A HOMOSSEXUALIDADE SEGUNDO A BÍBLIA | JP Padilha


A palavra “Homossexual” é derivada de um termo grego e outro latino: homo, que vem do grego e significa “mesmo”, e sexual, que vem do latim medieval sexualis e do latim clássico sexus, e significa “sexo”. “Homossexual”, portanto, significa literalmente “mesmo sexo”. Trata-se de um comportamento aprendido ou imposto em algum momento da vida, quando há relação sexual de homem com homem ou mulher com mulher. Na linguagem contemporânea, os homossexuais masculinos são frequentemente chamados “gays” e as homossexuais femininas “lésbicas”. A palavra “Homossexual” é de origem relativamente moderna, tendo sido cunhada pela primeira vez por volta de 1890. As traduções inglesas da Bíblia naturalmente não usam esse termo moderno. Entretanto, as Escrituras Sagradas estão repletas de instruções, mandamentos e condenações com relação à prática da homossexualidade. Toda vez que a prática homossexual é mencionada pelas Escrituras, ela é condenada como pecado hediondo, seja no Velho Testamento, seja no Novo Testamento. Não há um versículo sequer em que a prática homossexual não seja condenada e tida como uma prática abominada (odiada) por Deus. Não somente a prática, como também o próprio homossexual é descrito pela Bíblia como uma criatura odiada por Deus e que tem seu futuro condenado de antemão, visto que o praticante deste pecado não tem interesse algum em ter o conhecimento de Deus, como descrito em Romanos 1.24-28,32 – e isso será explicado mais à frente. Nas próximas linhas deste artigo veremos os textos mais enfáticos sobre tal prática perversa, começando pelo Antigo Testamento até chegarmos no Novo Testamento.

A HOMOSSEXUALIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

Levítico 18.22 e 20.13 – A referência mais explícita e importante à homossexualidade no Antigo Testamento ocorre no Código de Santidade de Levítico. Levítico 18.22 afirma especificamente: Não te deitarás com um homem como se deita com uma mulher. Isso é abominável”. O mandamento é repetido em Levítico 20.13, com a prescrição da pena de morte para sua infração: O homem que se deitar com outro homem como se fosse uma mulher, ambos cometeram uma abominação, deverão morrer, e seu sangue cairá sobre eles”.

Na passagem de Levítico 18, a menção da homossexualidade ocorre em contextos de imoralidade grosseira. Neste capítulo aprendemos que a prática homossexual anda de mãos dadas com o sacrifício de crianças perante o deus Moloque e a zoofilia – sexo com animais (vs. 21,23). O capítulo 18 de Levítico descreve as maiores aberrações relacionadas à concupiscência da carne (desejo sexual imoral e exacerbado). Além disso, em ambas as passagens (Lv 18.22; 20.13) a homossexualidade é chamada de “ABOMINAÇÃO”. A palavra hebraica para “abominação”,
תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah) significa um objeto de repulsa. É a condenação mais forte no Antigo Testamento por violações de natureza religiosa.

Os praticantes da homossexualidade e seus advogados argumentam que o termo
תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah) se refere ao ritual judaico em um culto a Deus (ou seja, infrações do culto judaico) em oposição às violações morais que incumbem a todas as pessoas. Eles argumentam, por exemplo, que a proibição da homossexualidade em Levítico é análoga às proibições de “comer carne de porco” ou “ter relações sexuais com uma mulher durante seu período menstrual”. A objeção é a seguinte: Se esses mandamentos perderam sua validade para nós hoje, por que a proibição da homossexualidade deveria ser mantida?

A resposta para tal objeção é que a proibição de se comer carne de porco e outros tipos de animais por parte dos judeus se encontra na lei cerimonial dietética do Antigo Testamento (Lv 11; Dt 14) e não está relacionada às leis morais de Deus dirigidas ao povo de Israel (Lv 18), como no caso da homossexualidade e de tantas outras depravações descritas em Levítico 18. O Antigo Testamento não coloca a homossexualidade na categoria de leis cerimoniais, ritos ou infrações de culto. O termo
תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah - ABOMINAÇÃO) ocorre em Levítico apenas em 18.22,26,27,29,30 e 20.13, onde se refere à imoralidade grosseira dos cananeus. A tradução grega do termo na Septuaginta, βδελυγµα (bdelygma), também significa algo detestável, despertando a ira de Deus. O termo também é reservado para ofensas morais graves. Além disso, a mesma palavra para “abominação” ocorre em uma lista de pecados dos gentios no livro apócrifo Sabedoria de Salomão 12.23, o que indica que a palavra βδελυγμα (bdelygma), assim como תּוֹעֵבָ֖ה (tohehvah), é usada com referência às ofensas morais humanas, não às violações do culto judaico (Para mais exemplos, veja Dt 12.31; 18.9,12; 20.18; 1Rs 14.24; 2Rs 16.3; 21.2; 2Cr 28.3; 33.2; 36.14; Is 44.19).

Portanto, não adianta tentar misturar a lei cerimonial do Antigo Testamento, a qual era constituída de sacrifícios de animais (dízimo), ofertas diversas, circuncisão, dias de festas, sábados, abstinência de determinados alimentos (animais), com a lei moral de Deus, a qual percorre toda a Escritura Sagrada e não somente o Antigo Testamento. A homossexualidade é uma prática duramente condenada nos evangelhos judaicos e no Novo Testamento, assim como no Velho (Gn 19.4-8; Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22-24; Mc 10.6-9; Mt 19.3-6; 1Co 6.10; Rm 1.24-28,32).

O CRISTÃO PODE COMER CARNE DE PORCO?

Antes de continuarmos, vamos dar uma pausa e falar um pouco sobre as leis cerimoniais contidas no Antigo Testamento para entender o significado da proibição de se comer carne de porco por parte dos judeus. A primeira pergunta que surge é esta: O cristão pode comer carne de porco? E a resposta é: Claro que sim. Nada impede que o cristão coma carne de porco e derivados, além de peixes de couro, crustáceos e outros animais que eram proibidos na Lei dada a Moisés. Muito pelo contrário – no Novo Testamento, na Igreja de Deus, a abstinência dos alimentos (carnes) que Deus nos proporcionou é considerada um pecado (1Tm 4.1-5; 1Co 10.25-28; Tito 1.13-15).

Antes de falarmos diretamente sobre a proibição de se comer carne de porco no Judaísmo, é necessário que entendamos outros elementos que fazem parte desta religião.

As coisas que foram escritas no Antigo Testamento, inclusive na Lei dada aos israelitas, eram figuras ou sombras de coisas ainda futuras, e neste tempo da Igreja assistimos de camarote as sombras transformadas na coisa real. A Lei dada a Moisés não se limitava aos dez mandamentos, porém incluía centenas de ordenanças encontradas nos escritos de Moisés. Cada mandamento, cada ordenança, cada oferenda era uma figura ou sombra a nos falar de Cristo, e cada sacrifício aponta para o sangue que seria derramado na cruz para a glória de Deus e a salvação do pecador.

Paulo menciona muito o termo “lei” nos assuntos que enfoca, de maneira ora explícita e clara, ora dificultosa ao entendimento imediato. Certo é que Paulo estabelece a diversidade de leis, realçando uma, a Lei de Deus, também conhecida como Lei Moral, e mostrando a caducidade de outra, a Lei de Moisés, também conhecida como Lei Cerimonial ou Lei Mosaica, na qual era constituída de: sacrifícios de animais (dízimo), ofertas diversas, circuncisão, dias de festas, sábados, abstinência de determinados alimentos (animais)... etc.

