OS DECRETOS DE DEUS | Marcos Granconato


Decretos de Deus são seus planos e desígnios perfeitos, estabelecidos na eternidade. Por meio deles o Senhor dirige soberanamente a história e realiza sua vontade em todo o universo, atingindo, assim, seus propósitos santos (Ef 1.11).

Os decretos de Deus são impossíveis de ser frustrados (Jó 23.13-14; 42.2; Is 43.13; 46.10), sobrepõem-se aos propósitos humanos (Sl 33.10; Pv 19.21; Dn 4.35; Fp 2.13) e, sendo perfeitos, não sofrem alterações (1Sm 15.29; Is 46. 10; Hb 6.17), subsistindo para sempre (Sl 33.11).

IMPORTANTE!
Quando a Bíblia diz que Deus se arrependeu, isso não significa que Ele reconheceu seus erros e, então, decidiu voltar atrás (1Sm 15.29). Na verdade, a frase “Deus se arrependeu” é expressão do que alguns teólogos chamam “linguagem analógica”, ou seja, uma linguagem que envolve comparação ou aproximação. Isso significa que o que Deus sente não pode ser traduzido com precisão em termos humanos. Por isso, a Bíblia adota muitas vezes uma linguagem que se aproxima ao máximo do que o homem pode compreender a partir de suas próprias sensações e experiências, sendo certo, contudo, que essa forma de falar sobre a divindade não descreve suas emoções com exatidão. Outro fato a se considerar é que o arrependimento, quando aplicado a Deus, NÃO se refere necessariamente a mudanças de ideia, mas sim a uma “guinada” no modo como Ele vem tratando o homem, seja da benção para o castigo (Gn 6.6-7; 1Sm 15.11,35; Jr 18.9-10), seja do castigo para o perdão (Ex 32.14; 2Sm 24; Jr 18.8; Am 7.2-6; Jn 3.10). Isso, porém, não implica alteração do seu plano previamente traçado.

A Bíblia ensina que os decretos de Deus envolvem “todas as coisas” (Ef 1.11), mas é possível classificar as esferas de sua abrangência da seguinte maneira:

A criação: Tudo o que Deus criou está sujeito aos seus planos e cumpre o que ele determina (Sl 148.1-10). Foi, inclusive, por seu decreto soberano que a natureza foi submetida à vaidade (ou seja, foi condenada à uma existência fútil, fadada à deterioração) até o dia da libertação dos crentes (Rm 8.20-21). De fato, nada acontece em toda a criação sem a autorização suprema de Deus (Mt 10.29).

A história: O Senhor determinou os tempos de ascensão e queda de todos os povos e também as regiões específicas que deveriam ocupar (Dt 32.8; At 17.26). Ele decretou os atos cruéis da Assíria (Is 10.5-6) e a queda desse império por não reconhecer que era só um instrumento nas mãos de Deus (Is 10.12-15). Ele decretou também a destruição das nações pelos babilônios (Sf 3.8 ), predeterminou o castigo dos próprios babilônios (Jr 25.11-14) e planejou a restauração de Jerusalém por meio de Ciro (Is 44.24-28; 46.11). As ações de Herodes, de Pôncio Pilatos, dos gentios e do povo de Israel no trato com Jesus foram predeterminadas por Deus (At 4.27-28). Ele também traçou a trajetória de expansão do cristianismo (At 16.6-10). O Senhor ainda decretou que a história termine com a sujeição completa de todo o universo a Cristo (Ef 1.9-10). Na verdade, as profecias do AT e os ensinos do NT acerca do futuro nada mais são do que revelações dos decretos de Deus referentes à história universal.

O governo humano: Ainda que os diversos países sejam governados por homens e sistemas legais injustos, é preciso reconhecer que os decretos de Deus também estão por trás dos governos das nações, não havendo nenhuma autoridade política que não tenha sido estabelecida pelo Senhor (Dn 2.21; Rm 13.1). Foi Deus quem deu autoridade e poder a Faraó (Rm 9.17), a Nabucodonozor (Jr 27.4-8 ), a Ciro (Is 41.2-4; 45.1-7) e a Pilatos (Jo 19.10-11), tudo com o objetivo de, por meio deles, cumprir os seus decretos. Desse modo, ele, o Senhor, tem pleno domínio sobre o reino dos homens e o dá a quem ele quer (Dn 4.17,25,32; 5.21), movendo o coração dos governantes de acordo com seus propósitos às vezes misteriosos, mas sempre justos (Êx 9.12; 10.20,27; 11.10; 14.8; Ed 7.21-28; Pv 21.1).

