A DOUTRINA ACERCA DA SALVAÇÃO | JP Padilha



Tu me chamaste e Tua voz rompeu a minha surdez. Resplandeceste e brilhaste, e Tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por Ti. Eu te conheci, e agora tenho fome e sede de Ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo da Tua paz.


INTRODUÇÃO
Genericamente falando, a salvação é a ação ou efeito de libertar do perigo ou sofrimento. Salvar é libertar ou proteger. A palavra carrega a ideia de vitória, triunfo ou preservação do mal. É por isso que, às vezes, a Bíblia usa palavras como “salvo” ou “salvação” para se referir à libertação temporária e física, tal como a libertação de Paulo da prisão (Fp 1.19).

Todavia, o uso mais frequente da palavra “Salvação” tem a ver com libertação eterna e espiritual. Quando Paulo disse ao carcereiro de Filipo o que ele precisava fazer para ser salvo, Paulo estava se referindo ao destino eterno do carcereiro (At 16.30-31). Jesus igualou “ser salvo” com “entrar no reino de Deus” (Mt 19.24-25).

Somos salvos de quê? Na doutrina cristã da Salvação, somos salvos da ira de Deus; quer dizer, do julgamento de Deus sobre o pecador (Rm 5.9; 1Ts 5.9). Nosso pecado nos separou de Deus, e a consequência do pecado é a morte (Rm 6.23). Salvação bíblica se refere à libertação da consequência do pecado e envolve, portanto, remoção do pecado.

Quem pode salvar? Só Deus pode remover o pecado e nos livrar da penalidade do pecado (2Tm 1.9; Tt 3.5), e somente Cristo pode interceder pelo homem para que a salvação seja possível ao que crê (1Tm 2.5-6).

Como Deus salva? Na doutrina cristã da Salvação, Deus nos resgatou através de Cristo (Jo 3.17). Especificamente, foi a morte de Jesus na cruz e subsequente ressurreição que alcançou nossa salvação (Rm 5.10; Ef 1.7). A Bíblia é clara em dizer que a salvação é um gracioso dom de Deus que não merecemos (Ef 2.5,8-9) e está disponível apenas através da fé em Jesus Cristo (At 4.12).

Como recebemos a salvação? Somos salvos por fé – por crer em Jesus Cristo. Primeiro, precisamos ouvir o evangelho – a boa nova da morte e ressurreição de Cristo (Ef 1.13). Então, precisamos crer – confiar completamente no Senhor Jesus (Rm 1.16). Isso envolve arrependimento, uma mudança de mentalidade sobre pecado e Cristo (At 3.19) e invocar o nome do Senhor (Rm 10.9-10,13).

Uma definição da doutrina acerca da salvação seria: A libertação espiritual e eterna que Deus concede imediatamente àqueles que aceitam Suas condições de arrependimento e fé no Senhor Jesus. Salvação só é possível através de Jesus Cristo (Jo 14.6; At 4.12) e depende de Deus para a sua provisão, garantia e segurança eternas.

OS DIFERENTES ASPECTOS QUE
COMPÕEM A DOUTRINA DA SALVAÇÃO


No anseio de cumprir a ordem de Jesus de evangelizar as pessoas, muitos cristãos frequentemente falam sobre a salvação com os incrédulos em suas conversas esporádicas. Embora seja o certo a se fazer, isso às vezes gera certa confusão na mente dos que não conhecem a Cristo, visto que os incrédulos não entendem o que significa a afirmação de que o pecador precisa ser salvo – que ele precisa de um Salvador. Portanto, é preciso que nós, como cristãos genuínos, tenhamos em mente as noções claras acerca da soteriologia bíblica caso queiramos falar de forma eficaz acerca das doutrinas da graça que devemos proclamar.

Basicamente, a salvação de Deus refere-se ao Seu livramento da punição eterna do pecado (no momento em que se crê em Cristo), do poder escravizante do pecado (na medida em que o cristão cresce em santidade) e da presença maligna do pecado (quando o homem redimido finalmente estiver com o Senhor). Esse livramento só é obtido pela graça, mediante a fé em Cristo como o Filho de Deus que morreu pelos pecados dos eleitos, mas ressuscitou dentre os mortos para justificação de todo o que nEle crê (Jo 3.16; Rm 4.25).

A salvação, quando consumada, pode levar a alma do crente ao Céu em duas ocasiões: (1) Quando chega a morte e seu espírito vai para o Céu (At 7.59; Fp 1.23). Na ressurreição de seu corpo, esse mesmo corpo será revestido de incorruptibilidade quando Cristo vier para arrebatar a Sua Igreja (1Ts 4.16-17). (2) No arrebatamento da Igreja, estando o crente ainda vivo (1Co 15.51-55; 2Co 5.1-8; 1Ts 4.16-17).

Neste capítulo serão brevemente expostos os diferentes aspectos que compõem a doutrina da Salvação, conforme apresentada na Bíblia.

A PREDESTINAÇÃO
Os verbos “predestinar” e “predeterminar” traduzem a palavra grega proorízo. Predestinar é destinar de antemão e se trata de uma ação soberana de Deus que abrange todos os eventos (At 4.27-28). A Bíblia afirma que Deus predestinou os crentes para serem conforme a imagem de Seu Filho e que o resultado final disso será a glorificação deles (Rm 8.29-30).

Deus também predestinou os crentes para a adoção de filhos. Isso teve como única causa a livre escolha do Senhor, realizada segundo o conselho da Sua vontade (Ef 1.5,11).

O propósito último da predestinação dos crentes é o louvor da gloriosa graça de Deus (Ef 1.6).

