NÃO TENHA MEDO – Parte 1 | JP Padilha
O rei da Síria tentou guerrear contra Israel. Os sírios não gostavam dos israelitas e isso gerou um conflito entre as duas nações (2Rs 6.8). O profeta Eliseu, guiado por Deus, estava derrotando o exército sírio sozinho. Cada vez que eles se preparavam para atacar Israel, o profeta avisava o rei israelita, o qual conseguia emboscar o inimigo antes que este o atacasse. O rei da Síria suspeitava que houvesse um espião em seu próprio governo, mas era assegurado por seus homens que Eliseu era o responsável por suas derrotas (2Rs 6.11-12). O rei declarou guerra a Eliseu. Durante a noite, seu exército cercou a cidade onde o profeta vivia (2Rs 6.8-14).
Um jovem que trabalhava com Eliseu levantou-se muito cedo na manhã seguinte e viu as tropas cercando a cidade. Ele ficou assustado e correu a Eliseu: "O que vamos fazer?" (2 Reis 6.15 – BLH). Com seus olhos naturais, este jovem viu a insuperável força do inimigo e sua própria fraqueza.
Todavia, Eliseu viu a situação de modo diferente. De seu ponto de vista espiritual, o exército não representava uma ameaça. Ele confortou o jovem, dizendo: "Não tenha medo, pois aqueles que estão conosco são mais numerosos do que os que estão com eles" (2 Reis 6.16 – BLH). Eliseu, com a visão espiritual, vê o exército de Deus defendendo-o, enquanto o seu servo só vê o perigo.
Eliseu orou ao Senhor, pedindo que Ele mostrasse ao jovem o que ele estava vendo naquele momento. “E o Senhor abriu os olhos do jovem, e ele viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2 Reis 6.17b). O Senhor lhe mostrou um exército celestial com cavalos e carruagens de fogo para protegê-los. Mas o exército sírio desceu até ele. “E, como desceram a ele, Eliseu orou ao Senhor e disse: Fere, peço-te, esta gente de cegueira. E feriu-a de cegueira, conforme a palavra de Eliseu” (2 Reis 6.18). O exército sírio foi cegado pelo poder de Deus. Eles não puderam mais lutar contra os israelitas.
Eliseu e seu servo não feriram ninguém naquele dia, nem ninguém os feriu. Deus entregou o exército sírio nas mãos de Eliseu. Então Eliseu disse aos sírios que aquele não era o caminho que deveriam seguir, nem era aquela cidade onde deveriam estar. Eliseu pediu que o exército sírio o seguisse para que ele mostrasse o homem a quem eles buscavam. Eliseu os guiou a Samaria. Chegando eles a Samaria, disse Eliseu: “Ó Senhor, abre a estes os olhos para que vejam”. O Senhor lhes abriu os olhos para que vissem que estavam no meio de Samaria. E, quando o rei de Israel os viu, perguntou a Eliseu se devia os ferir. Eliseu respondeu ao rei de Israel que, ao invés de matar os prisioneiros sírios, ele deveria lhes oferecer comida e bebida, permitindo que retornassem ao seu rei. E o rei de Israel apresentou a eles um grande banquete, e estes comeram e beberam. Após isso, se despediram e foram para seu rei; e não entraram mais tropas de sírios na terra de Israel (2Rs 6.19-23).
Eliseu deixou que o exército sírio fosse para casa em paz. Aqueles soldados e o povo de Israel aprenderam uma forte lição: Deus é maior do que qualquer inimigo que enfrentamos.
Precisamos lembrar a mesma lição quando nos levantamos para enfrentar problemas insuperáveis. Deus nos assegurou que o socorro está disponível. Precisamos abrir nossos olhos espirituais e ver como Ele nos tem ajudado. Considere como nossos aliados são mais numerosos e poderosos do que as forças do diabo. Quando enfrentamos tentações, perseguições e outros obstáculos que ameaçam nosso bem-estar espiritual, podemos recorrer às muitas fontes de socorro que Deus tem provido ao Seu povo. Os cristãos fiéis podem nos auxiliar (Tg 5.13-16; Ef 4.11-16). O Espírito Santo intercede pelos filhos de Deus (Rm 8.26-28). Jesus vive para nos auxiliar na superação do mal e nos deu a receita para isso (Ef 6.10-18). Nosso Pai celestial nos protege e socorre, e nada pode nos separar de Seu amor (Rm 8.31-39). Verdadeiramente, aqueles que estão conosco são mais numerosos do que os inimigos!
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8.31).
Leia também: “Lançando fora o medo”:
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– JP Padilha
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A paz com Deus e a paz de Deus | JP Padilha
A Bíblia fala de "paz com Deus" (Rm 5.1) e "paz de Deus" (Fp 4.7). Todavia, existe uma diferença entre paz COM Deus e paz DE Deus. Qual é a diferença?
A paz com Deus tem a ver com relacionamento certo com Deus, mediante a reconciliação por meio de Cristo. Esta paz é alcançada logo na conversão do crente, quando a inimizade que havia entre ele e Deus é desfeita por causa do sacrifício de Cristo na cruz do calvário (Rm 5.10).
Já a paz de Deus tem a ver com um sentimento certo com Deus, resultante de uma intimidade com Deus. Esta paz só é possível se atentarmos aos comandos de Filipenses 4.6-7: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus”. O coração representa nossas emoções, enquanto nossos pensamentos representam tudo aquilo que ocupa a nossa mente. A promessa da paz de Deus é feita àqueles que obedecem à ordem de não ficarem inquietos por coisa alguma. Pelo contrário, devemos apresentar nossas petições a Deus com oração e súplica, e isto com ação de graças. A ação de graças consiste no ato de reconhecimento e gratidão a Deus por Suas bênçãos, misericórdia e fidelidade. É uma resposta natural à bondade divina, manifestada através de cânticos, orações, atitudes e um coração grato.
A paz com Deus acontece uma única vez. É irrepetível e não possui níveis. Todos os que foram salvos por Cristo têm essa paz de igual modo e jamais a perderão. Porém, a paz de Deus é um processo e possui níveis. Nem todos os salvos têm-na com a mesma intensidade, pois essa paz é fruto de uma entrega de toda ansiedade aos pés de Cristo. Todos os salvos têm plena paz com Deus, mas nem todos os salvos estão desfrutando plenamente da paz de Deus.
A PAZ COM DEUS
Antes de entendermos mais a fundo o que significa ter paz com Deus, precisamos reconhecer que os seres humanos, em seu estado natural, são inimigos de Deus (Rm 3). Como herdamos a natureza pecaminosa de nossos primeiros pais, Adão e Eva (Gn 3; Rm 5.12), nascemos com a disposição de agradarmos a nós mesmos e sermos nossos próprios deuses. Essa natureza rebelde nos coloca em desacordo com o nosso Criador perfeito. Sua natureza justa não pode negligenciar o nosso pecado; a justiça exige punição (Rm 3.23; 6.23). Não podemos ter paz com Deus porque nossos melhores esforços em nossos melhores dias não passam de trapos sujos em comparação com a Sua santidade (Is 64.6). Portanto, em nosso estado pecaminoso, não podemos nos reconciliar com Deus e ter paz com Ele, por mais que tentemos.
Sendo assim, Deus tomou a iniciativa de buscar a paz conosco enviando Seu Filho à terra. Jesus viveu uma vida perfeita, Sua crucificação pagou pelos pecados de todos os que foram predestinados à salvação e nos tornou justificados diante de Deus (Hb 4.15; Ef 2.8-9; Ef 1.3-14; 2Co 5.21). Sua ressurreição garante a nossa justificação diante de Deus (Rm 4.25). Isso significa que todos os pecados dos eleitos estão apagados. Jesus é o Príncipe da Paz (Is 9.6), e é Ele quem nos dá paz com Deus. É por isso que a mensagem da salvação em Cristo é chamada de "evangelho da paz" (Efésios 6.15).
