O BATISMO INFANTIL | Marcos Granconato



A prática do batismo infantil foi adotada muito cedo pela igreja cristã. De fato, já no século 2 há evidências de que os cristãos batizavam seus bebês, uma vez que criam no batismo como uma forma de remissão de pecados, capaz de garantir a salvação das vítimas de morte prematura.

Esse chocante desvio do ensino apostólico é encontrado poucas décadas depois de concluído o Novo Testamento. Alguns documentos do século 2 que o atestam são a “Epístola de Barnabé” (11:1,11) e “O pastor de Hermas” (11:15; 93:2-4). Justino de Roma (Primeira apologia 66:1) e Teófilo de Antioquia (A Autólico 2:16) também estão entre os escritores do século 2 que defendem o batismo como forma de remissão de pecados.

É verdade que Tertuliano de Cartago (+ c. 220) se insurgiu contra essa prática. Porém, ele o fez porque entendia que o arrependimento para perdão de pecados mortais só poderia ocorrer uma vez depois do batismo.[3] Segundo Tertuliano, esse fato deixava os que eram batizados muito cedo em situação perigosa, sujeitos a perder irremediavelmente e para sempre o favor de Deus na fase adulta. Para ele, esse era o motivo pelo qual o batismo devia ser protelado até que a pessoa se sentisse mais distante do perigo de cometer pecados mortais como o adultério, o assassinato ou a apostasia.[4]

Os reformadores do século 16 também foram favoráveis ao batismo infantil, sendo o pastor anabatista Menno Simons uma exceção. Timothy George explica o por quê:

“Em 20 de março de 1531, na cidade de Leeuwarden, capital da província holandesa da Frísia, um alfaiate itinerante de nome Sicke Freerks foi decapitado porque havia sido batizado pela segunda vez. Mais tarde, Menno comentou: “Soou muito estranhamente em meus ouvidos o fato de que alguém falasse sobre um segundo batismo” ... A execução brutal de Freerks deve ter deixado uma impressão marcante em Menno. De qualquer modo, ele começou a investigar o fundamento do batismo infantil. Ele examinou os argumentos de Lutero, Bucer, Zuínglio e Bullinger, mas achou que em todos faltava algo. Ele consultou seu colega sacerdote em Pingjum; leu os pais da igreja. Por fim, Menno pesquisou diligentemente as Escrituras e considerou seriamente a questão, mas não pôde encontrar nada sobre o batismo infantil. Ele chegou à conclusão de que “todos estavam equivocados sobre o batismo infantil”.[5]

Se, por um lado, há ampla evidência histórica em prol do pedobatismo entre os pais da igreja e os reformadores, de outro, como Menno Simons descobriu, não há nenhum fundamento bíblico que favoreça essa prática. A despeito disso, os expoentes do batismo infantil apresentam basicamente três argumentos em sua defesa.

O primeiro desses argumentos (e talvez o mais popular) é construído a partir da história narrada em Atos 16.27-34, referente à conversão do carcereiro de Filipos e seus familiares. Segundo o texto, depois que ouviu a Palavra do Senhor, o carcereiro foi batizado, ele e todos os da sua casa (At 16.33). No entender dos pedobatistas, certamente havia crianças bem pequenas naquela família, sendo todas incluídas no batismo realizado na ocasião.

É difícil, porém, levar esse argumento a sério, posto que se sustenta unicamente sobre o frágil alicerce da imaginação e da criatividade dos seus proponentes. Para desmantelá-lo, basta lembrar o fato óbvio de que nem todas as famílias têm bebês em casa.

A defesa do batismo infantil tem, na verdade, colunas de apoio muito mais sólidas do que o argumento exposto acima. Seus proponentes mais capazes expõem razões que merecem consideração séria e análise melhor elaborada.

É o caso do argumento relativo ao Pacto. Os pedobatistas entendem que, assim como os bebês dos israelitas eram circuncidados pelo fato de seus pais pertencerem ao pacto entre Deus e a nação judaica (Gn 17.10-14), da mesma forma os bebês dos crentes devem ser batizados, uma vez que seus pais, desde o dia em que se converteram, tornaram-se participantes do mesmo pacto por intermédio da fé em Cristo (Gl 3:7, 29).

Essa percepção ainda admite expressamente que os filhos de quem participa do pacto também pertencem eles próprios ao pacto, estando aí a razão principal para que se sujeitem ao símbolo desse mesmo pacto. O teólogo reformado Louis Berkhof (1873-1957) diz expressamente: “Os filhos dos crentes são batizados porque estão no pacto, independentemente da questão se já são ou não regenerados”.[6]

Levando esse raciocínio às últimas consequências, muitos de seus expoentes têm insistido, inclusive, no direito que os bebês, filhos de pais crentes, têm de participar até mesmo da ceia (!). Se essas crianças realmente fazem parte da aliança, dizem, sendo por isso batizadas, por que impedi-las de participar da eucaristia que, como o batismo, é também um símbolo pactual?

Retomando a defesa do batismo infantil, os pedobatistas afirmam que no passado o símbolo do pacto foi a circuncisão, mas, como ela foi anulada (Gl 5.2, 6; 6.15), o batismo a substituiu. Assim, de acordo com essa visão, o batismo infantil é o correspondente cristão da circuncisão judaica.

Essa conexão entre circuncisão e batismo é defendida especialmente com base em Colossenses 2.11-12. Nesse texto, dizem, circuncisão e batismo estão ligados, ambos representando o fim da velha vida de pecado, havendo, assim, forte associação entre os dois ritos.[7]

Em seu desdobramento final, toda essa argumentação conclui o seguinte: se Paulo iguala a circuncisão e o batismo e se o primeiro era aplicado aos bebês, nenhum absurdo há em aplicar também o batismo aos recém-nascidos.

Outro intrigante argumento em prol do batismo infantil é baseado em Romanos 4.11. Esse argumento é construído assim: em Romanos 4.11, Paulo define a circuncisão como “selo da justiça da fé”. Ora, no Antigo Testamento Deus ordenou que esse “selo da justiça da fé” fosse aplicado a bebês que não tinham fé (Lv 12.3). Logo, não é errado gravar com um selo de fé as crianças que ainda não crêem. Condenar essa prática seria reprovar o que o próprio Deus ordenou! Assim, considerando que o batismo também é um selo de fé, nada há de errado em aplicá-lo ao bebê que ainda não crê. Se o próprio Deus mandou que isso fosse feito, quem somos nós, dizem, para afirmar que é preciso crer antes de receber o selo da fé?[8]

Esse conjunto de argumentos, ainda que muito bem elaborado, está sujeito a sérios questionamentos. Primeiro: a noção de que a participação dos pais crentes no Novo Pacto autoriza o batismo de seus filhos, da mesma forma que a participação dos pais israelitas no Velho Pacto impunha-lhes o dever de circuncidar seus bebês merece grave objeção. Isso porque o bebê israelita não era circuncidado porque seus pais eram israelitas. Ele era circuncidado porque, sendo filho de judeus, “ele próprio” era israelita. A “causa direta” da circuncisão do bebê judeu não estava nos pais, mas no próprio bebê, no fato de ele mesmo ser um judeu.

Ora, não é esse o caso dos filhos dos crentes. Estes não nascem crentes, inexistindo neles próprios qualquer razão para que recebam o batismo. De fato, se o filho do israelita nascia israelita e, por isso, era circuncidado, o filho do cristão, por sua vez, não nasce cristão, não havendo razão nenhuma para ser batizado.

Há também uma grave deficiência no ensino de que o batismo é um substituto da circuncisão. Na verdade, absolutamente nada na Bíblia corrobora essa concepção. Mesmo o texto de Colossenses 2.11-12 está mui longe de confirmá-la. Aliás, uma simples leitura dessa passagem deixará o leitor surpreso, questionando onde é possível encontrar ali qualquer base para o ensino de que o batismo ocupa hoje o lugar da circuncisão.

