16 - Considerações Finais


Cremos que nosso trabalho está terminado no que diz respeito a este assunto. Encomendamos este trabalho nas mãos de Deus para que Ele use como quiser. Cremos que Deus irá fazer dele uma bênção para nossos leitores. Apresentamos o que a verdade dispensacional é, e demonstramos que isso está de acordo com as Escrituras. Também demonstramos que a Teologia do Pacto é um sistema de interpretação que não está em conformidade com as Escrituras. Na verdade ele chega a fazer uma séria corrupção da Palavra de Deus. Ao expor seu erro buscamos fazê-lo com sinceridade e amor. O resto fica nas mãos do Senhor, pois somente Ele pode aplicar a verdade nas almas.


Nossa oração é que todo verdadeiro crente venha a ter um “coração honesto” (Lc 8:15) que possa receber a verdade conforme apresentada pelas Escrituras. O Espírito de Deus é o Mestre que está acima de todos, e Ele pode e irá aplicar estas coisas nas almas desejosas de aprender (Jo 7:17; 16:13). Que Deus possa abençoar Sua Palavra (Is 55:11).

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SUMÁRIO - A TEOLOGIA DO PACTO E SUAS HERESIAS


–– Bruce Anstey | Teologia do Pacto ou Dispensações
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15 - A Teologia do Pacto costuma ser encontrada em um contexto de outras doutrinas e práticas errôneas


Uma última coisa que é preciso levar em consideração é que a Teologia do Pacto é quase sempre encontrada entre cristãos que não estão bem esclarecidos em uma série de outras doutrinas bíblicas. Aqueles que detêm esses erros da Teologia do Pacto são quase sempre deficientes em eclesiologia (doutrina e prática da Igreja), escatologia (eventos proféticos), e alguns dogmas de soteriologia (verdades a respeito da salvação e suas bênçãos). Um exemplo destes últimos é que muitos seguidores da teologia do Pacto negam que o crente tenha duas naturezas. É verdade que alguns dispensacionalistas também trazem alguma deficiência em outras doutrinas bíblicas, mas isso é mais acentuado com aqueles que detêm uma interpretação das Escrituras baseada na Teologia do Pacto.


Todo cristão precisa considerar a razão pela qual deveria aceitar aquilo que os teólogos do pacto ensinam sobre o assunto que temos considerado neste livro, considerando o fato de serem deficientes em muitas outras doutrinas bíblicas. Apenas isto já deveria deixar um cristão sincero de sobreaviso. As Escrituras dizem, “Examinai tudo. Retende o bem.” (1 Ts 5:21). A verdade é que os teólogos do Pacto estão errados a respeito de Israel, e eles estão errados a respeito da Igreja de Deus. Cerca de 70% das Escrituras falam de Israel, e apenas 10% ou 15% falam da Igreja. Isto significa que se as pessoas estiverem erradas a respeito de Israel e da Igreja elas estão erradas a respeito da maior parte da Bíblia!

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14 - Os efeitos negativos da Teologia do Pacto na vida prática cristã


Apresentamos agora a nossos leitores algumas considerações práticas para que possam ponderar na presença do Senhor quanto à seriedade desse erro.


Podemos ficar tentados a achar que a Teologia do Pacto não seja importante por não causar uma diferença real na vida prática de alguém. Todavia, isto não é verdade. Para andarmos corretamente devemos crer corretamente, pois nossa doutrina afeta nosso andar. Uma doutrina errada leva a uma prática errada. Paulo escreveu: “Evita os falatórios profanos [má doutrina], porque produzirão maior impiedade [práticas ruins].” (2 Tm 2:16). Semelhantemente, a boa doutrina leva a boas práticas. Paulo também escreveu: “Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade...” (1 Tm 6:3 ver também Tt 1:1). Portanto nos sentimos na incumbência de avisar cada cristão de que essas más doutrinas do Pacto terão um sério impacto negativo na vida de cada um, caso as sigam com convicção. A seguir damos alguns exemplos:

Primeiro, em Efésios 1:8-10 lemos que Deus tem prazer em levar os cristãos a uma comunhão inteligente com Ele próprio no que diz respeito aos Seus planos visando a glorificação pública de Seu Filho em duas esferas — nos céus e na terra. Todavia os seguidores da Teologia do Pacto não podem ter uma comunhão inteligente com Deus no que diz respeito ao Seu programa presente e futuro de glorificar publicamente Seu Filho, por crerem em algo totalmente estranho a isso.

Em segundo lugar, ao negarem que o Senhor possa voltar a qualquer momento (no Arrebatamento), como fazem os seguidores da Teologia do Pacto, eles levam os crentes a se acomodarem à terra tornando-se mundanos (Mt 24:48-49).

Em terceiro lugar, o fato de acreditarem que as condições do reino milenial, conforme apresentadas pelos profetas do Antigo Testamento, seriam criadas pelos esforços do evangelismo cristão (e não pelo juízo conforme afirmam as Escrituras, por exemplo, em Isaías 26:9), pode levar os crentes a se envolverem com a política e a melhoria dos programas seculares em seus esforços de endireitar o mundo e ajudar a estabelecer o reino em justiça. O resultado disso é que a ocupação dos cristãos acaba sendo com a terra.

Em quarto lugar, a Teologia do Pacto ofende e enfurece os judeus, fazendo com que se oponham ao evangelho da graça de Deus, pois essa teologia apresenta o evangelho como algo que tira de Israel sua esperança nacional de uma herança literal em sua terra prometida. Isso só dificulta ainda mais alcançar os judeus hoje com o evangelho. Apesar de nada poder impedir a soberania de Deus em salvar almas, humanamente falando somos responsáveis de não por tropeço diante do cego (Lv 19:14). Por outro lado, a verdade dispensacional não interrompe o plano de Deus de abençoar Israel em sua herança terrena. Ela nada tira deles, no que diz respeito às suas esperanças nacionais. Aqueles daquela nação que se converterem pelo Evangelho do Reino no futuro receberão literalmente a herança terrena prometida no Antigo Testamento. (Evidentemente aqueles dentre os judeus que hoje crerem no evangelho serão feitos membros do corpo de Cristo, a Igreja, e receberão uma “porção” celestial em Cristo, o que é melhor — At 26:18; Ef 1:3; Cl 1:12).

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13 - Seria a Igreja o Reino Milenial de Cristo hoje?


