11. POUCOS SÃO ESCOLHIDOS
A doutrina da eleição implica que somente uns poucos chegarão ao Céu, e que, portanto, a maioria irá para o inferno. Mateus 7:13-14 suporta conclusivamente essa noção. Leiamos o que esses versos dizem. Visto que Mateus 22:14 é também frequentemente mencionado em conexão com essa questão, o incluiremos em nossa discussão.
Mateus 7:13-14 (ARC) – “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram”.
Mateus 22:14 (ARC) – “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos”.
A doutrina da eleição ensina que somente uns poucos escolhidos chegarão ao Céu, mas o conceito de eleição, em si mesmo, não implica necessariamente que esse número será grande ou pequeno, ou que ele será maior do que o número de réprobos.
Quando se referindo ao número daqueles que foram escolhidos para salvação, a Escritura promete que haverá muitos salvos. Por exemplo, Deus disse a Abraão: “Olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode contá-las”. E prosseguiu: “Assim será a sua descendência” (Gênesis 15:5). A Escritura ensina que Deus estava se referindo principalmente à sua semente espiritual, e não aos seus descendentes naturais, embora, num contexto escatológico, esse texto esteja literalmente falando de Israel.
Então, em Apocalipse 7:9-10 lemos:
“Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas. E clamavam em alta voz: ‘A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro’”.
Assim, sabemos que haverá muitos salvos em termos absolutos, ou comparados com zero. Mas, isso não nos diz se o número de pessoas salvas será maior em relação ao número de pessoas condenadas. Algumas pessoas falham em notar esse ponto e, assim, têm enganosamente inferido dessas duas passagens que o número desses salvos será maior do que o daqueles condenados no final.
A questão é quão muitos serão salvos com relação aos não-salvos, e não com relação a zero. Os dois versículos de Mateus parecem muito relevantes. Um diz que “poucos há que a encontrem” e o outro diz que “poucos são escolhidos”. Se esses dois versículos estiverem tratando amplamente da questão, então aqui está nossa resposta — não somente o número de salvos será menor do que o número de não-salvos, mas ele será muito menor, visto que Jesus está contrastando entre os “muitos” e os “poucos”.
Há aqueles que afirmam que essas duas passagens não podem funcionar como uma resposta ampla à nossa questão, pois os contextos sugerem, segundo eles, que elas estão tratando somente da situação do primeiro século. Neste exato momento, não estou convencido de que isso seja correto, mas estou disposto a examinar argumentos exegéticos em favor dessa posição.
Ao considerar nossa questão, é importante descartar imediatamente alguns dos populares, porém vazios, argumentos.
Por exemplo, é comum argumentar que o número dos salvos será certamente muito maior do que o número de não-salvos porque Deus certamente agarrará a “vitória” no final; isto é, Ele nunca “perderá” para satanás na batalha entre o bem e o mal, e sobre as almas humanas. Alguns dos mais proeminentes teólogos reformados do passado e do presente têm argumentado dessa forma. Mas esse argumento está errado.
Esse argumento é tolo — é arbitrário e auto-destrutivo. É arbitrário porque ele assume que “vitória” nesta situação é determinada por número, mas eles falham em produzir evidência bíblica ou qualquer tipo de suporte racional usando essa premissa ou padrão. Então, o argumento é auto-destrutivo, pois, se formos determinar “vitória” por números absolutos, então, se uma pessoa acaba no inferno, isso necessariamente significaria que Deus fracassou em obter uma vitória total sobre satanás e o mal. Todavia, muitas pessoas já estão no inferno!
Embora isso seja usado por mais do que uns poucos teólogos reformados, esse argumento carrega certo sabor dualístico nele — isto é, implica que satanás é uma força do mal poderosa com quem até mesmo Deus deve contender, que Deus ganhará alguns e perderá alguns, e que, no final, Ele ganhará mais do que perderá. Que visão patética de Deus! Que entendimento anti-escriturístico da história redentora! Quando um calvinista está usando esse argumento (ou qualquer outro como esse sobre qualquer outro assunto), ele está sendo inconsistente com suas próprias crenças sadias e bíblicas.
Agora, aqueles que acabam no Céu são salvos porque Deus pré-determinou a sua salvação, e aqueles que terminam no inferno são condenados porque Deus pré-determinou sua condenação. Assim, como Deus poderia “perder”, quando todos aqueles que terminarão no inferno estão ali somente porque o próprio Deus pré-determinou enviá-los para lá?
