Deus ama todo o mundo? – Desvendando o mito | JP Padilha


Certamente Deus ama o mundo, mas não todos os indivíduos que compõem o mundo. Na Escritura, as palavras "Mundo", "Todos", "Toda a gente" e outras expressões semelhantes raramente significam toda a raça humana (Jo 7.4; 12.19; At 17.6; 1Co 11.32). No Antigo Testamento Deus amava somente a nação de Israel (Dt 7.7), mas isso não poderia ser dito de todo e qualquer israelita, pois “nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6), isto é, nem todos são judeus convertidos ao SENHOR. No Novo Testamento vemos que Deus diz amar indivíduos de todo o mundo, como no caso de João 3.16, onde a palavra “mundo” se refere aos escolhidos e não a cada indivíduo da terra, e isso será provado mais à frente neste capítulo.

"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (João 3.36).

Como poderia a ira (ódio) de Deus estar sobre alguém que Ele amou na eternidade? De maneira que o versículo acima salienta que somente os que creem em Seu Filho é que são amados por Ele.

São muitos os cristãos professos que negam que Deus possa odiar alguns pecadores, os quais estão condenados à perdição. A maioria das pessoas que compõem a cristandade atual crê que Deus não pode odiar um pecador, e acredita cegamente que Ele ama a todos os seres humanos, sem exceção. Mas o fato é que Deus odeia, não somente o pecado, como também o pecador não salvo. Um exemplo disso é Esaú (Rm 9.13). Além de Esaú, Deus também “odeia a todos os que praticam a maldade” (Sl 5.5).

Cristo morreu na cruz para salvar somente aqueles a quem Deus ama, e não para salvar Judas, Herodes, Pilatos ou outros “cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo” (Ap 17.8). A Bíblia é clara ao dizer que Cristo veio para salvar aqueles que o Pai havia lhe dado (Jo 6.37-39; 17.2). “Como [Cristo] havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim” (João 13.1), e isso significa que Ele não amou a todos os homens que estão no mundo, mas tão somente “os Seus, que estavam no mundo”.

Estando uma vez em Cristo Jesus, o pecador eleito é amado por Deus (Ef 1.4-6). Todavia, sem o espírito de Cristo, os pecadores são odiados por Deus em todo o tempo, pois Deus “não tem prazer na iniqüidade” (Sl 5.4). Muito pelo contrário, Deus “ama a justiça” (Sl 11.7).

Jesus Cristo morreu por Suas ovelhas, mas não morreu e nem sequer orou pelos bodes (Jo 10.26- 27; 17.9). Visto que o amor de Deus não é falho, Ele de fato salva a todos a quem Ele ama. Todos aqueles que são alvos de Seu amor são salvos e não podem perder a salvação. Deus busca, por Si mesmo, aqueles a quem Ele ama, e faz com que os Seus escolhidos O amem (1Jo 4.19).

Deus não é obrigado a amar ninguém, mas escolhe livremente a quem Ele ama, e por isso o homem não tem o direito de se queixar (Rm 9.13- 20).

Quem ensina que Deus ama todo o mundo, isto é, a cada indivíduo do mundo, está cometendo o pecado da mentira e da heresia. Ensinar que Deus ama todo o mundo é dizer que Deus manda Seus filhos, adotados em Cristo Jesus, para o inferno. Isso é roubar o filho de Deus do conforto da salvação e “encorajar os ímpios a não se desviarem dos seus maus caminhos para salvarem a sua vida” (Ez 13.22), o que os leva para longe de suas responsabilidades como cristãos.

A LINGUAGEM UNIVERSAL NA BÍBLIA

Muitos afirmam que Deus ama todo o mundo devido à linguagem universal que a Bíblia muitas vezes usa, tais como “o Senhor não quer que nenhum pereça” (2 Pedro 3.9) ou “todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo” (Rm 10.13). No entanto, essas objeções partem daqueles que desconsideram o contexto da mensagem e mostram a total ignorância do leitor com relação à linguagem usada na Escritura. Ora, frequentemente usamos linguagem universal para tudo que fazemos na vida. Por exemplo, quando o professor pergunta “Todo o mundo tem uma caneta?”, ele obviamente não está falando com o mundo inteiro, mas somente com sua classe de alunos. Quando um pai diz “Todo o mundo entre no carro!”, ele não está chamando o mundo todo para entrar em seu carro, mas tão somente a sua família.

