5 - Quatro textos bíblicos comumente mal interpretados



É
difícil saber o que vem primeiro: teologia carismática ou os textos bíblicos mal interpretados que a apóiam. Observaremos QUATRO exemplos importantes da maneira descuidada de interpretação bíblica dos carismáticos.

MATEUS 12.22-31.

O que é o pecado contra o Espírito Santo? Charles e Frances Hunter, conhecidíssimo casal de ministros carismáticos, escreveram vários livros e pronunciam-se repetidamente a favor da experiência carismática.


Apesar de os Hunters não serem acadêmicos nem teólogos, eles se comunicam prontamente com as pessoas mais simples. A influência deles se espalha onde apresentam suas interpretações da Escritura. Na introdução do livro Why Should I Speak in Tongues?, os Hunters equiparam todas as pessoas que questionam o falar em línguas, ou outros aspectos do movimento carismático, aos fariseus, críticos de Jesus, que atribuíram a Satanás a obra de Jesus.(6) Os Hunters também insinuam que os críticos do movimento carismático estão perigosamente próximos de cometerem o pecado imperdoável de blasfemar contra o Espírito Santo.(7) Os Hunters estão certos? Desafiar a doutrina carismática equivale à blasfêmia contra o Espírito Santo? Sempre que alguém NEGA que os dons de línguas são para os nossos dias ou que o batismo do Espírito é uma experiência posterior à salvação, essa pessoa comete um pecado imperdoável?

A passagem citada pelos Hunters é Mateus 12.22-31. Um homem que nascera cego e mudo e estava possesso por um demônio foi levado a Jesus; e Ele curou o homem. Lemos no versículo 24: “Mas os fariseus, ouvindo isto, murmuravam: Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios”. Belzebu, o senhor das moscas, era uma divindade dos filisteus. Acreditava-se que ele era o príncipe dos espíritos maus, e seu nome tornou-se sinônimo de Satanás; portanto, a inferência dos fariseus é que Jesus expulsava demônios pelo poder de Satanás.

De acordo com os cinco princípios de interpretação apresentados anteriormente (vide artigos anteriores), o primeiro aspecto que devemos buscar é a interpretação literal da passagem. Os fariseus estavam dizendo literalmente que Cristo obtinha seu poder de Satanás. O significado é evidente; por isso podemos passar para o princípio histórico.

O ministério público de Jesus já durava mais de dois anos. Nesse período Ele havia realizado vários milagres que provavam aos fariseus, e a todo Israel, que Ele era Deus. No entanto, os fariseus alegaram que as ações de Cristo eram realizadas pelo poder satânico.

Usando o princípio da ‘síntese’, verificamos outras partes da Bíblia e descobrimos que no batismo de Jesus, realizado por João (Mt 3), Ele recebeu poder do Espírito Santo: “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele” (Mt 3.16).

Antes desse momento, Jesus não havia realizado nenhum milagre. Jesus só começou a provar quem Ele realmente era depois que iniciou seu ministério, quando o Pai o confirmou e o Espírito Santo desceu sobre ele no batismo. Jesus sempre atribuiu seu poder ao Espírito Santo. Segundo a predição da Isaías, o Espírito desceu sobre Ele, capacitando-o a pregar e realizar maravilhas (Is 61.1-2). Contudo, os fariseus concluíram exatamente o oposto: o poder de Jesus vinha de Satanás.


Jesus lhes respondeu dizendo, em essência: “Se eu expulso Satanás por meio do poder dele, o que vocês pensam que ele está fazendo consigo mesmo?” (Mt 12.25-26). É óbvio que o diabo estaria destruindo seu próprio reino, e isso não faz sentido. Os fariseus nutriam tanto ódio por Jesus que perderam o senso de lógica. Em vez de serem racionais, estavam sendo ridículos.

Agora considere Mateus 12.31-32. Jesus disse:

“Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir”.