Quando Jesus nasceu, havia pastores naquela mesma comarca. Eles estavam no campo e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho (Lc 2.8 ). Naquele momento, “o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens” (Lucas 2.9-14).
A quem Deus quer bem? O prazer e a paz de Deus repousam sobre aqueles que recebem o Seu Filho Jesus pela fé (Jo 1.12). "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5.1). Paz com Deus significa que nossa grande dívida pelo pecado foi paga e Deus nos vê como justos (Cl 2.14; Rm 3.22). Não somos mais inimigos, mas filhos amados (1Jo 3.2). Sua natureza santa pode ter comunhão conosco, porque Ele nos vê "em Cristo". Sim. Por causa da justificação pela fé, quando Deus olha para nós Ele vê o Seu Filho Jesus Cristo. Ele vê um justo.
Paz com Deus significa que nossa consciência está limpa (Hb 10.22; Tt 3.5). O peso esmagador da culpa que atormentava a todos nós se foi depois de ter sido colocado sobre Jesus na cruz (Cl 2.14; 1Pe 2.24). A vergonha que sentíamos com razão pelos atos perversos que havíamos cometido foi carregada por Jesus. Deus Pai nos adota como Seus próprios filhos e nos convida a nos aproximar "do trono da graça com confiança" para termos comunhão com Ele e pedirmos aquilo que precisamos (Hebreus 4.16). Para o cristão, manter um senso de paz com Deus é confessar continuamente os nossos pecados e falhas, sejam esses pecados presentes ou futuros (1Jo 1.9). “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1.8-10).
Não precisamos mais pedir perdão após perdão para sermos perdoados. Fomos perdoados há mais de 2000 anos, quando Jesus morreu naquela cruz pelos Seus escolhidos. A ordem agora é confessar nossos pecados a Deus diariamente, embora jamais nos lembremos de todos os pecados cometidos. Por isso o perdão que nos foi dado naquela cruz nos salva de nós mesmos e dos pecados que, por vezes, não lembramos de confessar. Por causa daquele ato propiciatório de Cristo na cruz, hoje temos paz com Deus após crer em Cristo para a salvação. As pessoas verdadeiramente nascidas de novo vivem em contínuo arrependimento porque esse é o resultado do novo nascimento (Jo 3.3; Rm 6.1-4). O pecado não confessado estraga a nossa alegre comunhão com nosso Pai celestial.
A paz com Deus também permite que o cristão viva sem medo da morte ou da eternidade. Nossa esperança é segura, sabendo que Jesus fez tudo o que era necessário para nos acertar com Deus – Ele cumpriu toda a Lei (Mt 5.17; Jo 3.16-18). Nosso último suspiro na terra será nosso primeiro suspiro no Céu (2Co 5.6-8; 1Ts 4.16-17). O Espírito Santo nos foi dado como um anel de compromisso; uma certeza de que um evento maior certamente ocorrerá (2Co 1.22; 5.4-5). No momento, o Espírito Santo vive dentro de nós para nos guiar, convencer, consolar e nos lembrar do sacrifício completo de Jesus em nosso favor (Jo 14.16-17; 16.8-11; 1Co 3.16; 6.19). Estamos selados com o Espírito Santo para sempre (Ef 1.13-14). Temos paz com Deus.
Os seres humanos foram criados para viverem em paz com Deus. O pecado destruiu essa paz e ainda a destrói em todos que recusam a oferta da salvação de Jesus. No entanto, qualquer pessoa que invocar o nome do Senhor, acreditar em seu coração que Jesus é o único caminho para Deus e estiver disposta a render-se a Ele como único Salvador, Senhor e Intercessor entre Deus e os homens pode sim ter paz com Deus (Rm 10.9-10, 13; Jo 3.16, 36; At 2.21, 28; 1Tm 2.5).
Sabemos que devemos crer no Senhor Jesus para a salvação e para ter paz com Deus. Porém, devemos, mais do que tudo, saber em qual Jesus estamos crendo. “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Romanos 10.9-10).
A paz com Deus refere-se à reconciliação entre o ser humano e Deus, alcançada através da fé em Jesus Cristo. É um estado de reconciliação espiritual, onde a barreira do pecado é removida e a pessoa tem acesso à graça de Deus.
Paz com Deus não vem por meio dos esforços do homem, mas sim por meio do sacrifício de Jesus na cruz por amor à humanidade. O apóstolo Paulo escreve aos Romanos: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1). Nessa mesma carta aos Romanos, Paulo explica que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), e ainda esclarece que éramos inimigos de Deus e fomos reconciliados com Ele mediante a morte de Seu Filho (Rm 5.10). Ou seja, o ser humano, separado de Deus devido aos seus pecados, não consegue desfrutar da verdadeira paz. Em seu interior, algo vai soar como alerta de que falta alguma coisa. Nenhuma espiritualidade, prazer ou realização dessa terra poderá resolver a inquietude interior de uma pessoa, a não ser que ela seja reconciliada com Deus por sua fé em Jesus Cristo. A palavra Religião vem do latim Religare e representa a profunda necessidade da humanidade de estar conectada a Deus. Ele nos criou para ter um relacionamento com Ele por meio da única e verdadeira Religião (Tg 1.27), para caminhar junto a Ele, conhecer os segredos do nosso coração (1Co 14.25) e glorificar o nome dEle com a nossa vida (1Co 10.31; 2Ts 1.12; Ef 3.20-21). Jesus nasceu, morreu e ressuscitou para abrir novamente nosso caminho de volta para Deus. Por isso, temos paz com Deus.
A PAZ DE DEUS
A paz de Deus, por outro lado, é um dom, um sentimento de tranquilidade e segurança que vem de Deus e que pode ser experimentado mesmo em meio a dificuldades. A paz com Deus resulta na paz de Deus – paz interior. As Escrituras referem-se à paz de Deus quase 800 vezes.
A paz de Deus pode abranger qualquer aspecto da vida – Para aqueles que têm o coração partido, Deus dá paz reconfortante; para aqueles que têm um coração confuso, Ele dá a paz que guia; para aqueles com o coração envergonhado, Ele dá a paz do perdão; quando temos um coração preocupado, Ele nos dá paz confiante.
A síntese a respeito da paz de Deus está aqui:
“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Filipenses 4.6-8).
Pergunte a si mesmo: Quais segredos estes versos ensinam sobre a paz de Deus? O que tem ocupado a sua mente? Repare que tudo tem a ver com os pensamentos do cristão. Veja bem: Os versículos que acabamos de ler declaram uma promessa de paz para aqueles que se desfazem da ansiedade e ocupam suas mentes com as coisas boas, que provém do alto. Repare como faz diferença uma pessoa que conhece a Deus e confia nEle. O texto diz que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus (vs. 7). Todos querem essa paz! O texto nos ensina que ela não depende das circunstâncias da vida e que não precisamos ser dominados por medo e ansiedade. Por que não?
• Porque Deus está perto de nós: Isso está revelado no verso 5 da mesma passagem. É deste modo que o texto se inicia. Saber que Deus está ao seu lado, te fortalecendo e guiando nos momentos difíceis, é uma verdade maravilhosa. Conhecer o amor de Deus e confiar nEle nos enche de paz.
• Porque Deus ouve as nossas orações (vs. 6): Deus tem tanto carinho em ouvir nossas orações que, em Apocalipse 8.1-4, há um momento de silêncio no Céu e a adoração dos anjos cessa quando as orações dos santos são trazidas à presença de Deus durante a Tribulação. Deus tem carinho e disposição em ouvir nossas orações, e elas certamente serão atendidas conforme a Sua vontade (Mt 21.22). “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 João 5.14). “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (João 15.7).