A eventual surpresa do leitor será fácil de ser compreendida. Isso porque Colossenses 2.11-12 fala claramente da circuncisão do coração e do batismo do crente na morte de Cristo, ou seja, trata de realidades espirituais e não de ritos externos. Ademais, a passagem aponta essas realidades espirituais como fenômenos distintos e não como se o segundo fosse substituto do primeiro.

Com efeito, em Colossenses 2.11-12, Paulo explica que o crente foi circuncidado por Cristo (Rm 2.28-29). Isso significa, conforme o próprio v. 11 esclarece, que sua natureza pecaminosa foi despojada e enfraquecida (Rm 6.6). Em seguida, o apóstolo afirma que esse milagre aconteceu quando o crente foi batizado na morte de Cristo (v. 12), isto é, quando, pela fé, ele se uniu ao Salvador, morrendo para o pecado e ressuscitando para uma vida nova (Rm 6.3-4).

Assim, Paulo trata nessa passagem de duas realidades ligadas, porém bastante diferentes: a participação do crente na morte de Cristo (o que é chamado de batismo) e o amortecimento de sua natureza pecaminosa (a circuncisão do coração) decorrente daquela maravilhosa participação. Esse e somente esse é o ensino claro da passagem, estando mui longe de servir de base para a noção de que o batismo é a versão cristã da circuncisão judaica. Consequentemente, batizar bebês sob tal pretexto é prática carente de fundamento sólido.

Outro argumento contrário ao ensino da conexão entre batismo e circuncisão pode ser construído a partir da exposição que Pedro fez, no Concílio de Jerusalém, acerca de seu ministério junto aos gentios (At 15.6-11).

O relato de Atos mostra como Pedro foi chamado para pregar o evangelho aos gentios na casa de Cornélio (At 10.1-22) e como todos ali se converteram a Cristo, sendo, em seguida, batizados (At 10.44-48).

Ocorreu, porém, que, mais tarde, após a Primeira Viagem Missionária de Paulo, alguns indivíduos procedentes da Judeia começaram a ensinar que os gentios convertidos deviam ser circuncidados (At 15.1). Isso deu ensejo a que os apóstolos e presbíteros de Jerusalém, além de Paulo, Barnabé e outros irmãos de Antioquia, se reunissem para tratar da questão (At 15.2-6). De um lado, Pedro, Paulo e Barnabé defendiam a desnecessidade da circuncisão (At 15.2,10). De outro, os que pertenciam à seita dos fariseus exigiam que os gentios convertidos fossem submetidos ao rito judaico (At 15.5).

No fim, o parecer de Tiago foi decisivo e a igreja entendeu que os crentes gentios não precisavam se submeter à lei de Moisés, especialmente no tocante à circuncisão (At 15.13-29).

O que chama a atenção no curso dos debates em Jerusalém é a preleção de Pedro contra a necessidade da circuncisão (At 15.6-11). Ele havia batizado todos aqueles gentios que tinham se convertido na casa de Cornélio (At 10.47-48). Ora, se para ele o batismo correspondesse à circuncisão exigida pelos seus oponentes, por que não fez essa alegação em seu discurso? Por que Pedro não disse: “Meus irmãos, os gentios foram circuncidados sim, mas pelo novo método que é o batismo!”. Nenhum outro momento da história bíblica seria mais apropriado para enunciar esse ensino e calar de vez a boca dos cristãos judaizantes.

No entanto, Pedro sequer menciona ter batizado os gentios! Paulo também silencia sobre isso em seu discurso (At 15.12), levando a crer que a ideia de que o batismo é um substituto da circuncisão jamais passou pela mente dos apóstolos, sendo apenas fruto da criatividade de teólogos de séculos posteriores.

Quanto ao argumento construído sobre Romanos 4.11, em que a circuncisão é chamada de “selo da justiça da fé”, este também é facilmente desfeito. Conforme visto, seus proponentes afirmam que a circuncisão judaica, um selo da justiça da fé, devia ser aplicada a bebês sem fé, de modo que, segundo eles, nada pode haver de errado em fazer o mesmo com o batismo, outro selo da justiça da fé.

Essa linha de raciocínio, contudo, está equivocada, pois, ao chamar a circuncisão de selo da justiça da fé, Paulo se refere à circuncisão específica de “Abraão”. Tanto isso é verdade que, se o texto em análise for lido com atenção, fatalmente saltará aos olhos que a circuncisão ali mencionada é vista como um selo da justiça procedente da fé “que Abraão teve” quando ainda incircunciso.

A circuncisão isoladamente considerada, portanto, não era um selo de fé, mas apenas uma marca distintiva no corpo dos que participavam da Antiga Aliança. Para receber um selo de fé, é preciso ter fé. Foi por isso que quando o eunuco etíope perguntou a Filipe se podia ser batizado, o evangelista respondeu: “É lícito, se crês de todo o coração” (At 8.37).

Desse modo, batizar bebês permanece uma prática sem qualquer base nas Escrituras. Na verdade, apenas crianças que já compreenderam o evangelho e aceitaram sua mensagem podem ser batizadas. Isso porque antes de ser batizada a pessoa deve se arrepender e crer em Cristo (At 2.38, 41-42; 8.37).

Ademais, se, conforme visto, o batismo é um gesto “proclamativo”, “identificador”, “simbólico” e “dramatizador”, só estão aptos a se sujeitar a ele quem sinceramente proclama ter uma boa consciência para com Deus, quem se identifica com a comunidade de discípulos de Jesus, quem pode afirmar simbolicamente que foi lavado pelo Espírito Santo e quem de fato morreu para o pecado e ressuscitou para uma nova vida, de maneira que tem o direito e o dever de encenar essas realidades por meio do rito batismal.

– Marcos Granconato
___________________________________________________
Acesse o blog do livro "O Evangelho Sem Disfarces" e baixe-o gratuitamente clicando aqui:
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/2019/08/sumario-o-evangelho-sem-disfarces.html

Compre o livro impresso aqui:
https://clubedeautores.com.br/livro/o-evangelho-sem-disfarces

– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página 
JP Padilha
– Fonte 3: 
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: 
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/

O BATISMO: Significado e Método | Marcos Granconato



O verbo “batizar”, na língua em que foi escrito o Novo Testamento (grego koinê), significa “imergir”. De fato, a imersão, era a forma de batismo adotada pelos apóstolos e pelos primeiros cristãos. Aliás, é bom dizer desde já que a alegação de que no Novo Testamento o batismo por aspersão é visto em Atos 9.18; 10.47-48 e 16.33 não se baseia em nenhuma evidência textual ou histórica, mas somente nas suposições de alguns intérpretes que imaginam ter sido difícil realizar a imersão nas ocasiões descritas nesses textos. Essas suposições, contudo, não levam em conta a natureza abreviada ou resumida da narrativa nem a consequente implicação lógica de que as pessoas mencionadas nos textos de Atos se deslocaram para um lugar onde houvesse água suficiente para imergir os novos crentes.

A convicção acerca da imersão como prática dos cristãos primitivos baseia-se em ampla evidência neotestamentária (Mt 3.16; Mc 1.5, 9-11; Jo 3.23; At 8.36-39). Essa evidência, porém, é fortalecida por fatores históricos de peso incontestável. Por exemplo: a literatura produzida nos tempos da igreja antiga mostra, mais especificamente no “Didaquê”, o uso da imersão. Ali fica claro que a aspersão era admitida somente quando não havia água suficiente.[1]

É também curioso observar que as catedrais europeias construídas na Idade Média têm ainda hoje marcado no piso do prédio do batistério o local em que antigamente ficava o “tanque” usado para a imersão. Diga-se ainda que o próprio reformador João Calvino, praticante do batismo por aspersão, escreveu em suas institutas: “... na verdade, o próprio termo batizar significa imergir, e é patente haver sido observado na igreja antiga o rito de imergir”.[2]

O fato de a imersão ser, inegavelmente, a forma de batismo adotada pelos primeiros cristãos não implica, necessariamente, na rejeição do batismo por aspersão como prática herética. Isso porque, à luz do Novo Testamento, o batismo cristão deve atingir quatro propósitos fundamentais, sendo certo que a maior parte deles é alcançada também pelo rito de aspergir.