A ELEIÇÃO
A eleição (Gr. eklogé / eleitos, Gr. eklektoí) refere-se ao ato livre e soberano de Deus de escolher aqueles que, sem mérito algum, serão alvos efetivos da Sua graça salvadora (Rm 9.14-24; 11.3-8).

Deus elegeu um pequeno grupo de pessoas para a salvação, e esse evento ocorreu na eternidade, antes da fundação do mundo (Ef 1.4). Esse ato foi realizado conforme a graça e a livre determinação do Senhor (2Tm 1.9; 1Pe 1.1-2), não de acordo com qualquer fator positivo que Ele, porventura, tenha visto previamente no homem (Rm 9.11,16; 11.5-6). Não há nada de bom no homem que Deus tenha visto para que Ele decidisse elegê-lo. De fato, a eleição não busca homens dignos, mas sim produz homens dignos (Cl 1.12), fazendo deles veículos de bênçãos (Mc 13.20) e protegendo-os do engano (Mt 24.24).

No Novo Testamento vemos que o texto sagrado enfatiza que não há nenhuma injustiça da parte de Deus em Seu ato de eleger quem Ele quer para a salvação (Rm 9.13-20).

Ao contrário do que os inimigos da verdade dizem, a eleição não desestimula o evangelismo. Pelo contrário, a doutrina da Eleição encoraja a pregação da fé (At 18.9-10), uma vez que afirma que os eleitos, cedo ou tarde, atenderão à mensagem das boas-novas (Jo 10.16; At 13.48; 1Ts 1.4-5; 2Ts 2.13-14) e que os escolhidos que estão dispersos no mundo serão, com certeza, reunidos num só corpo, cumprindo, enfim, o plano infalível de Deus (Mt 24.31; Jo 11.51-52).

A AQUISIÇÃO
Deus comprou (Gr. agorázo) ou adquiriu (Gr. peripoiéo) o crente para Si e o preço que pagou foi o sangue de Seu próprio Filho. Como um escravo que foi adquirido por precioso valor, o cristão agora pertence a Cristo, sendo servo dEle para sempre (At 20.28; 1Co 6.20; 7.23; Ap 5.9).

A LIBERTAÇÃO
Em Gálatas 3.10-11 aprendemos que todas as pessoas estão debaixo da maldição da lei, sendo consideradas condenáveis diante de Deus em virtude de sua transgressão. O crente, porém, foi liberto (Gr. vb. exagorázo) dessa maldição, pois Cristo o substituiu na cruz do calvário, fazendo-se, Ele próprio, maldição em lugar do pecador eleito (Gl 3.13).

Cristo também libertou o crente do fardo da Lei a fim de que o homem salvo não viva como um escravo oprimido, mas desfrute do status de filho de Deus por adoção (Gl 4.5-6).

A REDENÇÃO
A redenção (Gr. lytrosis – Hb 9.12 / apolytrosis – Rm 3.24; Ef 1.7) consiste no ato de livrar alguém mediante o pagamento de um resgate (Gr. lytron – Mt 20.28). Por meio do pagamento realizado por Cristo na cruz, os crentes foram resgatados (Gr. vb. lytróo) da iniquidade (Tt 2.14) e da maneira vazia de viver (1Pe 1.18).

Além do mais, a redenção do crente tem também um aspecto futuro, no sentido de livramento da presente realidade marcada pelo pecado e seus efeitos, quando Cristo nos resgatar ao Céu no arrebatamento (Rm 8.23; Ef 1.14; 4.30; 1Ts 4.16-17). Esse livramento é definitivo e eterno, quando estaremos para sempre com o Senhor.

A VOCAÇÃO
A vocação (Gr. klesis / aquele que é chamado, Gr. kletós, vb. kaléo) de que se trata aqui é o chamado especial que o Senhor dirige unicamente aos eleitos (Rm 1.6; 8.28,30; 1Co 7.17-24; Ef 4.1,4; Cl 3.15; Hb 3.1). Trata-se de um convite diferente do chamado geral, dirigido a todas as pessoas (Mt 11.28; 22.14), uma vez que a vocação salvífica é eficaz e sempre conduz o eleito a Cristo (1Tm 6.12; Jd 1). Essa vocação especial é baseada unicamente na graça de Deus, sem que o homem chamado tenha mérito algum (2Tm 1.9). Ao contrário desse chamado eficaz (vocação), o chamado universal não tem efeito salvífico, mas apenas torna o homem responsável e indesculpável diante do juízo de Deus (Rm 1.20-23). Devemos frisar que essa obra eficaz de vocação e convencimento não é realizada em cada ser humano (Rm 11.4; 1Co 1.23-26). Do contrário, todos os homens seriam salvos, hipótese que, biblicamente falando, jamais se cumprirá (Mt 25.46; 2Ts 1.9).

A resposta positiva à vocação é garantida porque esse chamado, uma vez que é dirigido somente aos eleitos, é acompanhado pela obra de convencimento do Espírito Santo que, com paciência e docilidade, atua no coração do indivíduo até que ele entenda e aceite a mensagem cristã (At 16.14).

Somente os eleitos são alvos do chamado gracioso de Deus (Rm 8.28-30; 2Ts 2.13-14). Estes, ainda que possam “resistir” à ação de Deus em sua vida durante algum tempo, no fim fatalmente se rendem à voz de Cristo e, ansiando por Ele, curvam-se aos Seus pés, cheios de fé, arrependimento e gratidão (Jo 10.16). Os demais, porém, são deixados na incredulidade ou punidos com endurecimento ainda maior (Is 63.17; Jo 12.37-40; Rm 1.24-28; 9.17-18; 11.7-10; 2Ts 2.11).

