CAPÍTULO 10 – A DOUTRINA ACERCA DAS ÚLTIMAS COISAS (Escatologia)



“A Deus, o arquiteto das eras, lhe pareceu bem fazer-nos participantes de confiança do seu plano para o futuro, e revelou seu propósito e seu programa com detalhes na Palavra”. – J. Dwight Pentecost, Prefácio de Things to come

INTRODUÇÃO

Muitos crentes ficam confusos acerca dos eventos que Deus determinou que tomassem lugar no futuro. Isso não é sem motivo. Com efeito, a Bíblia apresenta certa obscuridade no tocante a essas questões, o que fez com que surgissem posições escatológicas distintas mesmo entre os teólogos mais sérios e zelosos.

Ainda assim, é inegável que existem certos elementos que claramente compõem o quadro bíblico escatológico, sendo aceitos pela maior parte dos estudiosos da Palavra como eventos preditos na Bíblia. É verdade que os estudiosos nem sempre estão de acordo quanto à ordem cronológica que esses eventos irão seguir. Porém, mesmo em meio a essa divergência, é perfeitamente possível delinear os contornos de uma escatologia bíblica saudável, nutrindo a firme esperança de um final glorioso para a história, no qual Deus reinará absoluto e será “tudo em todos” (1Co 15.28).

Neste capítulo serão expostos os eventos principais que a Bíblia aponta como componentes do plano de Deus para o futuro. Esses eventos estão dispostos aqui na ordem em que ocorrerão, segundo a posição teológica adotada neste livro (premilenismo pretribulacionista).

O ARREBATAMENTO DA IGREJA

O arrebatamento é o primeiro de uma série de eventos que tomarão lugar na história como cumprimento de predições bíblicas. O texto clássico que trata desse assunto é 1Tessalonicenses 4.13-18. Segundo esse texto, o arrebatamento da igreja acontecerá da seguinte forma:

Os mortos em Cristo: Os crentes em Jesus que já morreram ressuscitarão e subirão ao céu com corpos glorificados (1Co 15.20-23; 1Ts 4.16). É bom destacar que as almas dos crentes que morrem vão imediatamente para o céu (Lc 16.22-23; 23.41-43; 2 Co 5.6-8; Fp 1.23). Seus corpos, contudo, jazem sem vida na sepultura e, afinal, se desfazem. Por ocasião do arrebatamento, porém, os corpos dos crentes mortos serão vivificados outra vez (Jó 19.25-27) e eles serão arrebatados para estar para sempre com Cristo.

Os crentes vivos: Logo após a ressurreição dos crentes em Jesus que já morreram, os crentes que estiverem vivos subirão juntamente com eles para o encontro com o Senhor nos ares (1Ts 4.17). Eles também terão seus corpos glorificados (1Co 15.50-54; 2Co 5.1-5).

Após isso tudo, a igreja comparecerá diante do Tribunal de Cristo (Rm 14.10; 1Co 3.10-15; 2Co 5.10) para, finalmente, receber os galardões (Lc 14.14; 1Co 4.5; 2Tm 4.8; Ap 22.12).

IMPORTANTE!
COMO SERÁ O CORPO RESSURRETO? – O corpo da ressurreição será o mesmo corpo atual, composto de carne e ossos (Jó 19.26-27; Lc 24.39). Prova disso é que Jesus ressuscitou no mesmo corpo que tinha quando foi sepultado (Mc 16.6; Lc 24.2-3; Jo 20.3-8) e a ressurreição dos crentes será semelhante à sua ressurreição (1Co 15.20,23,49). A diferença entre o corpo atual e o ressurreto é que este último não poderá se deteriorar nem morrer (Lc 20.35-36; 1Co 15.42). Esse é o significado da palavra “incorruptibilidade” presente em algumas traduções da Bíblia (1Co 15.53-54). Quanto à aparência desse corpo, será a mesma que a atual. Nesse sentido, deve-se lembrar que o Cristo ressurreto só não foi reconhecido imediatamente por alguns discípulos porque o Senhor lhes fechou os olhos (Lc 24.15-16). Acerca da idade que o corpo da ressurreição aparentará, a Bíblia não dá nenhuma informação.

