ele foi golpeado. Sabemos que Ele recebeu socos no rosto (Jo 19.3). Também sabemos, de acordo com Mateus 27.30, que os romanos pegaram varas e Lhe bateram no rosto. Socaram-lhe no rosto, batendo-lhe no rosto e batendo em Sua cabeça e rosto com varas, aumentando os hematomas e vergões, o que configuraria a palavra "Esmagado".

A próxima palavra é “Castigo” (v. 5c). Esta é a palavra hebraica para “Punição”. Sua execução foi uma forma de punição. Havia uma acusação contra Ele. Lembremo-nos dos judeus que trouxeram falsas testemunhas para contar mentiras contra Ele.

Jesus foi preso pela guarda do Templo e levado para a casa de Anás, sogro de Caifás. Depois foi levado a Caifás, seu genro, o qual era o sumo sacerdote na época. Após isso, foi levado a Pilatos para ser julgado. Jesus foi levado primeiro a Anás, que o interrogou, e depois foi enviado a Caifás para um julgamento mais formal diante do Sinédrio, a corte religiosa judaica. O Sinédrio, liderado por Caifás, não tinha o poder de condenar Jesus à morte. Então eles decidiram enviá-lo a Pilatos, governador romano (cf. João 18). Caifás era quem havia aconselhado aos judeus que convinha que um homem morresse pelo povo. Pôncio Pilatos, ao saber que Jesus era da Galileia, entendeu que o caso estava sob a jurisdição de Herodes Antipas (Lc 23.6-11). Herodes, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dEle, vestiu-o de uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.

Simularam uma série de ensaios em que eles tentaram trazer essa acusação a um crime real. Em seguida, queriam uma execução. Assim, colocaram-no diante de Pilatos. E Pilatos foi intimidado e chantageado para condenar Jesus à morte, e Sua execução foi uma punição oficial pelo governo de Roma. Foi um castigo... resultado de uma acusação, um julgamento, uma sentença, um veredito; uma punição formal foi realizada.

E o que dizer da palavra "Açoitado"? Seria apenas um termo genérico? Bem, de acordo com Marcos 15.15 não. É algo bem mais doloroso do que uma simples vara. Todos conhecemos essa história. Uma vara pesada, com tiras de couro que se estendiam com presas a ela, com pedaços de osso, pedra e vidro, dilacerando Seu corpo diversas vezes.

Os judeus sabiam de tudo isso. E eles sabem disso agora. Sabem disso hoje. Eles sabem sobre este homem Jesus, que foi ferido, traspassado, esmagado, castigado, punido e açoitado. Eles sabem disso muito bem. Está registrado. Entretanto, no dia da salvação nacional de Israel, eles irão olhar para trás e perceber que Deus não fez isso com Ele porque Ele era culpado de algo. Foi Deus, mas Deus não fez isso com Ele por causa de Seus próprios pecados, mas por causa dos pecados deles – dos judeus. Essa é a diferença. Eles irão confessar (Is 53 – “pelas nossas transgressões, pelas nossas iniquidades, para o nosso bem-estar, para a nossa cura”).

Isso é o que vai acontecer algum dia. Os judeus confessarão tudo isso que vemos em Isaías 53. Nesse meio tempo, a única maneira que você pode ser salvo é confessá-lo agora. Agora.

Em 2 Coríntios 6.2, Paulo toma emprestado do capítulo 49 de Isaías o versículo 8, que diz: “No tempo aceitável te ouvi e no dia da salvação te ajudei, e te guardarei”. Isaías disse isso. Uma palavra do Senhor para o povo de Israel: "Este é um dia em que Eu vou te escutar; este é o dia da salvação quando Eu vou te ajudar". Em seguida, Paulo coloca isso no presente, e diz: "Mas agora é o tempo aceitável. Eis que agora é o dia da salvação". Preste atenção na mudança de conjugação do verbo. Em Isaías Deus diz “te guardarei” – é uma mensagem para Israel. Mas Paulo não usa essa parte do verso. Ele diz apenas que “agora é o tempo aceitável. Eis que agora é o dia da salvação" – uma mensagem para todos que queiram receber Jesus como Senhor e Salvador. Paulo usa o texto de Isaías 49.8 para dizer aos gentios que AGORA é o tempo aceitável... AGORA é o dia da salvação. Portanto, devemos orar pela conversão dos judeus porque AGORA é o tempo aceitável e AGORA é o dia da salvação. Devemos crer agora. Porém, na profecia de Isaías o texto está no pretérito, indicando um futuro onde judeus descrentes irão crer somente na Tribulação – “No tempo aceitável te ouvi e no dia da salvação te ajudei, e te guardarei.

CONCLUSÃO

Salvação nacional de Israel – isso é no futuro, no final de um tempo chamado Tribulação. Mas agora é o dia da salvação. Agora é o tempo aceitável para você, judeu ou gentio que ainda vive na dispensação da graça de Deus. A triste realidade é que entre a morte de Cristo e a salvação de Israel no futuro, geração após geração de judeus incrédulos têm ido para o castigo eterno para o qual não há remédio. E geração após geração, e nação após nação de gentios incrédulos, têm ido para o castigo eterno para o qual não há remédio.

No final, haverá um reavivamento em Israel (Rm 11.25-29; Ap 7.3-9). Será na Tribulação. Eles confessarão seu pecado com as palavras descritas em Isaías 53. Naquele mesmo período de tempo, haverá um grande reavivamento; uma enorme difusão do evangelho do Reino, o qual anuncia o retorno do Rei de Israel (Mt 24.14). Anjos nos céus, de acordo com o livro de Apocalipse, pregarão o evangelho eterno (Ap 14.6-8), duas testemunhas que morrem e ressuscitam pregarão o evangelho do Reino (Ap 11), 144.000 judeus pregarão o evangelho do Reino – 12.000 de cada tribo (Ap 7.3-8). Uma multidão inumerável se converterá na Tribulação por meio do evangelho pregado pelo remanescente judeu fiel – Pessoas de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas virão à fé (Ap 7.9). Haverá um grande derramamento do evangelho do Reino. Israel virá à fé. A Tribulação terá o efeito de voltar o coração dos judeus para Seu verdadeiro Messias, e isso foi profetizado no Antigo Testamento: "É tempo de angústia para Jacó, mas ele será salvo dela" (Jeremias 30.7).

– JP Padilha
___________________________________________________
Acesse o blog do livro E-BOOK "O Evangelho Sem Disfarces" completo e baixe-o gratuitamente clicando aqui:
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/2019/08/sumario-o-evangelho-sem-disfarces.html

– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página 
JP Padilha
– Fonte 3: 
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: 
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

QUEM É O JP PADILHA? QUAL É A SUA PROFISSÃO?

Se você me perguntar o que eu sou, eu lhe responderei: "sou esposo". Se você insistir, lhe responderei: "sou pai". Você ...