SOMOS SALVOS PELAS OBRAS OU PELA GRAÇA? – Parte 3 | JP Padilha
A dificuldade em entender que a salvação é somente pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo, está no fato da pessoa não crer na salvação como um fato consumado no momento em que alguém crê em Jesus (At 13.48). Em diversas passagens, a Bíblia declara a salvação como algo resolvido, e não como um processo ou uma pendência que ainda teria de aguardar o "bater do martelo" num julgamento final.
"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação (ou juízo), mas passou da morte para a vida" (João 5.24 – ênfase minha). Preste atenção na conjugação dos verbos: “Ouve”, “crê”, “tem” e “passou”. Aqui Jesus diz que o homem TEM a vida eterna no momento em que CRÊ, não que “terá” a vida eterna. Este homem “crê”, “tem” a vida eterna para sempre e “passou” da morte para a vida. Ele jamais entrará em condenação – ele jamais será julgado no Juízo Final, reservado para os perdidos.
“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa” (Efésios 1.13). Depois que a pessoa ouve a Palavra da Verdade, a qual é o evangelho da salvação, e crê nesta Palavra, ela é SELADA com o Espírito Santo. Isso é um caminho sem volta. O Espírito Santo não abandona um crente após fazer dele a Sua habitação.
"Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus" (1 João 5.13). Veja o que João está dizendo. Em outras palavras, ele está simplesmente dizendo o seguinte: “Escrevi estas coisas a vocês, que CREEM no nome do Filho de Deus, para que vocês tenham CERTEZA que vocês TÊM a vida eterna porque CREEM”.
Portanto, uma vez salvo, salvo para sempre. E se ocorrer de pecarmos – e todo pecado é abominável aos olhos de Deus – "temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados" (1 João 2.1-2). Deus nos dá esse recurso de recorrermos à confissão de nossos pecados para podermos contar com o perdão que já fora garantido na Cruz do Calvário. Porém, Ele alerta: "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis." (1 João 2.1).
O crente que persiste no erro e não confessa seu pecado será tratado por Deus com disciplina, como faz um pai com seu filho. Isso nos traz à memória o alerta que o Senhor deu ao paralítico que Ele havia acabado de curar: "Depois Jesus encontrou-o no templo, e disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que não te suceda alguma coisa pior" (João 5.14).
Supor que não pecaríamos depois de convertidos é confiar na carne. Geralmente, aquele que se considera justo e é confiante em sua própria fidelidade para achar que não irá mais pecar será o primeiro a negar e esconder seu pecado. Admitir que pecou prejudicaria sua reputação, e ele sempre estaria pronto para afirmar o que Pedro afirmou: "Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei" (Mateus 26.33).
Se fôssemos salvos por obras (ou se mantivéssemos nossa salvação assim) Deus teria de dividir sua glória conosco. Além disso, jamais teríamos certeza da salvação, pois, como iríamos saber o quanto de boas obras, fidelidade e perseverança seria necessário para nos levar ao Céu? Viveríamos como nesses programas de milhagem de passagens aéreas, a todo momento ansiosos para ver se já teríamos milhas suficientes para viajar. Um programa de milhagem, ou programa de fidelidade, é um sistema que recompensa clientes por sua fidelidade a uma companhia aérea ou a um banco, através do acúmulo de milhas ou pontos que podem ser trocados por passagens aéreas, descontos em hotéis, aluguel de carros, produtos e serviços
E o que dizer do Livro da Vida? Tente imaginar Deus, que está assentado em Seu trono, com o Livro da Vida em mãos, escrevendo nosso nome e apagando a cada pecado cometido! Isso é um absurdo! É uma heresia arminiana! Tente imaginar um crente com esta mentalidade: “Confessei meu pecado; estou salvo. Ops, pequei de novo; perdi minha salvação. Pronto, confessei de novo; agora estou salvo de novo. Eita, espera, pequei novamente; perdi a salvação mais uma vez!” Enquanto isso, Deus estaria numa posição de expectativa quanto ao homem, escrevendo e apagando o nome do pecador no Livro da Vida a todo momento. Haja lápis e borracha para tantas oscilações na vida do crente!
O problema é que, ao contrário desses programas de milhagem, o único Ser justo e sem pecado que tem direito a estar na presença de Deus é o Homem perfeito – Jesus. E cada vez que olhamos para Jesus só vemos o quão longe estamos de Sua perfeição. Pensar que fazendo algo podemos chegar mais perto de Deus é pura pretensão. Por isso, dependemos da graça de Deus para sermos salvos, e isto é pela fé em Jesus Cristo. Eu não sei como alguém poderia duvidar disso com passagens tão claras como esta:
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2.8-10).
Se eu perguntar a Deus se serei salvo por praticar boas obras, Deus responderá com as palavras dos versículos acima que não, "porque pela graça sois salvos". Se eu quiser acreditar que minha fidelidade tem algo a ver com a minha salvação, Deus irá me constranger dizendo que é "por meio da fé". Então, enquanto eu estiver vasculhando em todos os bolsos de meu ser para ver se encontro algo que possa dar ou fazer para Deus a fim de garantir minha salvação, Ele me dirá: "Isto não vem de vós". E Ele completará dizendo que a salvação é um "dom dEle", – uma dádiva.