O primeiro propósito do batismo é “proclamativo”. Quando é batizado, o crente, sendo indagado pelo ministrante acerca do seu relacionamento com Deus, anuncia publicamente que fez as pazes com ele, por meio da obra realizada por Cristo (1Pe 3.21). Esse alvo é perfeitamente alcançado, independentemente da forma de batismo adotada.

O batismo tem também um propósito “identificador”, apontando para a associação do batizando com Cristo e seus seguidores. A Bíblia ensina que os israelitas libertos do Egito foram batizados na nuvem e no mar com respeito a Moisés. Isso significa que, ao se colocar sob a nuvem e ao passar pelo mar, cada israelita se identificou com Moisés ou, mais especificamente, com o povo liberto por ele (1Co 10.1-2). Da mesma forma, o crente, quando se submete ao batismo, apresenta-se como alguém que faz parte da comunidade de redimidos por Cristo, identificando-se com esse grupo que se “revestiu” do Senhor (Gl 3.27).

De fato, Cristo disse que, por meio do batismo, o homem demonstra que se tornou um discípulo dele (Mt 28:19). Obviamente, não sendo dependente da forma, esse ideal se perfaz não só no rito de imergir, mas também por meio da aspersão da água sobre o crente.

O terceiro propósito do batismo é “simbólico” e consiste de prover uma alegoria da lavagem espiritual que beneficia todo aquele que recebeu o Salvador. Com efeito, o homem que é justificado pela fé em Cristo é lavado dos seus pecados (1Co 6.11). Esse é o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo de que fala Paulo em Tito 3.5. Ora, O batismo é uma forma de simbolizar essa realidade (At 22.16) e tanto o batismo por imersão como o realizado pela aspersão suprem muito bem esse objetivo (Hb 10.22).

Finalmente, o batismo tem um propósito “dramatizador”, posto que na sua realização são encenadas a morte do crente para o pecado e a sua ressurreição para uma nova vida. A conexão entre o batismo e o processo abrangente da morte, sepultamento e ressurreição do crente é vista em Romanos 6.4 e Colossenses 2.12. Nesse aspecto, a imersão supre perfeitamente o ideal de encenar o que aconteceu com o homem que recebeu o perdão de Deus. É, de fato, nítido o significado de cada gesto: o mergulhar na água evoca a morte do crente para o pecado e seu sepultamento com Cristo; o levantar-se da água denota sua ressurreição para uma vida nova sob a influência do Espírito Santo.

É precisamente na realização desse quarto objetivo que o batismo por aspersão se mostra ineficaz. Ora, para atingir o propósito “dramatizador”, a forma de batismo é essencial, impondo-se a necessidade da imersão. Isso porque, obviamente, o processo de morte, sepultamento e ressurreição não pode ser adequadamente simbolizado por meio da mera aspersão de água sobre o candidato.

Assim, não é correto dizer que o batismo por aspersão é herético. Também peca pelo exagero quem afirma que o crente aspergido jamais foi batizado. O que deve ser afirmado é que o crente batizado por aspersão cumpriu sim a ordenança de Jesus. Porém, o fez de modo irregular, não realizando um dos propósitos centrais dela, ou seja, a encenação do processo morte/sepultamento/ressurreição. Em suma: seu batismo foi “existente”, mas não foi “regular”. Naturalmente, o único modo de suprir essa irregularidade é submeter o crente a um novo batismo, no qual seja observado o rito da imersão.

– Marcos Granconato
___________________________________________________
Acesse o blog do livro "O Evangelho Sem Disfarces" e baixe-o gratuitamente clicando aqui:
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/2019/08/sumario-o-evangelho-sem-disfarces.html

Compre o livro impresso aqui:
https://clubedeautores.com.br/livro/o-evangelho-sem-disfarces

– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página 
JP Padilha
– Fonte 3: 
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: 
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/

É POSSÍVEL PERDER A SALVAÇÃO? | JP Padilha


“Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama” (2 Pedro 2.20-22).

Com base neste versículo, muitos crentes pensam ser possível que um cristão perca a salvação pelo fato de que muitos crentes professos, conhecedores da verdade do evangelho, renunciam o conhecimento do Senhor e outra vez são envolvidos e vencidos pelas corrupções do mundo, das quais uma vez haviam escapado. Mas estes versos não dizem, nem poderiam dizer que um cristão perde a salvação que uma vez foi conquistada na cruz do calvário por Cristo. Estes versos falam de pessoas que apenas professaram o evangelho temporariamente, mas que não são salvas devido ao fato de voltarem a se envolver e ser dominadas pelas mesmas “corrupções do mundo”, o que torna o estado dessas pessoas ainda pior do que antes da sua profissão do evangelho. Os versículos não falam que elas perderam a salvação, mas que provaram não ser salvas. Para provar este ponto, basta lembrar o que Jesus disse a respeito de seus escolhidos em João 5.24. Aqui é dito que uma pessoa verdadeiramente redimida pelo seu sangue sequer participará do Juízo Final:

Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação (ou Juízo – ARA), mas passou da morte para a vida” (João 5.24).

Atente-se para os tempos dos verbos, os quais revelam uma transformação imutável na posição do pecador salvo: “ouve”, “crê”, “TEM”, “ENTRARÁ”, “PASSOU”. A passagem NÃO diz que o salvo “terá” vida eterna, mas que tem a vida eterna no momento em que crê, o que significa um direito adquirido por graça, e tão somente pela graça. A conjugação desses verbos está bem definida aqui, de forma que aquele que verdadeiramente recebe a genuína fé jamais pode decair da graça que uma vez lhe fora conferida.

Há diferentes tipos de julgamentos que você encontra na Bíblia, mas é importante distinguir cada um deles. Na ordem dos eventos proféticos, primeiro vem o arrebatamento da Igreja (os salvos) e dos que morreram em Cristo. Para estes não há julgamento ou condenação, pois Cristo pagou o preço de sua redenção. A dívida foi quitada. Nas palavras de Mario Persona, “Deus seria tão injusto de julgar um crente quanto um juiz humano seria injusto de julgar alguém por um crime que outro confessou e pagou a pena. Cristo confessou nossos pecados (levou sobre si) e pagou a pena”.

Oras, se Jesus disse que aquele que crê verdadeiramente nele não participa sequer do Juízo Final, o que podemos inferir de 2 Pedro 2.20-22? Certamente não se trata de um genuíno crente sendo capaz de perder a salvação uma vez dada aos santos de Deus. Portanto, o contexto mais adequado para entender o que Pedro está nos dizendo está em 1 João 2.19, que diz:

“Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós” (1 João 2.19).

Este é o contexto. Se considerarmos o que está explícito neste verso, todo o entendimento do contexto de 2 Pedro 2.20-22 virá à tona, e teremos convicção de que esse texto NÃO diz que um genuíno cristão, nascido de novo, pode perder a salvação. A doutrina satânica do livre arbítrio ensina que uma pessoa redimida pelo sangue de Cristo pode perder a salvação, mas, como podemos constatar na Bíblia, isso é uma heresia que alcança um nível de iniquidade difícil de suportar. É tirar de Jesus Cristo o seu poder de salvar aqueles que o Pai lhes deu:

“E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia” (João 6.39).