O chamado eficaz é necessário porque, segundo a Bíblia, nenhuma pessoa pode se voltar para Deus ou para Cristo sem que primeiro o Senhor realize nela uma obra sobrenatural, inclinando-a para a verdade, para a obediência e para a fé (Lm 5.21; Ez 36.25-27; Jo 6.44,65; Fp 2.13).

Deve-se ainda notar que a vocação se constitui na prova de que a salvação de um indivíduo depende primariamente da vontade e da ação de Deus (Mt 11.27; Jo 1.13; 5.21; Tg 1.18). A salvação pertence a Ele (Jn 2.9) e sem a Sua iniciativa ninguém poderá ser liberto da incredulidade (Jo 6.37; Ef 2.8).

O PERDÃO
Perdoar (Gr. charízomai / perdão, Gr. áfesis, vb. afíemi) é o ato de Deus que consiste em cancelar toda a dívida que o pecador tem com Ele (Cl 2.13), deixando-o livre para prosseguir, sem qualquer cobrança (Uma ilustração disso encontra-se em Mateus 18.23-27).

O perdão de Deus é único e ocorre no momento da conversão (At 10.43). Nesse aspecto, é diferente do perdão que, diversas vezes ao longo da jornada cristã, Deus concede ao crente que confessa seus pecados (1Jo 1.9). Na verdade, de acordo com o texto bíblico, só pedimos perdão uma vez e esse perdão ocorreu na cruz há mais de 2.000 anos, quando Cristo pagou pelos pecados daqueles que crêem, se arrependem e confessam seus pecados diariamente. Além do mais, se fosse necessário pedir perdão repetidamente por causa de cada pecado cometido, seria como se o sacrifício da cruz corresse o risco de ser anulado. Não podemos nem mesmo lembrar de todos os pecados que cometemos. Assim, o perdão que nos foi dado de uma vez por todas não pode ser anulado. O crente vive de arrependimento e confissão diária dos pecados passados, presentes e futuros.

O perdão salvador de Deus só é possível porque Cristo sofreu as consequências do pecado (Ef 1.7; 4.32).

A JUSTIFICAÇÃO
Justificar (Gr. dikaióo) é declarar justo ou livre de culpa e de castigo. Assim, a justificação (Gr. dikaíosis) é o ato judicial de Deus, baseado na obra de Cristo, mediante o qual Ele atribui justiça ao homem que deposita Sua confiança em Jesus, livrando-o da condenação decorrente da culpa do pecado (At 13.38-39; Rm 3.21-24; 5.1; 8.1,30,33-34; Fp 3.9; Tt 3.5-7).

Obviamente, a justificação abrange o perdão (Rm 4.6-8), mas vai além desse conceito, pois não somente cancela os pecados do homem que crê, mas também atribui a ele a justiça de Cristo realizada na cruz (Rm 5.18; 2Co 5.21).

A justificação é imediata, ou seja, ocorre no exato momento em que o homem passa a ter fé em Cristo (Rm 4.5).

A RECONCILIAÇÃO
Reconciliação (Gr. katallagé, vb. katallásso) é o restabelecimento da paz entre Deus e o homem. Porém, muitos confundem essa paz com Deus com a paz de Deus. Na reconciliação, o que obtemos é a paz com Deus. A Bíblia fala de "paz com Deus" (Rm 5.1) e "paz de Deus" (Fp 4.7). Todavia, existe uma diferença entre paz COM Deus e paz DE Deus. Qual é a diferença?

A paz com Deus tem a ver com relacionamento certo com Deus, mediante a reconciliação por meio de Cristo. Esta paz é alcançada logo na conversão do crente, quando a inimizade que havia entre ele e Deus é desfeita por causa do sacrifício de Cristo na cruz do calvário (Rm 5.10).

A paz com Deus acontece uma única vez. É irrepetível e não possui níveis. Todos os que foram salvos por Cristo têm essa paz de igual modo e jamais a perderão.

Já a paz de Deus, da qual não estamos tratando aqui, tem a ver com um sentimento certo com Deus, resultante de uma intimidade com Deus. Esta paz só é possível se atentarmos aos comandos de Filipenses 4.6-7: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus”. O coração representa nossas emoções, enquanto nossos pensamentos representam tudo aquilo que ocupa a nossa mente. A promessa da paz de Deus é feita àqueles que obedecem à ordem de não ficarem inquietos por coisa alguma. Pelo contrário, devemos apresentar nossas petições a Deus com oração e súplica, e isto com ação de graças. A ação de graças consiste no ato de reconhecimento e gratidão a Deus por Suas bênçãos, misericórdia e fidelidade. É uma resposta natural à bondade divina, manifestada através de cânticos, orações, atitudes e um coração grato.

Todavia, nosso foco é a reconciliação com Deus, que automaticamente faz com que o homem tenha paz com Deus. Portanto, o tema “paz DE Deus” terá que esperar por outro momento.

Por causa do pecado, o relacionamento entre o homem e Deus foi rompido (Is 59.2; Tg 4.4). Todavia, Cristo sofreu em Seu corpo, pela morte, as consequências dessa inimizade (Cl 1.21-22 – aqui consta o verbo apokathístemi, restaurar). Agora, quem crê nEle é reconciliado com Deus, sendo salvo da Sua ira (Jo 3.36; Rm 5.9-11), tendo paz com Deus para sempre (Rm 5.10). Assim, a reconciliação ocorre por meio de Cristo e abrange o perdão dos pecados passados, presentes e futuros (2Co 5.18-19).

A mensagem que anuncia a disposição de Deus em reconciliar o homem consigo, mediante Jesus, é o cerne das boas-novas pregadas pelos apóstolos, sendo essa a mensagem que faz do evangelista um embaixador de Deus (2Co 5.20).

