Dons na igreja de Corinto | John MacArthur


Observemos com detalhes o que o apóstolo Paulo tinha a dizer em 1 Coríntios sobre o uso equivocado dos dons espirituais. O abuso dos dons se tornara um problema em Corinto, como ocorre hoje no movimento carismático. Paulo, que fundara essa igreja na segunda viagem missionária (At 18), estava particularmente interessado na saúde espiritual e na vida dos crentes de Corinto. Ele passara dezoito meses em Corinto, estabelecendo a igreja e protegendo-a dos inimigos externos e internos.


Quando Paulo a deixou, outros pastores vieram para ministrar à igreja. Alguns deles destacaram-se e outros ficaram muito conhecidos. Infelizmente, depois de poucos anos após a partida de Paulo, vários problemas de ordem moral e espiritual surgiram na igreja de Corinto. A situação era tão séria, que a primeira carta de Paulo aos crentes de Corinto lidou exclusivamente com essas dificuldades. Divisões, culto à personalidade, facções, comprometimento moral e outros males perigosos afligiam a igreja. A carnalidade era mais valorizada que a espiritualidade. Perversões sexuais, fornicação, incesto e adultério eram tolerados, o mundanismo e o materialismo estavam presentes. Membros da igreja processavam uns aos outros em tribunais seculares. Uma facção promovia rebelião contra a autoridade apostólica. A igreja falhara completamente na tarefa de disciplinar o membro que incorrera em uma transgressão seriíssima. Havia muitos conflitos conjugais, e o papel dos solteiros era mal interpretado. Abusava-se da liberdade, a idolatria era praticada, o egoísmo imperava, o orgulho era comum, até mesmo a adoração a demônios se infiltrara. As pessoas abusavam dos papéis que Deus outorgara aos homens e às mulheres, menosprezavam a Ceia do Senhor e desonravam a celebração do amor. Em meio a tudo isso — como poderíamos esperar em ambientes assim — os dons espirituais eram pervertidos, usados erroneamente e corrompidos.

Essa era uma igreja corrompida. Seus membros trouxeram à igreja os pecados e falácias de sua existência como pagãos. O problema dessa igreja não era a ‘falta’ de dons espirituais. Em 1 Coríntios 1.7 Paulo lhes disse: “Não vos falte nenhum dom”. O problema da igreja de Corinto era ‘como’ utilizar os dons e como distinguir os verdadeiros dons e os dons artificiais e demoníacos. Isso era especialmente verdadeiro no que diz respeito ao dom de línguas.

Portanto, uma grande seção da epístola (1Co 12—14) debate a questão dos dons espirituais. Os crentes de Corinto tinham muitos conceitos errados sobre o Espírito Santo. À semelhança dos carismáticos modernos, eles tendiam a equiparar a atuação do Espírito com atividades de êxtase, involuntárias, frenéticas ou misteriosas. Qualquer pessoa podia levantar-se na igreja de Corinto e apresentar uma mensagem em outra língua, ou, talvez, entregar uma profecia, ou dar uma interpretação. Quanto mais agitada a pessoa, tanto mais piedosa e espiritual era considerada.

PAGANISMO EM CORINTO

O desejo de ser visto e reverenciado como “espiritual” era o motivo por que o dom de línguas foi explorado e pervertido em larga escala. Alguns crentes valiam-se do discurso em estado de êxtase, como se este fosse o verdadeiro dom de línguas. O que faziam não podia ser identificado com qualquer habilidade humana normal; por isso foi identificado como procedente de Deus.

Não é difícil entender como isso pôde acontecer. Desde o início, quando Paulo pregou o evangelho pela primeira vez entre os coríntios, o Espírito Santo realizara coisas estupendas entre eles. Ou seja, tinham o conhecimento de que o Espírito Santo estava atuando. No entanto, os problemas começaram quando os coríntios passaram a confundir a obra do Espírito Santo com as práticas místicas conhecidas nas religiões pagãs. A não ser por um pequeno grupo de judeus que faziam parte da igreja desde a fundação dela, a maior parte dos coríntios fora salva do paganismo.

O paganismo era predominante em Corinto. A cidade era permeada pela cultura grega, enamorada da filosofia. Os coríntios se deleitavam em comentar os mais variados filósofos e chegavam a adorá-los. Essa é a origem do sectarismo e das divisões mencionadas por Paulo em 1 Coríntios 1.11-12.

No entanto, é provável que Corinto fosse mis conhecida pela imoralidade sexual. O nome da cidade foi transformado em verbo. “Corintizar” significava relacionar-se sexualmente com prostitutas. Corinto era conhecida em todo o mundo por suas perversões e exageros sexuais. De acordo com o comentarista bíblico William Barclay:

“Acima do istmo, elevava-se a colina da acrópole, e nela estava o grande templo de Afrodite, a deusa do amor. Ao templo estavam ligadas mil sacerdotisas, prostitutas cultuais que à noite desciam da acrópole e aplicavam-se à sua ocupação nas ruas de Corinto, tornando-se um fato proverbial: “Nem todos os homens têm condições de ir a Corinto”.(20)


Infelizmente, o mesmo tipo de falta de moralidade infiltrou-se na igreja de Corinto. No capítulo 5, Paulo repreendeu a igreja porque um de seus membros vivia de modo pecaminoso com a mulher de seu pai. Os casamentos estavam em perigo e essa foi a razão pela qual o apóstolo Paulo gastou tanto tempo no debate sobre o casamento em 1 Coríntios 7.

A INFLUÊNCIA DAS RELIGIÕES DE MISTÉRIO

A todo momento a vida anterior dos crentes de Corinto lutava contra eles. Uma das maiores ameaças era a influência permanente das religiões de mistério, anteriormente praticadas por eles. Por mais de mil anos essas religiões haviam dominado aquela parte do mundo.

As religiões de mistérios assumiram muitas formas diferentes, retrocedendo a milhares de anos. Diversos ensinos e superstições que essas religiões propagavam eram comuns a cada uma de suas ramificações. Evidentemente, todas elas estavam interligadas por doutrinas comuns. A evidência aponta para a mesma origem: Babilônia.(21) Todo falso sistema de adoração originou-se nas religiões de mistério da Babilônia, pois todos esses falsos sistemas religiosos começara na torre de Babel. Babel é a primeira representação da religião falsa, sofisticada e organizada (cf. Gn 11.1-9). Ninrode, neto de Cam e bisneto de Noé, foi o patriarca apóstata que organizou e dirigiu a construção da torre (10.9-10). Parte do esquema consistia no estabelecimento de um sistema de religião falso, uma imitação da verdadeira adoração a Deus. Desde essa época, todo falso sistema de religião possui laços filosóficos e doutrinários relacionados à apostasia da torre de Babel. Por quê? Porque Deus, ao julgar as pessoas que construíram a torre de Babel, espalhou-as pelo mundo. Elas levaram consigo as sementes da falsa religião iniciada em Babel. E, onde quer que tais pessoas se estabeleciam, praticavam alguma forma da falsa religião de Babel. Eles a adaptavam, alteravam, faziam-lhes acréscimos; mas todas as falsas religiões subseqüentes provêm da religião de Babel. A heresia babilônica permanece viva até hoje e, de acordo com Apocalipse 17.4, predominará no período da tribulação, no fim dos tempos. O apóstolo João descreveu ali uma mulher blasfema, vestida de púrpura e escarlata — Babilônia, a mãe das meretrizes, com a qual os reis da terra se prostituíram — repleta de nomes de blasfêmia.