ENTENDENDO O CONTEXTO DE 2 Pedro 2.20-22

João Calvino, um dos maiores expositores da Doutrina da Salvação, comenta sobre estes dois versos da seguinte forma:

“Pedro mostra quão perniciosa foi a seita que levou os homens consagrados a Deus de volta à sua sujeira antiga e às corrupções do mundo. E ele exibe o nível hediondo do mal por uma comparação; pois não era pecado comum afastar-se da santa doutrina de Deus. Teria sido melhor para eles, diz ele, não conhecer o caminho da justiça; pois, embora não haja desculpa para a ignorância, o servo que, consciente e deliberadamente, despreza as ordens de seu Senhor, merece uma dupla punição. Além disso, havia ingratidão, porque deliberadamente extinguiram a luz de Deus, rejeitaram o favor que lhes era conferido e, sacudindo o jugo, tornaram-se perversamente devassos contra Deus; sim, na medida do possível, profanaram e revogaram a aliança inviolável de Deus, a qual havia sido ratificada pelo sangue de Cristo. Quanto mais sinceros deveríamos ser, deveríamos avançar humildemente e cuidadosamente no curso de nosso chamado. Agora devemos considerar cada sentença.

Ao nomear as “corrupções do mundo” (vs 20)Pedro mostra que rolamos na sujeira e somos totalmente poluídos até renunciarmos ao mundo. Por “o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo” (vs 20), ele sem dúvida entende o evangelho. Ele testemunha que o objetivo é livrar-nos das impurezas do mundo e nos afastar delas. Pela mesma razão, ele chama depois de “o caminho da justiça” (vs 21). Ele, então, sozinho, faz um progresso correto no evangelho que fielmente aprende de Cristo; e ele realmente conhece Cristo, que o ensinou a despojar-se do velho e vestir-se do novo, como Paulo nos lembra em Efésios 4.22.

Ao dizer que, tendo abandonado “o santo mandamento que lhes fora dado” (21)eles retornaram às suas próprias poluições, ele sugere primeiro quão indesculpáveis ​​eram; e, em segundo lugar, ele nos lembra que a doutrina de uma vida santa e virtuosa, embora dirigida a todos em comum, ainda é peculiarmente ensinada àqueles a quem Deus favorece com a luz de seu evangelho. O homem, por si só, não pode alcançar a verdade de Deus. Mas Pedro declara que aqueles que novamente se tornam escravos das poluições do mundo se afastam do evangelho de uma vez por todas. Os fiéis também pecam; mas como eles não permitem o domínio do pecado sobre si, eles não se afastam da graça de Deus, nem renunciam à profissão de sã doutrina que uma vez adotaram. Os que permanecem no pecado não devem ser considerados salvos pela graça enquanto resistem arduamente à carne e às suas concupiscências” (João Calvino – Comentário de 2 Pedro 2.20-22).

Estes versos nos falam de homens que se submeteram à obediência a Cristo e, após isso, se precipitaram novamente em pecados sem medo ou vergonha. Agora note algo interessante: No verso 22 estes falsos crentes são comparados a “cães e porcos”. Isso nos lembra do que Jesus nos advertiu a respeito daqueles que são incapazes de receber o evangelho como pérolas, mas tratam-no como se fossem pedradas. Senão, vejamos:

“Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mateus 7.6).

O sentido aqui é que, quando identificamos esses “cães e porcos”, não devemos distribuir as pérolas do evangelho a eles, visto que eles não sabem diferenciar pérolas de pedradas. Com isso, cães e porcos, quando ouvem o evangelho da graça, se sentem ofendidos e voltam-se contra nós a fim de nos despedaçar.

Mas, voltando ao contexto de 2 Pedro 2.20-22, daqui resulta que nenhuma parte do pecado pode ser atribuída ao evangelho. Para esse propósito, Pedro cita dois provérbios antigos – sendo o primeiro deles o ditado de Salomão em Provérbios 26.11. Neste provérbio se diz: “Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia”. Pedro, com base neste provérbio, prossegue em dizer que “o cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama” (vs 22). O que Pedro quis dizer é brevemente isso: que o evangelho é um remédio que nos purifica com alimentos saudáveis, mas que existem muitos cães que vomitam e engolem novamente o que vomitaram para sua própria ruína; e que o evangelho também é uma pia que limpa toda a nossa impureza, mas que existem muitos porcos que, imediatamente após a lavagem, se revolvem na lama. Estes indivíduos são claramente identificados aqui como réprobos, indignos e incapazes de ouvirem outra vez o evangelho (Tt 3.10-11). Ao mesmo tempo, os piedosos são lembrados a prestar atenção em si mesmos, exceto que desejem ser considerados cães ou porcos (Mt 7.6).

Sendo assim, a resposta é: Não, o verdadeiro crente não pode perder a salvação. A Palavra de Deus confirma a garantia da salvação:

“Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória” (Efésios 1.11-14).

– JP Padilha
___________________________________________________
Acesse o blog do livro "O Evangelho Sem Disfarces" e baixe-o gratuitamente clicando aqui:
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/2019/08/sumario-o-evangelho-sem-disfarces.html

Compre o livro impresso aqui:
https://clubedeautores.com.br/livro/o-evangelho-sem-disfarces

– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página 
JP Padilha
– Fonte 3: 
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: 
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/

COMO AMO A TUA LEI | Marcelo Rodrigues


“Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei” (Salmos 119.18).

Este lindíssimo Salmo é o maior de todos os Salmos. Sua autoria é indefinida, mas a sua relevância é enorme! Revela-se como uma oração de um coração que se humilha em busca dos ensinamentos da Palavra do Senhor! Este Salmo nos leva a meditar sobre a nossa postura diante da Palavra de Deus! Ao nos debruçarmos sobre a Palavra, recebemos a vida que dela emana.

A leitura da Palavra de Deus deve ser encarada como um deleite e não como um esforço desgostoso. Já recebi algumas reclamações sobre a extensão dos textos e reflexões que escrevi com os ensinos extraídos da Palavra. Qual a sua postura diante da Palavra de Deus? Você a considera um tesouro inestimável ou a trata como algo sem valor ou relevância para você?

O que não tem valor para nós não é tratado como prioridade e não recebe a nossa dedicação ou atenção! O tempo que dedicamos à Palavra revela a importância que damos a ela! A sua fome irá determinar o quanto você se alimentará da Palavra de Deus. A leitura da Palavra é alimento. Quem pouco lê ou ouve a Palavra, pouco se alimenta.

Quem se inclina à Palavra de Deus recebe:

1. Comportamento irrepreensível - versículo 1.
2. Não praticam o mal e andam nos caminhos do Senhor - Versículo 3.
3. Não se decepcionarão - Versículo 6.
4. Tem prazer e alegria nos decretos de Deus - Versículos 14 e 16.

Temos diversos recursos para recebermos o alimento da Palavra. Áudios, textos, Bíblias tradicionais (papel), Aplicativos em smartphone. Excelentes mestres, pastores e professores também possuem conteúdos da Palavra. Somos o Povo do Livro! As Sagradas Escrituras nos dão vida!

Há tesouros escondidos na Palavra de Deus que irão mudar o nosso modo de pensar e consequentemente o nosso modo de agir! A Palavra de Deus traz sobre nós os pensamentos de Deus, que são maiores e mais altos que os nossos pensamentos. Ela nos revela os caminhos de Deus que não são os nossos caminhos!

"Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos", declara o Senhor. “Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos” (Isaias 55.8-9).

A meditação na Palavra é um convite ao desfrute e à comunhão com Deus! A postura do salmista, diante da Palavra de Deus, deve ser também a nossa postura. Devemos nos aproximar com o coração de um discípulo, com humildade, simplicidade e coração de aprendiz. Não podemos nos comportar de modo soberbo.

Peça ao Senhor que Ele incline o seu coração à sua Palavra! Este é o maior Salmo e o ensino que dele extraímos nos inclina à relevância que devemos dar à Palavra de Deus!