Alguém poderia falar contra a humanidade de Jesus — sua aparência, como Ele falava ou agia —, mas, se uma pessoa alegasse que suas obras milagrosas, realizadas pelo Espírito Santo, para provar a divindade de Cristo, eram feitas por Satanás, essa pessoa estaria num miserável estado de rejeição final. Não seria salva. Era isso que Jesus estava dizendo. Se aqueles fariseus tivessem visto e ouvido tudo o que Jesus dissera e realizara, mas permanecessem convictos de que o poder de Jesus era satânico, não haveria esperança para eles. Teriam concluído o oposto da realidade, embora houvessem recebido a revelação plena.

O que isso nos diz? Qual é a aplicação para hoje? Em primeiro lugar, esse foi um acontecimento histórico único, ocorrido quando Jesus estava fisicamente na terra; mas isso não acontece hoje. Portanto, em sentido primário, isso não é aplicável aos nossos dias. Talvez o seja no “porvir” (no reino milenar), quando Cristo estiver outra vez na terra.


Existe uma aplicação secundária? Jesus estava afirmando que, se questionarmos as línguas ou outras práticas do movimento carismático, estaremos cometendo blasfêmia contra o Espírito Santo? Nem o contexto, nem o ambiente histórico apóiam essa interpretação absurda. Jesus disse: “Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens”. O ensino geral, aplicável a todas as eras, é que pessoas não-regeneradas podem ter os pecados perdoados, caso desejem arrepender-se e aproximar-se de Cristo. Contudo, a blasfêmia contra o Espírito Santo, definida nos termos de conhecer a Jesus e de atribuir as obras dele a Satanás, não pode ser perdoada. 

De acordo com João 16.7-11, o Espírito Santo ressalta a Jesus, convencendo o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Um pouco antes, João escrevera que todos necessitam “nascer de novo”, do Espírito (3.1-8). O Espírito Santo é o agente regenerador da Trindade, e, mais cedo ou mais tarde, todos devem responder ao Espírito Santo, a fim de virem a Cristo para a salvação. Se, em vez disso, alguém determina que rejeitará e desprezará a obra de convencimento do Espírito Santo, essa pessoa jamais se tornará um cristão verdadeiro. Não há outra forma de essa pessoa tornar-se cristã.

O pecado contra o Espírito Santo é, primordialmente, um acontecimento histórico. Em segundo lugar, pode-se aplicá-lo às pessoas que rejeitam a obra do Espírito Santo em apresentar as credenciais divinas de Cristo. Esse pecado jamais pode ser usado contra as pessoas que desfiam as doutrinas carismáticas.

HEBREUS 13.8.

Muitos carismáticos usam essa passagem para comprovar seu ensino. Este versículo contém uma promessa emocionante que deveria ser conhecida e memorizada pelos cristãos: “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre”. Charles e Frances Hunter raciocinam: “Se [Jesus] batizou com a evidência de falar em línguas ontem, Ele fará o mesmo hoje e continuará a fazê-lo amanhã”.(8)


Os Hunters afirmam: tudo o que aconteceu “ontem”, no ministério terreno de Jesus e na era apostólica, também acontece agora. Revelação, línguas, curas e milagres ainda acontecem. A interpretação carismática de Hebreus 13.8 é praticamente idêntica em todos os seus escritos. Em várias igrejas pentecostais podemos achar este versículo escrito em letras grandes na frente dos auditórios.

A
pergunta é: a interpretação pentecostal-carismática de Hebreus 13.8 passa no teste dos princípios hermenêuticos corretos? O significado literal do versículo é evidente. Jesus é imutável — ontem, hoje e para sempre. Se os carismáticos estão se referindo sobre a natureza de Cristo, estão certos. No entanto, com relação à sua manifestação histórica, eles precisam considerar bem seu ponto de vista.

Por que a expressão “hoje” restringe-se apenas ao ministério terreno de Jesus, e não aos dias do Antigo Testamento? Jesus não estava em corpo humano, mas Ele era o Anjo do Senhor (cf. Gn 16.1-13; Êx 3.2-4; Jz 6.12,14; 13.21,22; Zc 1.12,13; 3.1,2). E o que podemos dizer sobre a época anterior ao Antigo Testamento? Jesus era a segunda pessoa da Trindade no céu (cf. Sl 2.7; Hb 10.5). Jesus não se manifestou na “mesma” forma em todos essas épocas. Tampouco aconteceram as mesmas coisas. Não existe qualquer indicação da ocorrência de línguas no ministério terreno de Jesus ou durante os anos do Antigo Testamento. Evidentemente, as línguas não fizeram parte do ministério de Jesus no “ontem” anterior a Atos 2.