Então, se eu ainda insistir e perguntar: "Será que não tem alguma obra que eu possa fazer, Senhor?", Sua resposta será que a salvação "não vem das obras, para que ninguém se glorie". Sendo assim, pergunto em que parte do processo as obras aparecem, e Ele me dirá que é depois de eu já ter sido salvo, já que fui novamente "criado em Cristo Jesus PARA as boas obras" (cf. Efésios 2.8-10), as quais Ele preparou para que eu andasse nelas. E mesmo que eu as cumpra, no final das contas, para quem irá a glória? Para Deus.
Ao perguntar se uma pessoa que tenha se convertido e crido em Jesus "como único e suficiente Salvador" permanece salva mesmo após dar uma "escorregada no pecado", você mesmo já deu a resposta. Ora, se você diz que a pessoa recebeu Jesus como "único e suficiente" Salvador é porque não existe outro Salvador e nada faltou no que Cristo fez para salvar.
"Único" significa exclusivo, que só Ele pode salvar, o que exclui totalmente a ajuda do pecador no processo da salvação. "Suficiente" mostra que, uma vez tendo Ele salvado o pecador, nada mais resta para o pecador fazer. Mas, evidentemente, entendo bem a preocupação de muitos que não possuem a certeza da salvação, pois o argumento da “perda da salvação” é bastante usado em seitas arminianas, principalmente pelos líderes das religiões pentecostais e outras que não acreditam na salvação eterna, mas numa "salvação volátil" que pode virar fumaça se a pessoa pecar ou não perseverar.
Se tal argumento fosse válido, voltaríamos ao problema anterior, só que ao invés de perguntarmos o quanto de boas obras seriam suficientes para salvar o pecador, perguntaríamos o quanto de pecado seria suficiente para tirar a salvação de alguém. Neste caso, eu tenho a resposta: "Um". Se um pecado foi suficiente para Adão e Eva terem sido expulsos do Paraíso, como alguém se achará capaz de entrar na presença de Deus com "poucos" pecados? Ou Cristo pagou por todos eles quando morreu na cruz, e perdoou todos eles quando a pessoa creu nEle, ou essa pessoa está perdida eternamente se depender de limpar seus próprios pecados. "Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal" (Jeremias 13.23).
SEREI SALVO SE PERSEVERAR ATÉ O FIM?
Muita gente pensa, com base em Mateus 24.13, que temos que “perseverar até o fim” de nossas vidas para sermos salvos. Porém, Mateus 24.13 em nada tem a ver com a era da Igreja, a qual estamos vivendo. Quando Jesus diz: "mas, quem perseverar até o fim este será salvo", Ele se refere à perseguição que os judeus e gentios sofrerão na Grande Tribulação. Trata-se de salvação da morte física, não de morte espiritual. Mateus 24 e muitas outras passagens dos evangelhos judaicos em nada tem a ver com a Igreja, a qual somos nós hoje, na atual dispensação. A Igreja nem sequer é mencionada nessas passagens sobre a Tribulação e a Segunda Vinda de Jesus para reinar. No evangelho da graça, ou seja, na doutrina dos apóstolos, nada é dito sobre ter que "perseverar até o fim" para ser salvo. Ao contrário, é dito para que esperemos pelo arrebatamento nos ares, que pode ocorrer a qualquer momento (1Ts 4.16-17).
Todavia, existe uma preocupação entre os neófitos que é sincera: Será que alguém que tenha crido que seus pecados foram todos perdoados não voltaria a pecar deliberadamente por saber que não poderá mais perder a salvação? A questão é que um verdadeiro salvo, que possui realmente o Espírito Santo de Deus habitando em si, não ousaria pensar assim. Ele tem horror ao pecado. Pode até acontecer de cair, mas se sentirá péssimo enquanto não confessar seu pecado e acertar sua consciência para com Deus.
Portanto, o crente é capaz de pecar depois de salvo, pois, se disser o contrário, ele já estará condenado pelo pecado da mentira: "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós... Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós" (1 João 1.8-10). Isto não é uma licença para pecar, mas apenas a primeira parte da explicação que Deus dá de como recorrermos ao nosso Advogado no Céu, que é Jesus. No verso 9 desta passagem, é dito: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1 João 1.9).
Deus deixou um recurso para o salvo usar quando cair, e está nessa passagem. O recurso não é um aval para pecar, mas a demonstração da graça e misericórdia de Deus que estão disponíveis a todo aquele que crê. Curiosamente, você verá que esse recurso não envolve pedir perdão a Deus, uma vez que o perdão já está garantido ao que crê. O recurso é "confessar" nossos pecados, sabendo que não estamos sozinhos nisso, mas temos um Advogado no Céu. Apenas Um – Jesus Cristo.
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça (...). Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele. Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou." (1 João 1.9; 2.1-6).
Leia mais sobre o assunto nos links abaixo:
Somos salvos pelas obras ou pela graça? – Parte 1
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/05/somos-salvos-pelas-obras-ou-pela-graca_12.html
Somos salvos pelas obras ou pela graça? – Parte 2
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/05/somos-salvos-pelas-obras-ou-pela-graca_13.html
O que significa Propiciação na Bíblia?
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/02/o-que-significa-propiciacao-na-biblia.html
A certeza da salvação
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/04/a-certeza-da-salvacao-jp-padilha.html
– JP Padilha
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