A maioria das pessoas, por falta de conhecimento da Bíblia, crê que a Lei de Deus, isto é, a lei moral, incluindo os dez mandamentos que se repetem no Novo Testamento (com exceção do Sábado Judaico), foi abolida quando Cristo morreu na cruz. Isso é um grave engano. Isso ocorre porque essas pessoas aplicam ao termo "Lei", encontrado nas Escrituras, como a definição de todas as leis da Bíblia. Não sancionam a separação delas e discordam que haja distinção entre as mesmas. Tudo se resume, pensam elas, na Lei de Moisés – esta sim abolida por Cristo na cruz.

Porém, admitir que a Bíblia só apresenta uma lei, que tudo é Lei de Moisés, não havendo, portanto, distinção entre elas, é o mesmo que dizer ser ela um amontoado de contradições. De fato, existem leis provindas de Deus que foram enunciadas, escritas e entregues por Moisés, e entre elas está a Lei Cerimonial, constituída de rituais que os judeus deveriam praticar até que viesse o Messias Jesus (Ex 24.7; Lv 11; Dt 31.24-26; 14). É aqui, na Lei Cerimonial dietética (Lv 11; Dt 14), que encontramos a proibição de se comer carne de porco e de vários outros animais considerados imundos no Judaísmo, e não nos mandamentos de Deus para a Igreja no Novo Testamento.

Os rituais cerimoniais que Deus estabeleceu simbolizavam o evangelho para eles (judeus) e compunham-se de ordenanças como: ofertas diversas, holocaustos, abluções, sacrifícios (dízimo), dias anuais de festas específicas e deveres sacerdotais. Tais ordenanças foram registradas na Lei de Moisés [Lei Cerimonial], não na ordem de Deus para a Igreja (2Cr 23.18; 2Cr 30.15-17; Ed 3.1-5).

Todo o cerimonialismo das ordenanças judaicas representava Cristo, e este mesmo cerimonialismo foi cessado em Cristo, na Cruz do Calvário. Todos os estatutos e leis cerimoniais que eram realizados pelos judeus apontavam para Ele, mas Ele as findou na Cruz. Todas as coisas realizadas representavam o sacrifício vicário, o perdão e a salvação realizados por Cristo na cruz (Cl 2.8-19). Por esta razão que não se pode confundir as leis cerimoniais do Judaísmo com a lei moral de Deus que percorre toda a Escritura Sagrada.

Pesquisando atentamente as Escrituras, podemos encontrar muitas leis civis e cerimoniais como:

● Leis acerca dos altares - Êxodo 20.22-26;
● Leis acerca dos servos - Êxodo 21.1-11;
● Leis acerca da violência - Êxodo 21.12-36;
● Leis acerca da propriedade - Êxodo 22.1-15;
● Leis civis e religiosas - Êxodo 22.16-31;
● Lei dietética - Levítico 11; - Proibição do consumo da carne de porco e de vários outros animais;
● Repetição de diversas leis - Levítico 19...
● Leis para os sacerdotes - Levítico 21.1-24;

Dentre as muitas leis cerimoniais, temos o grande exemplo do Tabernáculo, a grande tenda que Deus ordenou como o lugar de adoração dos hebreus. Este Tabernáculo era uma figura de Cristo, bem como seus utensílios e até mesmo o véu, a grande cortina que impedia o acesso ao Santo dos Santos, figura da presença de Deus. É disso que fala a carta aos Hebreus, ao mencionar o véu do Templo rasgado no momento da morte de Jesus: “Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo.” (Hebreus 10.19).

Aarão, irmão de Moisés, era uma figura do sacerdócio de Cristo, intercedendo por nós junto a Deus. Cada detalhe de suas vestes e de seu ministério apontava para o caráter e ministério de Jesus como nosso Sumo Sacerdote. Daí ser uma enorme tolice algumas religiões cristãs imitarem a moda do sacerdócio de Israel nas vestimentas de supostos sacerdotes cristãos. É disso que fala toda a carta aos Hebreus, dirigida a cristãos convertidos dentre os judeus que teimavam em manter as tradições, preceitos e costumes do judaísmo (Hebreus 13.9-13).

Por mais preciosas que sejam as figuras do Antigo Testamento, a carta aos Hebreus nos exorta a não nos ocuparmos com utensílios, tabernáculos, templos, sacerdotes humanos e rituais copiados do judaísmo, mas com a realidade que agora é Cristo. Aos Colossenses Paulo referiu-se ao Antigo Testamento como “sombras do que haveria de vir” (Cl 2.16-17) e aos Coríntios ele disse que “essas coisas ocorreram como exemplos para nós” (1Co 10.6). Aos Hebreus ele diz que essas ordenanças são “figura e sombra das coisas celestes” e devem ser vistas como “figura do verdadeiro” (Hebreus 8.5; 9.24).

“Quando Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes”, diz a carta aos Hebreus, “ele adentrou o maior e mais perfeito Tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação. Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, e obteve eterna redenção... Temos um sumo sacerdote... o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem” (Hebreus 8.1-2).

Depois de saber disso, como um cristão pode de sã consciência adorar a Deus em um templo feito de tijolos, com um sacerdote humano, um altar de mentirinha e tantos utensílios piratas, cópias baratas das figuras do Antigo Testamento? E ainda fantasiado de sacerdote, vestido de roupas que já saíram de moda há alguns milhares de anos.

Oh, perdão! O assunto era a carne de porco! Não eram apenas essas coisas citadas acima que Deus mandou construir, fazer ou vestir que serviam de sombras. Os próprios princípios dietéticos também tinham seu significado. E é aí que entra a carne de porco, a qual os israelitas eram proibidos de consumir. Eles eram proibidos de comer não somente porco, como também muitos outros animais, tais como camelos, coelhos, lebres, peixes, insetos, crustáceos e aves, cuja lista você encontra nos capítulos 11 de Levítico e 14 de Deuteronômio. As restrições serviam para indicar que o povo de Deus devia ser separado da contaminação, pois cada um desses animais representava a impureza em algum sentido.

Acelere o filme até o Novo Testamento e quando chegar no período da Igreja você perceberá que essas coisas caducaram. O apóstolo Paulo exorta e repreende a Igreja de Deus quanto aos indivíduos que tentam estabelecer normas sobre o que se pode comer ou não, e isso pode ser visto em pelo menos três epístolas:

“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; proibindo o casamento, e ORDENANDO A ABSTINÊNCIA DOS ALIMENTOS QUE DEUS CRIOU PARA OS FIÉIS, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; porque TODA A CRIATURA DE DEUS É BOA, E NÃO HÁ NADA QUE REJEITAR, sendo recebido com ações de graças. Porque pela palavra de Deus e pela oração é santificada” (1 Timóteo 4.1-5 – ênfase minha).

“Comei de TUDO quanto se vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar, e quiserdes ir, comei de TUDO o que se puser diante de vós, sem nada perguntar, por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude” (1 Coríntios 10.25-28 – ênfase minha).

“Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé. Não dando ouvidos às FÁBULAS JUDAICAS, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade. Todas as coisas são PURAS para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados” (Tito 1.13-15 – ênfase minha).

Além dessas referências, a segunda e última restrição quanto a “comer ou não comer” aparece bem antes, em Atos 15.19,20, onde aprendemos a nos abster de algumas outras coisas. Lucas diz: “Por isso julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus. Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da fornicação, do que é sufocado e do SANGUE” (Atos 15.19,20 – cf. Dt 12.23).

Como podemos constatar nos versos acima, as únicas restrições quanto ao alimento que ingerimos estão relacionadas à idolatria, isto é, se alguém nos advertir que tal alimento foi sacrificado (ou oferecido) a um ídolo, e ao sangue do animal. Não há outra restrição para o cristão quanto à questão de “pode ou não pode comer”.