Deus prometeu estabelecer Cristo no trono de Davi, onde Ele reinaria sobre todas as nações em Seu reino (2 Sm 7:13-18; Jr 33:15-17; Sl 110:1; Lc 1:30-33). Considerando que hoje Cristo está sentado no trono de Deus (At 2:30-36; Hb 10:12-13) os teólogos do Pacto concluem que Ele estaria atualmente reinando em Seu reino. Por isso acreditam que nós estaríamos no período que os dispensacionalistas chamam de “Milênio” nos dias de hoje — com a diferença de sua duração ser de muito mais que mil anos. Eles insistem que esse reino não é visível e nem literal, por causa do que o Senhor disse: “O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.” (Lc 17:20-21). Apesar de Apocalipse 20:4 dizer que “viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos” eles interpretam esses mil anos no sentido alegórico.


Este é mais um caso de “non-sequitor”. Ele mistura verdade e erro, levando a conclusões equivocadas. É verdade que hoje Cristo está sentado no trono de Deus, e é verdade que Ele já “recebeu” Seu reino (Lc 19:12, 15), e também que os cristãos estão nesse reino agora (Cl 1:13). Todavia, os teólogos do Pacto erram por não enxergarem que o reino possui duas fases. O Senhor ensinou que, uma vez que fosse rejeitado, o reino passaria primeiro para uma fase mística, antes que ocorresse uma manifestação pública dele (Mt 13:10-17; 37-43). Na mesma passagem em que o Senhor ensinou que o reino não viria naquela época “com aparência exterior”, Ele também ensinou que haveria um tempo quando o reino do “filho do Homem” seria “revelado” em “Seu dia” do modo como os judeus esperavam por ele nas profecias do Antigo Testamento (Lc 17:22-37; Dn 7:13-14). Hoje o reino se encontra em sua fase mística, mas quando Cristo se manifestar em poder e juízo ele estará em seu estado manifesto, e todos o verão, pois então será algo literal. Estas duas fases podem ser identificadas pela letra “M”.

O reino em mistério (Mt 13:11).
O reino em manifestação (1 Jo 3:2).

As fases podem ser também identificadas pela letra “P”.

O reino em paciência (Ap 1:9).
O reino em poder (Mc 9:1).

Portanto, existe uma fase presente e uma fase futura do reino dos céus. Das trinta e três vezes que a expressão “reino dos céus” é usada nas Escrituras, vinte e quatro se referem ao reino em sua fase mística presente; as outras nove tem a ver com o reino e sua manifestação pública e futura. Como foi observado nos esboços dispensacionais em Mateus, a manifestação pública do reino, prometida pelos profetas do Antigo Testamento, está presentemente em suspenso e não será estabelecida até um dia futuro (isto é, no Milênio).

Cada uma dessas fases do reino dos céus tem seu ponto de partida. A parábola em Lucas 19:11-12 indica isso. A fase do mistério começou quando o Senhor Jesus Cristo ascendeu aos céus depois de Sua morte e ressurreição. É o que indica a parábola em Lucas 19:11-12. Ele é visto no “homem nobre” (o próprio Senhor) viajando para um “país distante” (o céu) e recebendo “um reino” (At 1:9-11; Sl 110:1). Mais tarde o homem nobre voltou para a prestação de contas de seus servos, aos quais haviam sido confiadas certas responsabilidades, e recompensou aqueles que foram fiéis. Isso acontecerá no Arrebatamento. O servo que demonstrou não ter fé — e provou isso escondendo sua “mina” na terra — foi julgado (Lc 19:20-27). Isso acontecerá àqueles no reino que não tiverem fé por ocasião da Manifestação de Cristo, quando os anjos sairão para arrancar esses de entre os justos (Mt 13:38-42; 24:37-41). Assim, o ponto de partida do reino em sua forma manifestada em poder e glória (conforme é apresentado no Antigo Testamento) ocorrerá na Manifestação de Cristo (Dn 2:35; 7:13-14; Ap 11:15).

O reino atualmente possui um caráter de mistério por não parecer que existe um reino manifesto. Pelo que se pode ver exteriormente nada indica que Deus esteja agindo neste mundo. O reino existe no presente momento em uma forma mística ou misteriosa, pois:


Ele não possui um Rei visível.
Ele não possui uma sede geográfica na terra.
Ele não possui quaisquer fronteiras nacionais.
A maioria dos que professam fazer parte dele não reconhecem a autoridade do Rei e vivem como se não existisse um Rei.

Independente destas particularidades, a fé enxerga o Rei (o Senhor Jesus Cristo) em Seu trono hoje em Seu reino. Como bons súditos em um reino, a fé leva o crente a viver em conformidade com os princípios de Sua Palavra — conforme é dada no Sermão da Montanha (Mt 5-7) — até que o reino passe à sua fase manifesta. Deve ser observado que ainda não é feita referência ao Senhor como estando em Seu trono em sua fase de manifestação pública (Ap 3:21); Ele está no momento presente assentado no trono de Seu Pai (Sl 110:1; Hb 10:12).

Tanto os teólogos do Pacto como os Dispensacionalistas concordam neste atual aspecto místico do reino, mas os teólogos do Pacto não enxergam o que se segue a isso. Todavia, crer que não haverá um reino literal de mil anos ainda futuro cria mais problemas e questões do que os teólogos do Pacto gostariam de ter para lidar. Como já mencionado, tal ideia desafia a lógica quando consideramos que muitas das interpretações da Teologia do Pacto são obtidas por meio de conclusões lógicas. Por exemplo, se já estivermos no reino (milenial) agora, como interpretar espiritualmente as muitas descrições do reino nas Escrituras sem cair em algo por demais fantasioso — e até risível? Não importa a maneira que alguém decida interpretar essas descrições do reino de Cristo — alegórica ou espiritualmente — elas não fazem qualquer sentido. Seria difícil convencer alguém de que isso seja realmente verdade. Este é um aspecto da Teologia do Pacto que seus teólogos preferem não tocar, pois suas interpretações “espiritualizadas” beiram o ridículo.

Os teólogos do Pacto também fazem uso de Gálatas 4:4-5, juntamente com Efésios 1:10, para dar suporte à ideia de que a Igreja está presentemente no reino público de Cristo (isto é, o Milênio). Gálatas 4 fala da vinda do Senhor Jesus (Seu primeiro advento) na “plenitude do tempo” (Gl 4:4 ARA) e Efésios 1 fala de todas as coisas estando sujeitas a Ele em Seu reino na “dispensação da plenitude dos tempos”. Ao juntarem as duas expressões os teólogos do Pacto vêm com a ideia de que o reino de Cristo começou quando Ele veio ao mundo em Seu primeiro advento. Portanto, esse reino estaria seguindo seu curso desde então — o que significaria estarmos nesse reino agora.