A reconciliação que ocorre no momento da conversão é única e definitiva. É impossível, mesmo que um crente caia em pecado algumas vezes, que essa reconciliação seja desfeita. O crente jamais perderá a salvação uma vez conquistada na cruz do calvário. O crente muitas vezes passa por situações em que ele vê Seu relacionamento com Deus ser abalado por causa do pecado pessoal ou devido ao sofrimento e a fraqueza causados pelos intempéries da vida. Nesses momentos, a orientação bíblica é que o cristão busque pelo arrependimento, confissão e obediência (1Jo 1.5-10; 2Co 7.10; Jo 14.15; Rm 16.19; 1Pe 1.22; 2Co 10.6; Hb 5.8).

Quando falamos de reconciliação, estamos de fato falando de paz com Deus. Antes de entendermos mais a fundo o que significa ter paz com Deus, precisamos reconhecer que os seres humanos, em seu estado natural, são inimigos de Deus (Rm 3). Como herdamos a natureza pecaminosa de nossos primeiros pais, Adão e Eva (Gn 3; Rm 5.12), nascemos com a disposição de agradarmos a nós mesmos e sermos nossos próprios deuses. Essa natureza rebelde nos coloca em desacordo com o nosso Criador perfeito. Sua natureza justa não pode negligenciar o nosso pecado; a justiça exige punição (Rm 3.23; 6.23). Não podemos ter paz com Deus porque nossos melhores esforços em nossos melhores dias não passam de trapos sujos em comparação com a Sua santidade (Is 64.6). Portanto, em nosso estado pecaminoso, não podemos nos reconciliar com Deus e ter paz com Ele, por mais que tentemos.

Sendo assim, Deus tomou a iniciativa de buscar a paz conosco enviando Seu Filho à terra. Jesus viveu uma vida perfeita, Sua crucificação pagou pelos pecados de todos os que foram predestinados à salvação e nos tornou justificados diante de Deus (Hb 4.15; Ef 2.8-9; Ef 1.3-14; 2Co 5.21). Sua ressurreição garante a nossa justificação diante de Deus (Rm 4.25). Isso significa que todos os pecados dos eleitos estão apagados. Jesus é o Príncipe da Paz (Is 9.6), e é Ele quem nos dá paz com Deus. É por isso que a mensagem da salvação em Cristo é chamada de "evangelho da paz" (Efésios 6.15).

Quando Jesus nasceu, havia pastores naquela mesma comarca. Eles estavam no campo e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho (Lc 2.8 ). Naquele momento, “o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens” (Lucas 2.9-14).

A quem Deus quer bem? O prazer e a paz de Deus repousam sobre aqueles que recebem o Seu Filho Jesus pela fé (Jo 1.12). "Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5.1). Paz com Deus significa que nossa grande dívida pelo pecado foi paga e Deus nos vê como justos (Cl 2.14; Rm 3.22). Não somos mais inimigos, mas filhos amados (1Jo 3.2). Sua natureza santa pode ter comunhão conosco, porque Ele nos vê "em Cristo". Sim. Por causa da justificação pela fé, quando Deus olha para nós Ele vê o Seu Filho Jesus Cristo. Ele vê um justo.

Paz com Deus significa que nossa consciência está limpa (Hb 10.22; Tt 3.5). O peso esmagador da culpa que atormentava a todos nós se foi depois de ter sido colocado sobre Jesus na cruz (Cl 2.14; 1Pe 2.24). A vergonha que sentíamos com razão pelos atos perversos que havíamos cometido foi carregada por Jesus. Deus Pai nos adota como Seus próprios filhos e nos convida a nos aproximar "do trono da graça com confiança" para termos comunhão com Ele e pedirmos aquilo que precisamos (Hebreus 4.16). Para o cristão, manter um senso de paz com Deus é confessar continuamente os nossos pecados e falhas, sejam esses pecados presentes ou futuros (1Jo 1.9). “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1.8-10).

Não precisamos mais pedir perdão após perdão para sermos perdoados. Fomos perdoados há mais de 2000 anos, quando Jesus morreu naquela cruz pelos Seus escolhidos. A ordem agora é confessar nossos pecados a Deus diariamente, embora jamais nos lembremos de todos os pecados cometidos. Por isso o perdão que nos foi dado naquela cruz nos salva de nós mesmos e dos pecados que, por vezes, não lembramos de confessar. Por causa daquele ato propiciatório de Cristo na cruz, hoje temos paz com Deus após crer em Cristo para a salvação. As pessoas verdadeiramente nascidas de novo vivem em contínuo arrependimento porque esse é o resultado do novo nascimento (Jo 3.3; Rm 6.1-4). O pecado não confessado estraga a nossa alegre comunhão com nosso Pai celestial.

A paz com Deus também permite que o cristão viva sem medo da morte ou da eternidade. Nossa esperança é segura, sabendo que Jesus fez tudo o que era necessário para nos acertar com Deus – Ele cumpriu toda a Lei (Mt 5.17; Jo 3.16-18). Nosso último suspiro na terra será nosso primeiro suspiro no Céu (2Co 5.6-8; 1Ts 4.16-17). O Espírito Santo nos foi dado como um anel de compromisso; uma certeza de que um evento maior certamente ocorrerá (2Co 1.22; 5.4-5). No momento, o Espírito Santo vive dentro de nós para nos guiar, convencer, consolar e nos lembrar do sacrifício completo de Jesus em nosso favor (Jo 14.16-17; 16.8-11; 1Co 3.16; 6.19). Estamos selados com o Espírito Santo para sempre (Ef 1.13-14). Temos paz com Deus.