Os animais impuros também representavam os gentios, com quem os judeus não deviam se misturar. Todavia, quando o Espírito de Deus fundou a Igreja, fazendo de ambos um só, não fazia mais sentido ficar colecionando sombras ou figuras que já tinham caducado.

Agora preste muita atenção ao que aconteceu com Pedro. Um pouco antes de os gentios serem recebidos no Corpo de Cristo, que é a Igreja, representados na pessoa do centurião Cornélio, seus familiares e amigos, Pedro teve uma visão:

"E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta. E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos, e viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de TODOS OS ANIMAIS quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, MATA E COME. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que DEUS PURIFICOU. E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a recolher-se ao céu." (Atos 10.9-16 – ênfase minha).

Era o próprio Deus ordenando que Pedro comesse animais que na Lei jamais podiam ser comidos. Mas como é que Deus muda assim? A resposta é: Porque ele é Deus. Você nunca reparou nas palavras de Jesus, o Autor da Lei, nos evangelhos judaicos, quando ele dizia: "Ouvistes o que foi dito... eu porém vos digo..." (Mateus 5)? Ali ele revogou vários pontos da Lei porque tinha autoridade para tal. Um cristão que hoje queira viver segundo os mandamentos da Lei mosaica é como um tolo que ainda guarda em sua carteira cédulas de Cruzeiro Cruzados achando que pode comprar alguma coisa com elas. Mais tarde, com um número maior de gentios sendo acrescentados à Igreja, surgiriam dúvidas quanto ao que poderiam ou não comer. E foi assim que surgiram as instruções de Cristo reveladas a Paulo nos textos de 1 Timóteo 4.1-5, 1 Coríntios 10.25-28 e Tito 1.13-15, onde a questão da carne de porco e de outros animais é tratada e tendo um ponto final.

Portanto, se você está ligado a uma religião que tenta aplicar hoje os preceitos dietéticos – como a proibição de se comer carne de porco – e outras leis cerimoniais do Antigo Testamento, tais como guardar o Sábado, saiba que isso nada mais é do que ir na contramão do que Deus determinou para a Igreja.

A DIFERENÇA ENTRE LEI CERIMONIAL E LEI MORAL

Ao abrir a Bíblia, é necessário entender a diferença entre as leis cerimoniais e as leis morais contidas no Antigo Testamento. As leis cerimoniais consistiam em rituais de sacrifício de animais e plantações e regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo, além de outros tipos de oferendas no Judaísmo, a fim de apontar para o sacrifício literal que havia de se cumprir futuramente – o sacrifício vicário de Cristo na cruz. Elas tratavam também da vida e do serviço dos sacerdotes. Essas leis foram cumpridas em Cristo Jesus, não tendo elas valor algum para o cristão. Já as leis morais do Antigo Testamento se encontram em vários outros lugares do Novo Testamento, o qual se inicia em Atos 2, com o advento da Igreja de Deus. A lei moral de Deus retém sua força moral em toda a era da Igreja. Isso é evidente nas próprias Escrituras.

Antes mesmo que a Igreja viesse a ser inaugurada em Atos 2, Jesus já havia permitido que seus discípulos comessem alimentos considerados impuros pelos judeus (Mc 7). Da mesma forma, Ele manteve o modelo heterossexual de criação intacto perante todos os que o ouviam (Mc 10.6-9). É igualmente significativo que, embora as proibições rituais da lei cerimonial do Antigo Testamento tenham sido frequentemente ignoradas ou violadas pelo próprio Cristo, a proibição contra a homossexualidade nunca é questionada na Bíblia, mas repetida e mantida no Novo Testamento (Atos, epístolas e Apocalipse). Um caso clássico de como Jesus ignorou a assim designada “Tradição dos Antigos” (Torah) foi quando violou o sábado dos judeus (Mc 2.23-28), se autoproclamando “Senhor do sábado”. A pena de morte era imputada àqueles que não cumpriam com a guarda do sábado. Ninguém, dentre os judeus, podia fazer qualquer obra ou trabalho, por mais pequeno que fosse o ato (Ex 31.12-17). Essa era uma aliança perpétua para com o povo de Israel (o povo terrenal de Deus).

Gênesis 19 e Juízes 19 – Estes dois capítulos da Bíblia descrevem a tentativa de estupro juntamente com o ato homossexual. Senão, vejamos:

Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles. Saiu-lhes, então, Ló à porta, fechou-a após si e lhes disse: Rogo-vos, meus irmãos, que não façais mal; tenho duas filhas, virgens, eu vo-las trarei; tratai-as como vos parecer, porém nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a proteção de meu teto” (Gênesis 19.4-8).

Similarmente, em Juízes 19.22-24 lemos:

“Enquanto eles se alegravam, eis que os homens daquela cidade, filhos de Belial, cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, senhor da casa, dizendo: Traze para fora o homem que entrou em tua casa, para que abusemos dele. O senhor da casa saiu a ter com eles e lhes disse: Não, irmãos meus, não façais semelhante mal; já que o homem está em minha casa, não façais tal loucura. Minha filha virgem e a concubina dele trarei para fora; humilhai-as e fazei delas o que melhor vos agrade; porém a este homem não façais semelhante loucura” (Juízes 19.22-24).

Com relação a estes dois textos, mais uma objeção é comumente levantada pelos homossexuais e seus correligionários. Apesar do significado claro dessas passagens, eles usam de uma interpretação revisionista e argumentam que o pecado descrito aqui não é de homossexualidade, mas de inospitalidade. A suposta inospitalidade – dizem eles – consistia em Ló ter recebido e entretido dois estrangeiros cujas intenções poderiam ser hostis para com a comunidade (visto que Ló era estrangeiro), ou na inospitalidade dos homens da cidade para com os estranhos, ou em ambas.

Um segundo argumento é que o verbo “conhecer” não carrega conotações sexuais em Gênesis 19.5, mas apenas a intenção de se familiarizar com os estranhos.

Quanta prepotência e ignorância! Afinal, aos fieis da Igreja é ordenado a não receberem em suas casas aqueles que não trazem consigo a sã doutrina dos apóstolos, mas sim uma falsa doutrina (2Jo 1.10,11). Se a “inospitalidade” é o argumento dos homossexuais que usam a Bíblia para se justificarem daquilo que a própria Bíblia condena, não temos a necessidade de argumentar em nenhum ponto a mais. Esta interpretação é estapafúrdia e mostra a ignorância dos ímpios quanto às Escrituras Sagradas. Esta objeção se mostra altamente inválida, em primeiro lugar, se a inospitalidade fosse proibida como um pecado na Torá e não tivesse a punição de destruir uma cidade. Mais importante ainda é notar que o contexto e o vocabulário em Gênesis 19 e Juízes 19 indicam claramente uma tentativa de agressão homossexual aos convidados, já que ambas as histórias indicam que os agressores ficaram (ou teriam ficado) satisfeitos com a entrega de mulheres para serem molestadas sexualmente.

O VERBO “CONHECER”

Na maioria das versões bíblicas, a passagem de Gênesis 19.5 apresenta o verbo “conhecer” em lugar de “abusar” ou “ter relações sexuais”. No entanto, como será provado aqui, o verbo “conhecer” nestes contextos designa ato sexual. Vejamos o contexto de Gênesis 19 mais uma vez:

“E chamaram a Ló, e disseram-lhe: Onde estão os homens que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que os CONHEÇAMOS” (Gênesis 19.5). Quando chegamos no versículo 8, vemos mais uma vez o verbo “conhecer” sendo usado por Ló no sentido de “relação sexual”. Quando os sodomitas ameaçaram entrar em sua casa para estuprar os dois “homens” (que na verdade eram anjos) que ali estavam hospedados, Ló suplicou da seguinte forma: “Meus irmãos, rogo-vos que não façais mal; eis aqui, duas filhas tenho, que ainda NÃO CONHECERAM homens; fora vo-las trarei, e fareis delas como bom for aos vossos olhos; somente nada façais a estes homens, porque por isso vieram à sombra do meu telhado” (vs. 7,8 – ACF).