Com relação à expressão “para sempre”, nenhum dos dons é eterno. O texto de 1 Coríntios 13.8-10 afirma claramente que os dons de profecia, línguas e conhecimento não durarão para sempre. Quando testada por princípios hermenêuticos corretos, a interpretação carismática de Hebreus 13.8 não se sustenta. Os carismáticos tentam impor ao versículo significados que não se encontram ali, para justificarem a afirmação de que línguas, milagres e curas acontecem hoje do mesmo modo que ocorriam no século I.


MARCOS 16.17-18.

Esta é outra passagem usada para comprovar a teoria pentecostal-carismática: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados”.


No folheto intitulado Our Gospel Message, o pentecostal Oscar Vouga citou essa passagem e escreveu o seguinte: “Pela fé no nome de Jesus, hoje demônios são expulsos, muitas pessoas são libertadas dos poderes das trevas, vindo para o reino de Deus. Sinais acompanham a pregação do evangelho em qualquer lugar onde ele é pregado com fé, unção do Espírito Santo e poder”.(9)

O problema evidente na interpretação de Vouga é que ele não lida com todos os elementos do texto. Ele silencia especialmente no que diz respeito a pegar em serpentes e beber alguma coisa mortífera.

No livro Why Should I Speak in Tongues?, Charles e Frances Hunter, agindo de modo leviano e inadequado, deixaram de lado a questão concernente a serpentes e bebida mortífera. Afirmam aos leitores que não se interessam pelo assunto de pegar em serpentes e não crêem ser um desejo de Deus que os cristãos vivam pondo as mãos em cestas cheias de serpentes para saberem se serão picados. Eles se referiram a Paulo (At 28.3-5), que foi picado acidentalmente por uma víbora. Os Hunters disseram: Paulo não se vangloriou de sua habilidade de pegar em serpentes sem ferir-se; apenas lançou a víbora ao fogo e louvou a Deus pela proteção. Eles querem dizer com isso que somente a pessoa picada por acidente recebe proteção.

O casal também reserva ao “acidente” a proteção contra algo venenoso. As pessoas não devem beber veneno para provar sua imunidade. No entanto, eles crêem que Deus dispõe de uma proteção para os cristãos se houver necessidade, pois escreveram: “Observem que a Bíblia diz: ‘Se’ bebermos (acidentalmente) algo mortífero, isso não nos fará dano algum!”(10)

A dificuldade dessa interpretação é a ausência do qualificativo “acidentalmente” em Marcos 16.17-18. Os outros sinais alistados não têm qualquer relação com o acaso. Talvez os Hunters acreditem que a idéia de ser mordido por uma serpente ou a de beber algo mortífero por acidente ajudem a esclarecer o versículo — além de evitar que seus leitores participem de grupos carismáticos mais radicais que testam sua “espiritualidade” mediante o pegar em serpentes.

No entanto, inserir o vocábulo “acidentalmente” não traz qualquer vantagem, embora fazê-lo seja lícito. Quando eu era jovem, bebi veneno e tive de fazer uma lavagem estomacal. Cristãos morrem acidentalmente pela ingestão de coisas mortíferas. Crentes genuínos têm morrido por acidente ao receberem a medicação errada (isso equivale a ser envenenado). E alguns cristãos morrem após serem mordidos por serpentes. Na verdade, mesmo os adeptos de igrejas carismáticas que pegam em serpentes acabam morrendo por causa das mordidas que recebem. Lemos a respeito disso nos jornais pelo menos duas vezes por ano.(11)

A inserção da palavra “acidentalmente”, feita pelos Hunters, em Marcos 16.17-18, não é correta. Talvez eles tenham percebido isso, pois mencionam a maior de todas as “serpentes” — Satanás. Asseguram aos seus leitores que o batismo do Espírito Santo lhes dará poder para enfrentarem Satanás.(12) Ao lançar mão desse tipo de interpretação do texto bíblico, o casal Hunter usou uma alegoria para igualar Satanás às serpentes da passagem. Esse é o mesmo tipo de interpretação teológica usada pelos liberais para remover de textos bíblicos o seu sentido literal e miraculoso. Estou certo de que os Hunters não pretendiam fazer isso!