É
claro que em um centro comercial sofisticado, como a cidade de Corinto, as pessoas conheciam e praticavam diversas religiões de mistério. Tal como as falsas religiões contemporâneas, esses grupos praticavam ritos e liturgias sofisticados que incluíam regeneração batismal, sacrifícios pelos pecados, banquetes e jejuns. Os adeptos das religiões de mistério também praticavam a automutilação e castigos corporais. Criam em peregrinações, confissões públicas, ofertas, abluções religiosas e penitência para a remissão de pecados.

No entanto, talvez nenhum outro aspecto era mais característico das religiões de mistério que a experiência chamada de “êxtase”. Seus adeptos procuravam manter a comunhão mágica e sensitiva com o divino. Eles fariam qualquer coisa para entrar em um estado semiconsciente, alucinatório, hipnótico e orgástico, no qual criam manter contatos sensitivos com uma divindade. Alguns usavam o vinho para auxiliá-los na experiência eufórica, como Paulo deu a entender em Efésios 5.18. Quando os participantes sucumbiam ao estado de euforia, quer pela intoxicação literal, quer pela excitação emocional, eles pareciam estar drogados. Presumiam estar em união com Deus.

De acordo com S. Angus, ex-professor de Novo Testamento e Teologia Histórica no Saint Andrews College, em Sydney (Austrália), o êxtase experimentado pelo adepto das religiões de mistério levava-o a “uma condição mística inefável em que as funções normais da personalidade eram suspensas e os esforços morais que formavam os caráter eram aliviados ou relaxados, enquanto os esforços emocionais ou intuitivos eram acentuados”.(22) Em outras palavras, o participante chegaria ao estado em que sua mente seria neutralizada, e suas emoções assumiriam o controle. O intelecto e a consciência dariam espaço à paixão, à sensação e à emoção. Isso era o êxtase, uma condição de euforia inebriante. Angus disse mais:

“[O êxtase] podia ser induzido por vigílias ou jejuns, expectativa religiosa, danças de roda, estímulos físicos, contemplação de objetos sagrados, efeito de músicas emocionantes, inalação de vapores, contágio “avivalista” (como ocorreu na igreja de Corinto), alucinação, sugestão e todos os métodos pertencentes ao aparato dos mistérios... [um escritor antigo] fala sobre homens “saindo se si mesmos para se fixarem completamente no divino e serem arrebatados”.(23)

Quando o adepto da religião de mistério experimentava o êxtase, ele era elevado acima do nível comum da experiência a um estado de consciência anormal. Passava pela sensação de prazer que o fazia crer que seu corpo deixava de ser um empecilho à alma.

De acordo com Angus, o êxtase poderia “variar do delírio anormal à conscientização da unidade com o Invisível e à dissolução da individualidade dolorosa, que caracteriza os místicos de todas as eras”.(24) Em outras palavras, o êxtase poderia emancipar a alma do confinamento no corpo e possibilitar a comunhão do indivíduo com o mundo espiritual. Criava uma extraordinária sensação de leveza. Nesse estado, a pessoa detinha supostamente a capacidade de ver e compreender coisas que apenas os olhos espirituais poderiam contemplar.(25)

Testemunhos de crentes pentecostais e carismáticos descrevem exatamente o mesmo tipo de experiências. É claro que, no caso dos carismáticos que passam por estados de euforia, eles atribuem as experiências a certos “dons” do “Espírito Santo”, particularmente o dom de línguas. O testemunho comum é: “É muito bom. Nunca me senti assim antes! ‘Tem’ que ser de Deus”. Entretanto, um bom sentimento significa que a experiência procedeu de Deus? Não necessariamente, como aprenderemos com a experiência dos crentes de Corinto.

VISITA À PRIMEIRA IGREJA DE CORINTO

Quase não há dúvida de que as várias práticas, rituais, atitudes e outros resultados das religiões de mistério infiltraram-se na igreja de Corinto. Com o que se assemelharia uma visita àquela igreja?

Imagine-se visitando, com sua família, essa cidade, no século I, e dirigindo-se à Primeira Igreja de Corinto. Você chega na hora marcada e descobre que as pessoas mais abastadas estavam ali já havia cerca de uma hora e estavam terminando o ágape (cf. 1Co 11.17-22). Não lhe sobrou nada e você percebe que grande número de pessoas pobres que estavam chegando também não tinham nada para comer.

Você observa que os ricos não são apenas glutões (enquanto devoram as últimas porções de comida), mas alguns deles também estão bêbados. Há, portanto, dois grupos: os pobres, sentados de um dos lados da sala, totalmente sóbrios e com o estômago vazio; e as pessoas mais ricas, do outro lado, entupidas de comida e estimuladas pela grande quantidade de vinho. Por causa da divisão, discute-se, e o ambiente não é saudável.


Alguém anuncia o momento da Ceia do Senhor, mas ela também se transforma em zombaria. Quem não tem nada para comer ou beber torna-se glutão. Em seguida, eles passam ao culto, no qual muitas pessoas ficam de pé, gritando e falando ao mesmo tempo. Algumas usam expressões extáticas, enquanto outras tentam entregar profecias e interpretar o que se diz.

Isso descreve aproximadamente a realidade de um domingo comum na Primeira Igreja de Corinto. Agora você entende por que Paulo disse em 1 Coríntios 11.17: “Porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior”. O culto inteiro era uma confusão frenética, incoerente e caótica. Paulo escreveu em termos muito contundentes, para tentar restabelecê-los, e usou grande parte da epístola para falar sobre o uso adequado do dom de línguas.

O problema que Paulo enfrentou em Corinto é o mesmo que ainda traz dificuldades para o movimento carismático atual: como diferenciar os dons falsos dos genuínos? Muitos carismáticos dirão que, ao ouvirem alguém se levantar e fazer um pronunciamento em nome de Deus, eles sabem se isso procede de Deus ou não.(26) No entanto, como saber a diferença? Mediante um aspecto: o verdadeiro dom de línguas era a capacidade de falar em uma língua estrangeira (ver Capítulo 10). Nada no Novo Testamento dá a entender que o dom de línguas era um discurso extático. E Deus não concederia um dom semelhante ao engano que Satanás usa para manter as pessoas sob o controle das falsas religiões.