OBSERVAÇÃO: O autor desta publicação do livro em PDF discorda que a Bíblia não tenha informações de como serão os corpos dos crentes ressurretos no arrebatamento aos céus. Vamos entender melhor isso. Em primeiro lugar, a Bíblia diz que todos os salvos ressuscitarão à semelhança de Jesus (Gn 5.1; Rm 6.5-6), isto é, em um corpo humano. Provavelmente nossos corpos aparentarão o corpo de Jesus, que morreu na idade de seu completo desenvolvimento biológico, o que se dá por volta dos 30 anos. Em segundo lugar, Deus criou Adão adulto. Portanto, as crianças também ressuscitarão com o corpo de um adulto e não serão transformadas em "anjinhos barrocos". É um grande erro dizer que crianças que morreram foram transformadas em "anjinhos" ou "estrelinhas". Esse tipo de pensamento espúrio relega o ser humano a uma condição inferior àquela que Cristo tem reservada para Ele.

No seu livro “Acontecimentos Proféticos”, Bruce Anstey explica o seguinte: “Os santos celestiais serão como o Senhor no aspecto moral (1Jo 3.2) e também fisicamente (Fp 3.21). Assim como o Senhor estará no "orvalho de Tua mocidade", eles também serão restaurados à primavera da vida (Sl 110.3). Os santos idosos, cujas faculdades físicas e mentais estiverem arruinadas, serão todos restaurados à força e ao vigor de seus corpos ressuscitados. Nunca mais verão corrupção (1Co 15.42-57; 2Co 5.1-4). Do mesmo modo como foram feitos à semelhança do Senhor moral e fisicamente, os santos celestiais terão as capacidades de seus corpos glorificados imensamente incrementadas. Estarão aptos a visitar a terra, subindo e descendo por toda ela em um instante (Lc 24.30-35), e passarão através de objetos sólidos como paredes, etc. (Lc 24.36-43; Jo 20.19-29). Porém, não terão os atributos de onisciência, onipresença ou onipotência, os quais pertencem somente a Deus”. Para mais informações sobre isso e também sobre todo o aspecto escatológico, recomendo o livro “Acontecimentos Proféticos”, de Bruce Anstey. Este livro pode ser encontrado de graça no formato PDF e em vários outros, como também pode ser comprado no formato impresso. – JP Padilha

A GRANDE TRIBULAÇÃO

Logo após o arrebatamento da Igreja, começará a “grande tribulação” ou a “septuagésima semana de Daniel”, o período de “angústia para Jacó” (Jr 30.7). Jesus falou sobre a grande tribulação em Mateus 24.4-30, dizendo que será um período de muita aflição, engano e apostasia que precederá imediatamente a sua vinda.

A Bíblia também ensina que a grande tribulação vai durar sete anos (Dn 9.27), sendo três anos e meio de falsa paz (1Ts 5.2-3) e três anos e meio de dores (Dn 7.25; 12.1,7,11; Ap 11.2-3; 12.6,14; 13.5). É por esse tempo que o anticristo estará atuando de maneira poderosa sobre toda a terra (Dn 7.7-8,11,19-27; Mt 24.15; 2Ts 2.3-12; Ap 13.1-8).

Mesmo sendo um tempo de engano, opressão e sofrimento, a graça salvadora de Deus será atuante durante a grande tribulação. De fato, a oposição severa do anticristo não impedirá que multidões se convertam e recebam a redenção que Cristo oferece (Ap 7.9-14).

A maior parte dos eventos que tomarão lugar no período da grande tribulação está registrada em Apocalipse 6-19.

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

Ao fim do período da tribulação, o Senhor Jesus voltará para estabelecer o seu reino milenar neste mundo (Mt 24.30; Lc 21.25-28). A segunda vinda de Cristo será um evento histórico que todos poderão testemunhar (At 1.11; Ap 1.7).

Abaixo são enumerados fatos importantes que tomarão lugar quando o Senhor Jesus voltar:

1. Os crentes virão junto com Cristo. Uma possível base para essa afirmação é Apocalipse 19.11-14.
2. O anticristo que estará atacando Jerusalém com seus exércitos será derrotado (Zc 12.1-8; 14.1-15; Lc 21.20; 2Ts 2.8), sendo então lançado no lago de fogo, junto com o falso profeta (Ap 19.15-21).
3. Satanás será preso por mil anos (Ap 20.1-3).
4. Os judeus se arrependerão e crerão em Cristo (Zc 12.9-13 cp. Jo 19.36-37; Mt 23.39; Rm 11.25-27), entrando então no reino para desfrutar finalmente da terra que lhes foi dada (Ez 28.25-26).
5. Os santos do Antigo Testamento e os crentes mortos na tribulação ressuscitarão para reinar com Cristo durante os mil anos (Jó 19.25-27; Is 26.19; Dn 12.2-3,13; Ap 20.4-6).
6. As nações serão reunidas para julgamento e os gentios salvos que estiverem vivos serão separados para entrar no reino milenar (Mt 24.30-31,36-41; 25.31-34,41).