Meditar na Palavra é investir no seu relacionamento com Deus! Então, abra o Livro! Abra o Livro Sagrado! Se debruce sobre a Palavra de Deus! Ore para que o Deus da Palavra fale ao seu coração e te dê amor e contentamento nesta prática!

Leia todo o Salmo 119 e se inspire a buscar a Palavra do Senhor!

Graça e paz!!!

– Marcelo Rodrigues
___________________________________________________
Acesse o blog do livro "O Evangelho Sem Disfarces" e baixe-o gratuitamente clicando aqui:
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/2019/08/sumario-o-evangelho-sem-disfarces.html

Compre o livro impresso aqui:
https://clubedeautores.com.br/livro/o-evangelho-sem-disfarces

– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página JP Padilha
– Fonte 3: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/

A VIGILÂNCIA NA ASSEMBLEIA | Bruce Anstey



Em uma assembleia biblicamente reunida haverá liberdade para vários irmãos exercitarem seus dons e sacerdócio, mas não devemos pensar que na assembleia não há governo. As Escrituras indicam que existem certas regras (liderança administrativa) na Igreja. Na assembleia biblicamente reunida haverá aqueles que tomarão a liderança administrativa para assegurar que a santidade e a ordem sejam mantidas.

Normalmente o Senhor guia uma assembleia local no que tange às responsabilidades administrativas por meio dos que “tomam a liderança” (1 Ts 5:12-13; Hb 13:7,17,24; 1 Co 16:15-18; 1 Tm 5:17 – Tradução de J. N. Darby). Essa frase na versão King James da Bíblia e na versão de João Ferreira de Almeida foi traduzida como “aqueles que presidem sobre vós”, mas é um pouco equivocada, nos levando a pensar que exista uma casta especial de homens que esteja “sobre” o rebanho – o clérigo. É evidente que essas versões da bíblia estiveram nas mãos de clérigos que de alguma forma influenciaram na tradução. O uso da palavra “bispo” é outro exemplo. Ela deveria ter sido traduzida como “supervisor” ou “supervisão”.

Tomar “a liderança” nessa função não significa liderar no ensino público ou pregar, mas tem a ver com questões administrativas da assembleia. Confundir essas duas coisas é interpretar de forma equivocada a diferença entre dons e ofícios, que são duas esferas distintas na Casa de Deus. Alguns daqueles que “tomam a liderança” podem não ensinar publicamente, mas quando são capazes são muito bons e úteis (1 Tm 5:17). Estes homens devem conhecer os princípios da Palavra de Deus e serem capazes de expô-los para que a assembleia compreenda o curso da ação que Deus tomaria em um assunto em particular (Tt 1:9). Estes homens não constituem a si mesmos para o desempenho deste papel, nem mesmo são constituídos pela assembleia – como é frequente na Igreja professa atualmente – mas eles são levantados pelo Espírito Santo para este trabalho (At 20:28). A assembleia irá reconhecê-los pelo cuidado devotado aos santos, pelo conhecimento dos princípios das Escrituras e pela demonstração de bom discernimento.

Há três palavras usadas nas epístolas para descrever estes líderes responsáveis na assembleia local.

- Primeiramente, “anciãos” (Presbuteroi). Essa palavra se refere àqueles avançados em idade – implicando maturidade e experiência. No entanto, nem todos os homens mais velhos da assembleia necessariamente atuam no papel de líderes (1 Tm 5:1; Tt 2:1-2).

- Em segundo lugar, “bispos” ou supervisores (Episkopoi). Essa palavra se refere ao trabalho que eles fazem – pastoreando o rebanho (At 20:28; 1 Pe 5:2), cuidando das almas (Hb 13:17) e admoestando (1 Ts 5:12).

- Em terceiro lugar, “guias” ou líderes (Hegoumenos). Isto se refere à capacidade espiritual que possuem em liderar e guiar os santos.

Os pontos acima mencionados não se referem a três diferentes posições na assembleia, mas sim a três aspectos de um trabalho que esses homens fazem. Isto pode ser visto pela maneira como o Espírito de Deus usa os termos alternadamente – compare Atos 20:17 com 20:28 e Tito 1:5 com 1:7. No livro de Apocalipse os que possuem esta função são chamados de “estrelas” e também de “anjo da igreja (local)” (Ap 1 a 3). Como “estrelas” eles devem ser testemunhas da verdade de Deus (dos princípios de Sua Palavra) como portadores de luz na assembleia local, trazendo luz sobre os vários assuntos enfrentados pela assembleia.

Isso é ilustrado em Atos 15. Após ouvir sobre os problemas que estavam atribulando a assembleia, Pedro e Tiago trouxeram luz à questão. Tiago aplicou um princípio da palavra de Deus e julgou da forma como ele acreditava que o Senhor desejaria que eles fizessem (vss. 15 a 21). Como “o anjo da igreja”, eles agem como mensageiros que levam a mente do Senhor à assembleia no cumprimento das coisas. Isso também é ilustrado nos versículos 23 a 29.

Como já foi dito, não há nomeação oficial de anciãos/supervisores/guias para este trabalho hoje, como houve na Igreja primitiva (At 14:23; Tt 1:5), porque não há apóstolos (ou pessoas delegadas pelos apóstolos) na terra para ordená-los. Isso não significa que o trabalho de supervisão não possa continuar. O Espírito de Deus continua levantando homens de Deus para exercer a supervisão na assembleia biblicamente reunida (At 20:28). Esses certamente seriam aqueles que um apóstolo iria ordenar se vivesse em nossos dias.

Na carta de despedida de Paulo aos anciãos de Éfeso, ele fornece uma descrição do caráter e trabalho de um ancião/supervisor/guia, usando a si mesmo como exemplo (At 20:17-35). Primeiramente ele destaca o que os mesmos devem ser:

- Coerentes (vs. 18);
- Humildes (vs. 19);
- Compassivos (v. 19);
- Perseverantes (vs. 19);
- Fiéis (vs. 20);
- Comprometidos (vss. 21-24);
- Enérgicos (ou decididos) (vss. 24-27).

Na sequência ele destaca o que eles devem fazer:

- Pastorear o rebanho (vs. 28);
- Vigiar contra duas ameaças: lobos adentrando e homens atraindo discípulos após si (vss. 29-31);
- Utilizar os recursos dados por Deus para aquele trabalho – oração e a Palavra de Deus (vs. 32);
- Ter o ministério de dar (vss. 33-35).

A MANUTENÇÃO DA SANTIDADE E DA ORDEM

O propósito do governo na igreja é manter a santidade e a ordem na casa de Deus. Isso, tem a ver, principalmente, com duas coisas:

- O cuidado com o que adentra a assembleia. Isso envolve princípios de recepção.

- O cuidado com o que (ou quem) está na assembleia. Isso envolve disciplina na Igreja, caso necessário.

PRINCÍPIOS DE RECEPÇÃO

Importar-se com a glória de Deus com relação ao que trazemos à comunhão, é algo que praticamente não existe na cristandade hoje. Ora, a Bíblia ensina que a assembleia deve ter cuidado em não trazer alguém à comunhão que possa estar envolvido com o mal, seja esse mal moral, doutrinal ou eclesiástico. O princípio é simples. Se uma assembleia local é responsável por julgar o mal no seu meio excomungando os que praticam o mal (1 Co 5:12), então é natural que se tenha cuidado com o que ou quem é trazido à assembleia.

Tem sido dito, e com razão, que a assembleia local não deve possuir uma comunhão aberta e nem fechada, mas sim, uma comunhão vigiada. A assembleia deve receber à mesa do Senhor todos os membros do corpo de Cristo a quem a disciplina bíblica não proíbe. Se, por um lado, todo cristão possui o direito de estar à mesa do Senhor, por outro nem todo cristão possui necessariamente o privilégio de estar nela, pois este privilégio pode ser perdido por seu envolvimento com alguma forma de mal.