Corinto estava repleta de sacerdotes (e sacerdotisas) pagãos, adivinhos e feiticeiros. Pessoas em vários estados de êxtase afirmavam receber o poder e a inspiração dos deuses. E, visto que a igreja de Corinto se tornara carnal, vários tipos de atividades pagãs lhe foram acrescentadas. Um dos motivos para a fácil assimilação era o fato de que os crentes de Corinto esperavam que o Espírito Santo agisse apenas de forma visível, audível e tangível. Criam que o derramamento do Espírito, prometido em Joel 2.28, apenas começara a cumprir-se; por isso esperavam a ocorrência de fenômenos sobrenaturais.

Os crentes de Corinto sabiam que Jesus falara aos discípulos sobre a vinda do Espírito e que se seguiriam coisas maravilhosas. Sem dúvida, Paulo já lhes falara sobre os acontecimentos surpreendentes no Pentecostes, os primeiros dias da igreja, sobre sua conversão a caminho de Damasco e os sinais impressionantes das duas primeiras viagens missionárias.

Satanás aproveitou-se do entusiasmo daqueles crentes em relação à atuação miraculosa do Espírito Santo. A Primeira Epístola aos Coríntios é uma das cartas mais antigas do Novo Testamento. Ali já existiam problemas preocupantes. Não demorou muito para Satanás enturvar as águas, quando cristãos bem intencionados incorreram em carnalidade, erro e práticas falsas. Grande parte de tudo isso era feito com base na suposição de que todas as ocorrências místicas deviam proceder do Espírito.

–– John MacArthur | O Caos Carismático
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

Suicídio, Arrependimento e Morte segundo a Bíblia | JP Padilha



Minha Confissão de Fé se chama SOLA SCRIPTURA. Portanto, enquanto ela disser que somente a blasfêmia contra o Espírito Santo é imperdoável, assim me posicionarei. Do mesmo modo, enquanto ela (a Bíblia) assegurar que Deus é PODEROSO para operar o arrependimento em um homem com seu pescoço pendurado em uma corda, seja em milésimos de segundo ou por meia hora de agonia, manterei firme a convicção de que, ainda que um eleito atire contra a própria cabeça, DEUS tem poder para preservar seus miolos por quanto tempo Ele desejar, a fim de santificar o pecador antes de tomar o seu espírito.

A título de introdução, é necessário que o leitor tenha em mente que as próximas palavras que serão ditas aqui não se tratam de uma defesa em favor do pecado do "suicídio" (auto-homicídio), mas sim de um alerta quanto à suficiência e inerrância das Escrituras. A tríade que envolve o tema é: 1) - Suicídio é um pecado imperdoável? 2) - O arrependimento de alguém pode ser sondado no coração por outro homem? 3) - Como a Bíblia lida com a obra da salvação e quais os desdobramentos que isso traz para o tema?

Iniciemos com algumas ponderações primordiais acerca da soteriologia bíblica nas palavras de Miguel Núñez:

"Esse tem sido um dos temas mais controversos ao longo dos anos, e que lamentavelmente muitos têm respondido de uma maneira emocional e não através da análise bíblica. Aqueles de nós que crescemos no catolicismo sempre ouvimos que o suicídio é um pecado mortal que irremediavelmente envia a pessoa para o inferno. Para muitos que têm crescido com essa posição, é impossível despojar-se dessa ideia.

Outros têm estudado o tema e, depois de fazê-lo, concluem que nenhum cristão seria capaz de acabar com sua própria vida. Há outros que afirmam que um cristão poderia cometer suicídio, mas perderia a salvação. E ainda outros pensam que um cristão poderia cometer suicídio em situações extremas, sem que isso o conduza à condenação.

Em essência temos, então, quatro posições:

- Todo aquele que comete suicídio, sob qualquer circunstância, vai para o inferno (posição Católica Tradicional).

- Um cristão nunca chega a cometer suicídio, porque Deus impediria.

- Um cristão pode cometer suicídio, mas perderá sua salvação.

- Um cristão pode cometer suicídio, sem que necessariamente perca sua salvação.

A primeira dessas quatro posições foi basicamente a única crença até a época da Reforma, quando a doutrina da salvação (Soteriologia) começou a ser melhor estudada e entendida. Nesse momento, tanto Lutero como Calvino concluíram que eles não podiam afirmar categoricamente que um cristão não poderia cometer suicídio e/ou o que se suicidava iria ser condenado. Na medida em que a salvação das almas foi sendo analisada em detalhes, muitos dos reformadores começaram a fazer conclusões, de maneira distinta, sobre a posição que a Igreja de Roma tinha até então.

No fim das contas, a pergunta é: O Que a Bíblia diz?

Começamos mencionando aquelas coisas que sabemos de maneira definitiva a partir da revelação de Deus:

● O ser humano é totalmente depravado (primeiro ponto do TULIP calvinista). Com isso, não queremos dizer que o ser humano é tão mal quanto poderia ser, mas que todas as suas capacidades estão manchadas pelo pecado: sua mente ou intelecto, seu coração ou emoções, e sua vontade.

● O cristão foi regenerado, mas mesmo depois de ter nascido de novo, devido à permanência da natureza carnal, continua com a capacidade de cometer qualquer pecado, com a exceção do pecado imperdoável.

● O pecado imperdoável é mencionado em Marcos 3:25-32 e outras passagens, e a partir desse contexto podemos concluir que esse pecado se refere à rejeição contínua da ação do Espírito Santo na conversão do homem. Outros, a partir dessa passagem citada, atribuem a Satanás as obras do Espírito de Deus. Obviamente, em ambos os casos está se fazendo referência a uma pessoa incrédula.

● De maneira particular, queremos destacar que o cristão é capaz de tirar a vida de outra pessoa, como fez o Rei Davi, sem que isso afete a sua salvação.

● O sacrifício de Cristo na cruz perdoou todos os nossos pecados: passados, presentes e futuros (Colossenses 2:13-14, Hebreus 10:11-18).

O anterior implica que o pecado que um cristão cometerá amanhã foi perdoado na cruz, onde Cristo nos justificou, e fomos declarados justos sem de fato sermos, e o fez como uma só ação que não necessita ser repetida no futuro. Na cruz, Cristo não nos tornou justificáveis, mas justificados (Romanos 3:23-26, Romanos 8:29-30).

A SALVAÇÃO E O ATO DO SUICÍDIO

1. Dentro do movimento evangélico existe um grupo de crentes, a quem já aludimos, denominados Arminianos, que diferem dos Calvinistas em relação à doutrina da salvação. Uma dessas diferenças, que não é a única, gira em torno da possibilidade de um cristão poder perder a salvação. Uma grande maioria nesse grupo crê que o suicídio é um dos pecados capazes de tirar a salvação do crente. Nós, que afirmamos a segurança eterna do crente (Perseverança dos Santos), não somos daqueles que acreditam que o suicídio ou qualquer outro pecado eliminaria a salvação que Cristo comprou na cruz.

