DEUS REALIZA MILAGRES HOJE?



O que é um milagre? Um milagre ocorre quando rogamos a Deus que atenda à nossa necessidade financeira e os correios trazem um cheque no dia exato em que necessitamos do dinheiro? Um milagre acontece quando surge uma vaga de estacionamento próxima à entrada do shopping center quando precisamos dela? Há um milagre quando a mãe sente que algo errado acontece na sala ao lado e investiga a tempo de impedir o bebê de enfiar um clipe metálico na tomada elétrica? Ocorre um milagre quando algo faz uma jovem pensar em um amigo que não via há muito tempo e, ao telefonar para ele, descobre que exatamente naquele momento ele precisava de encorajamento?


É
comum chamarmos todos esses acontecimentos de milagres; todavia, eles são mais bem designados ‘atos da providência’.(1) Revelam a atuação divina no cotidiano e geralmente resultam de resposta à oração. Entretanto, não são o tipo de sinais e prodígios sobrenaturais que a Bíblia classifica como milagres (cf. At 2.22).

O QUE SÃO MILAGRES?

Um milagre é um acontecimento extraordinário, realizado por Deus, mediante a agência humana, algo que não pode ser explicado por forças naturais. Milagres sempre tiveram o objetivo de autenticar os instrumentos humanos que Deus escolheu para anunciar revelações específicas às testemunhas dos milagres. Em termos técnicos,
o Milagre é uma ocorrência na natureza, por si só tão extraordinária e tão coincidente com a profecia ou a ordem de um mestre ou líder religioso, como plena garantia de convencimento dos que o testemunharam, de que Deus o realizou esse fenômeno com o desígnio de certificar que o mestre ou líder foi comissionado por Ele.(2)

Na Escritura, os milagres também são designados “sinais e maravilhas” (Êx 7.3; Dt 6.22; 34.11; Ne 9.10; Sl 135.9; Jr 32.21; Dn 6.27; Mt 24.24; Mc 13.22; Jo 4.48; At 2.43; Rm 15.19; 2Co 12.12; 2Ts 2.9; Hb 2.4). Os milagres envolvem forças sobrenaturais e sobre-humanas, associadas especificamente aos mensageiros de Deus, e não são apenas ocorrências estranhas, coincidências, eventos sensoriais ou anomalias da natureza.

De acordo com esta definição, os milagres são uma subcategoria do sobrenatural. A Criação, o Dilúvio, as maravilhas e as catástrofes naturais demonstram claramente Deus agindo de modo sobrenatural, interferindo nos assuntos humanos, julgando os rebeldes e abençoando os fiéis. Essas coisas, segundo a definição que apresentamos, NÃO são milagres. Tampouco são fenômenos inexplicáveis e misteriosos.

A sociedade moderna está obcecada pelo sobrenatural a ponto de as pessoas estarem dispostas a explicar quase todo fenômeno incomum como algo sobrenatural. Ouvimos cada vez mais relatos de acontecimentos bizarros e incomuns que as pessoas interpretam equivocadamente como “milagres”. Por exemplo, em 1977, jornais de todos os Estados Unidos registraram o relato de Maria Rubio, de Lake Arthur (Novo México). Enquanto fritava tortilhas na cozinha, ela percebeu que uma das tortilhas parecia conter a semelhança de uma face gravada nos contornos da fritura. Ela concluiu que era a face de Jesus e até construiu um santuário para a tortilha. Milhares de pessoas visitaram o Santuário de “Jesus” da Sagrada Tortilha e concluíram tratar-se de um milagre moderno. A Sra. Rubio disse: “Não sei por que isso me aconteceu, mas Deus entrou na minha vida por meio dessa tortilha”.(3)

Em 1980, em Deptford (New Jersey), Bud Ward, fotógrafo do corpo de bombeiros da cidade, estava dirigindo com sua mulher quando entrou por engano na saída errada. Reparando em algumas chamas em um depósito atrás da pizzaria Naples, parou no estacionamento e começou a tirar fotografias. Quando receberam as fotos, a filha de Ward, que tinha nove anos de idade, observou em uma das fotos o que se parecia com uma “imagem de Cristo”. Espalharam-se boatos sobre a descoberta, e logo pessoas de todo o Estado de New Jersey começaram a falar sobre a ‘Pizza Jesus de Deptford’. Várias pessoas ajoelhavam-se e rezavam sob a imagem projetada do negativo; outras pediam que a imagem lhes fosse projetada à altura do peito. Centenas creram tratar-se de um verdadeiro milagre.(4)