O leitor pode estar se perguntando: “Se essas promessas foram mesmo feitas por Jesus, por que não consigo respostas para minhas orações?” A resposta está em Tiago 4.1-5 e eu te desafio a fazer um exame de consciência neste momento:
“De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?”
Medite nos versos acima. Qual tem sido o pecado que fecha as portas do Céu para suas orações? Um dos grandes males deste século é a amizade com o mundo. Os cristãos deste século parecem estar cada vez mais dispostos a tentarem conciliar uma vida com Deus e, ao mesmo tempo, de mãos dadas com os mundanos. Bem, isso não irá funcionar. Veja o texto inspirado acima: “Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (vs. 4). Aqui Deus chama de adúlteros os que querem manter uma intimidade com Ele e, ao mesmo tempo, ter um caso extraconjugal com o mundo. Aqui é feita uma alusão ao casamento. O verso 5 comprova isso ao dizer que o Espírito que em nós habita tem ciúmes. Eis aí um dos pontos que podem estar relacionados à sua falta da paz de Deus. Suas orações simplesmente não passam do teto.
• Porque Deus renova nosso modo de pensar (vs. 7, 8 e 9): A maioria das pessoas fica bem quando tudo ao redor está bem e entra em crise quando tudo vai mal. A paz de Deus não depende dessas circunstâncias. Quando conhecemos o amor de Deus e sabemos que Ele está perto de nós (Fp 4.5), a nossa mente vai sendo transformada. Passamos a olhar para as situações da vida de um jeito diferente. Pela fé, confiamos que estamos em segurança, mesmo quando as ondas do mar da vida estão agitadas.
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João 14.27).
O que Jesus está nos dizendo aqui? Ele já nos deu a Sua paz. Porém, há um empecilho que impede que desfrutemos desta paz – o medo. Jesus nos ordena que não permitamos que nosso coração se turbe (sentido figurado – perturbar) e que não nos deixemos atemorizar (ter medo, pavor, assombro, ansiedade, etc). Temos de fazer uma escolha: Ou nos deixamos ser dominados pela ansiedade do coração, ou desfrutamos da paz de Deus ao entregarmos toda a nossa ansiedade a Ele (1Pe 5.7). Jesus também disse: “Não andeis, pois, ansiosos pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mateus 6.34). A ansiedade é nada mais do que medo, em especial pelo dia de amanhã. O medo produz tormento (1Jo 4.18). Sendo assim, a única forma de desfrutarmos da paz de Deus é lançando toda a nossa ansiedade sobre Ele (1Pe 5.7). Este é o segredo.
Em resumo:
• Paz com Deus: É um estado de reconciliação e relacionamento restaurado com Deus, alcançado através da fé em Cristo.
• Paz de Deus: É um dom; um sentimento de tranquilidade e segurança que vem de Deus.
Elaboração:
• Paz com Deus: A Bíblia ensina que a paz com Deus é um resultado da fé em Jesus Cristo, que morreu para perdoar os pecados dos eleitos e reconciliar Seus escolhidos com Deus. Essa paz não é um sentimento, mas um estado de relacionamento restaurado. É um dom que nos dá segurança eterna e esperança. É a garantia de que somos salvos.
• Paz de Deus: Essa paz é diferente da paz do mundo, que pode ser instável e depender de circunstâncias externas. A paz de Deus é um dom que vem de Deus e pode ser experimentada mesmo em meio a dificuldades, pois Deus está presente conosco em todo o tempo. É uma paz que transcende a compreensão humana e nos dá força para enfrentar os desafios da vida.
Em outras palavras, ter paz com Deus significa que temos um relacionamento correto com Ele, enquanto a paz de Deus é a tranquilidade e segurança que essa relação nos dá.
– JP Padilha
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IGREJA NÃO É ISRAEL - Parte 2 | JP Padilha
Um
erro muito comum que alguns cristãos professos têm cometido, e que têm
dificultado uma interpretação saudável das Escrituras, é acreditar que nós, a
Igreja de Deus, somos o Israel de Deus. A alegação que tem sido feita é que a
Igreja tem ocupado o lugar de Israel após seu início em Atos 2. Essa falsa
doutrina é chamada de “Teologia
da Substituição” – também conhecida como “Teologia do Pacto” ou “Aliancismo”.
O que é a Teologia da Substituição?
Kenneth Gentry, um teólogo do pacto, define a Teologia da Substituição da seguinte maneira: “Cremos que a Igreja sucedeu, para sempre, o Israel nacional como a instituição para a administração da benção divina ao mundo”. Na tentativa de embasar sua afirmação, Gentry adiciona o seguinte comentário: “Ou seja, cremos que, no desenrolar do plano divino na história, a Igreja Cristã é a exata realização do propósito redentivo de Deus. Como tal, a Igreja sucede o Israel nacional como ponto de focalização do Reino de Deus. Na verdade, cremos que a Igreja se torna o ‘Israel de Deus’, tal como está em Gálatas 6.16”.
Antes de refutarmos essa teoria estapafúrdia e sua aplicação herética de Gálatas 6.16, vamos entender mais um pouco sobre a Teologia da Substituição.
Praticamente, a Teologia da Substituição ensina que os judeus foram rejeitados por Deus e não são mais o Seu povo escolhido. Aqueles que assumem esse ponto de vista rejeitam qualquer futuro étnico para o povo judeu em relação às alianças bíblicas.
Bom, o apóstolo Paulo discorda disso. Em Romanos 11, Paulo nos ensina que, apesar da incredulidade da nação de Israel ter levado os judeus, como ramos naturais, a serem cortados da oliveira, ele também garante que, no futuro, quando vier de Sião o Libertador, por amor aos patriarcas, por serem os dons e a vocação de Deus irrevogáveis, todo o Israel será salvo (Rm 11.25-29). Em outras palavras, o fato de a geração da primeira vinda de Jesus ter sido infiel ao Senhor, sua descrença não tem o poder de anular o que Deus prometeu incondicionalmente aos patriarcas.
Em Romanos 11, Paulo usa como exemplo a oliveira, a árvore de onde provém o azeite que é tantas vezes usado nas Escrituras como figura do Espírito Santo, pois o azeite é o combustível da luz que ilumina. O assunto do capítulo não é a salvação ou o testemunho individual, mas o testemunho coletivo de Deus na terra, ora nas mãos de Seu povo Israel, ora nas mãos da Igreja, em diferentes épocas sob influência e direção do Espírito Santo.
Israel, os ramos naturais, foram quebrados, e a Igreja, os ramos de oliveira brava, enxertados. Considerando que uns e outros são meros ramos, podemos deduzir que a árvore continua existindo independente deles, porque a árvore é o testemunho de Deus em sua totalidade. Os ramos são aquelas coisas que partem do tronco e expandem seu alcance, o que vem bem de encontro à ideia de um testemunho crescente e abrangente.
Se você prestar bastante atenção no contexto de Romanos 11, verá que ali está falando sobre dois povos de Deus: Israel e Igreja. Enquanto Israel representa os ramos quebrados, a Igreja representa, neste momento, os ramos enxertados no lugar de Israel, até que o SENHOR torne a tratar com Israel no Reino Milenar de Cristo. Leia todo o capítulo de Romanos 11 e você verá que ali Deus está falando do fato de Israel estar em estado de torpor e cegueira enquanto a Igreja tem sido o alvo de Sua atenção agora. Mas tudo irá mudar, como diz o próprio texto no início da carta:
"Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo (Israel)? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim" (Romanos 11.1).