O MILÊNIO

A segunda vinda de Cristo inaugurará o período de mil anos durante os quais ele reinará na terra em cumprimento às promessas feitas a Davi (2Sm 7.10-16; Lc 1.32-33; Ap 20.4). Durante esse período Satanás estará preso (Ap 20.1-3) e a terra desfrutará de paz e justiça (Is 2.1-5; 11.6-9; Zc 14.9).

A partir da análise bíblica, tudo indica que no reino milenar pessoas ressurretas conviverão com indivíduos ainda não ressurretos. Isso não deve causar espanto, pois os episódios que seguiram a ressurreição de Cristo mostram que essa convivência é perfeitamente possível (Mt 28.9-10; Lc 24.28-31,39-43; Jo 21.1-14).

Assim, no milênio estarão os crentes que serão arrebatados antes da tribulação e que voltarão com Cristo (Ap 19.11-14), os santos do Antigo Testamento que ressuscitarão (Dn 12.13), os salvos da tribulação que também ressuscitarão (Ap 20.4-6) e os salvos de Israel e das nações que não terão passado ainda pela morte (Mt 25.31-34). Esses últimos, sendo pessoas comuns, ainda não ressurretas, viverão vidas normais, trabalhando, constituindo família e estando sujeitos à morte, ainda que em idade bastante avançada (Is 65.18-25).

Sendo assim, novos indivíduos nascerão durante o milênio e, ainda que o temor do Senhor predomine nas novas gerações (especialmente, talvez, de judeus. Cf. Is 65.23), é certo que entre as nações surgirão pessoas com inclinações naturais, nutrindo disposições contrárias ao grande Rei. Isso abrirá as portas para o evento que é descrito a seguir.

A REVOLTA FINAL

Conforme Apocalipse 20.7-10, ao fim do milênio Satanás será solto e sairá seduzindo as nações para que se rebelem contra o Rei. Ele encontrará corações propensos à revolta e formará um exército que atacará a cidade santa.

Um fogo do céu, contudo, destruirá a todos e Satanás será finalmente lançado no lago de fogo e enxofre onde já terão sido lançados o anticristo e o falso profeta.

O GRANDE TRONO BRANCO

Esta expressão se refere ao conhecido “Juízo Final”. Depois da última revolta, um trono será firmado para julgar os incrédulos mortos de todas as eras (Ap 20.11-15). Será, assim, a ocasião em que serão julgados os que não tiveram parte na primeira ressurreição (Ap 20.5). Estes serão julgados e condenados a passar a eternidade no lago de fogo.

É bem provável que as pessoas que morreram durante o milênio, salvas ou não, também ressuscitem para o juízo do grande trono branco, já que a Bíblia não aponta nenhuma outra ocasião em que a ressurreição dessas pessoas possa ocorrer.

O NOVO CÉU E A NOVA TERRA

O juízo final marcará o fim de uma era, pondo termo à presente criação (2Pe 3.10-13). Após sua realização, haverá novos céus e nova terra, com bênçãos infindas para os salvos e tormento constante para os perdidos (Ap 21.1-8).

CUIDADO! VENENO!

Teologia do Processo e Teísmo Aberto: A teologia do processo entende a realidade como um processo do qual Deus faz parte, influenciando e também sofrendo influências. Nesse processo, Deus respeita o livre-arbítrio das pessoas e tenta convencê-las a fazer o que ele almeja. Porém, não pode coagir ninguém, de modo que tudo o que lhe resta é desejar que as coisas ocorram como ele gostaria que ocorressem. Quando os bons desejos de Deus não se cumprem e suas tentativas de persuasão se revelam infrutíferas, ele sofre e se coloca ao lado daqueles que também padecem por causa das decisões más. Sendo alguém que apenas tenta influenciar o curso do universo, Deus não conhece o futuro, pois este depende das decisões ainda indefinidas de outros agentes que ele não pode obrigar em nenhum sentido. O teísmo aberto segue nessa mesma direção, ensinando igualmente que Deus jamais desrespeita o livre-arbítrio do homem. A partir daí, seus proponentes negam que Deus predeterminou o futuro, pois, segundo entendem, se ele o fizesse, então o homem não teria liberdade de fato. Assim, também no teísmo aberto Deus sequer conhece o futuro, posto que este nunca foi fixado por ele de antemão. É dessa forma que Deus se “abriu”, limitando sua soberania, a fim de que o homem seja o real construtor da história.

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PEQUENO MANUAL DE DOUTRINAS BÁSICAS | Marcos Granconato

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