Tais aparições são geralmente anunciadas como milagres. Em agosto de 1986, em Fostoria (Ohio), a imagem de “Jesus” surgia aparentemente a cada noite nas sombras e marcas de ferrugem de um tanque de armazenamento de óleo de soja. Hawkers vendeu milhares de camisetas e canecas com a inscrição “I saw the vision” (Vi a Imagem) a quem viera contemplar o “milagre”.(5)

Quase um ano depois, Arlene Gardner, de Estill Springs (Tennessee) observou que, no momento em que seus vizinhos acendiam a luz da varanda, a imagem de um rosto aparecia refletida sobre sua geladeira. Ela cria ser a face se Jesus, apesar de várias pessoas terem dito que se parecia mais com Willie Nelson. Arlene e seu marido estavam tão convictos da ocorrência de um verdadeiro milagre, que deixaram a igreja quando o pastor expressou ceticismo.(6)

Segundo as evidências, o ceticismo é uma qualidade rara nestes dias, especialmente nos círculos católicos e carismáticos. O anseio das pessoas por fenômenos misteriosos e admiráveis está em um nível insuperável na história da igreja. Desejosas de testemunhar milagres, muitas pessoas parecem dispostas a crer que quase todas as coisas incomuns são maravilhas celestiais. Isso representa um tremendo perigo para a igreja, pois a Escritura nos adverte que falsos milagres — extremamente críveis — serão um dos principais instrumentos de Satanás nos tempos finais. Jesus disse: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, SE possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito” (Mt 24.24-25). Certamente, à luz dessas palavras de nosso Senhor, um tipo de ceticismo sadio por parte dos cristãos é muito bem-vindo.

Por favor, entenda: não sou um cético por natureza. Não sou, de maneira alguma, um daqueles que C. S. Lewis chamou de “naturalistas” — pessoas que afirmam que milagres não podem acontecer.(7) Creio em milagres. Acredito que todos os milagres registrados na Escritura aconteceram de maneira literal, tal como foram descritos. Creio, por exemplo, que Moisés e os israelitas realmente andaram pelo mar Vermelho dividido e não enlamearam os pés (Êx 14.21-22, 29). Acredito que Elias ressuscitou o filho da viúva dentre os mortos (1Rs 17.21-23) e que fogo verdadeiro, literal, desceu do céu — um milagre genuíno (2Rs 1.10,12). Creio com absoluta convicção que Elias fez um machado flutuar na água (2Rs 6.6).

Além disso, creio que todas as curas, milagres, sinais e maravilhas atribuídos a Jesus nos quatro evangelhos ocorreram do modo como os evangelistas os descreveram. Acredito que os apóstolos realizaram literalmente todos os milagres registrados na Bíblia.

O QUE PODEMOS DIZER SOBRE OS MILAGRES MODERNOS?

Também afirmo que Deus sempre atua no nível sobre-humano. Ele intervém sobrenaturalmente na natureza e nos assuntos humanos ainda hoje. Acredito que Deus possa curar pessoas sem os métodos naturais ou a medicina. Creio que para Deus todas as coisas são possíveis (Mt 19.26). Seu poder não diminuiu desde os dias da igreja primitiva. Com certeza a salvação sempre é um ato divino sobrenatural!

Todavia, não creio que Deus usa homens e mulheres como agentes na realização de milagres, assim como Ele usou Moisés, Elias ou Jesus. Estou convencido de que os milagres, sinais e maravilhas anunciados hoje no movimento carismático não tem qualquer relação com os milagres apostólicos. Estou persuadido pela Escritura e pela História de que nada semelhante ao dom de milagres do Novo Testamento (quanto a uma discussão sobre o dom de milagres – ver Capítulo 9) é realizado hoje. O Espírito Santo não tem dado a qualquer cristão de nossos dias dons miraculosos comparáveis aos que foram outorgados aos apóstolos.

