CAPÍTULO 9 – A DOUTRINA ACERCA DOS ANJOS (Angelologia)


“Assim, pois, de maneira alguma e em tempo algum, os espíritos que chamamos anjos começaram por ser trevas. No mesmo instante em que Deus os criou foram luz; criados, não para serem ou viverem simplesmente, mas ainda iluminados para viverem vida feliz e sábia”. – Agostinho de Hipona, Cidade de Deus, XI:XI

INTRODUÇÃO

Contrariando as previsões dos racionalistas dos séculos XVIII e XIX, o homem pós-moderno tem um profundo interesse pelo universo espiritual. Infelizmente, porém, por causa da ignorância bíblica, esse interesse, via de regra, produz construções equivocadas, baseadas em mitos e superstições vazias.

É o caso das ideias gerais que as pessoas de hoje nutrem acerca dos anjos. Livros e revistas aparecem vez por outra tratando desse assunto e discursos são pronunciados acerca do tema até com certa vivacidade, despertando o interesse de um público enorme. Contudo, as conclusões que muitas vezes são apresentadas pelos “mestres” deste mundo raramente se harmonizam com a doutrina cristã sobre o assunto, uma vez que não se baseiam na Bíblia e, quando a Palavra de Deus é eventualmente citada para corroborar alguma proposição, seu texto é geralmente distorcido para atender aos interesses do expoente.

Diante desse cenário, este capítulo pretende oferecer elementos com os quais o crente possa construir uma angelologia verdadeiramente bíblica com que possa evitar e corrigir os desvios modernos. Ademais, uma vez que esse tema, conforme será visto, aparece na Bíblia inúmeras vezes, fica fora de dúvida que sua análise merece consideração especial.

TERMINOLOGIA

Anjos aparecem na Bíblia do princípio ao fim (Gn 3.24; Ap 22.16). São mencionados 325 vezes em 33 dos 66 livros. Só o Apocalipse os menciona 76 vezes.

Os termos que a Bíblia usa para se referir aos anjos são os seguintes:

Malak: Mensageiro, anjo (109 vezes no AT). Pode se referir a um profeta (Ml 1.1), mas geralmente se aplica a anjos.
Querubim: Singular Chetub. Significado incerto. Talvez sugira alguém que está perto de Deus, ministrando a ele, ou alguém admitido em sua presença (Gn 3.24; Êx 25.18s; Ez 1.5s; 10.15s; 28.12s).
Serafim: Possivelmente vem de uma raiz hebraica que significa “consumir com fogo” (Is 6.2,6).
Angelos: Mensageiro, anjo (186 vezes no NT).
Outros nomes: “Filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1); “seres celestiais” (Sl 89.6); “santos/assembleia dos santos” (Sl 89.5-7; Dn 4.13; Zc 14.5); “milícia celestial” (Lc 2.13); “santas miríades” (Jd 14).

INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE OS ANJOS

Informação: São espirituais (invisíveis, mas podem tomar forma).
Base bíblica: Gn 18.2; Ez 9.2; Hb 1.14.

Informação: Foram criados perfeitos.
Base bíblica: Jó 38.7; Sl 148.2-5; Cl 1.16.

Informação: São seres pessoais.
Base bíblica: 2Sm 14.20; Ez 28.16-17; Lc 15.10; Ap 22.7-8.

Informação: Têm poderes extraordinários.
Base bíblica: 2Sm 24.17; Sl 103.20; Mt 26.53; Ap 20.1-3.

Informação: Pertencem a diferentes classificações.
Base bíblica: Dn 10.13s; 12.1; Lc 1.19; 1Ts 4.16; Cl 1.16; Jd 9.

Informação: São seres que não se casam.
Base bíblica: Mt 22.30.

Informação: São imortais.
Base bíblica: Lc 20.36.

Informação: São inumeráveis.
Base bíblica: Hb 12.22; Ap 5.11.

Observação: A Bíblia se refere aos anjos usando o pronome masculino. Contudo, segundo o entendimento de alguns, há uma única exceção em Zacarias 5.9. É questionável, porém, se o que é descrito nesse texto é uma visão angélica.

A NATUREZA MORAL DOS ANJOS

Todos os anjos foram criados santos por Deus (Jó 38.4-7). Contudo, a Bíblia diz que muitos se rebelaram contra o Criador, tornando-se definitivamente maus (2Pe 2.4; Jd 6).

Desde os tempos antigos foi aceito pelos grandes teólogos da igreja que os anjos que guardaram seu estado original foram confirmados em bondade, uma vez que as Escrituras os apresentam associados ao serviço permanente de louvor e a eventos do porvir (Sl 103.20; Mt 25.31; Mc 8.38). Além disso, os anjos bons não podem cair porque foram eleitos (1Tm 5.21).