2. Tanto na posição Calvinista como na Arminiana, alguns afirmam que um cristão jamais cometerá suicídio. No entanto, não existe nenhum versículo ou passagem bíblica que possa ser usado para categoricamente afirmar essa posição.

3. Alguns, sabendo disso, defendem sua posição indicando que na Bíblia não há nenhum suicídio cometido pelos crentes, enquanto aparecem vários casos de personagens não crentes que acabaram com suas vidas. Com relação a essa observação, gostaria de dizer que usar isso para estabelecer que um cristão não pode cometer suicido não é uma conclusão sábia, porque estamos fazendo uso de um “argumento de silêncio”, que na lógica é o mais débil de todos. Há várias coisas não mencionadas na Bíblia (centenas ou talvez milhares) e se fizermos uso de argumentos de silêncio, estamos correndo o risco de estabelecer possíveis verdades nunca reveladas na Bíblia. Exemplo: não aparece um só relato de Jesus rindo; a partir disso eu poderia concluir que Jesus nunca riu ou não tinha capacidade para rir. Seria esse um argumento sólido? Obviamente não.

4. Gostaríamos de enfatizar que, se alguém que vive uma vida consistente com a fé cristã comete suicídio, teríamos que nos perguntar, antes de ir mais além, se realmente essa pessoa evidenciava frutos de salvação (não por obras, mas pela fé e doutrina), ou se sua vida era mais uma religiosidade do que qualquer outra coisa. Eu acho que, provavelmente, esse seria o caso da maioria dos suicídios dos chamados cristãos.

Apesar disso, cremos que, como Jó, Moisés, Elias e Jeremias, os cristãos podem se deprimir tanto a ponto de quererem morrer. E se esse cristão não tem um chamado e um caráter tão forte como o desses homens, pensamos que pode ir além do mero desejo e acabar tirando a própria vida. Nesse caso, o que Deus decretar que aconteça pode representar parte da disciplina de Deus na vida desse cristão por ele não ter feito uso dos meios da graça dentro do corpo de Cristo, proporcionados por Deus para a ajuda de seus filhos.

Muitos acreditam, como já mencionamos, que esse pecado cometido no “último momento” não proveu OPORTUNIDADE PARA O ARREPENDIMENTO, e é isso o que termina “roubando-lhe” a salvação ao suicidar-se. Eu quero que o leitor faça uma pausa nesse momento e questione o que aconteceria se ele morresse nesse exato momento, se ele pensa que morreria livre de pecado. A resposta para essa pergunta é evidente: NÃO! Ninguém morre sem pecado, porque não há nenhum instante em nossas vidas em que o ser humano está completamente livre do pecado. Em cada momento de nossa existência há pecados em nossas vidas dos quais não estamos nem sequer apercebidos, e outros que nem conhecemos, mas que nesse momento não temos nos dirigido ao Pai para buscar seu perdão, simplesmente porque o consideramos um pecado menos grave, ou porque estamos esperando pelo momento apropriado para ir orar e pedir tal perdão.

A realidade sobre isso é que, quando Cristo morreu na cruz, ele pagou por nossos pecados passados, presentes e futuros, como já dissemos. Portanto, o mesmo sacrifício que cobre os pecados que permanecerão conosco até o momento de nossa morte é o que cobrirá um pecado como o suicídio.

A Palavra de Deus é clara em Romanos 8:38 e 39:

“Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.

Note que o texto diz que “nenhuma outra coisa criada”. Esta frase inclui o próprio crente. Notemos também que essa passagem fala que “nem as coisas do presente, nem do porvir”, fazendo referência às situações futuras que ainda não vivemos. Por outro lado, João 10:27-29 nos fala que ninguém pode nos arrebatar da mão de nosso Pai, e Filipenses 1:6 diz que “aquele que começou a boa obra em vós, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus”.

CONCLUSÃO:

● Se estabelecemos que o cristão é capaz de cometer qualquer pecado, por que não conceber que potencialmente ele poderá cometer o pecado do suicídio?

● Se estabelecemos que o sangue de Cristo é capaz de perdoar todo pecado, ele não cobriria esse outro pecado?

● Se o sacrifício na cruz nos tornou perfeitos para sempre, como diz o autor de Hebreus (7:28, 10:14), não seria isso suficiente para afirmarmos que nenhum pecado rouba a nossa salvação?

● Se até Moisés chegou a desejar que Deus lhe tirasse a vida, devido à pressão que o povo exerceu sobre ele, não poderia um paciente esquizofrênico ou na condição de depressão extrema, que não tenha a força de caráter de um Moisés, atentar contra a sua própria vida de maneira definitiva?

● Se não somos Deus e não temos nenhuma maneira de medir a conversão interior do ser humano, poderíamos afirmar categoricamente que alguém que deu testemunho de cristão durante sua vida, ao cometer suicídio, realmente não era um cristão?

● Baseados na história bíblica e na experiência do povo de Deus, poderíamos concluir que o suicídio entre crentes provavelmente é uma ocorrência extraordinariamente rara, devido à ação do Espírito Santo e aos meios de graça presentes no corpo de Cristo.

Pensamos que o suicídio é um "pecado grave" porque atenta contra a vida humana. Mas já estabelecemos que um crente é capaz de eliminar a vida humana, como o fez Davi. Se eu posso fazer algo contra alguém, como não conceber que posso fazê-lo contra mim mesmo? Essa é a nossa posição.

Como você pode ver, não é tão fácil estabelecer uma posição categórica sobre o suicídio e a salvação. Tudo o que podemos fazer é raciocinar através de verdades teológicas claramente estabelecidas, a fim de chegar a uma provável conclusão sobre um fato não estabelecido de forma claramente definitiva. Portanto, quanto mais coerentemente teológico for meu argumento, mais provável será a conclusão que eu chegar".[1]

RESSALVAS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pergunta certa leva a uma proximidade maior da resposta bíblica (pois nos baseamos na Bíblia e nos calamos com ela). Qual pergunta deve ser feita quando um crente se suicida? A pergunta mais sensata é: "É possível que Deus tenha operado o ARREPENDIMENTO DOS PECADOS no coração de um suicida (incluindo o ato suicida) antes da morte o tragar? Já fora provado que sim. Neste caso, temos quatro considerações finais:

1 - O suicídio não é um pecado imperdoável.

2 - Não somos oniscientes e, portanto, não podemos fazer afirmações peremptórias acerca de qual suicida foi preservado em santidade entre a espada e a morte.

3 - Um crente nominal pode estar no inferno após o suicídio, enquanto um pagão, ao se suicidar, pode ser despertado para o evangelho que havia ouvido há anos.

4 - Sansão cometeu dois pecados: Vingança pessoal e suicídio (Juízes 16:28-30). Deus o perdoou por ambos (Hebreus 11:1-2, 32-34).