O texto já começa com Paulo falando de ISRAEL e se identificando como um israelita de nascença. Ou seja, Israel não foi abandonado. Apenas está em "stand by" – em suspensão – enquanto Deus agora trata com a Igreja.
"Digo, pois: Porventura tropeçaram (os judeus), para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda (de Israel) veio a salvação aos gentios (a Igreja), para os incitar à emulação. E se a sua queda (de Israel) é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude (de Israel)!" (Romanos 11.11-12).
Perceba que um remanescente judeu fiel ainda será salvo em sua plenitude. Essa plenitude é chamada na Bíblia de "dispensação da plenitude dos tempos" (Efésios 1.10), quando Israel tornará a ser o centro da atenção do mundo, no Reino Milenar de Cristo sobre a terra.
Nem Israel, nem a Igreja pode perder a salvação. Deus prometeu guardar um remanescente judeu fiel (os 144.000 de Apocalipse) e prometeu salvar a Igreja (os escolhidos e eleitos antes da fundação do mundo – Efésios 1.3-7).
Em Gênesis 12 Deus prometeu a Abraão que ele seria o pai de uma grande nação, e obviamente sabemos tratar-se de Israel. Abraão foi pai de Isaque e avô de Jacó, que teve seu nome mudado para Israel. A promessa incluía que todas as nações da terra seriam abençoadas por meio de Israel, ao qual Deus chamou de Sua "menina dos olhos".
GÁLATAS 6.16 ENSINA QUE
A IGREJA É O ISRAEL DE DEUS?
Gálatas 6.16 tem sido o texto em que os defensores da Teologia da Substituição tem se apoiado para seus pobres argumentos: “E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus”. Para eles, Gálatas 6.16 ensina que a Igreja substituiu Israel e que agora somos o “Israel de Deus” mencionado na passagem. Eles dizem: “Bom, se Abraão pode ter gentios como sua “descendência espiritual” (Gl 3.14), por que não deveria haver um Israel Espiritual?” Porém, os cristãos que são chamados pelo nome “Israel” em Gálatas 6.16 são judeus convertidos a Cristo em distinção com os gentios convertidos.
O “Israel Espiritual” realmente existe, mas a Igreja nunca é chamada de “Israel Espiritual” nas Escrituras. O termo “Israel de Deus” está apenas fazendo referência àqueles judeus de nascença que se converteram a Cristo e agora estão inseridos na Igreja de Deus. Esse termo refere-se aos judeus que confiaram em Jesus como o Seu Messias. “Porque não é Judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém Judeu é aquele que o é INTERIORMENTE, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus (Romanos 2.28-29). A Igreja, no entanto, nunca é chamada de “Israel Espiritual”. O Novo Testamento não muda ou espiritualiza o sentido de Israel. Há 77 referências a Israel ou Israelita na Bíblia, e tais expressões nunca foram usadas como sinônimo de Igreja. Nunca!
Quanto ao argumento de que seríamos o Israel Espiritual por sermos “descendência espiritual de Abraão” pela fé, é muito simples de entender. Preste muita atenção nestas duas passagens:
“Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus” (João 4.22).
“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gálatas 3.14).
Essas passagens não estão dizendo que os gentios (nós) se tornariam judeus ou Israel para serem abençoados. A mensagem está dizendo que nós, gentios, desfrutaríamos da bênção que, por intermédio de Abraão e de Israel, chegaria até nós na Pessoa de Jesus Cristo e de Seu sacrifício consumado. Portanto, hoje somos salvos independente de nos tornarmos judeus ou parte da nação de Israel. O fato de nós, cristãos, existirmos, independente de Israel, não significa que Israel tenha deixado de ser a “menina dos olhos” de Deus, a nação terrenal de Deus, e muito menos significa que esta nação tenha perdido as bênçãos das promessas que Deus lhe deu.
Portanto, o termo “Israel de Deus” em Gálatas 6.16 NÃO significa que os cristãos são israelitas. Vamos analisar a passagem mais uma vez:
“E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus” (Gálatas 6.16).
O termo “Israel de Deus” (Gl 6.16) é usado pelos seguidores da Teologia do Pacto como prova de que os cristãos seriam israelitas espirituais. Mas isso é mais uma vez uma mera menção feita por Paulo que precisa ser colocada no contexto a fim de ser corretamente entendida. Tirar três ou quatro palavras de um versículo e construir em torno delas uma doutrina não passa de uma fraca teologia, além de ser uma heresia.
O que, então, significa esta frase? Ela se refere àqueles da nação de Israel (israelitas de nascença) que foram salvos pela graça de Deus e agora são parte da Igreja (Rm 11.5). O artigo “e” na frase “e sobre o Israel de Deus” distingue os crentes judeus dos que pertencem à companhia dos cristãos gentios. Paulo faz menção deles no final da epístola porque o cerne de suas observações ao longo da carta tinha sido de reprimenda aos cristãos por estarem adotando a Lei de Moisés e introduzindo princípios legalistas no Cristianismo. Ele queria que fosse demonstrada uma “misericórdia” especial para com seus conterrâneos (judeus convertidos ao Cristianismo) que tinham antecedente israelita. Se por um lado não havia desculpa para cristãos gentios por natureza adotarem a Lei, Paulo queria que os santos das assembleias da Galácia fossem pacientes com aqueles dentre eles que tinham ascendência judaica e demoravam a abandonar as amarras do Judaísmo. Ele sabia que não era fácil para quem tinha sido criado naquele sistema deixar de lado tudo de uma só vez (Lc 5.39), e, por isso, era preciso demonstrar paciência para com eles (Rm 14.1-6). A epístola aos Hebreus é testemunha disso.
O texto em Gálatas 6.16 é simples e claro. A primeira parte do versículo 16 – “E a todos quantos andarem conforme esta regra” – refere-se à regra recém-mencionada por Paulo no verso 15: “Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser NOVA CRIATURA” (Gálatas 6.15). Esta é uma categoria espiritual que engloba todos os crentes para os quais Paulo pronuncia uma benção: “paz e misericórdia sejam sobre eles”. Mas, e a continuação do verso? Como o verso termina? O verso segue com o comentário adicional “e sobre o Israel de Deus”. Aqui está o ponto chave. São dois grupos distintos sendo abençoados por Paulo: “... eles E sobre o Israel de Deus”. Quem são os “eles”? Os cristãos gentios. Quem é “o Israel de Deus”? Os judeus recém-convertidos a Cristo.
Se a intenção de Paulo fosse identificar “eles” como o “Israel de Deus”, por que ele não eliminou simplesmente o “e” após o “eles”? O resultado seria muito mais apropriado caso Paulo tivesse identificado o pronome “eles”, ou seja, a Igreja, com o termo “Israel”. Nesse caso, o versículo seria traduzido da seguinte forma: “E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles, o Israel de Deus”. Entretanto, Paulo não eliminou o “e”, deixando claro que, ao invés de identificar a Igreja como sendo o Israel de Deus, ele está justamente fazendo o contrário – fazendo uma clara distinção entre “eles” (a Igreja gentílica) e o “Israel de Deus” (Judeus recém-convertidos ao Cristianismo).
A carta aos Gálatas refere-se aos gentios que procuravam alcançar a salvação pela Lei. Eles estavam sendo enganados pelos judaizantes – cristãos judeus que exigiam a adesão à lei de Moisés. Para estes, um gentio tinha de se converter primeiro ao Judaísmo a fim de ser qualificado para a salvação em Cristo. Paulo argumenta que o que realmente é necessário para a salvação é a fé em Cristo e mais nada. Ele pronuncia uma benção sobre dois grupos de pessoas que deveriam seguir essa regra para a salvação. O primeiro grupo, referido na passagem pelo pronome “eles”, é o dos cristãos gentios, aos quais ele havia dedicado a maior parte da epístola. O segundo grupo é denominado “o Israel de Deus”. Nesse caso, trata-se dos cristãos hebreus que, em contraste com os judaizantes, seguiam a regra da salvação unicamente pela fé em Cristo Jesus.