Uma das principais razões por que a abordagem alegórica não serve neste ponto é que ela não pode ser aplicada com coerência a toda a passagem. Marcos 16.17-18 nos informa que os crentes em Cristo serão capazes de realizar cinco tarefas: expulsar demônios, falar novas línguas, pegar serpentes, beber algo mortífero sem sofrer danos e curar enfermos. Se as serpentes representam Satanás, o que representam os outros quatro elementos? Podemos explicá-los também de forma alegórica? Como já vimos, alegorizar é um dos meios mais fáceis de incorrermos em erro no tocante à interpretação da Escritura.

O que podemos afirmar com certeza a respeito de Marcos 16.17-18? Em primeiro lugar, existe um debate quanto aos versículos 9 a 20 fazerem parte do texto original do evangelho de Marcos.(13) Imaginemos, porém, que esses versículos expressem de maneira exata os manuscritos originais inspirados. Aplicando-lhes o princípio da História para interpretarmos a passagem, a primeira questão a ser formulada é: “Todos os cristãos, de todas as épocas, incluindo o presente, são capazes de realizar esses cinco sinais?” É óbvio que grande quantidade de crentes — carismáticos ou não — encontram-se DOENTES. Vários morrem de câncer, insuficiência renal, doenças cardíacas e outras enfermidades. Vários cristãos já perderam a vida por causa de picadas de serpentes e envenenamento.

Uma resposta carismática corriqueira neste ponto é que os cristãos devem submeter-se ao senhorio de Cristo e pedir — ou implorar — a concessão desses “dons” maravilhosos. Devemos perguntar usando o princípio da gramática: “O texto diz isso?” A única condição imposta é “crer”. A passagem não diz: “Creiam além do normal”; tampouco: “Sujeitem-se, busquem, peçam ou implorem”. Além disso, o contexto demonstra que “aqueles que crêem” (16.17) é uma expressão que se refere a todos os cristãos, e não a algum tipo de elite espiritual. O versículo precedente afirma: “Quem crer e for batizado será salvo”. Não existe motivo contextual para concluirmos que “aqueles que crêem ” (v. 17) signifique qualquer outra coisa além de todos os cristãos.

Torna-se evidente que essas promessas não se cumpriram na vida de todos os cristãos em todos os tempos. Qual é, então, o seu significado? Se aplicarmos os princípios da História e da síntese, perceberemos que esses sinais foram verdadeiros para determinado grupo — a comunidade apostólica. E, na verdade, os apóstolos fizeram realmente todas essas coisas conforme Atos dos Apóstolos registra claramente em diversos lugares. Todos esses sinais maravilhosos (exceto o beber alguma coisa mortífera) podem ser confirmados nas Escrituras como acontecimentos da era apostólica — e não depois dela. Não é correto afirmar que esses sinais seriam a norma para todos os crentes de hoje (2Co 12.12; Hb 2.2-4).

Além disso, é cruel fazer os crentes acreditarem que, se não conseguem recuperar-se de uma doença, não possuem fé nem espiritualidade suficientes para reivindicarem os sinais alistados em Marcos 16. Tudo isso resulta em tremenda síndrome de culpa, baseada numa interpretação bíblica errônea. Ou os cinco sinais são válidos para todas as pessoas hoje ou nenhum deles tem validade.

Eles foram concedidos como uma unidade aos apóstolos para confirmar-lhes a comunicação do evangelho e a identidade de seus primeiros mensageiros.


1 PEDRO 2.24.

Os carismáticos usam freqüentemente esta passagem para apoiarem sua forte ênfase sobre o dom de curar — “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados”.