Acerca dos anjos maus, também chamados de demônios, a Bíblia diz que muitos deles estão em prisão, reservados para juízo (2Pe 2.4; Jd 6). Isso, porém, talvez não signifique que eles estejam confinados num lugar. A menção da prisão (tártaro, abismo, trevas, correntes) pode ser apenas uma referência à situação em que se encontram, aguardando o juízo de Deus. Seja como for, é certo que há muitos anjos maus em plena atividade neste mundo (Ef 6.12).

No futuro, anjos maus serão derrotados por Miguel e seus anjos (Ap 12.7-8) e junto com o diabo, serão lançados à terra, onde provavelmente vão atuar de modo intenso durante a Grande Tribulação (Ap 12.9,12). As Escrituras também ensinam que os anjos maus serão julgados pelos crentes (1Co 6.3), não havendo esperança de salvação para eles (Hb 2.16). Com efeito, no fim todos serão lançados no fogo eterno (Mt 25.41).

O MINISTÉRIO DOS ANJOS

Os anjos realizam o ministério de adorar e servir ao Senhor (Sl 103.20; Is 6.2s; Dn 7.10; Ap 5.11-13; 19.1s), jamais aceitando adoração para si mesmos (Ap 22.8-9). Em seu serviço a Deus, eles atuam na história da salvação trazendo mensagens, instruindo e guiando os homens (Mt 1.20; 2.13; Lc 1.11-38; 2.8-15; At 10.3-5). Os anjos também atuam como instrumentos na aplicação do juízo divino contra os maus (Gn 19.13; 2Sm 24.16; 2Rs 19.35; Mt 13.39; At 12.23; Ap 20.1-3).

Talvez a tarefa principal dos anjos neste mundo seja ministrar aos crentes (Hb 1.14). O modo exato como isso é feito não é esclarecido nas Escrituras.

O Novo Testamento ainda dá indícios de que as crianças são, de alguma forma, beneficiadas pelo ministério dos anjos (Mt 18.10), que os salvos recebem amparo angélico em face da morte (Lc 16.22) e que os anjos têm um interesse intenso pelo maravilhoso tema da salvação do homem (1Pe 1.12).

ATENÇÃO!
A quem se refere a expressão “O anjo do Senhor”? – Esse personagem é mencionado em Gênesis 16.7; Juízes 2.1; Zacarias 3.1-6, entre outros. Geralmente os teólogos afirmam que a expressão se refere a uma Cristofania, ou seja, uma manifestação da segunda pessoa da Trindade (Jesus) ao tempo do VT. Porém, as conexões apontadas nem sempre são conclusivas e o assunto é aberto a debates.

SATANÁS

O termo “Satanás” aparece em 7 livros do AT e é citado por todos os autores do NT. Vem do hebraico (satan) e significa “adversário”. O verbo relacionado a esse substantivo tem o sentido de “ficar em emboscada” ou “opor-se”. No NT essa palavra aparece 36 vezes. Satanás é também chamado de “diabo” (Gr. diábolos. Ocorre 33 vezes no NT), vocábulo que significa “caluniador” e/ou “difamador”.

Com base na Vulgata Latina (tradução de Jerônimo) que traduz “estrela da manhã”, em Isaías 14.12, como lucifer (portador da luz – Veja-se 2Co 11.14), Satanás passou a ser chamado pelos teólogos antigos de Lúcifer. No NT ele recebe as designações de Belzebu, o maioral dos demônios (Mt 12.24 – Em alguns manuscritos “senhor das moscas”), maligno (Mt 13.38), Belial (2Co 6.15), tentador (Mt 4.3; 1Ts 3.5), inimigo (Mt 13.28-29), homicida e pai da mentira (Jo 8.44), deus deste século (2Co 4.4), príncipe da potestade do ar (Ef 2.2), príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11) e Abadom (no hebraico) ou Apoliom (no grego). Esses dois últimos termos significam “destruidor” ou “exterminador” e servem para identificar o “anjo do abismo” ou o rei dos demônios (Ap 9.11).

O texto de Apocalipse 12.7-10 fornece outras designações para Satanás (grande dragão, antiga serpente, sedutor de todo o mundo, acusador de nossos irmãos, etc.). Essas designações revelam muito do seu caráter e se relacionam a diferentes aspectos da sua obra.

A ORIGEM E A QUEDA DE SATANÁS

Satanás é um anjo criado por Deus que posteriormente caiu de sua posição e estado original. Geralmente é aceito que as palavras de Isaías 14.12-15 e de Ezequiel 28.11-19 foram dirigidas aos reis de Babilônia e de Tiro, respectivamente, mas que, de forma indireta, dizem respeito a Satanás. Assim, pode-se afirmar o seguinte:

• Satanás foi criado perfeito (Ez 28.12,15).
• Satanás tinha uma posição elevada (Is 14.12; Ez 28.14).
• Satanás se ensoberbeceu (Is 14.13-14; Ez 28.15-17; 1Tm 3.6).
• Satanás foi deposto de sua elevada posição (Is 14.15; Ez 28.16-19).