Para concluir, vale mencionar o fato de que a Igreja só surge após a ressurreição e ascensão do Senhor – em Atos 2. Deus o ressuscitou e fez dEle o cabeça do Corpo, que é a Igreja, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos (Ef 1.19-23).
Não podemos nos esquecer de que a Igreja era um mistério na antiga dispensação – no Velho Testamento (Rm 16.25-27; 1Co 2.6-10; Ef 3.1-13; Cl 1.24-29), e que ela, como já mencionado, se distingue de Israel em todo o Novo Testamento. No livro de Atos, tanto Israel como a Igreja existe simultaneamente. O termo “Israel” é usado 29 vezes e o termo “ekklesia” (Igreja) é usado 19 vezes. Por fim, os capítulos 9, 10 e 11 de Romanos nos proíbem de falar da Igreja como tendo tomado o lugar do povo judeu. Por esta razão, jamais empregue a linguagem da substituição de Israel pela Igreja.
Entenda mais sobre o assunto nos links abaixo:
Igreja não é Israel – Parte 1:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/04/igreja-nao-e-israel-jp-padilha.html
Igreja não é Israel – Parte 3:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/05/igreja-nao-e-israel-parte-3.html
Será que a Teologia do Pacto prova que Israel e Igreja são a mesma coisa?:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2023/10/sera-que-teologia-do-pacto-prova-que.html
O que é a Teologia da Substituição?
Kenneth Gentry, um teólogo do pacto, define a Teologia da Substituição da seguinte maneira: “Cremos que a Igreja sucedeu, para sempre, o Israel nacional como a instituição para a administração da benção divina ao mundo”. Na tentativa de embasar sua afirmação, Gentry adiciona o seguinte comentário: “Ou seja, cremos que, no desenrolar do plano divino na história, a Igreja Cristã é a exata realização do propósito redentivo de Deus. Como tal, a Igreja sucede o Israel nacional como ponto de focalização do Reino de Deus. Na verdade, cremos que a Igreja se torna o ‘Israel de Deus’, tal como está em Gálatas 6.16”.
Antes de refutarmos essa teoria estapafúrdia e sua aplicação herética de Gálatas 6.16, vamos entender mais um pouco sobre a Teologia da Substituição.
Praticamente, a Teologia da Substituição ensina que os judeus foram rejeitados por Deus e não são mais o Seu povo escolhido. Aqueles que assumem esse ponto de vista rejeitam qualquer futuro étnico para o povo judeu em relação às alianças bíblicas.
Bom, o apóstolo Paulo discorda disso. Em Romanos 11, Paulo nos ensina que, apesar da incredulidade da nação de Israel ter levado os judeus, como ramos naturais, a serem cortados da oliveira, ele também garante que, no futuro, quando vier de Sião o Libertador, por amor aos patriarcas, por serem os dons e a vocação de Deus irrevogáveis, todo o Israel será salvo (Rm 11.25-29). Em outras palavras, o fato de a geração da primeira vinda de Jesus ter sido infiel ao Senhor, sua descrença não tem o poder de anular o que Deus prometeu incondicionalmente aos patriarcas.
Em Romanos 11, Paulo usa como exemplo a oliveira, a árvore de onde provém o azeite que é tantas vezes usado nas Escrituras como figura do Espírito Santo, pois o azeite é o combustível da luz que ilumina. O assunto do capítulo não é a salvação ou o testemunho individual, mas o testemunho coletivo de Deus na terra, ora nas mãos de Seu povo Israel, ora nas mãos da Igreja, em diferentes épocas sob influência e direção do Espírito Santo.
Israel, os ramos naturais, foram quebrados, e a Igreja, os ramos de oliveira brava, enxertados. Considerando que uns e outros são meros ramos, podemos deduzir que a árvore continua existindo independente deles, porque a árvore é o testemunho de Deus em sua totalidade. Os ramos são aquelas coisas que partem do tronco e expandem seu alcance, o que vem bem de encontro à ideia de um testemunho crescente e abrangente.
Se você prestar bastante atenção no contexto de Romanos 11, verá que ali está falando sobre dois povos de Deus: Israel e Igreja. Enquanto Israel representa os ramos quebrados, a Igreja representa, neste momento, os ramos enxertados no lugar de Israel, até que o SENHOR torne a tratar com Israel no Reino Milenar de Cristo. Leia todo o capítulo de Romanos 11 e você verá que ali Deus está falando do fato de Israel estar em estado de torpor e cegueira enquanto a Igreja tem sido o alvo de Sua atenção agora. Mas tudo irá mudar, como diz o próprio texto no início da carta:
"Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo (Israel)? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim" (Romanos 11.1).
O texto já começa com Paulo falando de ISRAEL e se identificando como um israelita de nascença. Ou seja, Israel não foi abandonado. Apenas está em "stand by" – em suspensão – enquanto Deus agora trata com a Igreja.
"Digo, pois: Porventura tropeçaram (os judeus), para que caíssem? De modo nenhum, mas pela sua queda (de Israel) veio a salvação aos gentios (a Igreja), para os incitar à emulação. E se a sua queda (de Israel) é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude (de Israel)!" (Romanos 11.11-12).
Perceba que um remanescente judeu fiel ainda será salvo em sua plenitude. Essa plenitude é chamada na Bíblia de "dispensação da plenitude dos tempos" (Efésios 1.10), quando Israel tornará a ser o centro da atenção do mundo, no Reino Milenar de Cristo sobre a terra.
Nem Israel, nem a Igreja pode perder a salvação. Deus prometeu guardar um remanescente judeu fiel (os 144.000 de Apocalipse) e prometeu salvar a Igreja (os escolhidos e eleitos antes da fundação do mundo – Efésios 1.3-7).
Em Gênesis 12 Deus prometeu a Abraão que ele seria o pai de uma grande nação, e obviamente sabemos tratar-se de Israel. Abraão foi pai de Isaque e avô de Jacó, que teve seu nome mudado para Israel. A promessa incluía que todas as nações da terra seriam abençoadas por meio de Israel, ao qual Deus chamou de Sua "menina dos olhos".
GÁLATAS 6.16 ENSINA QUE
A IGREJA É O ISRAEL DE DEUS?
Gálatas 6.16 tem sido o texto em que os defensores da Teologia da Substituição tem se apoiado para seus pobres argumentos: “E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus”. Para eles, Gálatas 6.16 ensina que a Igreja substituiu Israel e que agora somos o “Israel de Deus” mencionado na passagem. Eles dizem: “Bom, se Abraão pode ter gentios como sua “descendência espiritual” (Gl 3.14), por que não deveria haver um Israel Espiritual?” Porém, os cristãos que são chamados pelo nome “Israel” em Gálatas 6.16 são judeus convertidos a Cristo em distinção com os gentios convertidos.
O “Israel Espiritual” realmente existe, mas a Igreja nunca é chamada de “Israel Espiritual” nas Escrituras. O termo “Israel de Deus” está apenas fazendo referência àqueles judeus de nascença que se converteram a Cristo e agora estão inseridos na Igreja de Deus. Esse termo refere-se aos judeus que confiaram em Jesus como o Seu Messias. “Porque não é Judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém Judeu é aquele que o é INTERIORMENTE, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus (Romanos 2.28-29). A Igreja, no entanto, nunca é chamada de “Israel Espiritual”. O Novo Testamento não muda ou espiritualiza o sentido de Israel. Há 77 referências a Israel ou Israelita na Bíblia, e tais expressões nunca foram usadas como sinônimo de Igreja. Nunca!