O verbo “conhecer” em Gênesis 19.5 é uma tradução do hebraico
יָדַ֖ע (yada), que em Gênesis 4.1, por exemplo, carrega conotações sexuais. Esse é o significado claro do verbo em Gênesis 19.8 em referência às “filhas que NÃO CONHECERAM um homem”. O contexto de Gênesis 19.5 também exige o significado de uma agressão (homo)sexual. Em Gênesis 19.7 Ló implora aos homens de Sodoma que não façam esta coisa perversa (תָּרֵֽעוּ׃tareu). Essas observações negam vigorosamente a sugestão de que os homens simplesmente queriam se “familiarizar” com os estranhos. Finalmente, em Gênesis 19.13, o clamor de Deus contra Sodoma é tão grande que a cidade é destruída. A ira de Deus se acendeu contra Sodoma e Gomorra. Isto também é verdade na passagem de Juízes. Em Juízes 19.22, o verbo hebraico também é יָדַ֖ע (yada – conhecer), novamente com conotações homossexuais. No verso 23 a ação é chamada de תָּרֵֽעוּ׃tareu, “uma coisa perversa”.

O verbo “conhecer” aparece com este mesmo significado em várias outras passagens da Bíblia. “E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; e NÃO A CONHECEU até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus” (Mateus 1.24-25 – Grifo meu). Esta passagem é cristalina ao mostrar que José não “conheceu” (não teve relações sexuais com) Maria ATÉ que ela desse à luz seu filho “primogênito” (primogênito = primeiro filho).

O verbo “CONHECER”, na Bíblia, quando se refere a um casal, tem a conotação de “manter relação sexual” e não apenas “saber quem é uma pessoa”.

Maria já conhecia José (no sentido de “saber quem ele era”, assim como já conhecia outros homens, evidentemente, por “saber quem eles eram”), pois os mesmos já se encontravam comprometidos, como lemos na passagem que diz que o anjo Gabriel apareceu: “A uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria” (Lucas 1.27 – Grifo meu). Maria ficou surpresa, pois não havia tido, até então, nenhuma relação sexual. Por ser virgem (e, portanto, não teria como ter um filho), ela perguntou ao anjo: “Como se fará isto, visto que NÃO CONHEÇO homem algum?” (Lucas 1.34 – Grifo meu).

Vejamos alguns outros exemplos:

“E CONHECEU Adão a Eva, sua mulher, e ela CONCEBEU e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do Senhor um homem” (Gênesis 4.1)

“E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o Senhor, e voltaram, e chegaram à sua casa, em Ramá, e Elcana CONHECEU a Ana sua mulher, e o Senhor se lembrou dela. E sucedeu que, passado algum tempo, Ana CONCEBEU, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor” (1 Samuel 1.19-20)

Sendo, pois, o rei Davi já velho, e entrado em dias, cobriam-no de roupas, porém não se aquecia... E era a moça sobremaneira formosa; e tinha cuidado do rei, e o servia; porém o rei NÃO A CONHECEU (1 Reis 1.1,4 – Grifo meu).

Como podemos constatar, com exceção da passagem de 1 Reis 1.1,4 (visto que Davi já era velho e, portanto, não teve relações sexuais com a moça), o verbo “CONHECER” nesses textos bíblicos possuem o significado de RELAÇÃO SEXUAL, visto que filhos foram concebidos logo após os cônjuges se “conhecerem” no sentido de ter relações sexuais!

Outras referências aos pecados de Sodoma frequentemente aludem ou mencionam o pecado da homossexualidade. Judas 1.7 aponta para o castigo sobre os sodomitas que “se entregaram à imoralidade sexual e perseguiram a concupiscência não natural” (Grego = “outra carne”). A passagem de 2 Pedro 2.7 se refere a Gênesis 19 com a expressão “abominável” – aquilo que se deve abominar; que é detestável; que provoca repulsa; execrável! Esta passagem se refere à libertinagem, aos excessos sexuais e à brutalidade. Em Ezequiel 16.46-50, Sodoma é descrita como um modelo de corrupção moral, cujo pecado é chamado de “abominável”.

O descontentamento de Deus com Sodoma é assinalado por sua aniquilação, que, aliás, aparece em toda a tradição bíblica como o símbolo por excelência da ira de Deus e de Sua vingança divina (cf. Mt 10.15; 11.23-24; Lc 10.12; Rm 9.29).

As tentativas de agressão homossexual em Gênesis 19 e Juízes 19 chegaram ao extremo limite dos pecados cometidos, estando em uma condição ainda mais promíscua do que o estupro subsequente das mulheres (Gn 19.4-8; Jz 19.22-24). O estupro de mulheres era visto como o menor dos dois males.

A VESTIMENTA DO HOMEM E DA MULHER – Deuteronômio 22.5

Deuteronômio 22.5 também tem uma relação com o nosso assunto. O texto diz: “A mulher não deve usar nada que pertença a um homem, nem o homem deve vestir uma roupa de mulher; pois quem faz essas coisas é uma abominação (
תוֹעֲבַ֛ת, tohahvath) ao Senhor seu Deus”. A menção ao travestismo e sua associação com “abominação” é provavelmente uma referência à inversão sexual. O homem não deve se vestir de mulher e a mulher não deve se vestir de homem. Trata-se de uma clara referência aos travestis.

HOMOSSEXUALIDADE E A ORDEM DA CRIAÇÃO

O argumento de que a homossexualidade é uma orientação ou estilo de vida concedido por Deus, como é comumente afirmado hoje, não pode ser considerado à parte da referência à ordem da criação em Gênesis 1–2. Gênesis 1.26,27 afirma que a humanidade foi criada à imagem de Deus e que o ser homem e mulher refletem essa imagem.

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança (...); e criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gênesis 1.26,27).

“E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele (...).Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gênesis 2.18,21-24).

Frequentemente se ouve hoje o argumento de que um ato sexual é moral na medida em que expressa afeição verdadeira entre indivíduos que consentem e lhes dá prazer. Este, entretanto, não é um argumento bíblico nem moral, pois, como tal, pode ser usado para justificar não somente o pecado da homossexualidade, como também o adultério, sexo grupal, sexo com crianças e até mesmo sexo com animais. Tal argumento define uma pessoa humana simplesmente como um ser consciente, o que leva a um tipo de amor desencarnado, enquanto a imagem de Deus que se expressa na masculinidade e a feminilidade pressupõe distinção e continuidade do eu, da natureza sexual e da atividade moral. O apóstolo Paulo, como veremos mais à frente, de fato apela a esse desígnio na criação quando discute a aberração da homossexualidade em Romanos 1.24-28,32.