A vida dos indivíduos: Os planos de Deus se realizam também na vida de cada indivíduo, sendo ele quem decide formar pessoas fisicamente perfeitas (Sl 139.13-14) e pessoas mudas, surdas e cegas (Êx 4.11; Jo 9.1-3). O Senhor também decretou os limites da vida de cada um, fixando o número certo de seus dias (Jó 14.5; Mt 6.27) e todos os detalhes da história de todos os seres humanos (Jó 23.13-15; Sl 138.8; 139.16), incluindo suas funções (Jr 1.5; Gl 1.15-16), suas capacitações (Dn 2.21), suas experiências (At 22.14-15) e a forma como hão de morrer (Jo 21.18-19; At 1.15-20). Deus age livremente e como bem entende na vida de todo e qualquer indivíduo, sempre com o objetivo de realizar seus objetivos (Dn 4.35). Ele fez com que Sansão se interessasse por uma moça filisteia a fim de cumprir seus planos contra os inimigos de Israel (Jz 14.1-4). Ele impediu que os filhos de Eli ouvissem os conselhos do pai porque queria matá-los (1Sm 2.25). Ele também decretou a traição de Judas revelando-a de antemão na Escritura e usando o falso discípulo para cumprir as profecias sobre a rejeição e morte do Messias (Mt 26.24; Jo 17.12; At 1.15-20).

A salvação: Os decretos de Deus abrangem a história, o meio e os alvos da salvação. Na eternidade, ele planejou que seu Filho fosse morto como sacrifício pelo pecado (At 2.23; 1Pe 1.18-20) e que a oferta de salvação em Cristo fosse feita a todas as nações (Lc 24.44-48). Ele também decretou quem seria salvo e quem seria destinado para a ira (Pv 16.4; Rm 9.15-18,21-24; 1Pe 2.8 ). Essa decisão foi tomada antes dos tempos eternos (Ef 1.4-5) com base em sua própria determinação e graça e não com base em méritos pessoais (Ef 1.11; 2Tm 1.9). Ao homem não cabe questionar o decreto salvífico de Deus, uma vez que ele tem o direito de ser gracioso com quem quiser e de endurecer o coração de quem quiser (Is 63.17; Rm 9.18-21), sendo sempre justo em todas as suas decisões (Rm 9.14). No cumprimento de seus santos desígnios, o Senhor também decretou que uniria judeus e gentios num só corpo, a igreja (Ef 3.3-11) e que só um remanescente de Israel seria salvo antes da vinda do Senhor (Rm 9.27; 11.5,25-26).

RESSALVAS IMPORTANTES

Os decretos de Deus não tornam os homens inocentes pelos males que praticam
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Os caldeus foram considerados culpados por sua maldade contra Judá (Hc 1.11), mesmo sendo o próprio Deus quem os levantou para realizar esses atos (Hc 1.6). Da mesma forma, Herodes e Pôncio Pilatos pecaram quando conspiraram contra Jesus, apesar de ter sido Deus quem decretou que agissem assim (At 4.27-28). O que se depreende disso é que o decreto de Deus não anula o pecado dos perversos, nem torna Deus culpado por suas más ações. Note-se que Jesus reprovou Judas mesmo sabendo que ele, com sua traição, cumpriu o decreto divino (Mt 26.24). Pedro, por sua vez, criticou os judeus de Jerusalém por matarem Jesus, mesmo sabendo que isso tinha sido preestabelecido por Deus (At 2.23). A maneira como Deus decreta o mal sem se tornar culpado e sem remover a culpa dos perversos não é revelada na Escritura, estando além da compreensão humana. Trata-se de um dos muitos mistérios que permanecem escondidos na mente insondável do Senhor (Dt 29.29) e que deve estimular a humildade, a fé e a adoração, e nunca a rebelião ou o inconformismo (Rm 11.33-36).

Os decretos de Deus não podem ser alterados pelas orações dos homens.

Textos que dão a impressão de que Deus mudou de plano por causa da intercessão de alguém (e.g., Êx 32.9-14) devem ser entendidos no sentido de que a aparente mudança no desejo do Senhor já estava fixada em seus planos pré-estabelecidos, sendo a própria oração parte integrante desses planos. É por isso que, mesmo sabendo que Deus já tem tudo planejado, o crente deve orar. Passagens bíblicas como 2Samuel 7.27-29, Daniel 9.2-3 e Apocalipse 22.20 mostram pessoas orando mesmo depois de Deus ter revelado o que já tinha planejado fazer.

Os decretos de Deus relativos à salvação não devem desencorajar o evangelismo.

Deus não somente decretou quem seria salvo, mas também determinou que os seus eleitos fossem alcançados por meio da pregação (1Co 1.21). Assim, uma vez que o crente não sabe quem é eleito, é seu dever pregar a todos. Ademais, é preciso destacar que o decreto eletivo de Deus é, na verdade, um estímulo ao evangelismo, uma vez que fornece a garantia do seu sucesso. De fato, uma vez que é certo que os escolhidos atenderão ao convite do evangelho (Jo 10.16; At 13.48), os crentes devem se sentir encorajados a proclamar com empenho as boas-novas. Note-se que em Atos 18.9-10 foi a certeza de que havia eleitos de Deus em Corinto que motivou Paulo a perseverar no trabalho de evangelização daquela terrível cidade.

– Marcos Granconato | Pequeno Manual de Doutrinas Básicas – 5ª edição (antiga)
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