Todavia, a “plenitude do tempo” (Gl 4:4 ARA) no singular e a “plenitude dos tempos” no plural são duas expressões diferentes que se referem a duas coisas diferentes. Dizer que o reino de Cristo começou quando Ele nasceu neste mundo não faz sentido. De que maneira aquele bebê na manjedoura de Belém teria estabelecido publicamente Seu reino sobre todo o mundo do modo como Efésios 1:10 apresenta? Efésios 1:10 diz que Cristo irá “fazer convergir” todas as coisas nos céus e na terra. Ele irá reconciliar moral e espiritualmente céus e terra sob Sua administração (Cl 1:20). Isso não aconteceu nem quando o Senhor nasceu neste mundo e nem agora! Os céus e a terra não estão reconciliados de maneira nenhuma. A terra hoje se encontra em feroz rebelião contra os céus e contra Aquele assentado ali (Sl 2:1-3). “A dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10) obviamente se refere a uma administração futura de Cristo que ainda não foi estabelecida.


Os teólogos do Pacto costumam negar a verdade do mistério que esteve escondido nos tempos do Antigo Testamento.

Atos 26:22 — “Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer”.

Aqui Paulo diz que sua pregação consistia em nada dizer senão aquilo que os profetas e Moisés haviam escrito. Para os teólogos do Pacto esta afirmação prova que Paulo não ensinava uma nova doutrina, como a que os Dispensacionalistas dizem que ele ensinou concernente ao Mistério.

Ora, se o que os teólogos do Pacto estiverem dizendo for verdade, então as Escrituras se contradizem, pois Paulo afirma claramente em Romanos 16:25, Efésios 3:5 e Colossenses 1:26 que a verdade contida no Mistério era algo que não havia sido revelado no Antigo Testamento. Considerando que as Escrituras não se contradizem, a afirmação que Paulo fez a respeito do rei Agripa deveria significar alguma outra coisa. Um olhar atento da passagem mostra que ele estava se referindo ao seu primeiro ministério de testemunhar e pregar o evangelho (At 20:24-25; Rm 16:25a; Ef 3:8; Cl 1:23). Ele não estava falando de seu segundo ministério que envolvia revelar a verdade do Mistério (At 20:27; Rm 16:25; Ef 3:9-10; Cl 1:24-27).

Se acompanharmos o que Paulo disse a Agripa, veremos que ele estava se referindo apenas ao seu ministério do evangelho. Ele qualificava sua observação, ao dizer “que o Cristo devia padecer, e sendo o primeiro da ressurreição dentre os mortos, devia anunciar a luz a este povo e aos gentios.” (At 26:23). Essas coisas concernentes ao Messias de Israel tinham sido com toda certeza declaradas na Lei e nos Profetas, e eram as que Paulo proclamava “a toda criatura que há debaixo do céu” (Cl 1:23). Nesse ministério evangélico ele não se desviou de pregar somente aquelas coisas, “nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer” (At 26:22). Por outro lado, seu ministério de ensino, no qual o Mistério é descortinado, foi dirigido apenas a crentes (At 20:27; Cl 1:25). São coisas como ‘segredos de família’, que Paulo não proclamou a incrédulos como Agripa (Mt 7:6), e por isso ele não fez referência àquela linha de ensino em seu testemunho diante do rei.

Efésios 3:4-5 “... o mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas”.

Os teólogos do Pacto colocam seu foco nas palavras “como agora tem sido” desta passagem, e insistem que a verdade do Mistério era conhecida nas outras épocas, mas não “como agora tem sido”. Eles acham que aquelas coisas teriam sido reveladas nos tempos do Antigo Testamento, mas simplesmente não teriam sido entendidas por aqueles que viveram então (1 Pe 1:9-12).

Todavia, esta interpretação do versículo 5 contradiz o resto do contexto, que segue dizendo que a verdade do Mistério estava oculta “desde os séculos” ou princípio do mundo (Ef 3:9). Portanto, ela não era conhecida dos santos do Antigo Testamento. Se os santos do Antigo Testamento a conhecessem — mesmo que fosse apenas um pouco — ela não estaria oculta, e esse silêncio concernente ao Mistério, do qual Romanos 16:25 fala, não teria existido.

O erro vem de um simples equívoco na interpretação das sutilezas da linguagem. Paulo estava usando a frase “como agora tem sido” com a finalidade de comparar duas coisas — a ausência do conhecimento concernente ao Mistério da parte daqueles vivendo “noutros séculos” e aquilo que “agora tem sido revelado” por intermédio dos apóstolos e profetas do Cristianismo. Costumamos igualmente utilizar a palavra “como” com o mesmo objetivo quando comparamos coisas. Podemos falar de uma coisa como oposta a outra coisa. Isto não significa que as coisas que estamos comparando sejam iguais, mas sim que são opostas. As palavras “como agora tem sido” poderiam ser interpretadas de uma ou outra maneira, mas à luz de passagens como Romanos 16:25, Efésios 3:9 e Colossenses 1:26 — que declaram que a verdade do Mistério estava escondida — a única maneira lógica de isso ser interpretado é no sentido de um contraste. Portanto é um erro achar que Paulo quis dizer que os santos de outras épocas tivessem uma revelação parcial das coisas que estavam escondidas no Mistério.

Romanos 16:25-26 “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos esteve oculto, Mas que se manifestou agora, e se notificou pelas Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé”.

Os teólogos do Pacto apontam para a declaração “pelas Escrituras dos profetas” para mostrar que as coisas reveladas no Mistério encontram-se nas Escrituras do Antigo Testamento. Eles acreditam que os “profetas” aos quais Paulo se referia eram os profetas do Antigo Testamento.

Todavia não seria possível Paulo estar se referindo aos profetas do Antigo Testamento ali, pois ele tinha acabado de dizer no versículo 25 que essa linha de verdade havia sido mantida oculta (ou “silenciosa” na versão JND) daqueles da época do Antigo Testamento. Por isso ele só poderia estar se referindo aos escritos proféticos que teriam sido produzidos em algum momento após o Antigo Testamento ter sido completado. Estas seriam as Escrituras proféticas do Novo Testamento que estavam para ser escritas. A passagem poderia ser mais bem traduzida como “por proféticas Escrituras” ao invés de “pelas proféticas Escrituras”, que aponta para o fato de que estes escritos não devem ser confundidos com as escrituras proféticas do Antigo Testamento. Infelizmente confundi-las é exatamente o que os teólogos do Pacto têm feito.

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12 - O templo que o Senhor prometeu construir no Antigo Testamento teria sido construído espiritualmente hoje na Igreja?


Deus prometeu construir outra casa para Israel — além dos templos que Salomão e Zorobabel construíram — na qual os gentios teriam um lugar (2 Sm 7:12-13; Is 56:3-7; Am 9:11-12; Zc 6:12-15). Os teólogos do Pacto nos dizem que essa promessa se cumpriu na Igreja. As passagens das Escrituras que utilizam na tentativa de provar isso são:


1 Pedro 2:5 “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. Considerando que Pedro diz que os crentes hoje são “casa espiritual”, os teólogos do Pacto se acham na liberdade de afirmar que esta seja a casa que Deus prometeu construir para Israel.