Deus criou a raça humana não em uniformidade, mas em sexos complementares, masculino e feminino, cuja união é descrita como “uma só carne”. O casamento foi instituído antes que existisse lei. Ele foi criado no Jardim do Éden, como vimos nas passagens acima. E o padrão para o casamento é único e inviolável (Gn 2.24). A união heterossexual, protegida e preservada conforme a aliança do casamento, não é simplesmente uma escolha humana ou uma variedade de união sexual entre muitas, mas uma ordem da criação. É uma vocação sagrada no sentido de que somente esta forma de união permite à humanidade cumprir o mandamento de Deus de “se frutificar e se multiplicar” (Gn 1.28). Macho e fêmea encontram assim sua mútua realização, bem como sua função procriadora, em seu oposto complementar, um ensinamento que é reafirmado nos evangelhos judaicos em Mateus 19.4-6, Marcos 10.6-9 e no Novo Testamento em 1 Coríntios 11.7,9. Um homem e uma mulher podem se frutificar e multiplicar. Um homem com outro homem não podem procriar; uma mulher com outra mulher não podem procriar. Aliás, é um absurdo ter que usar a Bíblia para provar algo que até mesmo a Ciência e o senso comum admitem.

Em uma era obscura, quando a homossexualidade é quase que uma lei instituída pelo estado (será que estou exagerando?), ouvimos com muita frequência a objeção de que Jesus não fez nenhum pronunciamento sobre a homossexualidade nos evangelhos judaicos. Com isso em mente, os homossexuais e seus seguidores afirmam que a homossexualidade não era, portanto, uma preocupação moral para nosso Senhor. Porém, devemos notar que, sobre a questão do casamento em Marcos 10, Jesus corrigiu a política liberal de divórcio da Tradição dos Anciãos (ou Tradição dos Antigos), a qual apelava para a Torá (Dt 24.1), citando o desígnio e propósito de Deus para o casamento entre UM HOMEM E UMA MULHER em Gênesis 2.24, levando-os ao entendimento claro de que Deus nunca concordou com o divórcio ou segundo casamento entre terceiros, e que o homem tem de deixar pai e mãe para se unir a sua MULHER. Se, de acordo com Marcos 10.6-9, 1 Coríntios 7.10,11 e Romanos 7.2-3 a única alternativa fora do casamento heterossexual fiel que Jesus permite é o celibato, quão provável é que ele teria aceitado o casamento homossexual, que foi inequivocamente repudiado no Antigo Testamento e no Judaísmo? Lembre-se de que Cristo não fala conosco somente por meio dos evangelhos judaicos, mas também através das epístolas dos apóstolos, que é onde se encontra o Novo Testamento. Além do mais, é necessário que nos lembremos de que “nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.20,21).

Portanto, Jesus Cristo deixou bem claro sua posição quanto ao padrão de Deus para a relação sexual. Ele disse: “Desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Marcos 10.6-9). Sendo assim, a objeção de que nos é lícito ter relações homossexuais com o pretexto de que Jesus não falou abertamente sobre a prática homossexual nos evangelhos judaicos cai por terra quando olhamos para a passagem de Marcos 10.6-9 (cf. Mt 19.3-6).

ATITUDES CULTURAIS EM RELAÇÃO À HOMOSSEXUALIDADE NO ANTIGO ORIENTE

Constantemente afirma-se que os mandamentos da Bíblia, em especial o mandamento sobre a homossexualidade, são culturalmente condicionados, ou seja, foram influenciados pela(s) cultura(s) em que os israelitas e os primeiros cristãos viveram e, portanto, não podem ser considerados e aplicados a nós em nossos dias. Todavia, as evidências a seguir dissipam essa noção no caso da homossexualidade:

• Na Mesopotâmia, os textos legais praticamente ignoram os atos homossexuais;

• Entre os hititas, aparentemente não havia proibição de atos homossexuais;

• Em Ugarite, não há informações disponíveis sobre a homossexualidade;

• No Egito, a pederastia (homens adultos que mantêm relações sexuais com meninos) foi reprovada. Por outro lado, a homossexualidade evidentemente não foi proibida;

• Na Grécia, a homossexualidade era, via de regra, vista (e promovida) como uma forma superior de sexualidade (por exemplo, o Simpósio de Platão).

• Em Roma, a norma grega foi adotada e levada aos extremos mais decadentes, embora o ideal estoico de monogamia tentasse contrabalançar a degeneração moral generalizada.

Como esta revisão indica, o Antigo Oriente era ambivalente ou permissivo em relação à questão da homossexualidade e, às vezes, afirmava isso. A posição bíblica sobre a homossexualidade não reflete as normas culturais. Muito pelo contrário, na maioria das vezes se opõe a elas. É, portanto, errado afirmar que a posição da Bíblia a respeito da prática homossexual é culturalmente determinada. Não tem a ver com cultura, mas com princípios imutáveis para toda a era do Judaísmo e da Igreja de Cristo.

A HOMOSSEXUALIDADE NO NOVO TESTAMENTO

1 Coríntios 6.9,10
O texto mais antigo do Novo Testamento sobre homossexualidade é o de 1 Coríntios 6.9,10:

“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus?
Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os EFEMINADOS, nem os SODOMITAS, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus” (1 Coríntios 6.9,10).

Dois termos do texto acima merecem atenção. O primeiro é µαλακοι (malakoi), o qual o NRSV traduz como “prostitutos masculinos”. A denotação de µαλακοι (malakoi) na literatura grega é “suave”, como as vestimentas macias usadas por pessoas exigentes (Lc 7.25). No entanto, no caso aqui analisado (1Co 6.10), esse termo carrega a conotação de “pessoas suaves” ou “parceiros homossexuais passivos”. Os EFEMINADOS do verso 10 são “homens e meninos que se permitem ser maltratados homossexualmente” (Bauer, Arndt, Gingrich, A Greek-English Lexicon, 489 [incluindo uma lista de referências na literatura grega secular onde µαλακοι (malakoi) carrega o mesmo significado]). O recente Dicionário Exegético do Novo Testamento (2.381) define µαλακοι (malakoi) em 1 Coríntios 6.10 como “exemplos repreensíveis de homossexualidade passiva”. A tradução deste termo na Vulgata latina, mollis, carrega um sentido correspondente. A presença de πορνοι (pornoi, fornicação) e µοιχοι (moichoi, adultério) nesta passagem indica claramente que µαλακοι (malakoi) deve ser entendido como imoralidade sexual.

O segundo termo é αρσενοκοιται (arsenokoitai), o qual o NRSV traduz como “SODOMITAS” (vs. 10), um termo derivado da infâmia da Sodomia descrita em Gênesis 19. Embora esta seja a primeira ocorrência do termo na literatura grega, não pode haver dúvida sobre seu significado. Trata-se de uma palavra composta, αρσενοκοιται (arsenokoitai), que significa o ato de “homens indo para a cama (ou copulando) com homens”.


Diante do exposto, há sempre uma objeção muito popular entre os homossexuais. Eles argumentam que os dois termos acima condenam apenas a pederastia, ou seja, o sexo entre um homem adulto e um “garoto de programa” ao invés da homossexualidade entre adultos consentidos.


A resposta para tal aberração ilógica é que vários estudiosos argumentaram de forma convincente que o apóstolo Paulo cunhou αρσενοκοιται (arsenokoitai) a partir da presença de duas palavras adjacentes em Levítico 20.13 (αρσενος κοιτην, arsenos koiten; ver D. Malick, “The Condemnation of Homosexuality in I Corinthians 6.9”, Biblioteca Sacra 150 [1993] 479-492). Devemos nos lembrar de que Levítico 20.13 é a proibição mais forte em relação à homossexualidade no Antigo Testamento. Se o apóstolo Paulo tem este texto em mente ao utilizar αρσενοκοιται (arsenokoitai) em 1 Coríntios 6.10, então o termo não pode ser limitado simplesmente à prática grega de pederastia, como os homossexuais e seus seguidores afirmam, mas deve ser visto como uma condenação abrangente contra a homossexualidade (como em Levítico 20.13), incluindo o consentimento de relacionamentos homossexuais adultos. Consequentemente, Bauer, Arndt e Gingrich (p. 109) definem corretamente o termo como “um homossexual masculino, pederasta, sodomita”, como fazem Liddell, Scott e Jones no definitivo Greek-English Lexicon (p. 246). O Dicionário Exegético do Novo Testamento (1.158) define o termo como “referindo-se a um homem que se envolve em atividade sexual com homens ou meninos”.