Os seres humanos foram criados para viverem em paz com Deus. O pecado destruiu essa paz e ainda a destrói em todos que recusam a oferta da salvação de Jesus. No entanto, qualquer pessoa que invocar o nome do Senhor, acreditar em seu coração que Jesus é o único caminho para Deus e estiver disposta a render-se a Ele como único Salvador, Senhor e Intercessor entre Deus e os homens pode sim ter paz com Deus (Rm 10.9-10, 13; Jo 3.16, 36; At 2.21, 28; 1Tm 2.5).

Sabemos que devemos crer no Senhor Jesus para a salvação e para ter paz com Deus. Porém, devemos, mais do que tudo, saber em qual Jesus estamos crendo. “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Romanos 10.9-10).

A paz com Deus refere-se à reconciliação entre o ser humano e Deus, alcançada através da fé em Jesus Cristo. É um estado de reconciliação espiritual, onde a barreira do pecado é removida e a pessoa tem acesso à graça de Deus.

Paz com Deus não vem por meio dos esforços do homem, mas sim por meio do sacrifício de Jesus na cruz por amor à humanidade. O apóstolo Paulo escreve aos Romanos: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1). Nessa mesma carta aos Romanos, Paulo explica que todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), e ainda esclarece que éramos inimigos de Deus e fomos reconciliados com Ele mediante a morte de Seu Filho (Rm 5.10). Ou seja, o ser humano, separado de Deus devido aos seus pecados, não consegue desfrutar da verdadeira paz. Em seu interior, algo vai soar como alerta de que falta alguma coisa. Nenhuma espiritualidade, prazer ou realização dessa terra poderá resolver a inquietude interior de uma pessoa, a não ser que ela seja reconciliada com Deus por sua fé em Jesus Cristo. A palavra Religião vem do latim Religare e representa a profunda necessidade da humanidade de estar conectada a Deus. Ele nos criou para ter um relacionamento com Ele por meio da única e verdadeira Religião (Tg 1.27), para caminhar junto a Ele, conhecer os segredos do nosso coração (1Co 14.25) e glorificar o nome dEle com a nossa vida (1Co 10.31; 2Ts 1.12; Ef 3.20-21). Jesus nasceu, morreu e ressuscitou para abrir novamente nosso caminho de volta para Deus. Por isso, temos paz com Deus. Estamos reconciliados com Ele. (Para melhor entendimento sobre a diferença entre paz com Deus e paz de Deus, leia meu artigo “A paz com Deus e a paz de Deus” – BLOG JP Padilha).

A ADOÇÃO
Na Bíblia vemos o termo “adoção” (Gr. huiothesía) sendo usado para descrever a posição que o crente ocupa diante de Deus, desfrutando dos direitos e privilégios de filho.

Por causa da adoção, o cristão deixa de ser escravo do pecado, como alguém que vive debaixo do medo, e começa a participar de um relacionamento com o Senhor marcado por intimidade e segurança (Rm 8.15; Gl 4.5-6). Também pela adoção, o homem se vê livre do jugo escravizante da lei e entra para a condição de herdeiro de Deus (Rm 8.17; Gl 4.7).

A adoção é garantida na predestinação feita pelo Pai (Ef 1.5), é efetivada na conversão ao Filho (Jo 1.12) e é testificada no coração pelo Espírito (Rm 8.16).

A REGENERAÇÃO
Basicamente, regenerar (Gr. anagennáo / regeneração, Gr. palingenesia,) significa gerar de novo. Não se trata, portanto, de uma mera reforma na vida de alguém, mas sim de um novo nascimento que ocorre na esfera espiritual (Jo 3.3-6; 1Pe 1.3,23; 1Jo 3.9) e cuja origem está em Deus.

Jesus nos ensina que ser regenerado é nascer “da água e do Espírito” (Jo 3.5). Essa expressão evoca a Nova Aliança mencionada em Ezequiel 36.25-27. Dessa passagem se depreende que nascer “da água e do Espírito” é ser purificado dos pecados e habitado pelo Espírito Santo (Tt 3.5-6).

A regeneração é um ato soberano de Deus. É somente por Sua vontade e poder que alguém nasce de novo (Jo 1.13; Tg 1.18). Aliás, a palavra traduzida como “de novo” em João 3.3 (Gr. ánothen) também significa “do alto”, indicando que a causa primária da regeneração é celeste e não terrena.

A VIVIFICAÇÃO
A Bíblia ensina que o homem incrédulo está morto em meio a delitos e pecados. Todavia, no momento em que o pecador crê em Cristo, o mesmo é ressuscitado, recebendo vida espiritual (Ef 2.1,5) e perdão (Cl 2.13).

Ao ser vivificado (Gr. vb. syzoopoiéo, ser vivificado com), o crente é elevado à esfera celeste, onde desfruta de privilégios e bênçãos em sua nova associação com o Cristo ressurreto (Ef 1.3; 2.6). Sua cidadania já não é mais terrena e suas esperanças também deixam de ser terrenas. Diferentemente de Israel, assim como nosso chamado como Igreja é celestial (Hb 3.1), nossa pátria está no Céu (Fp 3.20). Nossa esperança está guardada no Céu (Cl 1.5), a qual é Cristo em nós, a esperança da glória (Cl 1.27), e nossas bênçãos são celestiais (Ef 1.3).

A RECRIAÇÃO
O cristão é o prenúncio presente da nova criação futura (Ap 21.5). De fato, a Bíblia diz que quem está em Cristo é parte da nova criação (Gr. kainé ktísis) de Deus. O efeito disso é que o homem assim recriado abandona concepções e cosmovisões mundanas (1Co 2.16; 2Co 5.16-17) e, na prática, se vê comprometido com as boas obras, assim definidas segundo os padrões de Deus (Ef 2.10; 4.23-24).