Que os cristãos são vistos como casa espiritual de Deus hoje ninguém iria negar (At 4:11; Ef 2:20-22; 1 Pe 2:5-7). Mas onde terão os seguidores da Teologia do Pacto conseguido autoridade para dizer que a casa da qual Pedro estava falando seria aquela que Deus prometeu construir para Israel? Eles certamente usaram o matemático “fator de correção” para chegar a essa conclusão. É verdade que Pedro estava escrevendo para seus compatriotas que eram judeus, mas eles tinham sido salvos para fora daquela posição e agora faziam parte da Igreja de Deus.

É
verdade que uma “casa espiritual” tem sido edificada nos dias de hoje em Cristo, mas não é verdade que esta casa seja aquela que Deus prometeu construir para Israel quando o reino milenial for estabelecido.

Atos 17:24 “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens”. A partir desta afirmação os teólogos do Pacto assumem que Deus já não irá habitar em um templo literal, como Ele fez antes no Antigo Testamento. Por conta disso acreditam que seria um erro pensar que Deus iria edificar um templo físico para a nação de Israel.

Paulo não estava dizendo que Deus jamais voltaria a ter Sua presença conhecida em um templo literal, mas que agora, neste tempo presente, quando o Cristianismo está exercendo seu papel, Deus não está reconhecendo quaisquer lugar físico de habitação sobre a terra — nem em Jerusalém, nem em qualquer templo pagão (Jo 4:21). Ezequiel 43:1-5 declara que a presença do Senhor voltará a preencher o novo templo que será construído no Milênio.

Surpreende-nos que os teólogos do Pacto possam achar que Ezequiel 40-48 — que dá instruções detalhadas para a construção de outro templo e do lugar de Israel em sua terra — poderia se referir à Igreja. Ezequiel 38-39 indica que antes de ser construído, Israel será atacado por um inimigo do “extremo norte” (“Gogue”, que é a Rússia), o qual o Senhor irá destruir. Considerando que uma pessoa é feita parte da Igreja — a casa de Deus (1 Tm 3:15) — quando crê no evangelho, a quem exatamente Gogue iria atacar? Estariam os teólogos do Pacto dizendo que, uma vez que o ataque ocorre antes de a casa ser construída, seria esse contra os que ainda não foram salvos? Como o inimigo poderia saber quais indivíduos neste mundo iriam crer no evangelho para atacá-los?

Deveria estar claro para todos que o Israel literal não se converteu ao Senhor Jesus Cristo, e nem foi ainda atacado por Gogue (Rússia). Portanto, os eventos dos últimos capítulos de Ezequiel devem estar todos no futuro. Além disso, se os teólogos do Pacto realmente acreditam que Ezequiel 40-48 seja uma descrição da Igreja (em algum sentido espiritual), como é que eles interpretam todas aquelas dimensões físicas dadas nos mínimos detalhes nesses capítulos? Se alguém permitisse que sua imaginação se esticasse ao ponto de “espiritualizar” essas coisas, elas acabariam se tornando irreais e absurdas. Os últimos capítulos do livro de Ezequiel lançam os teólogos do Pacto num enigma que eles gostariam de não ter de solucionar.

Amós 9:11-12 e Atos 15:15-18 “Naquele dia tornarei a levantar o tabernáculo caído de Davi, e repararei as suas brechas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e o edificarei como nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom, e todos os gentios que são chamados pelo meu nome, diz o Senhor, que faz essas coisas.”.
Considerando que Tiago citou esta passagem em conexão com os gentios sendo salvos e introduzidos na Igreja, mais uma vez costuma-se pensar que aquela edificação do tabernáculo de Davi seria algo espiritual e não literal.

Tiago não disse que isso era o cumprimento de Amós 9, mas o que ele disse foi: “... e com isto concordam as palavras dos profetas” (At 15:15). Este é mais um exemplo de não se ler uma passagem em seu contexto. A razão pela qual Tiago citou Amós 9 foi para mostrar que aquilo se enquadrava na maneira de Deus agir, no sentido de que a bênção deveria alcançar os gentios sem exigir que eles fossem circuncidados. Era este o tópico das discussões deles. Tiago citou Amós 9 do modo como está na versão Septuaginta, que diz: “Para que o restante dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios, sobre os quais o meu nome é invocado” (At 15:17). Isso demonstra que as nações que confessarem o nome do Senhor no Milênio não precisarão ter a circuncisão imposta sobre elas. Tendo isso em vista, Tiago deu sua opinião sobre o assunto. Se a circuncisão não será exigida dos gentios naquele dia futuro, então eles não deveriam impor isso sobre os crentes gentios hoje no Dia da Graça. Tiago meramente aplicou o princípio da passagem de Amós 9 para a situação que se apresentava ali, pois “com isto concordam” (At 15:15). Isso trouxe luz quanto ao modo de agir em relação à circuncisão dos gentios, e “pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja” (At 15:22).

Salmo 118:22 “A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina”. Considerando que este versículo foi citado por Pedro em Atos 4:11 e em 1 Pedro 2:7 os seguidores da Teologia do Pacto concluem que ele esteja falando da Igreja.

Todavia, não foi por isso que Pedro citou o Salmo 118. Ele citou para mostrar que Cristo seria rejeitado pelo Seu povo antes de ser recebido por eles.

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11 - Será que o derramar do Espírito sobre Israel, prometido no Antigo Testamento, se cumpriu na Igreja?


Deus prometeu derramar Seu Espírito sobre Israel e toda carne que confessa o nome do Senhor (Jl 2:28-32; Is 44:1-3; Ez 36:27). Os teólogos do Pacto nos dizem que isso se cumpriu na formação da Igreja.

Atos 2:14-21 — Esta passagem tem sido apresentada na tentativa de provar que a profecia de Joel 2 se cumpriu na Igreja atual e, por conseguinte, Israel e Igreja seriam uma única e a mesma coisa. Todavia o apóstolo Pedro não disse que o que aconteceu naquele dia tenha sido o cumprimento da profecia de Joel. Ele disse “isto é o que foi dito pelo profeta Joel”. Era algo no caráter do que tinha sido dito. Afirmar que se tratou do cumprimento da profecia é inferir da passagem algo que não está ali.