Quanto ao argumento de que seríamos o Israel Espiritual por sermos “descendência espiritual de Abraão” pela fé, é muito simples de entender. Preste muita atenção nestas duas passagens:
“Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus” (João 4.22).
“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gálatas 3.14).
Essas passagens não estão dizendo que os gentios (nós) se tornariam judeus ou Israel para serem abençoados. A mensagem está dizendo que nós, gentios, desfrutaríamos da bênção que, por intermédio de Abraão e de Israel, chegaria até nós na Pessoa de Jesus Cristo e de Seu sacrifício consumado. Portanto, hoje somos salvos independente de nos tornarmos judeus ou parte da nação de Israel. O fato de nós, cristãos, existirmos, independente de Israel, não significa que Israel tenha deixado de ser a “menina dos olhos” de Deus, a nação terrenal de Deus, e muito menos significa que esta nação tenha perdido as bênçãos das promessas que Deus lhe deu.
Portanto, o termo “Israel de Deus” em Gálatas 6.16 NÃO significa que os cristãos são israelitas. Vamos analisar a passagem mais uma vez:
“E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus” (Gálatas 6.16).
O termo “Israel de Deus” (Gl 6.16) é usado pelos seguidores da Teologia do Pacto como prova de que os cristãos seriam israelitas espirituais. Mas isso é mais uma vez uma mera menção feita por Paulo que precisa ser colocada no contexto a fim de ser corretamente entendida. Tirar três ou quatro palavras de um versículo e construir em torno delas uma doutrina não passa de uma fraca teologia, além de ser uma heresia.
O que, então, significa esta frase? Ela se refere àqueles da nação de Israel (israelitas de nascença) que foram salvos pela graça de Deus e agora são parte da Igreja (Rm 11.5). O artigo “e” na frase “e sobre o Israel de Deus” distingue os crentes judeus dos que pertencem à companhia dos cristãos gentios. Paulo faz menção deles no final da epístola porque o cerne de suas observações ao longo da carta tinha sido de reprimenda aos cristãos por estarem adotando a Lei de Moisés e introduzindo princípios legalistas no Cristianismo. Ele queria que fosse demonstrada uma “misericórdia” especial para com seus conterrâneos (judeus convertidos ao Cristianismo) que tinham antecedente israelita. Se por um lado não havia desculpa para cristãos gentios por natureza adotarem a Lei, Paulo queria que os santos das assembleias da Galácia fossem pacientes com aqueles dentre eles que tinham ascendência judaica e demoravam a abandonar as amarras do Judaísmo. Ele sabia que não era fácil para quem tinha sido criado naquele sistema deixar de lado tudo de uma só vez (Lc 5.39), e, por isso, era preciso demonstrar paciência para com eles (Rm 14.1-6). A epístola aos Hebreus é testemunha disso.
O texto em Gálatas 6.16 é simples e claro. A primeira parte do versículo 16 – “E a todos quantos andarem conforme esta regra” – refere-se à regra recém-mencionada por Paulo no verso 15: “Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser NOVA CRIATURA” (Gálatas 6.15). Esta é uma categoria espiritual que engloba todos os crentes para os quais Paulo pronuncia uma benção: “paz e misericórdia sejam sobre eles”. Mas, e a continuação do verso? Como o verso termina? O verso segue com o comentário adicional “e sobre o Israel de Deus”. Aqui está o ponto chave. São dois grupos distintos sendo abençoados por Paulo: “... eles E sobre o Israel de Deus”. Quem são os “eles”? Os cristãos gentios. Quem é “o Israel de Deus”? Os judeus recém-convertidos a Cristo.
Se a intenção de Paulo fosse identificar “eles” como o “Israel de Deus”, por que ele não eliminou simplesmente o “e” após o “eles”? O resultado seria muito mais apropriado caso Paulo tivesse identificado o pronome “eles”, ou seja, a Igreja, com o termo “Israel”. Nesse caso, o versículo seria traduzido da seguinte forma: “E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles, o Israel de Deus”. Entretanto, Paulo não eliminou o “e”, deixando claro que, ao invés de identificar a Igreja como sendo o Israel de Deus, ele está justamente fazendo o contrário – fazendo uma clara distinção entre “eles” (a Igreja gentílica) e o “Israel de Deus” (Judeus recém-convertidos ao Cristianismo).
A carta aos Gálatas refere-se aos gentios que procuravam alcançar a salvação pela Lei. Eles estavam sendo enganados pelos judaizantes – cristãos judeus que exigiam a adesão à lei de Moisés. Para estes, um gentio tinha de se converter primeiro ao Judaísmo a fim de ser qualificado para a salvação em Cristo. Paulo argumenta que o que realmente é necessário para a salvação é a fé em Cristo e mais nada. Ele pronuncia uma benção sobre dois grupos de pessoas que deveriam seguir essa regra para a salvação. O primeiro grupo, referido na passagem pelo pronome “eles”, é o dos cristãos gentios, aos quais ele havia dedicado a maior parte da epístola. O segundo grupo é denominado “o Israel de Deus”. Nesse caso, trata-se dos cristãos hebreus que, em contraste com os judaizantes, seguiam a regra da salvação unicamente pela fé em Cristo Jesus.
Para concluir, vale mencionar o fato de que a Igreja só surge após a ressurreição e ascensão do Senhor – em Atos 2. Deus o ressuscitou e fez dEle o cabeça do Corpo, que é a Igreja, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos (Ef 1.19-23).
Não podemos nos esquecer de que a Igreja era um mistério na antiga dispensação – no Velho Testamento (Rm 16.25-27; 1Co 2.6-10; Ef 3.1-13; Cl 1.24-29), e que ela, como já mencionado, se distingue de Israel em todo o Novo Testamento. No livro de Atos, tanto Israel como a Igreja existe simultaneamente. O termo “Israel” é usado 29 vezes e o termo “ekklesia” (Igreja) é usado 19 vezes. Por fim, os capítulos 9, 10 e 11 de Romanos nos proíbem de falar da Igreja como tendo tomado o lugar do povo judeu. Por esta razão, jamais empregue a linguagem da substituição de Israel pela Igreja.
Entenda mais sobre o assunto nos links abaixo:
Igreja não é Israel – Parte 1:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/04/igreja-nao-e-israel-jp-padilha.html
Igreja não é Israel – Parte 3:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/05/igreja-nao-e-israel-parte-3.html
Será que a Teologia do Pacto prova que Israel e Igreja são a mesma coisa?:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2023/10/sera-que-teologia-do-pacto-prova-que.html
IGREJA NÃO É ISRAEL - Parte 1 | JP Padilha
Existe um aspecto dispensacional no episódio em que os judeus acusam Jesus de possessão demoníaca. Em Mateus 12.22-24, os fariseus acusam Jesus de estar possuído por um demônio porque Ele está expulsando demônios, alegando que o Seu poder vem de Belzebu, o chefe dos demônios.
Os evangelhos representam uma mudança de dispensação antes da formação da Igreja – o Corpo de Cristo – composta de judeus e gentios. Todavia, primeiro Israel deveria rejeitar o Messias, o qual “veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (João 1.11). Essa rejeição é vista aqui nos líderes religiosos da nação de Israel e, como consequência, Deus colocou Israel de lado por um tempo para tratar com a Igreja.