Nessa recriação, a imagem de Deus no homem, que foi pervertida pelo pecado desde o Éden, entra num processo dinâmico e glorioso de restauração (2Co 3.18; Cl 3.10).

A PRESERVAÇÃO
A doutrina da Preservação dos Santos é também conhecida como doutrina da Perseverança dos Santos. Grosso modo, essa doutrina ensina que aqueles que Deus escolheu por Sua graça jamais poderão perder a salvação, ainda que estejam sujeitos a quedas e até a desvios temporários.

Uma das bases para essa doutrina está na afirmação de que a salvação abrange uma sequência de ações de Deus que começa na eternidade passada e se conclui com a glorificação perene no futuro (Rm 8.29-30). Considerando a soberania e o poder de Deus, essa sequência não pode ser frustrada ou interrompida.

De fato, no texto de Romanos 8.29-30, vê-se que a corrente da salvação mostra seu elo inicial quando Deus conhece de antemão e predestina aqueles a quem decide alcançar. Em seguida, Ele chama e justifica essas pessoas, glorificando-as finalmente.

Evidentemente, não há como quebrar esse processo, estando a salvação garantida, inclusive, pelo selo do Espírito que é o penhor da herança eterna (Ef 1.13-14).

Ademais, é absurdo conceber o Deus da Bíblia como um ser incapaz, que predestina alguém para salvar, chama-o e o justifica, mas no fim não consegue glorificá-lo. Aliás, indo precisamente contra essa ideia, a Bíblia afirma que é pelo poder de Deus que os crentes são guardados para a salvação (Jo 10.28-29; 1Ts 5.23-24; 1Pe 1.5; 5.10; Jd 1.24-25).

Outra base para a doutrina da Preservação dos Santos está no conceito de novo nascimento. Jesus ensinou que o homem salvo é aquele que nasceu de novo pela fé nEle, podendo agora ver o reino celeste (Jo 3.3). Sabe-se também que quem nasce de novo se torna filho de Deus (Jo 1.12-13; 1Jo 5.1). Evidentemente, para perder essas bênçãos, o crente teria que “desnascer” (Uma heresia escandalosa defendida pelo arminianismo). E mais: se quisesse recuperá-las teria de nascer de novo, e de novo, e de novo, infinity! Ora, essas possibilidades não existem nas Escrituras. Nascer de novo ou ser regenerado, tornando-se filho de Deus, é experiência única e, infalivelmente, resulta na salvação do crente de uma vez por todas (Gl 3.26-29).

A doutrina da Preservação dos Santos também se sustenta na afirmação de que a salvação não pode ser anulada pelo pecado individual do crente. Em 1 Coríntios 5.1-5, Paulo fala de um crente que tinha envolvimento sexual com a mulher do próprio pai. Era um pecado tão grave que ele diz não ser comum nem mesmo entre os pagãos (v.1), devendo esse homem ser “entregue a Satanás” (v.5), o que significa ser expulso da igreja (v.13). Isso, porém, não fez com que aquele homem perdesse a salvação. Na verdade, Paulo ordenou que essa disciplina fosse aplicada a este homem “para destruição da [sua] carne, para que o espírito [daquele homem] fosse salvo no dia do Senhor” (v.5). Jesus traria a destruição do corpo, mas o espírito daquele homem seria salvo (v.5). Ademais, em 1 João 2.1, é ensinado que se algum crente pecar, isso não gera sua condenação eterna, mas sim sua defesa, feita por um “Advogado junto ao Pai: Jesus Cristo, o justo”.

Finalmente, é importante observar que a segurança do homem salvo é testificada pelo próprio Espírito Santo em seu interior (Rm 8.15-16).

Outros textos que falam da segurança da salvação do crente são os seguintes: João 6.37-40; Romanos 5.8-10; 8.33-39; 1 Coríntios 1.7-8; 3.15; Efésios 4.30; Filipenses 1.6 e Hebreus 7.25.

ATENÇÃO!
A salvação não pode ser atribuída a pessoas que professaram temporariamente a fé
. Várias passagens bíblicas falam de pessoas que, participando da comunhão dos crentes, testemunharam e até experimentaram bênçãos maravilhosas, caindo, em seguida, na apostasia completa e definitiva (Hb 6.4-6). Não é correto, porém, dizer que essas pessoas perderam a salvação. Na verdade, elas NUNCA foram salvas (1Jo 2.19). Isso é evidente porque na Parábola do Semeador Jesus ensinou que a prova da fé salvadora é a perseverança (Mt 13.1-23). Quem não persevera NUNCA foi de fato salvo (1Ts 5.23-24; Hb 10.39; 1Pe 5.10; 1Jo 5.4-5).

A SANTIFICAÇÃO
Basicamente, santificação (Gr. hagiasmós) é a separação de algo por Deus para o Seu uso. Quando relacionada à salvação do homem, a santificação pode ser posicional e experimental.

Santificação posicional: É a fase instantânea da santificação que tem lugar no momento em que a pessoa aceita Cristo como único Salvador (1Co 6.11). Nesse instante, o homem passa a ocupar o status de santo diante de Deus, ou seja, é considerado separado para pertencer a Ele e para servi-lo.

Santificação experimental: É a fase progressiva da santificação (Rm 6.19,22; 2Co 7.1; 1Ts 4.3-7; Hb 12.14). Começa no momento da conversão e segue se desenvolvendo até o dia da glorificação (Fp 1.6). O texto de 2 Coríntios 3.18 diz que o cristão é transformado de um grau de glória em outro, sendo aperfeiçoado em santidade.