No entanto, os carismáticos fazem afirmações extraordinárias. Alguns crêem que Deus tem ressuscitado mortos. Por exemplo: Oral Roberts, falando na Charismatic Bible Ministry Conference (Conferência de Ministério Bíblico e Carismático), em 1987, disse: “Não posso contar-lhes sobre [todos] os mortos que ressuscitei. Tive de parar um sermão, voltar-me e ressuscitar um morto”.(8) Ninguém menos que C. Peter Wagner, professor de crescimento da igreja na Fuller Seminary School of World Mission, acredita que isso pode ocorrer: “Também creio, agora, que pessoas têm sido literalmente ressuscitadas em todo o mundo. Ao afirmar isso, algumas pessoas me perguntam se creio que essa prática é ‘normativa’. Duvido que seja normativa em qualquer circunstância local. No entanto, talvez ela seja normativa em termos do corpo universal de Cristo. Embora seja um acontecimento extremamente incomum, não me surpreenderia se ocorresse várias vezes por ano”.(9) John Wimber alista a ressurreição dos mortos como um dos elementos básicos do “ministério de cura”.(10)

Com certeza, é significativo o fato de que nenhuma alegação de ressurreição pode ser comprovada. O que podemos dizer sobre a afirmação de Oral Roberts? Desafiado a informar nomes e endereços de pessoas ressuscitadas por ele, Roberts esquivou-se.(11) Posteriormente, ele se lembrou apenas de um incidente (ocorrido mais de vinte anos antes) quando supostamente ressuscitou uma criança diante de dez mil testemunhas:

Em um culto de cura, ele se lembrou que uma mãe que estava na platéia pulou e gritou: “Meu bebê está morto”. Robert disse que orou pela criança, que “se contorceu, se contorceu em meus braços”. ... Roberts, por fim, reconheceu que nem a criança, nem outras pessoas que ele afirmou ter trazido à vida haviam sido declaradas clinicamente mortas. “Eu entendo”, ele tergiversou, “a existência de diferenças entre a pessoa morta, que não respira, e [a pessoa] clinicamente morta”.(12)

O que devemos fazer com isso? Isso se distancia muito da ressurreição de Lázaro — que esteve morto durante quatro dias —, realizada por Jesus. Se, como supõe o Dr. Wagner, “pessoas têm sido literalmente ressuscitadas em todo o mundo... várias vezes por ano”, não seria racional esperar que pelo menos UM desses milagres pudesse ser comprovado?


A verdade é: quem afirma realizar esses milagres hoje não é capaz de comprovar suas afirmações. Diferentemente dos milagres do Novo Testamento, realizados com milhares de pessoas incrédulas na platéia, os milagres modernos ocorrem em particular ou em encontros pré-arranjados. Os tipos de milagres alegados também não se assemelham, nem um pouco, aos do Novo Testamento. Jesus e os apóstolos curaram pessoas instantânea e completamente de cegueira congênita, paralisia, mão ressequida; e todos esses milagres são incontestáveis. Nem mesmo os inimigos de Jesus questionavam a realidade desses milagres. Além disso, os milagres do Novo Testamento eram imediatos, completos e permanentes. Nosso Senhor e seus discípulos jamais fizeram um milagre de modo incompleto ou parcial.(13)

Ao contrário disso, a maioria dos milagres contemporâneos quase sempre é parcial, gradual ou temporária. Os únicos milagres “instantâneos” são curas que parecem envolver formas de males psicossomáticos. Pessoas que têm deficiências perceptíveis raramente são auxiliadas pelos curandeiros modernos. Há pouco tempo, assisti a um tele-evangelista que entrevistava um homem supostamente “curado” de paralisia. O homem afirmou estar liberto da cadeira de rodas pela primeira vez em vários anos. Entretanto, naquele momento ele usava muletas e um aparelho corretivo nas pernas! Nenhum realizador de curas reivindica o tipo de sucesso incontestável visto nos ministérios de Cristo e dos apóstolos.

–– John MacArthur | O Caos Carismático
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

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