Uma breve aplicação da hermenêutica a respeito do estado psicológico e emocional de Sansão naquelas circunstâncias, sob a análise de uma hermenêutica cuidadosa, irá surpreender a muitos. Se o leitor ainda não o fez, sugiro que o faça. Sansão estava no ÁPICE da ignomínia e da depressão. Sua condição moral, psicológica, emocional, física, social... era PERTURBADORA. Todavia, alguém pode me questionar: "Mas quem disse que Deus o salvou?" E eu replico: "O Novo Testamento inclui Sansão na lista de exemplos de FÉ GENUÍNA -- a Bíblia diz que ele era um eleito do Senhor.

APLICANDO A SOLA SCRIPTURA EM JUÍZES 16:28-30

“Então Sansão clamou ao SENHOR, e disse: Senhor DEUS, peço-te que te lembres de mim, e fortalece-me agora só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos filisteus, pelos meus dois olhos. Abraçou-se, pois, Sansão com as duas colunas do meio, em que se sustinha a casa, e arrimou-se sobre elas, com a sua mão direita numa, e com a sua esquerda na outra. E disse Sansão: Morra eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os príncipes e sobre todo o povo que nela havia; e foram mais os mortos que matou na sua morte do que os que matara em sua vida”. (Juízes 16:28-30)

Mais uma vez devemos voltar nossa atenção para a distinção entre texto “normativo” e texto “descritivo”. O texto bíblico sobre Sansão NÃO é normativo. Não se trata de uma passagem que estabelece regras e padrões acerca do pecado, e muito menos uma afirmativa de que o suicídio seja um pecado imperdoável ou não. Sendo assim, estamos diante de um texto DESCRITIVO. Isto é, Sansão tomou quatro atitudes antes de se matar:

1. Sansão pediu a Deus que se lembrasse dele (v. 28a).
2. Sansão pediu a Deus que lhe fortalecesse [fisicamente] mais uma última vez (v. 28b).
3. O pedido de Sansão foi motivado unicamente pelo desejo de vingança contra os filisteus (v. 28c).
4. O desejo de vingança de Sansão se deu exclusivamente pela perda de seus dois olhos (v. 28d).

Ironicamente, encontramos no Antigo Testamento o 6º mandamento "não matarás". Esta lei não significa a proibição de toda morte, como por exemplo no caso de um juiz que executa uma sentença penal; e, Sansão era exatamente um juiz colocado em Israel por DEUS para executar a morte dos que oprimiam o Seu povo. Ou seja, sua função era MATAR. Estaria a Bíblia se contradizendo? Não! Pode-se perceber que a palavra hebraica usada no sexto mandamento é "Rasah", que significa "matar sem motivo”, “fora da lei" ou por “vingança pessoal”, e não “Harag” (matar alguém).

Tendo em mente que a força e significado do verbo original do sexto mandamento é “Rasah“, que significa “ASSASSINAR", a pergunta que devemos fazer é se Sansão foi motivado a matar segundo a “justiça” ou motivado pela “vingança pessoal”. Neste caso, o texto inspirado responde por si mesmo no verso 28: “Então Sansão clamou a Deus, e disse: ...fortalece-me agora só esta vez, ó Deus, para que de uma vez me vingue dos filisteus, pelos meus dois olhos” (Juízes 16:28). Esse é o princípio da hermenêutica irrefutável; ou seja, a Bíblia responde a si mesma e não pode ser submetida a interpretações especulativas ou contraditórias a ela.

Portanto, Sansão dá detalhes descritivos do POR QUE de sua atitude: "Para que me VINGUE dos filisteus pelos meus dois olhos". Não há uma linha sequer em que o autor inspirado indique que Sansão se matou por outro motivo, senão este – vingança pessoal. Sansão, nestas circunstâncias, não está matando para cumprir seu papel como juiz de Israel.

Devo salientar, ainda, por dever de ofício, que estamos aqui defendendo a INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS e não o ato pecaminoso do suicídio, claramente cometido por Sansão. O suicídio é, de fato, um pecado. Porém, Deus preservou Sansão entre os santos (Hb 11:1-2, 32-34), cumpriu Seu propósito contra os inimigos de Seu povo e se CALOU diante de suposições acerca do “arrependimento” de Sansão. Ponto. O que passar disso é mera especulação. Todavia, negar que o autor inspirado está dizendo que Sansão *se matou* é negar a própria Palavra inspirada; é passar por cima da suficiência da Palavra e jogar a inerrância das Escrituras na lata do lixo a fim de legitimar [desonestamente] a teoria romanista de que o "auto-homicídio" é imperdoável diante de Deus.

Dizer que nem todo suicida vai para o inferno não é estimular o suicídio. Suicídio é pecado. É, de fato, um grande sinal de perdição. O fato é que, como cristão temente a Deus, não posso, nem seria seguro para mim, dizer o que a Bíblia não revela. A Bíblia diz que o único pecado imperdoável é a blasfêmia contra o Espírito Santo. PONTO. É até aqui que ela vai. Onde ela se cala, eu me calo.

Admito não compreender como um cristão genuíno, por mais perturbado que esteja mentalmente, pode dar cabo de sua própria vida. Mas o fato de não compreender como isso funciona não me dá o direito de acrescentar um só til à Palavra inspirada (Gl 1:6-10; 1Co 4:6; Ap. 22:18).

Minhas pernas tremem pelos pastores e líderes que tem afirmado que todo suicida está condenado. Sim. Eles não parecem demonstrar temor diante de Deus. Quando alguém me pergunta se este ou aquele suicida foi para o inferno, minha resposta é um sonoro "NÃO SEI". Por que? Porque o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência (Pv 9:10). O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; porém, os loucos desprezam a sabedoria e a instrução, e não temem nem tremem ao colocar palavras na boca de Deus, ensinando e fazendo afirmações peremptórias acerca do que Deus nunca disse nem revelou (Jr 23:30-32; Pv 1:7).

O maior pecado, segundo o meu parecer, está nos lábios dos que acrescentam ou minimizam qualquer vírgula à Escritura. Ai deles! Pois quanto a estes sim, a Bíblia aponta como MALDITOS (Gl 1:6-10; Dt 12:32; Mt 15:9; 1Tm 4:1-2; 2Tm 4:3-4).

Há muita coisa na Bíblia a se considerar. Mas, em nenhum dos casos examinados encontraremos brecha para um ato suicida deliberado e egoísta. As motivações do suicida tem muito a dizer sobre ele, bem como sua consciência derradeira, entre a corda e o pescoço (como no caso de Sansão). Trata-se de uma linha tênue que contém histórias que só poderiam ser contadas por quem vivenciou a tragédia.

“Eu sei, pessoalmente, que não há nada no mundo que o corpo físico possa sofrer que se compare à desolação e à prostração da mente".[2]

JP Padilha
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NOTA:
[1] - Miguel Núñez / "Ao Cometer Suicídio, o Cristão Perde a Salvação?"
[2] - Charles Spurgeon / "A Depressão de Spurgeon", por Zack Eswine.