O termo arsenokoitai aparece novamente no Novo Testamento em 1 Timóteo 1.10, onde é pareado com πορνοι (pornoi – fornicadores), estabelecendo novamente uma prática sexual ilícita.

Um século depois de Paulo (cerca de 155 d.C.), αρσενοκοιται (arsenokoitai) foi usado por Policarpo, bispo de Esmirna, em sua epístola aos Filipenses (5.3) alertando os jovens “para se isolarem da concupiscência do mundo”. Policarpo então cita 1 Coríntios 6.9,10 e se refere aos comportamentos descritos ali como “iniquidade” (ατοπα, atopa). A Vulgata latina traduz αρσενοκοιται (arsenokoitai) como masculorum concubitores, que, de acordo com o Novo Dicionário Latino de Cassell, significa “deitar juntos ou à cópula de homens”. Cassell inclui passagens de Cícero e Virgílio onde carrega o mesmo sentido.

Romanos 1.24-28,32 – A condenação mais inequívoca da homossexualidade no Novo Testamento ocorre em Romanos 1.24-28,32:

“Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! Pelo que DEUS OS ABANDONOU ÀS PAIXÕES INFAMES. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza (‘no contrário à natureza’ significa estar em desacordo com a relação sexual estabelecida por Deus). E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homem com homem, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram em ter conhecimento de Deus, assim DEUS OS ENTREGOU A UM SENTIMENTO PERVERSO, para fazerem coisas que não convém (...); os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem” (Romanos 1.24-28,32 - grifo meu).

Por mais clara que esta passagem possa ser e por mais que ela seja concisa e direta ao ponto, algumas vezes é sugerido pelos homossexuais e adeptos que esta passagem não é uma condenação da homossexualidade per se, mas de pessoas que “trocam” sua orientação heterossexual natural por atos homossexuais. Mas essa interpretação é uma das mais estúpidas, aberrativas e néscias que já fora usada até hoje pelos advogados da prática homossexual.

Tal visão projeta erroneamente o conceito moderno de orientação da personalidade nas Escrituras. O apóstolo Paulo não aborda as origens, motivações ou gratificações da homossexualidade, incluindo o conceito moderno de “orientação sexual”. Os argumentos de tais causas, quaisquer que sejam seus supostos méritos biológicos, psicológicos ou sociológicos, seriam simplesmente vistos pelo apóstolo como outras manifestações do poder do pecado para confundir e cegar o pensamento humano (Rm 1.28). A proibição aqui, como em todas as Escrituras, refere-se apenas a atos homossexuais.

Romanos 1.24-28,32 na verdade amplia a condenação bíblica contra a homossexualidade para incluir a prática do lesbianismo. Nesta passagem, a homossexualidade é citada não porque seja pior do que outros pecados, mas porque ilustra o problema da idolatria em Romanos 1.18-32. Assim como os gentios “trocaram” a verdade de Deus pela mentira e adoraram a criação em vez do Criador, a homossexualidade e o lesbianismo “trocaram” um relacionamento sexual natural por um não natural. Em outras palavras, idolatria e homossexualidade representam rebelião doutrinária e moral contra Deus. A falha em adorar e glorificar a Deus resulta em idolatria, e a falha em encontrar a satisfação sexual no sexo oposto resulta em homossexualidade. Idolatria e homossexualidade resultam inevitavelmente em uma inversão moral – em desobediência a Deus. O resultado é a alienação de Deus.

Essas “relações não naturais” (παρα ϕυσιν, para phusin) carregam o sentido de algo contrário à ordem da natureza evidenciado por seu uso novamente na analogia da oliveira em Romanos 11. Nesta passagem, Paulo escreve que os gentios “foram cortados de seu ramo natural (κατα ϕυσιν, kata phusin) da oliveira-brava e enxertados na oliveira cultivada não natural (παρα ϕυσιν, para phusin)” (Rm 11.24). Não surpreendentemente, o termo παρα ϕυσιν (para phusin) passa a ser usado para designar a homossexualidade por vários escritores gregos subsequentes (vide Atenágoras [13]; Filo [On Abraham 135-136, On Special Laws 3.39 – preserva uma repreensão mordaz contra a pederastia como a “busca do prazer não natural” –, Την παρα ϕυσιν ηδονην διωκει]; Plutarco [Dialogue on Love 751-752]; Dio Crisóstomo [Discourse 7.135, 151-152]; Josefo [Against Apion 2.199, 273, 275]; e o the Testament of Naphtali [3: 3 -4]).

POR QUE AS REFERÊNCIAS À HOMOSSEXUALIDADE SÃO RELATIVAMENTE RARAS NA BÍBLIA?

Percebemos que as referências à homossexualidade na Bíblia são um tanto raras. Todavia, a frequência de uma declaração não é necessariamente uma indicação de sua importância. Os votos e o rito solene do casamento, por exemplo, são mencionados apenas uma vez na Bíblia, mas poucos vão querer argumentar a partir disso que eles são de pouca importância. Muito pelo contrário – os votos e o rito solene do casamento são considerados como um ato de santidade perante Deus em relação à união de um homem e uma mulher que se tornarão uma só carne (Gn 2.24). No entanto, os pecadores costumam argumentar que, como a homossexualidade é mencionada com pouca frequência na Bíblia, ela tem pouca importância e deveria ser considerada como uma prática normal nos dias de hoje.

Esta é mais uma conclusão injustificável. Em primeiro lugar, a tradição da língua hebraica mostrou reticência e moderação na Bíblia no que diz respeito a referências sexuais explícitas. Sempre que possível, a tradição hebraica empregava eufemismos para descrever o próprio ato sexual normal (por exemplo, o verbo “conhecer” ao invés de “ter relações sexuais”) para evitar referências à genitália e a atos genitais. Essa mesma reticência se aplica a atos de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Isto é, tais eufemismos foram igualmente usados pela tradição da língua hebraica para designar o ato aberrativo do abuso homossexual.

Em segundo lugar e mais importante, enquanto as Escrituras se desenvolviam por meio dos profetas, a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo estava em óbvia contradição com os desígnios da criação, em que macho e fêmea se tornam “uma só carne”, tanto no prazer sexual quanto na procriação. A escassez de referências bíblicas, em outras palavras, é exatamente o que esperaríamos em uma tradição que universalmente afirmava o caráter divino da heterossexualidade e deplorava os desvios dessa norma. Outros atos que o Antigo Testamento considerava deploráveis ​​(por exemplo, o sacrifício de crianças) não são mencionados com mais frequência do que a homossexualidade. Este mesmo argumento, incidentalmente, se aplica à menção relativamente rara da homossexualidade em obras de referências modernas. Para citar apenas dois exemplos, temos A New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, volume quinze (1912; volumes suplementares, 1955), que não contém nenhuma menção sobre o assunto da homossexualidade. Mais uma vez, na Enciclopédia da Igreja Primitiva – dois volumes – da Oxford University Press (1992!) não contém nenhuma menção sobre o assunto. Certamente poucos argumentarão que a omissão do assunto nessas obras se deve ao fato de que a homossexualidade é amplamente aceita ou de pouca importância moral. A resposta, ao contrário, é que foi considerado evidente que a tradição judaico-cristã sempre e em toda parte condenou a prática da homossexualidade. Portanto, o ponto não precisava ser restabelecido ou elaborado. A razão pela qual a homossexualidade está em discussão hoje não é porque as Escrituras não são claras sobre o assunto, mas porque as práticas sexuais modernas mudaram radicalmente. Há algumas décadas atrás (no máximo duas) nem se imaginava a ideia de uma militância contendo a sigla LGBTQIAPN+ - sigla que descreve os termos “Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromânticas/Agênero, Pan/Poli, Não-binárias e mais”. Obviamente que uma aberração dessas não se passava pela cabeça dos cristãos que viveram há 20 anos antes deste artigo (2023).