Satanás é: Um anjo mau (Ez 28.15); astuto (2Co 2.11; Ef 6.11-12); poderoso (2Co 11.14; 2Ts 2.9); atuante em todo o mundo (Ap 20.3).

Satanás NÃO é: Um deus mau (Tg 2.19); onisciente (Jó 1.9-11); onipotente (Lc 10.18; 2Co 2.11); onipresente (Jó 1.7).

A OBRA DE SATANÁS E DOS DEMÔNIOS

Satanás é o tentador por excelência (Mt 4.1-11; 1Tm 3.6-7). Ele também confunde, engana (2Co 11.3,13-15; Ap 20.3) e vive em busca de alguém para destruir (1Pe 5.8; Ap 12.17). No uso de sua sagacidade (2Co 2.10-11), ele induz à imoralidade (1Co 7.5), semeia o joio (Mt 13.39) e incita a perseguição contra o povo de Deus (Ap 2.10). Por causa de sua terrível crueldade, Satanás muitas vezes é usado por Deus como um instrumento de disciplina para seus servos (2Co 12.7), bem como para os crentes rebeldes e os apóstatas (1Co 5.5; 1Tm 1.20).

O quadro que segue mostra outros aspectos da obra de Satanás:

PASSADO: Deu origem ao pecado (Ez 28.15; Gn 3.1-13).

PRESENTE (com relação aos crentes e incrédulos):
Oprime (Jó 2.7; At 10.38); causa a morte (Hb 2.14); tenta (1Ts 3.5); ilude (2Tm 2.26); inspira ideais iníquos (At 5.3).

PRESENTE (com relação aos incrédulos): Tome posse (Jo 13.27); cega o entendimento (2Co 4.4); dissipa o evangelho (Mc 4.15); produz ministros do mal (Mt 13.25,38-39).

PRESENTE (com relação aos crentes): Faz oposição (1Ts 2.18); acusa (Ap 12.9-10).

FUTURO: Dará poder ao Anticristo (2Ts 2.9-10).

Satanás tem acesso ao trono de Deus (Jó 1.6; 2.1; Zc 3.1-6; Lc 22.31; Ap 12.7-10), reina sobre a hierarquia dos demônios (Mt 25.41; Ef 6.12; Ap 12.7) e também sobre este mundo (Lc 4.5-6; 2Co 4.3; Ef 2.1-3; 1Jo 5.19-20).

Quanto aos demônios, a Bíblia ensina que eles:

1. Creem em Deus e têm temor dele (Tg 2.19).
2. Conhecem Jesus (Mc 1.24).
3. Sabem de sua condenação (Mt 8.29).
4. Opõem-se aos propósitos de Deus (Dn 10.10-14).
5. Promovem o culto de si mesmos (1Co 10.20-21).
6. Têm suas próprias doutrinas e as divulgam (1Tm 4.1-3).
7. Realizam grandes feitos miraculosos (Ap 16.13-14).
8. Alguns, muito poderosos, enganam as nações (Dn 10.13; Is 24.21; Ap 16.13-14).
9. Afligem e atacam os crentes (2Co 12.7; Ef 6.11-12).
10. Podem causar doenças (Mt 9.33).
11. Podem possuir pessoas (Mc 5.2).
12. Podem possuir animais (Mc 5.13).

É preciso destacar que, mesmo sendo contrários a Deus e inimigos do seu povo, Satanás e seus anjos muitas vezes são instrumentos que cumprem os decretos do Senhor (Gn 3.15; 1Sm 16.14; 1Rs 22.23; 2Cr 18.18-21; 2Co 12.7-10).

O DESTINO DE SATANÁS

No futuro, Satanás será expulso dos lugares celestiais (Ap 12.9). Ele será aprisionado no abismo e solto somente ao final de mil anos (Ap 20.1-9). Por fim, Satanás será lançado no lago de fogo (Ap 20.10).

O CRENTE EM RELAÇÃO A SATANÁS

• Deve revestir-se da armadura de Deus (Ef 6.11-18).
• Deve ser prudente e se autodominar, a fim de evitar a criação de circunstâncias propícias à atuação do adversário (2Co 2.10-11; Ef 4.27).
• Deve trabalhar para livrar os que caíram na armadilha do diabo (2Tm 2.25-26).
• Deve resistir ao diabo (Mt 4.10; At 5.3; 1Tm 5.15; Tg 4.7; 1Pe 5.8-9).