Quem decide quem deveria estar em comunhão?

É importante entender que os irmãos na assembleia local não decidem o que é adequado à mesa do Senhor e o que não é. Isto é algo que compete à Palavra de Deus. A razão é que a mesa não é dos irmãos, a mesa é do Senhor (1 Co 10:21). As preferências e gostos pessoais dos que fazem parte da assembleia não têm nada a ver com a recepção. A decisão vem totalmente da Palavra de Deus. Quando não existir um motivo bíblico para recusar a alguém a comunhão à mesa do Senhor, tal pessoa deve ser recebida. Se um crente já tiver sido batizado, for são na fé e piedoso em seu andar, não existe motivo para ser rejeitado. O nível de conhecimento das Escrituras não é um critério neste sentido. Ainda que seja um crente limitado em seu conhecimento, as Escrituras dizem: “Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (Rm 14:1).

Todavia, nem sempre se pode determinar de imediato se alguém é são na fé e piedoso em seu andar. Quanto maior a confusão no lugar de onde a pessoa tiver saído, seja do meio cristão ou do mundo, maior a dificuldade de se tomar uma decisão. Se for este o caso, agir com sabedoria pode significar pedir à pessoa que tem o desejo de estar em comunhão que aguarde. Isto não significa que a assembleia esteja afirmando que tal pessoa tenha alguma associação com o mal. Poderia até ser o caso, porém os irmãos podem estar indecisos quanto a isso e por esta razão devem esperar até que estejam convencidos de não ser este o caso, uma vez que são eles os responsáveis diante de Deus pelas pessoas que recebem em comunhão. As Escrituras ensinam: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios” (1 Tm 5:22). Este versículo fala da comunhão pessoal com alguém individualmente, mas o princípio é amplo o suficiente para guiar os santos na comunhão coletiva à mesa do Senhor. Alguém maduro e piedoso não se sentirá ofendido com isso, pois certamente nenhum cristão piedoso iria querer que a assembleia violasse um princípio bíblico. Na verdade, todo esse cuidado deveria dar a ele a confiança de estar entrando em uma comunhão de cristãos onde existe a preocupação com a glória do Senhor e a pureza da assembleia.

Os testemunhos pessoais não seriam suficientes?

Outro importante princípio relacionado a este assunto e que precisa ser compreendido é que a assembleia, biblicamente falando, não faz coisa alguma baseada no que diz apenas uma testemunha. Tudo o que se refere à assembleia deve ser feito de acordo com este princípio: “Por boca de duas ou três testemunhas será confirmada toda a palavra” (2 Co 13:1). Confira também o que diz em João 8:17 e Deuteronômio 19:15. Por esta razão a assembleia não deve receber pessoas com base em seu próprio testemunho. As pessoas naturalmente costumam dar um bom testemunho de si mesmas, como as próprias Escrituras afirmam: “Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos” (Pv 16:2). E também: “Quem fala de si mesmo busca a sua própria glória” (Jo 7:18). Por isso pode ser preciso pedir a uma pessoa que deseja entrar em comunhão que aguarde. Assim que os irmãos na assembleia local conheçam melhor a pessoa que deseja estar em comunhão, ela poderá ser recebida com base no testemunho desses.

Este é um princípio que encontramos através das Escrituras. Até mesmo o Senhor Jesus Cristo, o Senhor da Glória, sujeitou-Se a este princípio quando Se apresentou a Israel como seu Messias. Ele disse; “Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro [válido]” (Jo 5:31). Em seguida Ele continuou apresentando quatro outros testemunhos que comprovavam quem Ele era: João Batista, Suas obras, Seu Pai e as Escrituras (Jo 5:32-39). Apesar dos vários testemunhos que testificavam dele como sendo o Messias, o Senhor advertiu os judeus de que chegaria um tempo quando eles, como nação, receberiam um falso messias (o Anticristo) sem testemunhas. Ele disse: “Se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis” (Jo 5:43). Assim o Senhor reprovou a prática de se receber alguém com base em seu próprio testemunho.

Atos 9:26-29 nos dá um exemplo do cuidado que a igreja no princípio tinha ao receber alguém à comunhão. Quando Saulo de Tarso foi salvo ele quis entrar em comunhão com os santos em Jerusalém, porém foi rejeitado. Apesar de ser verdade tudo o que ele disse aos irmãos em Jerusalém sobre sua vida pessoal, ele não foi recebido com base em seu próprio testemunho. Foi só quando Barnabé levou Saulo consigo e o apresentou aos irmãos, testificando de sua fé e caráter, de modo que então já era o testemunho de duas pessoas, que os irmãos o receberam. Daquele momento em diante Saulo “andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo” (At 9:28).

Outro princípio para se receber alguém é que existe a necessidade de se colocar à prova a profissão de fé da pessoa. Se alguém diz ser cristão, é preciso que prove isso deixando de lado todo pecado conhecido. Em 2 Timóteo 2:19 diz que “qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade”. Veja também Apocalipse 2:2 e 1 João 4:1. Se essa pessoa não se apartar da iniquidade, seu modo de agir não estará de acordo com sua profissão de fé. Isto é ainda mais importante em uma época de ruína e abandono do testemunho cristão, quando o que não falta são doutrinas e práticas perniciosas de todos os tipos.

Se uma pessoa professa má doutrina, está claro que a assembleia não deve recebê-la, pois se o fizer ficará em comunhão com o mal que ela traz em seu ensino. (Compare 2 Jo 9-11 e Rm 16:17-18). Não falamos aqui das diferenças de opinião que as pessoas possam ter a respeito de assuntos como o batismo, por exemplo, mas de coisas que digam respeito aos fundamentos da fé cristã. As Escrituras dizem: “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus” (Rm 15:5-7). Se alguém que professasse má doutrina fosse recebido, como se poderia dizer que a assembleia estaria concorde e “a uma boca” glorificando a Deus? Os irmãos na assembleia estariam dizendo uma coisa e essa pessoa dizendo outra. O resultado seria confusão. Paulo disse aos Coríntios: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer” (1 Co 1:10).

ASSOCIAÇÕES ECLESIÁSTICAS

Quando a questão envolve pecado eclesiástico, é preciso paciência e discernimento para identificar isso em alguém. Existe uma diferença entre alguém estar associado ao erro clerical por ignorância e uma pessoa ativamente envolvida e promovendo tal erro. Um crente que talvez ignore a ordem bíblica para a adoração e o ministério cristão pode querer partir o pão à mesa do Senhor vindo de uma denominação criada por homens e onde seja adotada uma ordem clerical. Ainda que essa pessoa esteja associada ao erro eclesiástico, ela não está envolvida com o mal eclesiástico. E se tal pessoa for conhecida por sua piedade no andar e professar sã doutrina, não deveria haver impedimento para que ela partisse o pão, mesmo que não tenha se desligado formalmente de sua associação com aquela denominação.

A questão é: quando uma associação inconsciente com o erro eclesiástico se torna mal eclesiástico? Cremos que a resposta é simplesmente quando a vontade da pessoa está envolvida nisso. Para detectar essa vontade é preciso que a assembleia tenha um discernimento sacerdotal. Em casos assim a assembleia precisa depender muito do Senhor para conhecer a opinião que Ele tem a respeito do assunto. Em condições normais os irmãos deveriam permitir que essa pessoa partisse o pão, esperando e confiando que Deus estaria trabalhando em seu coração e que ela iria abandonar o lugar de onde veio após ter participado da ceia do Senhor, continuando a partir daí congregada com aqueles reunidos ao nome do Senhor.