Deus poderia “perder” somente se o que Ele pré-determinou que acontecesse falhasse em acontecer, ou se o que Ele não pré-determinou que acontecesse ainda assim acontecesse de qualquer jeito. Por exemplo, se alguns daqueles a quem Deus escolheu para salvação falhassem em serem salvos e terminassem no inferno, então poderíamos dizer que Deus perdeu; ou, se alguns daqueles a quem Deus escolheu para condenação de alguma forma terminassem no Céu, então Deus também perderia. Mas é claramente estúpido dizer que Deus perderá se mais pessoas terminarem no inferno do que no Céu se isso é exatamente o que Ele quer; até mesmo porque isso é o que Ele pré-determinou que acontecesse. De fato, se Deus tivesse decidido que todo pecador deveria terminar no inferno, então poderíamos dizer que Ele perderia, mesmo que uma só pessoa conseguisse entrar no Céu.
Assim, a questão de que se mais pessoas terminarão no Céu ou no inferno não tem, em si mesma, relevância direta para com a questão se Deus “ganha” ou “perde”. Mas, se o que acontece é exatamente o que Deus pré-determinou que acontecesse, então Ele ganha.
Há outros argumentos que as pessoas têm usado para mostrar que o número dos salvos será maior do que o número de não-salvos, mas quase todos eles são ineficazes, senão totalmente absurdos.
Eu disse “quase” todos eles são ineficazes, pois há uma doutrina que, caso seja mostrado que a mesma é bíblica e relevante, pode estabelecer que o número dos salvos deveras será maior do que o dos não-salvos. Estou me referindo ao Amilenismo e pós-milenismo. Essas falsas doutrinas ensinam que, de acordo com numerosas profecias, tanto no Antigo como no Novo Testamento, antes do retorno de Cristo, o evangelho se tornará crescentemente bem-sucedido e influente, não somente na esfera social e política, mas especialmente nos corações dos homens, de forma que ele [o evangelho] dominará o mundo por um extenso período de tempo. O Amilenismo e o pós-milenismo afirmam hereticamente que o Reino Milenar começou no primeiro século e terminará no retorno de Cristo. Nesse ínterim, embora a influência do evangelho será flutuante, ele finalmente sobrepujará todas as oposições e se tornará a força dominante nos corações dos homens, e assim também na sociedade em geral, segundo o Amilenismo e o pós-milenismo.
Agora, se o Amilenismo e o pós-milenismo estão corretos, então é deveras possível que mais pessoas serão salvas do que não-salvas, que mais terminarão no Céu do que no inferno. Porém, devemos estabelecer duas coisas para tirar tal conclusão:
Primeiro, devemos estabelecer que as duas passagens de Mateus (e todas as outras passagens similares) estão realmente se referindo à situação de toda a era cristã.
Segundo, devemos estabelecer, se for de alguma forma possível, que o período de tempo durante o qual o evangelho dominará os corações dos homens, e durante o qual mais pessoas se tornarão cristãs do que permanecerão como não-cristãs, será muito longo — longo o suficiente para compensar todos os séculos passados nos quais mais pessoas permaneceram como não-cristãs (incluindo os falsos convertidos) do que aquelas que se tornaram cristãs.
Essa é a razão pela qual eu digo que o Amilenismo e o pós-milenismo são visões heréticas em si mesmas, pois eles devem provar ser relevantes para que o nosso apelo a eles seja um argumento eficaz em favor de mais pessoas terminarem no Céu do que no inferno. Se o período no qual o evangelho dominará o mundo não for longo o suficiente para compensar todos os séculos passados de relativa escuridão, então, o número de pessoas não-salvas permanecerá ainda maior do que o número daqueles que serão salvos.
Certamente, se é impossível satisfazer a primeira condição acima, então, a segunda também é excluída. Em outras palavras, se as duas passagens de Mateus (7:13-14; 22:14) estão realmente dizendo que, como uma regra geral para todos os tempos, mais pessoas irão para o inferno do que para o Céu, então, por implicação necessária, o período durante o qual o evangelho “dominará o mundo” (de acordo com o Amilenismo e o pós-milenismo) não será suficiente para penetrar nos corações da maioria dos homens.
Podemos estar certos sobre uma coisa: que todas as coisas acontecerão exatamente como Deus pré-determinou, e, portanto, ele “ganha” mesmo que mais pessoas terminem no inferno do que no Céu.
– Vincent Cheung (adaptado e ampliado por JP Padilha)
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