Em outro evangelho, Jesus fala do triste resultado que teve Sua interação com Seu povo: “Se eu não tivesse vindo e lhes falado, não seriam culpados de pecado. Agora, contudo, eles não têm desculpa para o seu pecado. Aquele que me odeia, também odeia o meu Pai. Se eu não tivesse realizado no meio deles obras que ninguém mais fez, eles não seriam culpados de pecado. Mas agora eles as viram e odiaram a mim e a meu Pai. Mas isto aconteceu para se cumprir o que está escrito na Lei deles: ‘Odiaram-me sem razão’” (João 15.22-24).
A falta de entendimento da verdade dispensacional de que Deus tem dois povos – Israel e Igreja – leva muitos cristãos a adotarem em sua adoração costumes judaicos, como templos, clérigos, dízimos etc. Consideram a Igreja uma continuação de Israel e herdeira das mesmas promessas terrenas de prosperidade feitas àquele povo no Antigo Testamento (Promessas que ainda não foram cumpridas, mas serão no futuro). Entretanto, a Igreja nada tem a ver com Israel, pois ela era um “mistério que, durante as épocas passadas, foi mantido oculto em Deus” (Efésios 3.9). Tampouco a Igreja tem sua esperança na terra, como Israel, pois foi abençoada com promessas espirituais, não terrenas, “com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Efésios 1.3). Seu destino não é viver aqui, pois “a nossa cidadania está nos céus, de onde esperamos ansiosamente um Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 3.20).
O apóstolo Paulo explica da seguinte forma:
“Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegasse a plenitude dos gentios. E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: ‘Virá de Sião o Redentor que desviará de Jacó a impiedade. E esta é a minha aliança com eles quando eu remover os seus pecados’. Quanto ao evangelho, eles são inimigos por causa de vocês; mas quanto à eleição, são amados por causa dos patriarcas, pois os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis” (Romanos 11.25-29). Esse “endurecimento em parte” é só “até que chegue a plenitude dos gentios”, mostrando um período de tempo definido que termina com os últimos gentios sendo acrescentados ao Corpo de Cristo. Então “virá de Sião o Redentor” para salvar Israel e estabelecer um Reino de mil anos na terra (cf. Ap 20).
Como calvinista de verdade, creio que a eleição de Deus é irrevogável (Rm 11.25-29). É por isso que acredito que a eleição de Israel permanece, não tendo sido revogada ou substituída pelo advento da Igreja. De fato, quem diz que a Igreja é o novo Israel não pode ser definido como calvinista, pois milita contra a perpetuidade da eleição divina, um dos pilares do Calvinismo autêntico. A Bíblia é dispensacionalista do início ao fim.
Entenda mais sobre o assunto nos links abaixo:
Igreja não é Israel – Parte 2
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/04/igreja-nao-e-israel-parte-2-jp-padilha.html
Igreja não é Israel – Parte 3
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/05/igreja-nao-e-israel-parte-3.html
Será que a Teologia do Pacto prova que Israel e Igreja são a mesma coisa?
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– JP Padilha
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– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página JP Padilha
– Fonte 3: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/
DEVEMOS RASGAR O ANTIGO TESTAMENTO? | JP Padilha
Em um de meus artigos eu falei sobre o fato dos salmos não serem cristãos, isto é, que os salmos não foram escritos por cristãos nem para cristãos, muito embora nós possamos ser edificados, consolados e exortados por eles. Algumas pessoas se escandalizaram com esta verdade e me acusaram de estar dizendo que o Antigo Testamento não serve para nada na vida cristã. Bom, aqui vai uma explicação da mensagem que estou tentando transmitir ao leitor. Não seja tão radical na interpretação do que escrevi no artigo “Como os salmos se aplicam ao cristão”. Segue abaixo o link do artigo para quem quiser lê-lo antes de continuar a leitura deste artigo:
“Como os salmos se aplicam ao cristão?”
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2025/04/como-os-salmos-se-aplicam-ao-cristao-jp.html
Será que não consegui me expressar? Eu não disse para rasgar o Antigo Testamento. O que eu disse foi que adorar em verdade no Antigo Testamento significava adotar todas aquelas coisas que Deus havia estabelecido para o culto judaico. Todavia, a adoração da Igreja não é uma adoração judaica. Portanto, não encontramos elementos judaicos na adoração cristã, tais como templos, sacerdotes, dízimos, vestes especiais, instrumentos musicais na adoração, coros profissionais, incensos etc. Na doutrina dos apóstolos (que está nas epístolas) não existe nada disso. Lá encontramos apenas a adoração expressa na ceia do Senhor e em cânticos, orações e ações de graças.
Acrescentar elementos do Antigo Testamento na adoração da Igreja é uma prática que nada tem a ver com a verdade da adoração da Igreja. Ao fazer isso, o cristão pode até estar adorando “em espírito” (pois ele tem o Espírito Santo em si), mas não está adorando “em verdade” segundo a doutrina dos apóstolos. Trata-se de um culto construído com os elementos que ele achou melhor usar, como fizeram os samaritanos em seu culto judaico distorcido.
Algumas pessoas disseram, em resposta ao meu artigo sobre “como os salmos se aplicam ao cristão”, que os salmos são a única forma permitida por Deus para adoração e que as orações imprecatórias fazem parte da vida cristã. Então, eu pergunto: Em primeiro lugar, onde, na Bíblia, está escrito que os salmos são a única fonte de adoração permitida por Deus? Em segundo lugar, em qual versículo Jesus ensina a fazer as chamadas “orações imprecatórias” – amaldiçoando e desejando o mal de nossos inimigos? Em qual epístola isso é ensinado? Não há uma resposta bíblica para isso, obviamente.
Voltando à questão da adoração cristã, devemos sempre nos perguntar: Onde e como Deus quer que o cristão O adore? A resposta está nas epístolas, e em nenhum outro lugar. Qualquer acréscimo será invenção humana – fora da Verdade que é a Palavra de Deus. A ideia de que usar elementos do Antigo Testamento também estaria correto por se tratar da Palavra de Deus abre as portas para uma porção de erros como vemos na cristandade. A adoração cristã é "fora do arraial" (Hb 13.13), ou seja, longe do sistema que havia sido estabelecido para Israel. É preciso distinguir bem as diferentes partes da Palavra de Deus e como devem ser aplicadas nas diferentes épocas:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem (divide bem, sabe usar bem) a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).
Algumas pessoas que leram meu artigo a respeito dos salmos serem judaicos não gostaram do que eu escrevi pelo fato de acharem que eu estava dizendo que na adoração cristã não existe lugar para cânticos. Eu não disse isso. Na adoração cristã encontramos os cânticos sim.
“Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Efésios 5.19).
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Colossenses 3.16).
Sendo assim, cantar hinos e louvores a Deus faz parte da adoração cristã. O que não faz parte da adoração cristã são os cantores e músicos profissionais para isso, algo que fazia sentido no Antigo Testamento quando as pessoas não tinham o Espírito Santo habitando nelas. Neste caso, a adoração era exterior, havia os levitas, os cantores, os instrumentos musicais, as roupas especiais etc.
Os cristãos devem cantar "com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração", como dizem os versículos acima. O problema todo acontece quando tomamos o que vemos ao redor como verdade e a partir daí buscamos na Bíblia aquilo que esteja de acordo com o que vemos na cristandade hoje. As práticas dos cristãos não são o exemplo que devemos seguir ou a régua pela qual devemos medir as Escrituras, mas exatamente o inverso.
Os escritos do Antigo Testamento são sombras das coisas que haviam de vir (Cl 2.17), mas agora temos a realidade, que é Cristo no meio de nós e do Espírito Santo habitando na igreja, coletivamente, e no crente, individualmente. A adoração cristã, obviamente, não é a mesma dos israelitas. Na adoração cristã não existe lugar para altares, incenso, animais sacrificados, templo, clérigos acima dos leigos, pastores dirigindo a congregação e a adoração etc.