Isto é ilustrado na passagem em 2 Crônicas 30 e31. Ezequias permitiu que o povo de Judá, e também alguns das dez tribos separadas, participassem da Páscoa e adorassem ao Senhor no divino centro em Jerusalém. Depois de fazerem isso, eles voltaram para casa e destruíram seus ídolos e imagens. (Não estamos insinuando que as denominações criadas pelos homens sejam condescendentes com a idolatria; estamos falando apenas do princípio encontrado ali). O que é interessante notar neste caso é que Ezequias não lhes falou para agirem assim! Aquilo foi uma resposta vinda de seus corações pelo simples fato de terem estado na presença do Senhor em Jerusalém.

Todavia, se alguém deseja continuar indo a ambos os lugares regularmente, isto não deveria ser aceito. Como assinalou J. N. Darby, “Pontos de vista eclesiásticos diferentes não representam razão suficiente para colocar fora uma alma. Mas se alguém deseja estar entre os irmãos um dia e no próximo entre os sectários, isso não deveria ser permitido e tal pessoa não deveria ser recebida, pois, ao invés de usar da liberdade que pertence a ela para gozar da comunhão espiritual entre os filhos de Deus, avança na pretensão de mudar a ordem da casa de Deus e perpetuar a divisão dos cristãos. Fica claro que uma pessoa assim não estaria sendo honesta com nenhuma das partes.” Darby também afirmou que a degradação e a corrupção aumentam cada vez mais no testemunho cristão, ficando cada vez mais difícil colocar em prática este princípio. À medida que os dias se tornarem mais sombrios será necessário um discernimento cada vez maior. Atualmente algo assim só tem acontecido esporadicamente.

O VISITANTE OCASIONAL

W. Potter disse: “Eu não concordo com o pensamento de que, às vezes, a participação na Mesa do Senhor é feita, por assim dizer, por conveniência. Por exemplo, como aqueles que entre nós têm parentes que os visitam, sendo estes membros de alguma denominação, e que vêm à reunião e desejam participar conosco da Ceia ‘simplesmente como cristãos’. Pode ser que eles sejam íntegros e tenham uma consciência reta. Porém, eles simplesmente vêm pela ocasião da visita, e não se importam de romper com os amigos com quem reúnem no momento. Nesse ponto eu não concordo”.

“Parece-me que, em tais casos, a nossa responsabilidade não é a de recusar a participação deles, mas de colocá-los a par da razão pela qual estamos reunidos, que a nossa posição é um protesto prático contra a falta de base bíblica para as denominações, e que eles, ao participarem conosco no ato da Ceia naquele momento, identificam-se conosco nessa posição, que é de protesto contra aquilo que eles estão conectados e defendem confessadamente. Estariam eles dispostos, mesmo que por ora, a se identificarem conosco? Onde as almas são exercitadas, é outra questão, e parece-me que alguém se sentiria realmente muito à vontade em sentar-se à mesa com eles”.

“Não é o exercício da alma o que importa? Assim nenhuma regra pode ser estabelecida. Certamente não viria do Senhor a exigência de que uma alma piedosa e exercitada, conectada com qualquer uma das denominações “tradicionais”, cortasse seus laços com a sua igreja, antes que nós permitíssemos que viesse participar conosco à Mesa. Fazer isso, parece-me, é negar praticamente o terreno sobre o qual estamos reunidos”.

“Em relação às assembleias que professam estar reunidas ao nome do Senhor, eu acredito tratar-se de outra questão. Elas professam estar reunidas ao Seu nome, e devem saber por que estão em separação de nós e nós delas. Se alguns deles têm o desejo de participar da mesa conosco, as suas razões para isso devem ser examinadas e medidas tomadas de acordo com o que for encontrado. Há sempre mais conhecimento entre eles, como verdade divina, do que com os santos nas denominações, e creio que, em geral, eles não são  tão ignorantes das causas das divisões entre nós, como alguns deles, às vezes, fazem-nos pensar”.

Em Israel havia “porteiros” e “guardadores de porta” que cuidavam dos portões e guardavam as portas da casa de Deus (1 Cr 9:17-27). O dever deles era deixar entrar os que deveriam estar dentro e recusar a admissão dos que deveriam ser mantidos fora. Da mesma forma hoje, em uma assembleia nos moldes bíblicos, haverá este tipo de cuidado.

Outro tipo de ilustração no Antigo Testamento demonstra esse cuidado no recebimento. Quando a cidade de Jerusalém, o centro divino na terra onde o Senhor colocou Seu nome, foi reconstruída nos dias de Neemias, havia ao seu redor grande perigo por conta dos inimigos. Consequentemente, eles não abriam as portas para permitir que as pessoas adentrassem a cidade até que “o sol aquecesse” [literalmente “meio-dia”] (Ne 7: 1-3.). Eles se certificavam de que não havia nenhum vestígio de “escuridão” ao redor antes de receberem as pessoas na cidade. Até aquele momento, os que queriam entrar tinham que esperar. Enquanto a escuridão da cristandade aumenta nestes últimos dias, são necessários cuidados deste tipo no recebimento.

DISCIPLINA NA IGREJA

Uma assembleia nos moldes bíblicos também exercerá disciplina quando necessário. Se os anciãos que cuidam do rebanho virem uma pessoa  com um mau comportamento, de alguma forma, eles vão agir para corrigi-la (Hb 13:17). Isto será feito para a glória do Senhor, mas também em amor para com o indivíduo que está se extraviando. Eles vão se sentir responsáveis por agir a este respeito, porque sabem que a Palavra de Deus diz: “Se tu deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte, e aos que estão sendo levados para a matança; se disseres: Eis que não o sabemos; porventura não o considerará aquele que pondera os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? Não dará ele ao homem conforme a sua obra?” (Pv 24: 11-12). Como vigias sobre o muro, eles são responsáveis ​​por “tocar a trombeta” para soar um alerta quando veem algum perigo. Ao fazê-lo, eles livram suas próprias almas, porque Deus os considera responsáveis ​​(Ez 33:1-6; Hb 13:17).

Existem três principais áreas de preocupação em que um indivíduo pode se extraviar. Em cada caso, os que cuidam do rebanho e são responsáveis ​​por manter a santidade e a ordem na casa de Deus vão tentar lidar com o problema antes que ele fique fora de controle. Se eles puderem corrigir o curso que uma pessoa está percorrendo antes que ela atinja um ponto em que a assembleia deverá colocá-la fora da comunhão, terão feito um bom trabalho e terão livrado essa pessoa de muita dificuldade e sofrimento em sua vida (Tg 5:19-20). Isso pode ser feito por qualquer um que se preocupa com a pessoa, mas os anciãos/supervisores são primeiramente responsáveis ​​por este trabalho. Por conseguinte, eles vão tomar certas ações preliminares com a pessoa no erro, dependendo do rumo no qual a pessoa está. Isso mostra que a maior parte de toda a disciplina da Igreja deve ser exercida para com uma pessoa que ainda está em comunhão.

Os cenários seguintes dão o procedimento geral. É reconhecidamente difícil delinear o porquê de estas coisas não poderem ser arregimentadas e tratadas como se estivéssemos consultando um manual ou livro; cada caso deve ser tratado em seu próprio mérito, e não existem dois casos idênticos. A Escritura pressupõe que aqueles que fazem este trabalho são pessoas espirituais que irão lidar com esses casos com discernimento “espiritual” (Gl 6:1; 1 Co 2:15).

UMA PESSOA MUNDANA – (com andar imperfeito). Isso pode incluir um grande número de desordens morais nas quais uma pessoa poderia estar envolvida (1 Co 5:11, etc.).

- Aqueles que se importam com o rebanho vão tentar “restaurar” a pessoa surpreendida em alguma falta, com espírito de mansidão, indo a ela com a Palavra de Deus (Gl 6:1; Jo 13:14). Eles procurarão alcançar o coração e a consciência da pessoa de uma forma gentil e carinhosa, num esforço para afastá-la do curso que ele ou ela possam se encontrar.