Por que Deus não disse antes para congregarmos ao nome de Jesus? | Mario Persona


Sua pergunta foi: "Por que Deus permitiu que se passassem tantos anos de Catolicismo e Protestantismo para revelar apenas no século 19 que a forma correta de congregar seria somente ao nome do Senhor?". Ora, o modo correto para os cristãos estarem congregados já tinha sido revelado antes mesmo de a Igreja existir, quando no Evangelho de Mateus o Senhor disse com todas as letras: "Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mt 18:20). Talvez o correto seria você perguntar aos congregados nas milhares de denominações o que fizeram com esta passagem.

É importante você entender que no século 19 nada de novo foi revelado que já não tivesse sido revelado na Palavra de Deus através dos apóstolos. Antes disso, no século 16, Martinho Lutero também não recebeu nenhuma nova revelação que já não estivesse na Bíblia, quando começou a pregar a justificação pela fé. Essa doutrina já estava nas páginas das Escrituras, apesar de ter sido desprezada e sepultada sob uma camada de superstições e lendas propagadas pela Igreja de Roma.

Do mesmo modo, os irmãos do século 19 não receberam nenhuma nova revelação quando começaram a falar de congregar somente ao nome do Senhor sem trazer alguma outra denominação além do Nome que está acima de todo nome. Também não foi nenhuma nova revelação a diferença entre a Igreja e Israel, do caráter celestial da Igreja, do arrebatamento e da vinda do Senhor. Estava tudo lá, só que debaixo do entulho de séculos de mentiras ensinadas por homens.

Paulo previu que isso aconteceria, quando se dirigiu aos anciãos de Éfeso em Atos 20. Aí sim foi uma revelação que ele fez, a de que homens entrariam no rebanho com a intenção de destruir e falsos mestres corromperiam a Palavra para atrair discípulos para si mesmos.

"Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós. Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados." (At 20:29-32).

Paulo termina sua exortação encomendando os irmãos a Deus e à Palavra da sua graça, a mesma que temos hoje e sempre esteve disponível (exceto em situações quando o catolicismo romano a proibia aos leigos). Se ler as epístolas de João à luz desta passagem verá que João estava chamando a atenção para o fato de que os únicos aos quais Cristo havia sido revelado no princípio eram os apóstolos. Portanto qualquer outro que se levantasse depois dizendo ser alguma coisa ou ter alguma revelação nova deveria ser rechaçado como impostor, falso mestre ou até mesmo um anticristo, neste caso quando negasse a divindade de Jesus.

"O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra." (1 Jo 1:1-4).

"Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo. Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho. Qualquer que nega o Filho, também não tem o Pai; mas aquele que confessa o Filho, tem também o Pai. Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. ESTAS COISAS VOS ESCREVI ACERCA DOS QUE VOS ENGANAM(1 Jo 2:18-26).

"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já MUITOS FALSOS PROFETAS se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo.". Confessar Jesus vindo em carne é confessar sua pré-existência divina e eterna. Então ele continua: "Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. DO MUNDO SÃO, POR ISSO FALAM DO MUNDO E O MUNDO OS OUVE. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro." (1 Jo 4:1-6).

Mas poderia Deus ainda estar mostrando coisas escondidas nos dias de hoje? Entendo que sim, pois se eu achar que não tem mais nada que Deus possa me mostrar em Sua Palavra irei parar de ler a Bíblia, porque já li algumas vezes. Mas se ontem o Espírito me mostrou mais uma coisinha, e hoje mais outra, amanhã posso ter certeza de que encontrarei outra e assim por diante. É desta maneira que crescemos no conhecimento da Palavra do Senhor.

"Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e CRESCENDO NO CONHECIMENTO DE DA GRAÇA DE DEUS." (Cl 1:9-10).

–– Mario Persona

O poder de Deus diminuiu?



Em Atos 5.16, no início da era apostólica, quando a igreja estava começando, lemos que as multidões eram curadas pelos apóstolos.(25) Anos depois, Paulo, o maior dos apóstolos, não conseguia livrar-se de um espinho na carne (v. 2 Co 12.7-10). Apesar de parecer ter a capacidade de curar as pessoas à vontade (At 28.8), no final de sua vida Paulo aparentemente não apresentava a evidência de possuir esse dom. Ele aconselhou Timóteo a tomar um pouco de vinho por causa do estômago — um jeito comum de tratar algumas doenças naqueles dias (1Tm 5.23). Um pouco mais tarde, no final da carreira, Paulo deixou um irmão querido doente em Mileto (2Tm 4.20). Se lhe fosse possível, ele certamente o teria curado.


Conforme as primeiras páginas de Atos dos Apóstolos, no início da igreja, Jerusalém presenciou muitos milagres. Após o martírio de Estêvão não há registro de nenhum outro milagre realizado naquela cidade. ALGO ESTAVA MUDANDO.

Os milagres da era apostólica não deviam ser um padrão para as gerações cristãs futuras. Não temos nenhuma ordem para buscar ou realizar milagres. Fomos ordenados a estudar a Palavra de Deus e obedecê-la, pois ela é capaz de tornar-nos sábios e maduros. Também recebemos a ordem de viver pela fé e não pelo que vemos (2Co 5.7).

Em João 14.12 encontramos esta promessa de nosso Senhor: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que Eu faço e outras maiores fará, porque Eu vou para junto do Pai”. Ao ouvir alguns dos advogados contemporâneos do ministério de sinais e maravilhas, você pensará que esta promessa ignorou a era apostólica e está se cumprindo nas reuniões deles.

“Obras maiores” não se refere a milagres mais espetaculares. O contexto de João 14 não apresenta qualquer sugestão de sinais e maravilhas sobrenaturais. Que obra ultrapassa a ressurreição de mortos? O texto de João 5.20-21 indica que é a outorga de vida espiritual a pecadores. É evidente que as obras dos apóstolos foram maiores do que as de Jesus em quantidade e não em qualidade. Eles levaram o evangelho aos confins do mundo conhecido em seus dias. Entretanto, grande parte dessa atuação foi realizada após os milagres começarem a sair de cena.

Os carismáticos alegam: se entendemos que a era de milagres já passou, expomos um conceito deficiente a respeito de Deus. Jerry Horner, professor auxiliar de literatura bíblica na Oral Roberts University, declarou: “Quem deseja um Deus que perdeu toda a energia? Ele poderia fazer algo em um século e, no seguinte, seria incapaz de realizá-lo?... Deus perdeu todo o seu poder?”(32)

Russell Bixler, outro carismático, conclui que se pessoas negam a normalidade de milagres semelhantes aos dos apóstolos hoje, elas têm uma “fé que não permite que Jesus seja o mesmo ontem, hoje e para sempre. Elas estão muito contentes com um Deus distante, que não realizou nada significativo em dois mil anos”.(33)

Deus perdeu todo o poder? Ele não realizou nada significativo em dois mil anos? Isto não é verdade. Percebemos à nossa volta evidências da maravilhosa obra de Deus: na transformação mediante o novo nascimento da vida de milhões de pessoas em todo o mundo, que crêem em Cristo; na resposta diária à oração; na união providencial de pessoas e recursos para Lhe darem glória; na capacidade de recuperação rápida de sua Igreja, que resistiu à perseguição implacável e a vários ataques internos no decorrer dos séculos, e continua a fazê-lo hoje.