Uma terceira razão para a escassez do assunto se relaciona ao ambiente étnico em que os escritos bíblicos surgiram e ao qual foram endereçados. Um padrão geral pode ser observado. Onde os autores bíblicos escreviam para judeus que viviam em um ambiente judaico, as referências à homossexualidade são relativamente raras. A razão para isso é que a homossexualidade era (e ainda é) um fenômeno raro na sociedade judaica e, portanto, representa poucos problemas. Entretanto, o padrão muda quando os autores judaico-cristãos começam a se dirigir a seus colegas na diáspora helenística, onde a homossexualidade era amplamente praticada e onde ameaçava a pureza da fé e da vida. Isso explica o número muito maior de condenações da homossexualidade nos livros extra-bíblicos dos Pseudoepígrafes durante o período intertestamentário, que em geral eram dirigidas às comunidades de fé na Diáspora (por exemplo, Pseudo-Focilídeos 3; Oráculos Sibilinos 2.73; 3.185; 3.596; 4.34; 2 Enoque 34.2; Jubileus 13.18; 16.5-6; 20.5; 3 Macabeus 2.5; Pseudo-Fhilo 8.2; 45.1-6; e nos Testamentos de Naftali 3.5; Isaac 5.27; e Jacó 7.19-20). Cada uma dessas referências extra-bíblicas proíbe e condena expressamente a prática da homossexualidade com uma frequência estarrecedora. Esses manuscritos não são inspirados pelo Espírito Santo, mas são, indubitavelmente, dedicados a esclarecer tão somente aquilo que a Bíblia já dizia há milhares de anos.

No Novo Testamento vemos um padrão semelhante. Porém, Jesus era judeu e viveu em Israel enquanto esteve vivo. Seu ministério foi cumprido entre os judeus e a Igreja ainda não havia sido inaugurada porque Cristo disse que precisava primeiro subir aos céus para, só então, enviar o Espírito Santo aos crentes. O Novo Testamento só começa em Atos 2, com a inauguração da Igreja. Nos evangelhos judaicos, Jesus não fez nenhuma menção à homossexualidade, enquanto Paulo, que ministrou em um meio helenístico no Novo Testamento, faz referência específica a ela em lugares óbvios como Corinto e Roma. Esse padrão persiste nos livros extra-bíblicos dos apócrifos do Novo Testamento. O Apocalipse de Pedro (32), por exemplo, que provavelmente surgiu no Egito na primeira metade do segundo século, contém a seguinte passagem: “Não há descanso da tortura [para aqueles] que contaminaram seus corpos, comportando-se como mulheres. E as mulheres com eles, essas eram as que se comportavam como um homem com uma mulher”.

Uma pesquisa das evidências bíblicas e extra-bíblicas a respeito da homossexualidade resulta em uma condenação massiva e irrestrita dessa prática abominável. Richard Hays resume corretamente a evidência da seguinte forma: “Todo texto cristão pertinente do período pré-Constantiniano… adota um julgamento negativo incessantemente sobre a prática homossexual, e esta tradição é enfaticamente levada adiante por todos os principais escritores cristãos dos séculos IV e V” (“A Response to John Boswell’s Exegesis of Romans 1”, JRE 14/1 (1986) 202).

HOMOSSEXUALIDADE E IDOLATRIA

Junto com o aumento das referências à homossexualidade em obras bíblicas e extra-bíblicas direcionadas à diáspora, há uma tendência semelhante nas mesmas obras de se referir à homossexualidade em conjunto com a idolatria. Este é, como vimos, o caso em Romanos 1.18-32, e é mais frequentemente o caso nos textos citados acima. A idolatria era considerada a maior ameaça à tradição judaico-cristã. A menção da homossexualidade em conjunto com a idolatria, portanto, indica sua seriedade como uma ofensa moral aos olhos de Deus. Se tem duas práticas que estão no topo das coisas mais odiadas por Deus são a idolatria e a homossexualidade. Vemos isso nas Escrituras por meio dos castigos que Deus estabelece a essas duas classes de pecadores, tamanha é a aversão de Deus a estes réprobos.

ORIENTAÇÃO HOMOSSEXUAL E RESPONSABILIDADE MORAL

Muitos homossexuais afirmam não ter consciência de terem escolhido a homossexualidade. Uma conclusão às vezes tirada disso é que o indivíduo não tem capacidade de escolher a orientação sexual e, portanto, a orientação sexual está além das prescrições morais, incluindo as das Escrituras. “Orientação sexual”, como observado anteriormente, é um conceito moderno que é alheio às Escrituras. Os textos bíblicos e extra-bíblicos citados acima referem-se apenas a práticas sexuais. O evangelho não aborda o pecado no nível da criação, mas no nível da redenção. Ou seja, a Escritura não dá respostas conclusivas sobre por que as coisas são do jeito que são no mundo, mas fala de sua transformação pelo poder de Deus. Assim, embora os seres humanos não escolham o estado em que nascem, eles possuem uma “escolha” sobre como responderão ao seu estado. Isso não significa, de forma alguma, que o ser humano tenha livre arbítrio. Dizer que o ser humano tem livre arbítrio é uma heresia e não é a mesma coisa que dizer que o homem tem responsabilidade sobre suas escolhas. O homem tem o poder de escolha, mas essa escolha sempre partirá de uma influência, seja ela externa ou interna. Portanto, não se trata de livre arbítrio, mas de responsabilidade humana. Não estamos lidando com metafísica aqui, mas da conduta cristã diante dos mandamentos de Deus de forma prática. Consequentemente, uma predisposição ou orientação para um determinado curso de ação não produz um “direito” de fazê-lo, nem justifica agir de acordo com ele. O estado atual da pesquisa comportamental indica que a orientação sexual é uma função do desenvolvimento psicossocial pós-parto, não uma constituição biológica. Trata-se de um comportamento claramente aprendido ou imposto. O comportamento sexual humano é o produto de uma rede de fatores que interagem [entre si] e a escolha humana não pode ser eliminada dentre eles.

Quaisquer que sejam as causas principais da homossexualidade na vida de uma pessoa, a Igreja não deve cair no erro de pensar na homossexualidade como um comportamento ao qual não se pode resistir. Derrick Sherwin disse uma vez: “Devemos deixar bem claro que quem genuinamente lida com essa inversão, estando em Cristo, pode muito bem lidar com isso e não necessariamente se entregar a práticas homossexuais. A pessoa pode exercer um controle cuidadoso sobre seus impulsos físicos como heterossexual” (Derrick Sherwin Bailey, Homosexuality and the Western Christian Tradition [Londres: Archon Books, 1975], p. xi). Esta declaração salutar foi escrita por um estudioso que DEFENDIA as causas homossexuais. Ser humano significa ser capaz de fazer escolhas morais. O evangelho não faz exigências morais que os crentes não possam cumprir, e isso inclui as proibições bíblicas contra as práticas homossexuais.