Existe outra razão pela qual sabemos que aquela profecia não se cumpriu. As coisas previstas em Joel 2 em conexão com o derramar do Espírito não aconteceram. A terra de Israel não foi devastada pelo invasor vindo do norte. Tampouco o Senhor interveio para libertar os judeus daquele inimigo. Além do mais, Joel disse que naquele dia os judeus remanescentes na terra se voltariam em massa para o Senhor e seriam restaurados a Ele. Nada disso aconteceu.


Os cristãos são as “primícias do Espírito”, sendo hoje habitados pelo Espírito Santo (Rm 8:23; At 5:32; Rm 5:5; 1 Ts 4:8; Tg 4:5) antes da época quando o Espírito será derramado sobre toda carne, como declara Joel.

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10 - Será que a Nova Aliança foi feita com a Igreja?


Deus prometeu fazer uma “nova aliança” ou concerto com Israel sobre o princípio da graça, da qual os gentios poderiam se beneficiar e ser abençoados (Jr 31:31-34; Is 56:1-7). Os teólogos do Pacto nos dizem que essa aliança foi inaugurada pelo Senhor na Última Ceia (Mt 26:28), e que tem sido feita hoje com todos aqueles que Ele redime com Seu “sangue”. Considerando que os cristãos são redimidos com o sangue de Cristo (1 Pe 1:18; 1 Jo 1:7; Ap 1:5), eles concluem que a Nova Aliança, Pacto ou Concerto foi feito com os cristãos, isto é, com a Igreja. Além disso, já que o apóstolo Paulo afirma que ele e seus colaboradores eram “ministros de um novo testamento” (2 Co 3:6), isso confirmaria (na ideia deles) que a Nova Aliança realmente teria sido feita com a Igreja. Portanto, Israel seria a Igreja e a Igreja seria Israel. Mas vamos examinar mais de perto estes versículos.


Mateus 26:28 — “Porque isto é o meu sangue; o sangue do novo testamento (ou nova aliança), que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.”.

Não há qualquer menção aqui de que o Senhor tenha inaugurado a Nova Aliança nessa ocasião. Tampouco Paulo mencionou qualquer coisa sobre ela estar sendo inaugurada, quando citou as palavras do Senhor em 1 Coríntios 11:24-25. E nem o Senhor disse que a aliança estaria sendo feita com todos os que Ele iria redimir com Seu sangue. Trata-se de um caso evidente de inferir coisas no texto que simplesmente não estão ali. Tais suposições são um exemplo de como os teólogos do Pacto constroem premissas falsas e, a partir delas, tiram conclusões equivocadas.

O Senhor não estava falando de fazer a Nova Aliança naquela ocasião, mas sim de derramar Seu “sangue” de modo que a aliança pudesse ser feita em algum momento no futuro, sem que Ele especificasse quando. Ao beberem do cálice em recordação na festa que o Senhor estava instituindo, Ele queria que os discípulos se lembrassem do custo da redenção deles — que é representado pelo sangue. Seria válido perguntar: “Então por que razão o Senhor mencionou a Nova Aliança naquele momento?”. Porque a Ceia foi originalmente estabelecida como uma festa de recordação para Seus discípulos judeus que estavam aguardando pelo estabelecimento do reino na terra. Para isso era preciso que fosse feita uma Nova Aliança. As bênçãos do reino, prometidas no Antigo Testamento, seriam cumpridas para Israel como consequência de sua restauração ao Senhor e da celebração de uma Nova Aliança com eles. Ao mencionar “o sangue do novo testamento (ou aliança)” o Senhor estava fazendo referência ao fato de que a aliança seria feita, mas sem especificar quando. Se o fundamento para a aliança ou pacto tinha sido estabelecido no derramar de Seu sangue, os discípulos podiam descansar assegurados de que essa aliança seria feita em algum momento. Isso dava aos discípulos uma esperança certeira.

Naquela ocasião o Cristianismo ainda não tinha começado. A Ceia não tinha sido introduzida na esfera cristã até que Israel tivesse sido formalmente colocado de lado (Atos 7). Foi só então que o apóstolo Paulo ensinou o significado do “pão” como representando o corpo místico de Cristo (1 Co 10:16-17).

2 Coríntios 3:6 — “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.”

Considerando que o apóstolo Paulo declara que ele e seus colaboradores eram “ministros de um novo testamento” ou “aliança”, os seguidores da Teologia do Pacto dizem que isso prova que a Nova Aliança foi feita com a Igreja. Paulo era um cristão vivendo em tempos cristãos e ministrando a cristãos as coisas da Nova Aliança. Na mente dos seguidores da Teologia do Pacto nada poderia ser mais conclusivo.

Os teólogos do Pacto, porém, não perceberam que a mesma passagem na qual Paulo diz “ministros de um novo testamento” ele qualifica essa declaração acrescentando “não da letra, mas do espírito”. Isto é significativo. A “letra” da Nova Aliança será realizada com Israel. Ela se refere ao cumprimento literal de suas condições em um dia futuro quando um remanescente será salvo e introduzido no reino. O “espírito” da Nova Aliança, por outro lado, se refere ao princípio da graça sobre a qual as bênçãos da aliança são dadas aos crentes. O “espírito” da aliança pode ser aplicado a todos os que são ou serão abençoados por Deus em graça — inclusive a Igreja. Paulo ministrava o “espírito” da Nova Aliança entre cristãos ao ensiná-los que as bênçãos espirituais da aliança pertenciam a eles por graça, sem que eles estivessem formalmente incluídos nelas. As três grandes bênçãos espirituais da Nova Aliança são:

A posse da vida divina através do novo nascimento (Hb 8:10).
Um relacionamento consciente com o Senhor (Hb 8:11).
O conhecimento de que os pecados estão perdoados (Hb 8:12).

Estas bênçãos da Nova Aliança não são exclusivamente para o Israel redimido; cristãos e gentios convertidos também desfrutarão delas durante o Milênio. Nas epístolas aos Romanos, Colossenses e Efésios o apóstolo Paulo desvenda nossas bênçãos distintas como cristãos — o escopo dessas bênçãos é muito mais elevado em caráter e substância. Essas coisas são exclusivamente cristãs, e são todas elas ditas como estando “em Cristo” — o Salvador ressuscitado assentado à destra de Deus — e são feitas nossas pela habitação do Espírito Santo (Rm 3:24; Ef 4:32; Gl 2:16-17; 2 Co 1:21-22; Ef 2:13; 1 Co 1:2; Rm 6:23; Rm 8:1-2; Gl 3:26; Ef 1:10-11; Gl 6:15; Rm 12:5). (Isso foi mencionado antes em conexão com o terceiro “pilar”). A verdade é que os cristãos compartilham das bênçãos da Nova Aliança com toda a família e Deus, sem estarem formalmente sob a Nova Aliança. Eles são nascidos de novo (1 Pe 1:23; 1 Jo 5:1); eles estão em um relacionamento consciente com Deus, sendo filhos em Sua família (Jo 1:12; 1 Jo 3:1) e conhecem o perdão de pecados (At 13:38; 1 Jo 2:12).