A GLORIFICAÇÃO
A glorificação (Gr. vb. doxázo) diz respeito à consumação da salvação do crente (Rm 8.17-18,21,30; 1Pe 5.4). Na glorificação o salvo entra para um estado de total livramento do pecado e dos seus efeitos, passando a habitar com o Senhor para sempre (Cl 3.4; 1Jo 3.2).

Essa fase abrange não somente a entrada da alma no Céu (Lc 23.43; At 7.59; Fp 1.22-23), mas também, em sua realização completa, na ressurreição, o recebimento de um corpo transformado, totalmente livre de corrupção e sobre o qual a morte não tem poder (Rm 8.23; 1Co 15.42-43,51-54; 2Co 5.1-4).

O ambiente definitivo em que a glorificação será desfrutada é a nova terra que o Senhor há de criar (Ap 21.1-4).

COMO SER SALVO
A salvação ocorre pela fé em Cristo (Jo 3.16-18; Rm 1.16-17; Ef 2.8-9). Essa fé é precedida pela pregação, é acompanhada pelo arrependimento e é seguida de perseverança e frutos. Se não for assim, será uma fé falsa e logo deixará de existir.

Bases bíblicas para a pregação como fator que precede a fé: Lucas 16.31; João 17.20; Romanos 10.13-17; 1Coríntios 1.21; Efésios 1.13; 2Timóteo 3.14-15; Tiago 1.18,21; 1Pedro 1.23.

Bases bíblicas para o arrependimento como fator que acompanha a fé: Mateus 21.28-32; Marcos 1.15; Atos 2.37-41; 3.19; 11.18.

Bases bíblicas para a perseverança e os frutos como fatores que decorrem da fé: 1Tessalonicenses 1.3-10; Hebreus 10.39; 1Pedro 1.5; 1João 5.4-5.

A fé salvadora consiste em receber a Cristo conforme Ele é apresentado nas Escrituras (Jo 1.12; At 8.37; 1Jo 5.10-12), isto é, como o Filho de Deus que veio ao mundo para morrer pelos pecados dos eleitos, tendo depois ressuscitado dentre os mortos (Rm 10.9; 1Co 15.3-4). Essa fé implica o abandono de qualquer outro caminho para ser salvo e a dependência plena e exclusiva da obra completa de Cristo (At 4.12; Gl 2.16; Fp 3.7-9).

A fé mediante a qual alguém é salvo tem origem sobrenatural (Ef 2.8; Fp 1.29; Hb 12.2) e, por isso, perdura e frutifica. Essa é a fé dos eleitos (Tt 1.1).

Quando a fé é apenas uma anuência intelectual ou uma reação emocional, ela se mostra improdutiva e logo desaparece (Mt 13.20-22). Essa é a fé morta que nada produz, pouco perdura e a ninguém salva (Jo 2.23-25; 12.42-43; Tg 2.14,17,26).

CUIDADO! VENENO!

Arminianismo: O ensino bíblico que afirma que o crente não perde a salvação é chamado tecnicamente de doutrina da Perseverança dos Santos (ou Preservação dos Santos, como gosto de chamá-la). Trata-se de um dos temas principais defendidos pela teologia calvinista (Calvinismo é apenas um apelido para as doutrinas da graça). A vertente que se opõe à doutrina da Perseverança dos Santos é o arminianismo, sistema idealizado pelo teólogo holandês Jacó Armínio (1560-1609). Entre outras coisas, o arminianismo nega o preceito bíblico “uma vez salvo, salvo para sempre”.

Ainda que o arminianismo tenha sido condenado pelo Sínodo de Dort (1618-1619) durante a reforma protestante, muitas denominações evangélicas modernas o adotam, sendo possível encontrar seus expoentes entre batistas (eventualmente), assembleianos (principalmente) e presbiterianos (surpreendentemente). O perigo da heresia do arminianismo, considerado sob esse aspecto, é que faz a segurança do crente depender de seu esforço próprio. No final das contas, a salvação acaba sendo devida à dedicação e empenho do homem em vez de ser pela graça somente. Na prática, as igrejas que ensinam a “perda da salvação” exigem que o crente desviado conserte sua vida e volte para a igreja se quiser ser “salvo de novo”. A implicação lógica é que, de acordo com essa concepção, a “segunda” (ou terceira, ou quarta!) salvação ocorre pelas obras, ainda que os arminianos nem sempre estejam dispostos a assumir essa conclusão herética.

Catolicismo Romano: Enquanto o Novo Testamento ensina que a justiça de Deus é imputada ao homem no momento em que ele crê em Cristo (justiça imputada ou atribuída – Rm 5.1), o romanismo ensina que a justiça de Deus é infundida na pessoa aos poucos, na medida em que ela obedece aos ensinos da igreja católica (justiça infusa). Assim, na doutrina papista, o indivíduo só descobre se foi justificado quando comparecer diante de Deus e o Senhor avaliar se, ao longo da vida, aquela pessoa acumulou a justiça necessária para desfrutar da visão beatífica. Os católicos creem que a fé em Cristo abrange a adesão completa aos ensinos e regras da igreja. É precisamente a adesão a isso tudo que tornará um homem justificado ou não. Se ocorrer da obediência de alguém não ser suficiente para a sua entrada no reino do Céu, ele será enviado ao purgatório, a fim de passar por um castigo temporário e, uma vez purificado, obter a justiça que falta para a sua salvação. No entanto, quando consultamos a Bíblia, da primeira à última palavra, não encontramos nela um único versículo sobre a doutrina do Purgatório. Não há absolutamente nenhum ensino sobre isso nas Escrituras. Essa doutrina é, portanto, uma invenção humana, pois Deus não a menciona na Bíblia. Por outro lado, a Bíblia afirma que os filhos de Deus (os eleitos), ao partirem desta vida, vão direto para a presença de Cristo (Fp 1.23). Perceba que quando partirmos desta vida não iremos para um “purgatório”, pois esse lugar não existe. Nós, os “salvos antes da fundação do mundo” (Ef 1.4), vamos direto para a presença gloriosa de Jesus. Iremos para onde Ele está! Se houvesse purgatório, partir desta vida não seria “incomparavelmente melhor” do que ficar aqui. “Estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5.8).

