QUEM SÃO AS DUAS TESTEMUNHAS DE APOCALIPSE? | JP Padilha

Costumo receber com frequência mensagens perguntando se as duas testemunhas de Apocalipse seriam Enoque, Moisés, Elias ou algum outro personagem da Bíblia. Alguns também acham que seriam dois grupos de pessoas ou até dois conceitos ou formas de se testemunhar. O fato de serem duas tem a ver com o testemunho, que na Bíblia exige um mínimo de duas pessoas para ser dado: "pela boca de duas testemunhas, ou pela boca de três testemunhas, se estabelecerá o fato." (Deuteronômio 19.15).

Nos primeiros séculos da existência da igreja na terra os dois candidatos mais fortes para o cargo eram Enoque e Elias, já que eles não experimentaram a morte e, segundo alguns, iriam voltar de algum lugar onde estivessem para essa última missão na qual morreriam para depois serem ressuscitados.

A passagem de Apocalipse que descreve os sinais que farão diz que "estes têm poder para fechar o céu, para que não chova, nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue, e para ferir a terra com toda a sorte de pragas, todas quantas vezes quiserem" (Efésios 11.6). Isso coloca na lista de candidatos Elias e Moisés, pois foram sinais que eles fizeram quando estavam na terra.

Alguns dentre os adeptos da herética Teologia do Pacto, que não conseguem diferenciar a Igreja de Israel, acreditam serem dois cristãos por não entenderem que a Igreja só aparece no final do capítulo 3 de Apocalipse, quando se dá o arrebatamento – talvez tipificado pela chamada de João para subir ao céu – e só volta a aparecer no final do livro. Maior parte de Apocalipse está tratando de Israel e do mundo. Do capítulo 6 ao 18 de Apocalipse, a Igreja não é mencionada. O termo comum no Novo Testamento para “Igreja” é ekklēsia. Esse termo é usado dezenove vezes em Apocalipse 1–3 com relação à igreja histórica do primeiro século. A palavra “Igreja” aparece apenas mais uma vez no epílogo do livro (Ap 22.16).

A Wikipedia diz que algumas seitas dão a personagens eminentes em seu meio a honra de serem essas duas testemunhas. Para os adventistas, seriam Uriah Smith e Ellen G. White; para os mórmons seriam dois profetas daquela seita em missão aos judeus, possivelmente dois membros do alto escalão daquela religião ou até mesmo o falso profeta Joseph Smith e seu irmão Hyrum Smith.

Mas a resposta para esta dúvida é muito simples: A Bíblia simplesmente não revela quem seriam essas duas testemunhas. Portanto, qualquer especulação não poderá ser verificada até o dia em que elas se manifestarem. Neste caso, os salvos por Cristo da presente dispensação não estarão mais na terra e assistirão a tudo isso de camarote a partir do céu.

O texto a seguir, de autoria de Bruce Anstey e extraído do livro UNSOUND DOCTRINAL STATEMENTS and CLICHÉS (Commonly Accepted as Truth) pode ajudar a entender o assunto.

AS DUAS TESTEMUNHAS

“Muitos pensavam que, uma vez que o profeta Malaquias disse que Deus iria enviar "Elias, o profeta, antes do grande e terrível Dia do Senhor" (Malaquias 4.5), e que ele e Moisés (uma vez que eles estavam juntos no Monte da Transfiguração – Mt 17.3.) retornariam pessoalmente como testemunhas na Terra durante a Grande Tribulação, isso significaria que as duas testemunhas supracitadas seriam eles. Esta é uma suposição que resulta da tendência de se dar às profecias um caráter sensacionalista.

O capítulo 11 de Apocalipse deve ser interpretado literalmente, ainda que o primeiro versículo deste livro nos ensine que as profecias nesse caso são “figuras”, significando que elas devem ser entendidas como “símbolos” (Ap 1.1). Se não for assim, poderemos chegar a algumas ideias bastante fantasiosas de como as coisas acontecerão no fim dos tempos.

A interpretação ortodoxa da Bíblia indica um cumprimento literal das Escrituras. Isso não significa que toda palavra ou frase encontrada na Bíblia seja literal, mas que o cumprimento dessas coisas será literal.