Resistir a Satanás significa fazer uso das grandes verdades da Palavra de Deus na luta contra ele. Portanto, para resisti-lo é necessário conhecer a Bíblia e as doutrinas nela ensinadas. Foi dessa maneira que Jesus enfrentou Satanás durante a tentação no deserto (Mt 4.1-11). É bom lembrar também que naquela ocasião Jesus estava cheio do Espírito (Lc 4.1), sendo esta também uma condição necessária para vencer o inimigo.

Em Apocalipse 12.11 encontram-se as três causas principais da vitória total do crente sobre Satanás, a saber: o sangue do Cristo (cf. Hb 2.14-15), o testemunho firme e corajoso e a perseverança mesmo em face da morte.

CUIDADO! VENENO!

Testemunhas de Jeová e Adventismo:
As Testemunhas de Jeová acreditam que o arcanjo Miguel era Jesus antes de se encarnar e que ele retomou essa designação após a ressurreição. Os Adventistas do Sétimo Dia pensam da mesma forma, mas não negam a divindade de Jesus como fazem as Testemunhas de Jeová. O livro de Hebreus reprova qualquer forma de identificação de Jesus com um anjo (Hb 1.4-14).

Mormonismo: Ensina que o arcanjo Miguel é Adão e que ele ajudou Javé a criar o mundo. Dentro do mormonismo existe também a figura do anjo Moroni, central para a sua doutrina. De acordo com o Livro de Mórmon, Moroni foi um profeta que, após a morte, virou anjo e mostrou a Joseph Smith o local onde estavam certas placas de ouro cobertas com inscrições. Essas placas, uma vez traduzidas, formaram o Livro de Mórmon. Moroni, quando homem, foi filho de Mórmon, o profeta que organizou as placas. O mormonismo ensina a possibilidade de o homem se tornar divino passando antes pelo estado angélico, como ocorreu com Moroni.

Catolicismo Romano: Ensina que, desde o nascimento, Deus envia um anjo para proteger cada pessoa ao longo da vida. A partir de 1670, o dia 2 de outubro passou a celebrar a Festa do Anjo da Guarda de cada indivíduo. Os católicos também veneram os anjos realizando festas em sua homenagem e dirigindo orações a Miguel, Gabriel e Rafael. Cidades e países sob a influência católica adotam esses seres como seus santos padroeiros. Ao que tudo indica, a angelolatria se infiltrou na igreja cristã a partir das seitas gnósticas, cujos adeptos, desde o período formativo desses movimentos heréticos, praticavam o culto dos anjos (Cl 2.18), tentando inseri-lo na prática da espiritualidade cristã.

Evangelicalismo popular: Tende a atribuir quaisquer males e até os mais simples desconfortos à ação de demônios e criam estratégias (inclusive o uso de amuletos), orações e palavras de ordem para refreá-los e combatê-los. A partir de Daniel 10.10-13 alguns evangélicos concluem que orar em voz alta pode ser perigoso, pois os demônios, tomando conhecimento do conteúdo das súplicas, poderiam frustrá-las. Seguindo na esteira do antigo paganismo, também adotam a ideia de que os demônios atuam em territórios específicos, sendo, assim, “espíritos territoriais”. A base que usam para essa crença são textos como Daniel 10.13 e Marcos 5.9-10 (cp. Lc 8.31). Daí a prática de fazer passeatas e rodear cidades e regiões reivindicando esses espaços para Jesus.

“Há dois erros nos quais nossa raça pode incorrer no tocante aos demônios. Um é não acreditar na sua existência. Outro é acreditar e sentir um interesse excessivo e doentio por eles”. – C. S. Lewis

Esoterismo e Nova Era: Define os anjos como mensageiros e intermediários da “Grande Mente Cósmica” que é composta por tudo e é um com tudo (panteísmo). Os anjos são capazes de proteger pessoas, raças e até nações e também têm poder para criar novas realidades. Os mestres esotéricos e de Nova Era ensinam que as pessoas têm anjos particulares cujos nomes podem ser descobertos (geralmente por meio da data de nascimento do indivíduo) e com quem podem se relacionar até o ponto de se fundirem com essas entidades. Nessas buscas, é fomentado o uso de velas, orações e pedidos por escrito. O contato mais desejável com esses seres, porém, se dá por meio da “expansão da consciência” que viabiliza visões angélicas e até o acesso ao mundo dos anjos, tudo com o objetivo de conhecer mistérios espirituais e obter auxílio ou livramento.


Continua em: 
CAPÍTULO 10 – A DOUTRINA ACERCA DAS ÚLTIMAS COISAS (Escatologia)

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PEQUENO MANUAL DE DOUTRINAS BÁSICAS | Marcos Granconato

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