No momento em que deixarmos o corpo, estaremos na presença do SENHOR. Esse ensino é claro e inegável na própria Bíblia católica (como já fora salientado, não há diferença entre as passagens da Bíblia católica e as passagens da Bíblia original). Isso significa que o salvo jamais terá de sofrer a pena dos seus pecados. Seu julgamento já é passado. Veja o que diz a Bíblia em João 5.24 (que Deus ilumine a sua mente para esta verdade!): “Quem ouve a minha palavra e crê nAquele que me enviou tem a vida eterna, e não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”.

Preste atenção na conjugação “passou da morte para a vida”. No momento da conversão, o crente passa de um estado de perdição para a vida eterna, e não entrará em condenação jamais. Sendo assim, o purgatório não existe. A propósito, porventura aquele ladrão na cruz não foi diretamente para o paraíso com Cristo no momento da crucificação? A promessa de Jesus para ele foi: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23.43). Jesus não disse a ele que ele estaria em uma espécie de purgatório, mas sim no paraíso. Se o ladrão na cruz não precisou sofrer por seus pecados após arrepender-se e voltar-se para Cristo, por que, então, você teria de sofrer pelos pecados dos quais foi perdoado de uma vez por todas naquela Cruz? Não, você não vai para o purgatório, pois tal lugar não existe. Se você é um salvo, irá para a presença de Cristo. Se você não é um salvo, está condenado e por isso não crê, nem ouve (Jo 3.36). De acordo com a doutrina romanista, rezas, missas e obras de penitência em favor dos mortos auxiliam a reduzir o tempo no purgatório. Não há nada na Escritura que ensine essas coisas, mas os romanistas não se incomodam com isso, posto que consideram sua tradição acima da Bíblia em termos de autoridade.

Sinergismo: O termo sinergismo vem do grego e denota a ideia de trabalho conjunto. Os sinergistas creem, assim, que a salvação do pecador é obra de Deus, mas que o homem coopera com Ele, fazendo sua parte. Os arminianos são considerados sinergistas, pois acreditam que o ser humano trabalha em conjunto com Deus para ser salvo na medida em que decide, por si mesmo, depositar sua fé em Cristo e perseverar nos caminhos dEle. Porém, de um modo geral, qualquer crença que afirma que o indivíduo precisa “fazer sua parte” para ser salvo pode ser considerada uma crença sinergista. O oposto do sinergismo é o monergismo, proposto pela teologia calvinista (bíblica). Essa concepção ensina que somente o Senhor opera na salvação do homem. Para os monergistas, mesmo a fé e a perseverança do crente são obras de Deus na vida de Seus eleitos. Sendo assim, tecnicamente falando, o verdadeiro cristão é monergista.

Universalismo: O universalismo entende que, ao final, todos os seres humanos, sem exceção, serão salvos. Alguns universalistas ensinam que isso será precedido por um período de juízo aplicado aos maus, mas que de forma nenhuma esse juízo será eterno. O primeiro teólogo de destaque a divulgar ideias universalistas foi Orígenes de Alexandria (c. 185-253). Segundo ele, toda a realidade criada, inclusive a angélica, caminha no rumo da apocatástase, ou seja, da plena reconciliação com Deus por meio de Cristo. Karl Rahner, John A. T. Robinson, John Hick e Billy Graham são os proponentes mais destacados do universalismo atual. O “inclusivismo soteriológico”, como o universalismo é também chamado, encontra apoio na teologia do processo, no teísmo aberto e em outras vertentes da cristandade professa, tanto protestante quanto católica romana.

Aniquilacionismo: De acordo com essa visão, não existe nenhuma dimensão além e, depois da morte, o homem simplesmente apodrece. Ligada a essa concepção, mas com contornos menos radicais, está o condicionalismo ou a doutrina da Imortalidade Condicional, segundo a qual a imortalidade é uma dádiva de Deus concedida a todos os homens, mas só poderão retê-la aqueles que preencherem a condição de crer em Cristo. Assim, para os condicionalistas, os que rejeitam o Salvador serão aniquilados, caindo na inexistência completa. Os condicionalistas geralmente aceitam a possibilidade de um período indefinido de sofrimento no “lago de fogo e enxofre” (chamado erroneamente por muitos de inferno), antes da total aniquilação do ímpio. A noção de um inferno eterno e literal, porém, de acordo com essa concepção, deve ser recusada, pois, segundo entendem, essa ideia não se harmoniza com o conceito de um Deus justo que vencerá definitivamente o mal.

Espiritismo: Para os espíritas a salvação é o livramento do espírito humano da realidade material em que está preso. Esse livramento ocorre por meio do processo de reencarnação, pelo qual o espírito evolui passando por vários ciclos de existência no plano material. A aceleração desse processo de livramento ocorre por meio de boas obras. O ensino acerca do pecado e da morte expiatória de Cristo, bem como as doutrinas da salvação pela fé, da ressurreição dos mortos, do reino celeste e do inferno, não fazem nenhum sentido dentro da concepção espírita, não havendo qualquer ponto de semelhança entre esse modelo religioso e o cristianismo bíblico.

– JP Padilha
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