Mesmo quando se utiliza algum salmo, o cristão deve ter sabedoria para entender que muitos Salmos foram escritos para o povo terreno de Deus, Israel, para o qual as bênçãos prometidas eram terrenas e aos quais Deus disse que destruísse seus inimigos de carne e ossos. Portanto, podia fazer sentido para um israelita pedir a Deus pela destruição de seus inimigos e louvar a Deus por isso, mas isso não faz qualquer sentido para um cristão hoje, cuja esperança está no Céu e que vive no espírito de Cristo, Aquele que não veio aqui para matar e destruir, mas para salvar.
Esse contraste entre os modos de agir do Antigo e do Novo Testamento fica claro no modo dos discípulos (judeus) encararem as coisas segundo o exemplo que encontravam no Antigo Testamento e como o Senhor os repreende mostrando que havia agora uma nova ordem de coisas:
"E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia" (Lucas 9.54-56).
Fazer descer fogo do céu podia fazer sentido nos tempos de Elias, mas não agora; não para cristãos; não para a Igreja. Do mesmo modo, nenhum cristão iria hoje, de sã consciência, cantar um salmo como o 109:
"Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva a sua mulher! Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício! Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva a sua mulher! Andem errantes os seus filhos, e mendiguem; esmolem longe das suas habitações assoladas. O credor lance mão de tudo quanto ele tenha, e despojem-no os estranhos do fruto do seu trabalho! Não haja ninguém que se compadeça dele, nem haja quem tenha pena dos seus órfãos!"
O fato dos Salmos estarem na Bíblia, que é a Palavra de Deus, não significa que possa ser aplicado em todas as épocas e situações. Não pode. Dá para perceber claramente o quanto essa coleção de maldições está longe da dispensação atual da graça de Deus e do modo como o Senhor nos ensinou a tratar nossos inimigos. A não compreensão do Antigo Testamento como uma maneira particular de Deus tratar com o mundo e com o Seu povo terreno, Israel, durante um determinado período de tempo, é o que tem levado a muita confusão hoje, quando cristãos tentam misturar as coisas. A Teologia Reformada do Pacto faz isso. Esse tipo de teologia emburrece os crentes. Com isso, um grupo escolhe o que lhe convém do Antigo Testamento, outro escolhe outra parte e assim por diante.
Lembre-se de que o cristão deve saber manejar bem ou dividir bem a Palavra de Deus para não cair nesses erros.
O que falta a esses “pastores” e “ministros” do sistema religioso denominacional é o entendimento que me faltaria se eu tentasse socorrer um acidentado e tentasse reconstruir seu corpo. Por não ser médico, eu acabaria costurando os órgãos nos lugares errados, na ordem errada e para cumprirem funções erradas. O resultado seria um corpo bem ao estilo Frankenstein. Assim são as denominações existentes na cristandade, e é assim que muitos de seus ministros tentam explicar a Bíblia, sorteando os versículos que mais lhe agradam e que se encaixam em suas doutrinas pré-estabelecidas.
Quanto a isso, o apóstolo Paulo instrui Timóteo da seguinte forma: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).
A versão de J. N. Darby, se traduzida para o português, ficaria assim: “Esforça-te diligentemente para apresentar-te aprovado a Deus, como obreiro que não tem de que se envergonhar, cortando com precisão a palavra da verdade”. Nesta versão, a imagem que temos é de um bisturi nas mãos de um hábil médico que separa os órgãos corretamente, de acordo com seu lugar, posição e função.
A primeira edição da Bíblia em inglês, publicada em 1535 por iniciativa do Rei Tiago da Inglaterra, ou “King James”, trazia um prefácio de Miles Coverdale que trazia um conselho semelhante: “Será de grande auxílio para entenderes as Escrituras se atentares, não apenas para o que é dito ou escrito, mas de quem e para quem, com que palavras, em que época, onde, com que intenção, em quais circunstâncias, e considerando o que vem antes e o que vem depois”.
Sendo assim, não se pode querer entender a Bíblia como um saco de versículos que você sacode, mistura e tira dali uma passagem qualquer para embasar uma doutrina. Como escreveu Coverdale, é preciso saber “de quem e para quem... onde, com que intenção e em quais circunstâncias” aquela passagem aparece ali.
Quando aprendemos sobre a história do Brasil, a professora começa falando de Cabral e do descobrimento, e não da Operação Lava-Jato, para que não surja alguma dúvida de que Cabral ela está falando. Assim acontece com a revelação de Deus. A revelação de Deus nas Escrituras foi progressiva e dada em etapas.
Um bom livro para entender melhor este tema é o livro "A Ordem de Deus", de Bruce Anstey. Link abaixo para baixar de graça ou comprar impresso:
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– JP Padilha
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Como os Salmos se aplicam ao cristão? | JP Padilha
Os salmos são uma excelente fonte de inspiração para qualquer cristão, e fazemos bem quando os lemos. Porém, é preciso entender que eles têm dois aspectos importantes: Primeiro, eles foram escritos para Israel, ou seja, em uma ordem de coisas totalmente diferentes daquelas que são para a Igreja. Em segundo lugar, em grande parte os salmos falam dos sentimentos de Cristo.
É por esta razão que você encontra nos salmos coisas como o salmista pedindo a Deus o sofrimento, a morte e a destruição de seus inimigos, coisa que um cristão jamais pediria, pois Jesus nos ensinou a fazer o contrário: “Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus... Pois, se amardes [somente] os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?” (Mateus 5.44-47).
Sendo cristão, você não pode fazer orações como as do salmista abaixo:
“Sejam confundidos e consumidos os que são adversários da minha alma; cubram-se de opróbrio e de confusão aqueles que procuram o meu mal” (Salmos 71.13).
“E por tua misericórdia desarraiga os meus inimigos, e destrói a todos os que angustiam a minha alma; pois sou teu servo” (Salmos 143.12).
“Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos” (Salmos 139.22).
Tudo isso podia fazer sentido para um povo que tinha por esperança habitar na terra e estava cercado de inimigos humanos, assim como faz sentido para muitos radicais muçulmanos explodirem seus inimigos, já que boa parte dos preceitos do Islamismo foram tirados do Antigo Testamento. Todavia, tudo isso não faz sentido algum para aqueles que creem em Jesus, os quais são cidadãos do Céu e foram ensinados de outra maneira pelo próprio Senhor:
“Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5.44).
“E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa” (Mateus 5.40).
“Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16.33).
“Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efésios 6.12).
Outra coisa importante a se entender é que os salmos são muitas vezes a expressão dos sentimentos de Cristo. Você não poderia, honestamente, jamais afirmar o que diz o salmista nos versículos abaixo porque você sabe muito bem que é falho e pecador:
“Porque guardei os caminhos do SENHOR, e não me apartei impiamente do meu Deus” (Salmos 18.21).
“Também fui sincero perante ele, e me guardei da minha iniquidade” (Salmos 18.23).
“Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois guardei os teus testemunhos” (Salmos 119.22).
“Nunca me esquecerei dos teus preceitos; pois por eles me tens vivificado” (Salmos 119.93).
“Isto fiz eu, porque guardei os teus mandamentos” (Salmos 119.56).
Somente o Homem perfeito poderia ter dito tais coisas, e o único Homem perfeito é Cristo. Se você ler com atenção os salmos 22, 23 e 24 (na Bíblia católica a numeração é outra) verá que todos eles falam de Cristo em sequência: Primeiro o Cordeiro é morto, depois Ele aparece identificado com as ovelhas do rebanho de Deus e é ao mesmo tempo Pastor, e, por fim, é Senhor de toda a terra, quando vier para reinar.
– JP Padilha
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