O princípio gramatical de interpretação aplica-se perfeitamente a este caso. Qual o significado da palavra “sarados” no contexto? Não há menção à cura física neste versículo — nem nos versículos circunvizinhos. O texto diz apenas que, ao morrer na cruz, Cristo levou os nossos pecados em seu corpo, e não as nossas doenças. 1 Pedro 2.24 diz que vivemos para a justiça — e não para a saúde — uma distinção importante.

Outro teste gramatical é a informação “por suas chagas, fostes sarados”. O tempo verbal no passado aponta, de imediato, para a cruz, onde a alma da humanidade, enferma pelo pecado, foi curada. O versículo não afirma: “Pelas chagas dele vocês são continuamente sarados de males físicos”.

O princípio da síntese também é útil para mostrar por que a interpretação carismática de 1 Pedro 2.24 está errada. Quando pesquisamos outras passagens da Escritura, aprendemos que nossa alma foi redimida, embora o corpo não tenha alcançado o estado de glória. Romanos 8.23 diz: “Nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo”. Esse versículo nos mostra que ainda vivemos em corpos afetados pela Queda. Ainda estamos sujeitos a doenças e outros males. O Espírito nos ajuda a vencer nossas fraquezas; por exemplo, ele ora por nós quando não sabemos orar como deveríamos (Rm 8.26). Entretanto, não há garantia de sermos livres de doenças nesta vida.

Também é importante observar que a expressão “por suas chagas fostes sarados” procede de Isaías 53.5. Isaías falava sobre cura física? O estudo do livro de Isaías demonstra que o profeta falava sobre a cura espiritual — a qual Israel precisava desesperadamente. Isaías 1.4-6 diz a respeito de Israel: “Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã”. No capítulo 53, quando Isaías menciona o Servo Sofredor, por cujas chagas Israel seria curado, ele fala sobre cura espiritual, e não cura física. E quando as Escrituras dizem: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades” (v. 4), reconhecer nestas palavras uma referência à enfermidade da alma não é uma violação do princípio de literalidade.


Mateus 8.17 menciona o fato de que, em certo sentido, Jesus carregou nossas doenças motivado por sua compaixão, enquanto Hebreus 4.15 revela que Cristo pode compadecer-se de nós, porque Ele mesmo sujeitou-se a ser tentado. Ele não retira as doenças de nós, mas sente compaixão pelo sofrimento que elas nos causam.(14) Em última instância, a expiação curará todas as nossas doenças quando tiver realizado sua obra final — a glorificação de nosso corpo. Assim, cura na expiação, mas somente como o aspecto final da glória eterna no céu (cf. Ap 21.4).

CORTE-A RETO

Em 2 Timóteo 2.15 Paulo ordenou que Timóteo manejasse bem a palavra da verdade. A expressão grega significa literalmente “cortar reto”. Por ser um fabricante de tendas, ele poderia ter usado um vocábulo ligado à sua profissão. Quando o fabricante de tendas trabalhava, valia-se de certos padrões. Naqueles dias usavam-se tendas feitas de retalhos de peles de animais. Cada peça deveria ser cortada e fixada de modo correto.


Paulo quis dizer simplesmente: “Se você não cortar reto as peças, o todo não combinará de forma adequada”. O mesmo ocorre com a Escritura. A menos que todas as partes dela sejam interpretadas da forma certa, a totalidade da mensagem não se harmonizará com perfeição. No estudo bíblico e na interpretação, o cristão deve cortá-la reto, ser preciso, direto e exato.

Essas quatro passagens bíblicas freqüentemente mal-interpretadas não são exemplos isolados; essas interpretações errôneas são bastante comuns na pregação e no ensino carismático. Muitos adeptos desse movimento desejam interpretar a Escritura de modo a fazê-la harmonizar-se com seus propósitos.

Onde essa prática é tolerada, surgem falsos ensinos, confusão e erro. Não ousamos manejar a Palavra de Deus de modo negligente ou leviano. Há muitas coisas em jogo.



–– John MacArthur | O Caos Carismático
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

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