Vejamos algumas passagens que usam a linguagem universal para se referir a indivíduos específicos:

Mateus 10.22 – “odiados de todos sereis”;
João 3.26 – “e todos vão ter com ele”;
Atos 19.19 – “trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos”;
Romanos 16.19 – “quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos”.

Nessas passagens, o termo “todos” não significa cada indivíduo da raça humana. Similarmente, “todo o que” significa “todos aqueles que…”. Não significa todo o mundo.

“Todo o que nele crê” (João 3.16) significa todos aqueles que crêem ou “todos os crentes”, não a raça humana inteira.

Da mesma maneira, “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13) não significa que todo o mundo pode ou invocará o nome do Senhor.

O fato de Deus amar somente os salvos não os torna justificáveis, mas JUSTIFICADOS. “Por meio dEle, todo aquele que crê é justificado de todas as coisas das quais não podiam ser justificados pela lei de Moisés” (Atos 13.39). O sacrifício consumado de Cristo cobre os pecados do pecador eleito. Quando Deus salva uma pessoa, Ele a regenera e veste com vestes brancas como a neve, com vestes de justiça. Os méritos de Cristo são atribuídos a ela. Deus a ama Cristocentricamente, ou seja, pelos méritos de Cristo, por Sua perfeita e imaculada justiça. Nem uma gota do Seu santo sangue foi derramado em vão. No último grande Dia não haverá um Salvador desapontado e derrotado, mas Um que “verá o fruto do trabalho da Sua alma, e ficará satisfeito” (Is 53.11). Não são nossas palavras, mas a infalível asserção dEle que declara: “O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha vontade” (Isaías 46.10). Sobre esta impregnável Rocha nós descansamos.

Deus não ama o homem por aquilo que ele é, pois não há nada no pecador digno de atrair em Deus Seu afeto e amor, mas apenas o Seu justo e merecido juízo, além do Seu ódio. Porém, Deus ama Cristocentricamente pecadores salvos antes da fundação do mundo (Ef 2).

“O qual se deu a si mesmo por nós (nós – a Igreja) para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tito 2.14). A Bíblia diz que Jesus se entregou por nós, não por todo o mundo. Os pecadores pelos quais Cristo morreu são chamados de: Suas ovelhas (Jo 10.11-15), Sua igreja (At 20.28; Ef 5.25-27), Seu povo (Mt 1.21) e Seus eleitos (Rm 8.32-35). Perceba que o povo pelo qual Cristo morreu passa a ter uma identidade específica, se diferenciando do mundo caído, e tudo isso é uma dádiva de Deus, não do homem.

“Eu rogo por eles. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois são Teus” (João 17.9).

E ainda aos Seus, a Igreja, afirmou Cristo: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas Eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15.18-19)

Quanto aos ímpios (vasos de ira, preparados para a perdição, conforme Romanos 9), a ira de Deus sobre eles permanece, e não o Seu amor (Jo 3.36; Sl 11.5; Pv 3.32 / 2Co 2.14-15 / 2Co 4.3).


Por mais que a maioria das pessoas afirme amar a Deus, a Bíblia ensina que os pecadores odeiam a Deus (Rm 8.7) e JAMAIS invocarão o Seu nome. Isaías lamenta que “ninguém há que invoque o Teu [i.e., de Deus] nome” (Is 64.7), e Paulo acrescenta: “não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11). Alguns homens são verdadeiramente despertados a invocarem a Deus, e isso é obra do Espírito de Deus, o qual graciosamente concede fé e arrependimento a alguns (At 11.18; Ef 2.8; Fp 1.29), mas cega e endurece a outros (Js 11.20; Mt 11.25; Jo 12.40; Rm 9.18).

Leia também: O significado de "Mundo" na Bíblia | JP Padilha

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