Em 2 Coríntios 3:6 Paulo acrescenta: “a letra mata”. Isto significa que, se ele (ou nós) aplicasse a Nova Aliança conforme a letra, ela destruiria o caráter celestial da vocação cristã e a distinção entre Israel e a Igreja. Portanto, o evangelho pregado no Cristianismo, não é a Nova Aliança, mas é conforme a ordem da Nova Aliança, que é graça.

Romanos 9:3-4 declara nitidamente a quem “as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas” pertencem — a Israel, não à Igreja. Caso alguém tenha entendido errado a quem Paulo estava se referindo, ele qualifica sua observação dizendo “meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; que são israelitas”. Ao dizer “segundo a carne” ele os identifica como descendentes naturais de Abraão. Repare isto cuidadosamente: a epístola aos Romanos foi escrita cerca de 30 anos depois da formação da Igreja, todavia Paulo declara que a aliança e as promessas, etc., ainda pertenciam a Israel segundo a carne — elas não tinham sido transferidas para a Igreja. Se tal coisa tivesse ocorrido, Paulo teria mencionado nesta passagem. Ninguém de sã consciência poderia deduzir disso que Paulo estaria se referindo aos fictícios “israelitas espirituais” (que seriam os chamados cristãos) que os teólogos do Pacto inventaram.

Além disso, a vocação celestial da Igreja deveria ser suficiente para mostrar que as Alianças não se aplicam a ela. As Alianças têm a ver com a terra e com um povo terreno; a Igreja é algo celestial que pertence ao céu.

Hebreus 8:8-12 - “Repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma nova aliança, não segundo a aliança que fiz com seus pais no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; como não permaneceram naquela minha aliança, eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo; e não ensinará cada um a seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me lembrarei mais.”

Os teólogos do Pacto acreditam que seja significativo que quatro epístolas do Novo Testamento mencionem a Nova Aliança — e Hebreus menciona os seus termos em detalhes. Para eles isso provaria que a Nova Aliança teria sido feita nestes tempos cristãos com a Igreja, pois as epístolas foram escritas a cristãos. Todavia, nenhuma das quatro passagens das epístolas diz qualquer coisa sobre a aliança estar sendo feita com a Igreja (os cristãos). Ao contrário, Romanos 11:27 e Hebreus 8:8 nitidamente declaram que ela será feita “com a casa de Israel e com a casa de Judá”. Além disso, Hebreus 8 declara que a aliança ainda não foi feita com ninguém — nem com Israel e nem com a Igreja! O verbo está no futuro, ao indicar, “estabelecerei...”. Não diz “estabeleci...”, pois como regra geral, as bênçãos para Israel são declaradas como algo ainda futuro. É como o Senhor indica, ao dizer, “estabelecerei...”. Em contraste, as bênçãos cristãs são mencionadas no tempo presente — “temos...”. Uma leitura cuidadosa de Hebreus 8 indica que a aliança ainda não tinha sido feita com Israel na época em que a epístola foi escrita, isto é, na era cristã. A leitura desatenta da passagem faz com que os seguidores da Teologia do Pacto a distorçam para dizer que foi feita com a Igreja. Este é um exemplo de se torcer as Escrituras, que significa desviá-las de seu significado ou do uso para o qual foram designadas. (2 Pe 3:15-16).

O foco do ensino na epístola está em mostrar que a primeira aliança é agora velha e “perto está de acabar” (Hb 9:13), e por isso não é aplicável a cristãos que possuem “um novo e vivo caminho” de se aproximarem de Deus com base na obra consumada de Cristo (Hb 10:19-2). O objetivo de mencionar a “nova aliança” no texto de Hebreus estava em mostrar que a antiga aliança iria acabar. Este é o raciocínio: se existe uma nova aliança a ser feita, então fica claro que a velha deve desaparecer — e com ela toda a ordem de coisas que lhe pertencia. Portanto, o objetivo de falar da Nova Aliança em Hebreus não foi para ensinar que ela teria sido feita com a Igreja, mas para demonstrar que a primeira ordem de coisas debaixo da antiga aliança tinha sido agora colocada de lado. A epístola toda gira em torno do estabelecimento deste fato.

A razão de ela ser chamada de “nova” aliança implica que seria feita com aqueles que tinham a velha aliança. Por exemplo, você não iria procurar alguém com quem nunca firmou nenhum contrato e dizer “Vamos fazer um novo contrato”. Para poder fazer um “novo” contrato com alguém seria necessário ter antes feito um contrato prévio. É óbvio que a Nova Aliança será com aqueles que tiveram a velha (Rm 9:4; Ef 2:12). A Igreja nunca esteve debaixo da velha aliança em nenhum sentido; ela nem sequer existia quando a velha aliança foi feita! Sendo assim, com base em quê poderia existir uma “nova” aliança com a Igreja?

Hebreus 10:14-17 “Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a aliança que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.”.

Pode-se argumentar que, apesar de Hebreus 8 não afirmar que a Nova Aliança seja feita com cristãos, Hebreus 10 certamente o faz. Isso é verdade até onde o assunto for sua aplicação. Como já foi mencionado nos comentários de 2 Coríntios 3:6, os cristãos desfrutam das bênçãos da Nova Aliança sem estarem sob a Nova Aliança, pois o sangue que irá purificar o remanescente de Israel de seus pecados é o mesmo sangue que limpa os cristãos. Sendo assim, nós, à semelhança deles, temos o testemunho do Espírito naquilo que Ele escreveu na Palavra de Deus em conexão com o perdão de nossos pecados. Portanto, a expressão “jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” pode ser aplicada a todos os filhos de Deus que por fé descansam na obra consumada de Cristo. Apesar de ela poder ser aplicada a cristãos, a interpretação estrita da passagem de Jeremias 31:34 se refere ao Israel redimido. “Eles”, em Hebreus 10:16, se refere a Israel, não aos cristãos.

O versículo 9 deste capítulo 10 de Hebreus diz, “Tira o primeiro, para estabelecer o segundo”. Repare mais uma vez que não diz que Ele tenha estabelecido o segundo, mas que Ele tem a intenção de fazer isso em algum momento no futuro. Vivemos em um tempo entre as duas alianças. Como já demonstramos nos quatro “pilares” do Dispensacionalismo, o chamado da Igreja é um parêntese celestial em meio às tratativas de Deus com Israel.