O evangelho da graça garante perdão e graça aos crentes enquanto lutam contra o pecado. Paulo estabelece os fundamentos para essa esperança imediatamente após a menção da homossexualidade em 1 Coríntios 6.10. No versículo posterior ele diz: “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (1 Coríntios 6.11). Em 1 Coríntios 10.13 Paulo declara: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”. Novamente, em Gálatas 5.1, Paulo fala da liberdade cristã como recebendo a graciosa palavra de justificação de Deus e de uma subsequente confiança no poder do Espírito Santo e resistência às obras da carne.

UM CHAMADO À SEPARAÇÃO

A Igreja não deve aceitar em seu meio aqueles que se recusam a deixar tal pecado hediondo, assim como o faz com relação a todos os outros. O indivíduo rebelde, que se encontra em tal prática, deve ser admoestado e, quando não arrependido de seu pecado, excomungado da assembleia (1Co 5.11-13; Tt 3.10,11). A Bíblia não somente nos ordena a excomungar tais indivíduos da Igreja, como também nos instrui a não ter associação com eles e nem mesmo comer na mesma mesa (cf. 1Co 5.11-13). As Escrituras também nos ordenam a não entrarmos em jugo desigual com esses infiéis. Não devemos ter qualquer relacionamento com eles, porquanto assim diz o Senhor, nosso Deus:

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 Coríntios 6.14-18).

“Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for DEVASSO, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai pois dentre vós a esse iníquo” (1 Coríntios 5.11-13).

CONCLUSÃO

Sem falhas, fontes bíblicas e extra-bíblicas condenam a prática da homossexualidade. Não há nenhum texto na literatura judaico-cristã, de Levítico a Constantino, que justifique tal pecado hediondo. Isso deveria ser uma evidência suficiente e convincente contra a aceitação da prática da homossexualidade como um “presente de Deus” ou como um “estilo de vida alternativo” e moralmente justificável. As igrejas de Cristo devem dar todo o peso à posição das Escrituras sobre este assunto, tanto nos ensinos dos profetas e apóstolos quanto na ordem de suas vidas.

Ao mesmo tempo, o evangelho da graça requer amor e compreensão aos homossexuais que possuem um desejo sincero de abandonarem tal prática. Toda ajuda disponível deve ser estabelecida àqueles que desejam reprimir seus impulsos homossexuais por amor de Cristo. Pessoas de inclinação homossexual que escolhem permanecer celibatárias e resistir às suas tentações através da fé, oração e abstinência têm todo o direito de participarem da mesa do Senhor e de terem um lugar nas reuniões de culto, adoração e ministério da assembleia. Elas também podem possuir dons dados por Cristo para serem executados nas igrejas, incluindo o dom de pastorado, de mestre, de exortador, etc. As portas da Igreja estão abertas a todos os outros pecadores que, pela graça de Deus, lutam contra o pecado e entregam suas vidas à transformação do evangelho de Cristo.

– JP Padilha
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PEDRO POSSUI AS CHAVES DA IGREJA? | JP Padilha


Em primeiro lugar, Pedro está morto. Ele só será ressuscitado no arrebatamento da Igreja, juntamente com os outros santos que morreram em Cristo (Hb 9.27; 1Ts 4.16,17). Em segundo lugar, Mateus 16.19 nos diz que Pedro recebeu “as chaves do reino dos céus”. Essas não são as chaves da Igreja, mas do reino. Elas são o batismo e o discipulado. Por meio destas duas coisas é que uma pessoa entra no reino de forma exterior. É o anúncio público de que você crê em Cristo. Todavia, essa ainda não é uma transformação interna, embora possa acontecer de modo simultâneo a ela. Para entrar na Igreja de Deus – o Corpo de Cristo – a pessoa deve nascer de Deus e ser selada com o Espírito Santo (Jo 3.5; 1Co 12.12-13; Ef 1.13). A pessoa é batizada com o Espírito Santo no momento em que crê verdadeiramente em Cristo como único Senhor e Salvador. Isto é, a Bíblia ensina que o batismo do Espírito Santo é dado a todos os crentes, sem que eles precisem se esforçar para obtê-lo (1Co 12.13; Gl 3.2). Também ensina que isso ocorre no momento da conversão (Ef 1.13).

Mas, voltando ao ponto principal do assunto, Pedro NÃO recebeu as chaves da Igreja. Isso é mais uma invenção do Catolicismo Romano para enganar os pobres fieis católicos. Como eu já disse no início, Mateus 16.19 nos diz que Pedro recebeu “as chaves do reino dos céus”, não as chaves da Igreja. Reino não é sinônimo de Igreja. O reino se trata da cristandade professa em geral, onde há “joio” e “trigo” (falsos crentes e verdadeiros crentes). Esse reino começou dez dias antes do início da Igreja, quando o Senhor voltou para o Céu (Lc 19.12; At 1.9-11) e também irá continuar na terra depois que a Igreja tiver sido levada para o céu (no Arrebatamento) até o final do período de sete anos de Tribulação. Já na Igreja de Cristo, só há crentes salvos. A Igreja é o Corpo místico de Cristo onde somente os salvos têm lugar.

– JP Padilha
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JESUS DISSE SER PEDRO O FUNDAMENTO DA IGREJA? | JP Padilha


Jesus disse, conforme cita a Bíblia: "...tu és Pedro, e sobre esta Rocha edificarei a minha igreja" (Mateus 16.18).

Líderes e fieis católicos costumam ler este versículo e concluir que Jesus está dizendo que Pedro é o fundamento da Igreja. Mas isso é uma heresia. É muito importante saber que Jesus não disse que construiria Sua Igreja tendo a pessoa de Pedro como fundamento. Existem duas palavras-chaves nesse versículo que são diferentes uma da outra: A primeira delas é “Pedra” (grego – Petros); e a segunda é “Rocha” (grego – Petra). O que Jesus diz é "Edificarei a minha Igreja sobre esta Rocha", e não sobre esta “pedra”. Ele mesmo é a Rocha. Jesus jamais disse que edificaria a Sua Igreja sobre Pedro, uma "pedra". O que acontece é que na maioria das traduções bíblicas o manuscrito nos foi apresentado de forma simplória, sem alguns detalhes do grego que precisaríamos em algumas passagens para uma melhor compreensão delas. E é o caso de Mateus 16.18 – na tradução original (grego Koiné) a palavra “pedra” não aparece duas vezes, mas somente na primeira vez, quando Jesus se refere a Pedro. Na segunda vez, Jesus fala sobre si mesmo, a Rocha.

A identificação de Jesus como a Rocha já existia. Porém, os judeus não sabiam disso. Foi Jesus a Rocha que acompanhou os israelitas na peregrinação no deserto: "E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra (Petra) era Cristo” (1 Coríntios 10.4). Numa tradução mais fiel seria a palavra “Rocha”.

A dificuldade dos leitores surge porque algumas traduções em português usam "pedra" tanto para PETROS como para PETRA. Em 1 Pedro 2.5-8 podemos constatar esse sentido, onde o próprio Pedro chama os cristãos de "pedras" e Jesus de "Rocha": “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a Pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido” (1 Pedro 2.5,6).

A Igreja, portanto, não é edificada sobre Pedro nem sobre seus sucessores, mas sobre o próprio Cristo, a Rocha. Para confirmar isso, basta consultarmos vários outros textos nas epístolas, como por exemplo no caso de 1 Coríntios 3.11: "Ninguém pode lançar outro fundamento além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo" (1 Coríntios 3.11).

Como vemos, o apóstolo Paulo também nos ensina que Cristo é o Fundamento, a Rocha. Sobre esta Rocha é que a Igreja está edificada (Confira também 1Co 10.4).

– JP Padilha
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Se você me perguntar o que eu sou, eu lhe responderei: "sou esposo". Se você insistir, lhe responderei: "sou pai"....