- Se isso não alcançar a pessoa, o próximo passo será o de “alertar” a pessoa em uma repreensão privada (1 Ts 5:14). Isso seria mais firme e direto.

- Se a pessoa persiste em seu curso, mas não em um pecado em particular que exija a excomunhão, aqueles que assumem a liderança na assembleia podem encorajar os santos a se “afastarem” da pessoa para que sua consciência seja tocada, assim, ela poderá julgar-se a si mesma (2 Ts 3: 6-15).

- Se um pecado em particular se torna manifesto e exige a excomunhão, a assembleia terá que agir na tomada de uma decisão de julgamento obrigatória para “colocar para fora” a pessoa que está entre eles. (Mt 18: 18-20; 1 Co 5:11-13).

UMA PESSOA HERÉTICA/HEREGE – (com erros doutrinais). Esta seria uma situação em que uma pessoa adota doutrinas errôneas consideradas heterodoxas.

- Os responsáveis ​​na assembleia tentarão corrigir o indivíduo de seu erro e “intimá-lo” a não ensinar outra doutrina que não seja a ortodoxa (1 Tm 1:3).

- Se a pessoa insiste em ensinar suas ideias errôneas na assembleia, a assembleia é responsável por “julgar” os seus ensinamentos e chamá-la a ficar em silêncio nas reuniões (1 Co 14:29). Isso poderia ser chamado de “a disciplina do silêncio”.

-  Se as doutrinas da pessoa têm caráter de blasfêmia, tocando a Pessoa e a obra de Cristo, a assembleia deverá colocá-la fora de comunhão. O apóstolo Paulo fez isso com Himeneu e Alexandre, entregando-os a Satanás, para que “aprendam a não blasfemar” (1 Tm 1:20). A assembleia não pode entregar diretamente a Satanás como um apóstolo podia fazer, mas pode colocá-la fora de comunhão, onde Deus julga.

- Se os santos entram em contato com essa pessoa na profissão cristã em geral, elas devem se “afastar” dos tais que têm ensinamentos errôneos e que pervertem a fé dos santos (2 Tm 2:16-19).

A PESSOA QUE CAUSA DIVISÃO – (com espírito herege). Esta é uma pessoa que cria divisão na assembleia, tendo um espírito partidário em alguma causa. Este é mais um mal eclesiástico e, geralmente, é o mais difícil de detectar-se entre todos os males. J. N. Darby disse: “impiedade Eclesiástica é sempre o pior.” Uma vez que isso é prejudicial para a saúde da assembleia, deve ser tratado.

- Os irmãos devem identificar e “evitar” aqueles que provocam divisões e escândalos na reunião (Rm 16:17-18). Nota: Isso não quer dizer: “note os que seguem em divisões”, mas aqueles que “causam” divisões. Isto significa que devemos distinguir entre os líderes e os liderados quando um espírito de partidarismo surge na assembleia.

- Aqueles que pressionam em questões que dividem os santos muitas vezes fazem isso liderando uma rebelião contra os que tomam a dianteira da assembleia. Os que pecam por trazer acusações infundadas contra um ancião, a assembleia deve “repreendê-los na presença de todos” (1 Tm 5:19-20). A repreensão pública está ordenada para quando alguém divide os santos em linhas de partidarismo (Gl 2:12-14).

- Se a pessoa continua a propagar suas questões e a dividir o rebanho, a assembleia tem motivos para excomungá-la. Semear a discórdia entre os irmãos é uma “abominação” ao Senhor (Pv 6:16-19), e algo que é abominável ao Senhor não deve estar em comunhão à Sua mesa. Por conseguinte, a pessoa deve ser afastada.

- Se alguém na assembleia se encontrar com um líder de uma divisão colocado fora da comunhão ou acompanhar essa pessoa, eles devem “admoesta-lo mais uma vez” (Tito 3:10). Se houver qualquer outro encontro com ele, devem “evita-lo”, porque ele está pervertido (Tito 3:10).

TRÊS RAZÕES PARA EXCOMUNHÃO

Existem três razões principais pelas quais a assembleia deve afastar da comunhão pessoas que estão no erro.

1) A Glória do Senhor - A assembleia deve ter cuidado de não permitir que o nome do Senhor seja associado ao mal diante do mundo. Quando os coríntios agiram para a glória do Senhor e colocaram para fora a pessoa imoral que estava no meio deles, o apóstolo Paulo escreveu os elogiando e dizendo: “Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio” (2 Co 7:11). Eles agiram com zelo veemente e vingança para a glória do Senhor.

2) A santidade na Assembleia deve ser mantida - Há duas razões para isso. Em primeiro lugar, a assembleia é lugar da habitação de Deus (Ef 2:22). Ela deve ser mantida como um lugar adequado para a Sua santa presença. O Senhor habita no meio do Seu povo reunido ao Seu nome (Mt 18:20) e, portanto, a assembleia deve manter o mal fora do seu meio para que continue a ser um lugar adequado para Sua presença. “A santidade convém à tua casa, Senhor, para sempre” é um princípio verdadeiro em cada dispensação (Sl 93:5). “O que usa de engano não ficará dentro da minha casa” (Sl 101: 7; 1 Co 3:17; Nm 5: 1-4). A segunda razão é o caráter de fermento do pecado. A Escritura ensina que a associação com o mal contamina. O apóstolo Paulo disse: “Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa” (1 Co 5:6-8; Gl 5:9-12). Se a assembleia não afastar o mal de seu meio, não demorará muito para que outros sejam afetados por ela, porque “as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15:33).

3) A Correção e Restauração do Ofensor - A ação da assembleia de colocar alguém fora da comunhão também deve ter em vista o bem da pessoa que erra. Ela é posta para fora da convivência para que possa ser contristada para arrependimento e restaurada para o Senhor. “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais” (1 Co 5:11). Isto se refere a nem mesmo fazer uma refeição qualquer com a pessoa. Quando a pessoa estiver arrependida e tiver julgado o seu pecado, a assembleia irá recebê-la de volta à comunhão. O apóstolo Paulo disse: “Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor” (2 Co 2:6-8). Esta é uma ação administrativa da assembleia ao desligar alguém.  (Mt 18:18).

A ATITUDE APROPRIADA DA ASSEMBLEIA NA EXCOMUNHÃO

A assembleia deve ter sempre em pauta o assunto de seus pecados. A sua atitude em excomungar alguém deve ser de luto, reconhecendo que eles falharam em não conseguir alcançar a pessoa quando esta estava caminhando rumo ao pecado. Isto é o que os coríntios não fizeram. Paulo lhes disse: “Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação” (1 Co 5: 2). Cada um na assembleia deve buscar em seu coração perguntando a si mesmo, “O que eu poderia ter feito para evitar a queda dessa pessoa?” Devemos ver que temos parte nisso, em não termos guiado/pastoreado a pessoa adequadamente, ou não termos orado por essa pessoa o suficiente, etc. É sobre isso que se refere o comer a oferta pelo pecado (Lv 6:26).

Resumo: Uma assembleia biblicamente reunida terá aqueles que irão assumir a liderança administrativa para garantir que a santidade e a ordem sejam mantidas.

– Extraído do livro "The Search for a Scripturally Gathered Assembly", de Bruce Anstey
___________________________________________________
Acesse o blog do livro "O Evangelho Sem Disfarces" e baixe-o gratuitamente clicando aqui:
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/2019/08/sumario-o-evangelho-sem-disfarces.html

Compre o livro impresso aqui:
https://clubedeautores.com.br/livro/o-evangelho-sem-disfarces

– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página 
JP Padilha
– Fonte 3: 
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: 
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/

QUEM É O JP PADILHA? QUAL É A SUA PROFISSÃO?

Se você me perguntar o que eu sou, eu lhe responderei: "sou esposo". Se você insistir, lhe responderei: "sou pai"....