O Novo Testamento — Os Evangelhos, o Livro de Atos, as Epístolas e o Apocalipse formam uma divisão em nossas Bíblias chamada de “Novo Testamento”. Já que no grego é usada uma mesma palavra para “testamento”, “pacto”, “concerto” ou “aliança”, os teólogos do Pacto apontam para este título como outra ‘prova’ de que a “Nova Aliança” teria sido feita com os cristãos.

Certamente esta parte da Bíblia é chamada assim, mas quem lhe deu este nome? Não foi Deus, mas os homens. O título não é inspirado. Por ocasião de sua tradução os homens colocaram este título por estarem sob a influência do próprio ensino que estamos expondo aqui. Nós chamamos essa parte de “Novo Testamento” porque este foi o nome convencionalmente aceito para esta parte da Bíblia, mas não é um título correto de maneira alguma.

Querer usar o título “Novo Testamento” como argumento para apoiar a Teologia do Pacto não é a melhor estratégia para aqueles que professam esse erro. A posição dos teólogos do Pacto é que não existiria uma distinção entre Israel e a Igreja. Eles acreditam que Israel seria a Igreja no Antigo Testamento e que a Igreja seria Israel no Novo. Para serem coerentes com essa posição eles deveriam insistir que a Bíblia não poderia ter duas partes distintas, pois enxergam o Cristianismo apenas como a fase final do Judaísmo do Antigo Testamento. Em certa medida qualquer um que faça distinção entre o Antigo e o Novo Testamento é um dispensacionalista!

Continua em: 11 - Será que o derramar do Espírito sobre Israel, prometido no Antigo Testamento, se cumpriu na Igreja?

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–– Bruce Anstey | Teologia do Pacto ou Dispensações
–– Fonte 1: Página JP Padilha
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9 - Será que o chamado para abençoar os gentios, prometido no Antigo Testamento, é o Evangelho da Graça de Deus pregado hoje?


Deus prometeu abençoar os gentios por meio de um chamado evangelístico (Is 42:1-8; 49:3-8; 52:7; 55:1-5). Os teólogos do Pacto nos dizem que aquela promessa está se cumprindo hoje no chamado do Evangelho da Graça de Deus (At 20:24). As passagens do Novo Testamento que usam para tentar provar isso são Atos 13:46-47, 2 Coríntios 6:2 e Romanos 10:15.


Atos 13:46-47 — “Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios; porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te pus para luz dos gentios, A fim de que sejas para salvação até os confins da terra.”

Paulo e Barnabé estavam pregando o evangelho da graça de Deus aos judeus e prosélitos gentios em Antioquia da Pisídia. Mas quando os judeus rejeitaram a mensagem, Paulo citou Isaías 49:6, discernindo daquela passagem o que ele e Barnabé deveriam fazer naquela situação — o objetivo era alcançar os gentios com aquela mensagem de graça.

Os teólogos do Pacto nos dizem que Atos 13:47 seria o cumprimento de Isaías 49:6, pois esta passagem é citada em Atos. Todavia, como já mencionamos, existe uma regra geral de que quando uma profecia do Antigo Testamento se cumpre no tempo do Novo Testamento o texto diz que é isso que está acontecendo. Todavia, não existe tal declaração em Atos 13:47. Dizer que se trata de um cumprimento da profecia quando o Espírito Santo não faz menção a isso é violar um dos princípios básicos de interpretação bíblica. Além disso, Isaías 49:6 não está falando de evangelistas cristãos recebendo um chamado para pregar o Evangelho da Graça de Deus aos gentios, e nem está falando do remanescente de judeus fiéis que no futuro receberão um chamado para pregar o Evangelho do Reino aos gentios. Um exame atento da passagem mostrará que ela tem a ver com uma palavra de encorajamento ao Senhor Jesus quando Ele foi rejeitado por ocasião de Sua primeira vinda (Is 49:4-5). Quando os judeus O rejeitaram, Deus prometeu a Jesus que em um dia futuro Ele não apenas seria recebido pelos “preservados”, que constituirão o remanescente de judeus, mas também pelas dez “tribos de Jacó”. E mais que isso, o Senhor seria uma bênção para milhões de “gentios” que seriam introduzidos no reino nessa ocasião. (Ap 7:9). A passagem em Isaías indica que os judeus e as dez tribos devem ser restauradas ao Senhor antes que a bênção à qual Isaías estava se referindo em conexão com os gentios fosse realizada por eles. Isso obviamente ainda não aconteceu. Isso mostra que o que Isaías estava dizendo não poderia ser a mesma coisa que está acontecendo hoje na pregação do Evangelho da Graça de Deus. O chamado atual é algo diferente, ainda que esteja alinhado com o modo de proceder de Deus. É por isso que Isaías é citado aqui em Atos 13.


Paulo estava apenas fazendo uso de Isaías 49:6 (que textualmente se refere ao Senhor Jesus) para sua própria senda de serviço. Da passagem ele extraiu o ensino de que ele e Barnabé deveriam ir aos gentios com o Evangelho da Graça de Deus porque os judeus haviam voltado suas costas para sua mensagem. Paulo acreditava que o Senhor lhe havia enviado neste sentido, considerando o princípio que está envolvido naquele versículo.

2 Coríntios 6:2 — “Porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação”.

Os teólogos do Pacto nos dizem que, por Paulo haver citado Isaías 49:8 em 2 Coríntios 6:2 em conexão com a pregação do evangelho nestes tempos da era cristã, isso provaria (para eles) que Isaías 49 estaria se cumprindo hoje, e que a bênção prometida para os gentios em Isaías 49 estaria sendo realizada em nossos dias em algum sentido espiritual por aqueles que creem.

Volto a repetir que o Espírito de Deus não diz que este versículo é um cumprimento, portanto aventurar-se a dizer que é não passa de uma afirmação infundada. A passagem em Isaías 49:9 não está falando do chamado de Deus para obreiros cristãos pregarem o evangelho. Isaías estava falando profeticamente do encorajamento dado por Deus ao Messias de Israel (o Senhor Jesus) quando Ele foi rejeitado em Sua primeira vinda (Is 49:4; Jo 1:11). Deus prometeu a Ele naquela ocasião que Sua oração concernente à salvação de Israel seria ouvida em “tempo aceitável” (Is 49:8) — o que ocorrerá em Sua segunda vinda — na Manifestação de Cristo (Sl 110:3). Aquele dia será um “dia da salvação” para o remanescente de Israel. Deus irá operar para sua bênção e prometeu assistir o Senhor nessa realização. Paulo faz uma aplicação a partir de Isaías 49:8 para encorajar cristãos a se ocuparem em servir no tempo presente quando o Evangelho da Graça de Deus está sendo pregado. O ponto que Paulo quer ressaltar é que podemos contar com a assistência de Deus nesta obra de modo similar (compare com Marcos 16:20). Ele coloca diante dos olhos dos coríntios a passagem como um encorajamento para eles se envolverem no “ministério da reconciliação” (2 Co 5:18-20) “na qualidade de cooperadores” (2 Tm 6:1 ARA) com ele e Timóteo.