O Espírito de Deus usa muitas figuras e símbolos na Palavra para simbolizar coisas que são literais. Por exemplo, a Escritura fala de "o sol" não brilhando e "as estrelas" caindo do céu (Mt 24.29). Isso não pode ser entendido literalmente. Se o sol parasse de brilhar, toda a vida na Terra morreria. Além disso, a maioria das estrelas são milhares de vezes maiores do que a Terra. Se uma delas fosse cair na Terra, esta seria destruída imediatamente.

Essas coisas são, obviamente, simbólicas. Elas têm a finalidade de mostrar que a grande apostasia que o Anticristo trará resultará no afastamento da verdade e da luz divina (o sol) para bem longe dos homens, e que muitos líderes dentre os homens (as estrelas) irão sucumbir à escuridão espiritual e não mais temerão a Deus. Estas são coisas literais que acontecerão.

Interpretando as "duas testemunhas" simbolicamente, vemos que Deus levantará um testemunho apropriado (indicado com o número 2 nas Escrituras) na terra de Israel em oposição à malignidade da Besta e do Anticristo. Isso será uma parte do remanescente judeu que será autorizada por Deus para esse testemunho especial.

F. B. Hole disse: ‘A pergunta naturalmente surge: Devemos entender esses versos como predizendo o levantar-se de dois homens reais, ou Deus levanta e mantém pelo tempo que Lhe convier um suficiente e poderoso testemunho com as características de Elias e Moisés, ou são mesmo os dois? Estamos inclinados ao segundo ponto de vista, especialmente por causa do caráter simbólico de todo o livro.

Pensamos então que eles indicam – não um grande e abundante testemunho; isso seria indicado pelo número 3 e não 2 – mas um testemunho suficiente, divino, na verdade, miraculosamente preservado e sustentado nesta época’ (The Revelation – F. B. Hole).

W. Scott escreveu: ‘Sobre a questão do número 2 de testemunhas, inúmeras hipóteses têm surgido, tal como os dois Testamentos, a Lei e o Evangelho, Huss e Jerome, os Valdenses e os Albigenses, etc.

Outros, demonstrando mais razão e com aparente sanção da Escritura, supõem que Moisés e Elias são as duas testemunhas, citando Malaquias 4.5 como prova de sua afirmação. A frase desse versículo “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo” não implicaria na presença pessoal do grande legislador nas cenas dos últimos dias; enquanto que no versículo 5 parece realmente uma declaração expressa de que o distinguido profeta deve novamente aparecer na Palestina: “Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor”.

Um testemunho completo e adequado é a intenção propositadamente pretendida no número das testemunhas. Parece-nos que um número maior do que dois é trazido diante de nós nesta solene crise, e que também o versículo 8 supõe um grupo de testemunhas mortas’ (The Book of Revelation – W. Scott).

Essa questão foi submetida ao editor da revista Help and Food:

"Pergunta: Por gentileza, você poderia explicar o significado das "duas testemunhas" de Apocalipse 11.3?

Resposta: Nós acreditamos que eles são o fiel remanescente judeu que Deus levantará durante a segunda metade da última semana de Daniel – o tempo da Grande Tribulação. O número 2 não é necessariamente literal, mas revela um testemunho adequado, assim como a Lei exigia... Assim como foi com Moisés e Elias, cujo testemunho foi em circunstâncias semelhantes. Ainda que o Rei já estivesse longe, eles estavam em humilhação e sofrimento” (Help and Food, vol.19, p. 252).[1]

OBSERVAÇÃO: Apesar de termos um versículo que supostamente indica ser Moisés e Elias as duas testemunhas (Ef 11.6), eu prefiro não me posicionar por duas razões: 1 - A Bíblia não declara com clareza quem são essas duas testemunhas; 2 - Eu não preciso saber quem são elas porque nem estarei aqui para vivenciar o tempo de experimentação sobre a terra (a Tribulação).

Temos também o fato de que o número 2 na passagem de Apocalipse 11.3 não é literal. Portanto, se eu tivesse que me posicionar, escolheria pensar que as duas testemunhas de Apocalipse são o fiel remanescente judeu que Deus levantará durante a segunda metade da última semana de Daniel – o tempo da Grande Tribulação. O número 2 não é necessariamente literal, mas revela um testemunho adequado, assim como a Lei exigia... Assim como foi com Moisés e Elias, cujo testemunho foi em circunstâncias semelhantes. Ainda que o Rei já estivesse longe, eles estavam em humilhação e sofrimento.

Por fim, no céu, para onde vamos, teremos certeza de quem são essas duas testemunhas e os veremos de camarote.

– JP Padilha
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