Portanto, o “dia da salvação” ao qual Isaías estava se referindo não é este presente dia da salvação, mas um tempo futuro em conexão com a bênção de Israel. Todavia, o princípio contido no versículo é válido para todas as épocas, pois Deus está profundamente interessado em alcançar os gentios com o evangelho, tanto agora como num dia vindouro. Por esta razão a passagem é mencionada em 2 Coríntios 6.

Romanos 10:15 — “E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas”.

Os teólogos do Pacto dizem que, uma vez que Isaías 52:7 (que tem a ver com a salvação e bênção de Israel) é citado neste versículo de Romanos 10 em conexão com a pregação do evangelho hoje, então isso provaria que aqueles que creem no evangelho hoje se tornam israelitas espirituais.

Volto a repetir que Romanos 10 não declara que Isaías 52:7 estaria se cumprindo nos dias de hoje. Paulo citou o versículo do Antigo Testamento para mostrar que é um privilégio anunciar “o evangelho” e trazer “alegres novas” de salvação para o povo. As boas novas mencionadas em Isaías 52:7 são aquelas que os arautos judeus irão anunciar em um tempo futuro ao povo que tiver sido deixado na terra de Israel após o Rei do Norte a ter devastado (Dn 11:40-42). Sua mensagem será que o Messias voltou e está prestes a estabelecer Seu reino em justiça, e assim salvar Seu povo de seus inimigos que terão destruído sua terra. Paulo estava fazendo uma aplicação daquele versículo de Isaías, pois, independente de ser cristã a mensagem que anuncia as boas novas da obra consumada de Cristo na cruz ou, no caso dos judeus, as boas novas de que Cristo terá voltado para estabelecer Seu reino, em ambos os casos deve ser considerado um privilégio poder anunciá-las.

Continua em: 10 - Será que a Nova Aliança foi feita com a Igreja?

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–– Bruce Anstey | Teologia do Pacto ou Dispensações
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8 - Será que “Israel de Deus” em Gálatas 6:16 significa que os cristãos são israelitas?


“E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre o Israel de Deus.” Gálatas 6:16


O termo “Israel de Deus” (Gl 6:16) é usado pelos seguidores da Teologia do Pacto como prova de que os cristãos seriam israelitas espirituais. Isso é mais uma vez uma mera menção feita por Paulo que precisa ser colocada no contexto a fim de ser corretamente entendida. Tirar três ou quatro palavras de um versículo e construir em torno delas uma doutrina não passa de uma fraca teologia.

O que então quer dizer esta frase? Ela se refere àqueles da nação de Israel (israelitas de nascença) que foram salvos pela graça de Deus e agora são parte da Igreja (Rm 11:5). O artigo “e” na frase “e sobre o Israel de Deus” distingue os crentes judeus dos que pertencem à companhia dos cristãos. Paulo faz menção deles no final da epístola porque o cerne de suas observações ao longo da carta tinha sido de reprimenda aos cristãos por estarem adotando a Lei de Moisés e introduzindo princípios legalistas no Cristianismo. Ele queria que fosse demonstrada uma “misericórdia” especial para com seus conterrâneos (judeus convertidos) que tinham antecedente israelita. Se por um lado não havia desculpa para cristãos gentios por natureza adotarem a Lei, Paulo queria que os santos das assembleias da Galácia fossem pacientes com aqueles dentre eles que tinham ascendência judaica e demoravam a abandonar as amarras do Judaísmo. Ele sabia que não era fácil para quem tinha sido criado naquele sistema deixar de lado tudo de uma só vez (Lc 5:39), e por isso era preciso demonstrar paciência para com eles (Rm 14:1-6). A epístola aos Hebreus é testemunha disso.

Continua em: 9 - Será que o chamado para abençoar os gentios, prometido no Antigo Testamento, é o Evangelho da Graça de Deus pregado hoje?

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7 - Será que “circuncisão” em Filipenses 3:3 significa que os cristãos são judeus?


“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne.” Filipenses 3:3


Os teólogos do Pacto acreditam que, uma vez que a palavra “circuncisão” aparece nesta passagem aplicada a cristãos, isso provaria que os cristãos seriam judeus espirituais. O problema aqui está em não entender a palavra “circuncisão”, que é usada de diferentes maneiras nas Escrituras. É verdade que ela é também usada para se referir a israelitas naturais (At 10:45; 11:2; Rm 15:8; Gl 2:7-9; Cl 4:11; Tt 1:10), mas esta não é a única maneira como a palavra é utilizada. Por exemplo, em Colossenses 2:11 ela se refere à morte de Cristo na cruz. A passagem diz: “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo”. Circuncisão significa “cortar fora”. Neste caso ela se refere a Cristo sendo cortado fora na morte (Is 53:8). E na passagem em questão (Fp 3:3) ela é usada para descrever aqueles (cristãos) que aceitaram o fim da primeira ordem do homem segundo a carne na morte de Cristo.

O apóstolo estava alertando os Filipenses contra os que haviam entrado na profissão cristã e estavam promovendo o primeiro homem sob a lei. Eram mestres judaizantes, os quais ele chamou de “concisão” (Fp 3:2 JND ou “falsa circuncisão” ARA). A palavra “concisão” significa “não cortar fora”. O apóstolo está fazendo um apelo condizente com aqueles judaizantes que promoviam uma linha de ação que essencialmente ia contra cortar fora a primeira ordem do homem segundo a carne. Ao contrário deles, Paulo identifica os cristãos como “circuncisão”, pois o Cristianismo normal inclui aceitar o fim do homem segundo a carne na morte de Cristo. Ao usar o termo “circuncisão” Paulo estava falando figuradamente do terreno no qual o evangelho coloca o crente, como tendo dado um fim à primeira ordem do homem. Seu argumento era que se os cristãos aceitassem o que a “concisão” (os mestres judaizantes) estava oferecendo, acabariam negando o verdadeiro terreno do Cristianismo. Paulo jamais poderia estar dizendo que os cristãos são judeus, pois ele ensinava ampla e exaustivamente que os cristãos não são nem judeus, nem gentios (Gl 3:28; Cl 3:11).

Continua em: 8 - Será que “Israel de Deus” em Gálatas 6:16 significa que os cristãos são israelitas?

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Se você me perguntar o que eu sou, eu lhe responderei: "sou esposo". Se você insistir, lhe responderei: "sou pai"....