No entanto, Deus não tem dado à igreja moderna porta-vozes com o poder de realizar milagres. Você pode estar certo de que, se Deus fizesse isso, eles não se assemelhariam aos milagreiros carismáticos tais como os que vemos na televisão ou em qualquer tenda. Por que Deus confirmaria uma teologia péssima dessa? Por que Ele concederia o poder de realizar “milagres” a quem ensina heresias? Todo movimento moderno que enfatiza os milagres como um tema central está maculado por teologia errada, por doutrina confusa e incoerente, por heresia ou pela combinação de todos esses elementos. No próximo capítulo examinaremos, com detalhes, o maior e mais influente dos movimentos que expõem a teologia de sinais e maravilhas.

Efésios 3.20 apresenta uma promessa para a nossa época: Nosso Senhor “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em nós”. O que Deus faz em e por nós hoje não é o mesmo que Ele fez na era apostólica. Ele tinha um propósito especial para os apóstolos e seus milagres; e a vontade dEle se cumpriu. Deus tem um propósito maravilhoso e especial para nós porque Ele é Deus e todas as suas ações são maravilhosas.

–– John MacArthur | O Caos Carismático
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

O que tornou os apóstolos pessoas singulares?


Alguns carismáticos realmente crêem que os fenômenos vistos hoje provam que Deus está outorgando de novas revelações, comprovadas por novos milagres, pela instrumentalidade de apóstolos modernos. Toda essa afirmação ignora o papel da Bíblia e a função dos apóstolos. Eles foram homens especiais, separados para um papel exclusivo em uma era ímpar. Os apóstolos eram o fundamento da igreja em desenvolvimento (Ef 2.20). Esse fundamento é a base para a edificação da igreja e não pode ser estabelecido outra vez. Não podem existir apóstolos modernos.

Além disso, como vimos, os milagres eram peculiares aos apóstolos e aos colabores mais próximos deles. O cristão comum não possuía a capacidade de realizar sinais e maravilhas. Paulo afirmou isso em 2 Coríntios:

“Tenho-me tornado insensato; a isto me constrangestes. Eu de-via ter sido louvado por vós; porquanto em nada fui inferior a esses tais apóstolos, ainda que nada sou. Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos” (12.11,12).

Paulo estava defendendo seu apostolado diante dos crentes de Corinto, alguns dos quais duvidavam de sua autoridade apostólica. Se realizar milagres fosse uma experiência comum aos crentes, seria inútil Paulo tentar provar seu apostolado pela menção dos milagres que realizara. Torna-se óbvio que, mesmo na era apostólica, os cristãos eram incapazes de realizar sinais, maravilhas e atos poderosos. Visto que essas habilidades eram exclusivas dos apóstolos, Paulo podia usar sua experiência com sinais e maravilhas como prova de sua autoridade.

Como mensageiros da Palavra de Deus, os apóstolos tinham poderes miraculosos; e o mesmo tipo de poder foi concedido, às vezes, a pessoas comissionadas por eles, como Estêvão e Filipe (v. At 6). No entanto, esse poder não tinha caráter permanente. Desde o nascimento da igreja, no Dia de Pentecostes, nenhum milagre ocorreu sem a presença de um apóstolo ou de alguém diretamente comissionado por eles, conforme o registro de todo o Novo Testamento.

No Novo Testamento não encontramos nenhuma informação sobre milagres acontecendo aleatoriamente entre os cristãos. Mesmo a outorga miraculosa do Espírito Santo aos samaritanos (At 8), aos gentios (At 10) e aos seguidores de João Batista em Éfeso (At 19) ocorreu somente quando os apóstolos estavam presentes.

A Bíblia afirma reiteradamente que os apóstolos eram inigualáveis. No entanto, os carismáticos estão determinados a ressuscitar os dons e sinais apostólicos. Alguns até crêem que certos homens podem reivindicar o ofício apostólico hoje. Por exemplo, Earl Paulk ensina que certos indivíduos “ungidos” foram chamados para serem apóstolos.(23) Jack Deere está incerto a respeito de que o ministério apostólico está em atividade hoje, mas ele ministrou um workshop em Sidney (Austrália) no qual afirmou sua convicção de que o poder apostólico está próximo e de que a nova era apostólica será maior que a primeira.(24)

O conceito de que o ofício apostólico está em atividade hoje é coerente com o ensino carismático rudimentar. Portanto, Budgen escreveu corretamente: “Qualquer pessoa comprometida genuinamente com a crença de que todos os dons estão disponíveis em nossos dias deve, por questão de coerência, crer que Deus outorga apóstolos à igreja moderna”.(25)


Entretanto, a questão da autoridade apostólica tem causado alguns conflitos no movimento carismático — o que é compreensível. Quando pessoas que afirmaram ter recebido autoridade apostólica fazem profecias que não se cumprem, enunciam “palavras de conhecimento” que se mostram falsas e prometem curas que jamais se concretizam, essas alegações de autoridade apostólica devem ser questionadas.

Apesar disso, alguns líderes carismáticos insistem na herança da autoridade apostólica e anseiam praticar essa autoridade. Esse desejo conduz freqüentemente a abusos aterradores. Talvez o episódio mais notório seja o ocorrido na década de 1970, proveniente de um grupo de líderes carismáticos sediados em Fort Lauderdale. Conhecido pelo nome de movimento “Shepherding” (Pastoreio) ou “Discipleship” (Discipulado), esse grupo — influenciado pelo ensino de Ern Baxter, Don Basham, Bob Mumford, Derek Prince e Charles Simpson — concluiu que a Escritura exige submissão absoluta aos “líderes espirituais”. Como se podia esperar, diversos líderes usaram esse ensino para manter uma influência cruel e tirânica sobre o povo. Insistiam que as pessoas lhes submetessem todas as decisões — casamento, finanças e carreira pessoais. Homens inescrupulosos, passando por líderes espirituais, tiraram vantagem da credulidade das pessoas. Em conformidade com quaisquer seitas, vários desses líderes obtiveram domínio completo sobre a vida das pessoas. Agora, a maioria dos líderes carismáticos tenta distanciar-se da terminologia e das práticas dos piores extremistas. Os principais ensinos desse grupo sobrevive disfarçado com nomes semelhantes a church life (vida da igreja) e covenant life (vida pactual).(26)

Contraste esse tipo de liderança autoritária com o estilo dos apóstolos:

A autoridade era usada de maneira graciosa. Os apóstolos não se valiam de sua posição, nem vociferavam ordens, nem atraíam a atenção para si mesmos. Paulo parecia relutante ou embaraçado para exercitar suas prerrogativas. Isso emerge do capítulo final de 2 Coríntios, quando Paulo afirmou: “Portanto, escrevo estas coisas, estando ausente, para que, estando presente, não venha a usar de rigor segundo a autoridade que o Senhor me conferiu para edificação e não para destruir” (2Co 13.10).(27)

Podemos apresentar SEIS razões bíblicas pelas quais o ofício apostólico não é para hoje:

1.
A igreja está edificada sobre o fundamento apostólico.

Como já observamos antes, de modo sucinto, o ofício apostólico era um fundamento. Escrevendo aos crentes de Éfeso, Paulo afirmou que a igreja está edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” (Ef 2.20). Embora o ensino principal possa ser questionado, estudiosos de grego acreditam que a melhor tradução do texto seja “apóstolos/profetas”. Ambos os termos referem-se às mesmas pessoas; “apóstolos” refere-se ao ofício, e “profetas” à função.(28)

Quer essa interpretação seja correta, quer não, o versículo ensina com clareza que os apóstolos foram designados para ser o fundamento da igreja. Isto é, seu papel é dar base, apoio e direção — prover o alicerce da igreja recém-estabelecida. Eles foram os fundadores da igreja. Esse papel foi desempenhado por eles e, por definição, não pode ser repetido.


2.
Os apóstolos foram testemunhas oculares da ressurreição.

Quando documentava seu apostolado à igreja de Corinto, Paulo escreveu: “Porventura não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor?” (1Co 9.1). Em 1 Coríntios 15.7-8, Paulo registra que o Cristo ressurreto foi visto por Tiago; em seguida, por todos os apóstolos e, finalmente, por ele mesmo.


Hoje, alguns carismáticos afirmam terem visto o Senhor ressurreto (ver Capítulo 1). Entretanto, essas afirmações jamais poderão ser comprovadas. Mas, no caso das aparições de nosso Senhor ressurreto registradas na Bíblia, torna-se claro que Ele apareceu poucas vezes, geralmente a grupos de pessoas, como os discípulos no cenáculo. Essas aparições acabaram quando houve a ascensão. A única exceção (cf. 1Co 15.8) foi o seu aparecimento a Paulo, que o viu no caminho de Damasco (At 9.1-9). Mesmo nessa ocasião, Paulo estava acompanhado por outras pessoas que viram a luz brilhante e reconheceram que ele ficara cego por causa de uma experiência inegavelmente sobrenatural. Esse foi o único aparecimento de Jesus posterior à sua ressurreição. Ele apareceu duas outras vezes (At 18.9; 23.11). Não há evidência fidedigna de seu aparecimento a qualquer outra pessoa desde o fim da era apostólica.

3. Os apóstolos foram escolhidos pessoalmente por Jesus Cristo.

Mateus 10.1-4 descreve a nomeação dos doze apóstolos. O mesmo acontecimento é narrado em Lucas 6.12-16. Mais tarde, Judas traiu o Senhor e suicidou-se, sendo substituído por Matias mediante o lançamento de sortes feito pelos apóstolos. Eles criam que Jesus controlaria providencialmente o sorteio e, conseqüentemente, a escolha (cf. Pv 16.33). Paulo teve sua experiência exclusiva com o Senhor a caminho de Damasco.


Jesus pode ter falado hebraico ou aramaico ao escolher os apóstolos (há divergência entre os eruditos sobre esse ponto). No entanto, se ele falou em hebraico, deve ter usado a palavra shaliach para designar “apóstolo”. Em hebraico, o shaliach é o substituto da pessoa que ele representa — o suplente, o representante que detém autoridade plena para agir em lugar de seu senhor. Os apóstolos foram designados por Jesus a fim de representá-lo dessa maneira.

É
verdade que outras pessoas são designadas “apóstolos” no Novo Testamento, como em 2 Coríntios 8.23; mas são designadas “apóstolos da igreja” — termo não técnico com um significado amplo. Uma coisa é ser apóstolo do Senhor, enviado pessoalmente por Jesus; outra coisa bem diferente é ser apóstolo da igreja, enviado pelo conjunto dos crentes.(29) Também não há, na Escritura, nenhum registro de milagre realizado pelos apóstolos da igreja.

Paulo deixou claro aos crentes da Galácia que tipo de apóstolo ele era: “Não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos” (Gl 1.1).

Os doze originais (com Matias no lugar de Judas) e Paulo receberam a comissão intransferível de revelar a doutrina e fundar a igreja. Quando as epístolas pastorais estabeleceram as bases para a liderança eclesiástica permanente, elas mencionaram presbíteros e diáconos, e jamais apóstolos.

4.
Os apóstolos eram confirmados por sinais miraculosos.

Pedro curou o homem coxo à entrada do portão do templo (At 3.3-11). Ele curou também outras pessoas (5.15,16) e ressuscitou Dorcas (9.36-42). Paulo trouxe Êutico de volta à vida depois de o rapaz ter caído e falecido (At 20.6-12). Além disso, ele foi picado por uma serpente venenosa e não sofreu danos (28.1-6). Como já afirmamos, mesmo na era apostólica nenhum milagre semelhante a esses foi realizado por outras pessoas além dos apóstolos ou homens comissionados por eles.


5. Os apóstolos tinham autoridade absoluta.

Os apóstolos tinham muito mais autoridade do que os outros profetas, cujas afirmações tinham de ser julgadas quanto à exatidão e à autenticidade (ver por exemplo 1Co 14.29-33). Quando os apóstolos falavam, não havia discussão. Eles já haviam sido reconhecidos como instrumentos da revelação divina. Em sua breve carta de advertência à igreja, Judas afirmou: “Vós, porém, amados, lembrai-vos das palavras anteriormente proferidas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo” (v. 17).

6. Os apóstolos têm um lugar de honra eterno e único.

Apocalipse 21 descreve a Nova Jerusalém. Parte dessa descrição afirma: “A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (v. 14). Os nomes dos doze apóstolos estão selados para sempre na muralha da Nova Jerusalém, no céu. (Os teólogos têm debatido se o décimo segundo lugar deve ser ocupado por Matias ou Paulo, ou, talvez, por ambos.) Seus nomes são únicos; seu ofício é exclusivo; seu ministério é ímpar; os seus milagres são inigualáveis. Os apóstolos foram, inquestionavelmente, um grupo especial; não tiveram sucessores. A era dos apóstolos e de seus feitos jaz para sempre no passado.


No início do século II, os apóstolos tinham falecido e as coisas haviam mudado. Alva McClain escreveu: “Quando a igreja surge no século II, a situação concernente aos milagres encontra-se tão modificada que parecemos contemplar outro mundo”.(30)

Samuel Green escreveu no Handbook of Church History (Manual de História Elesiástica):


“Quando entramos no século II, estamos, em grande medida, num mundo modificado. A autoridade apostólica não estava mais na comunidade cristã; os milagres realizados pelos apóstolos haviam cessado... Não podemos duvidar que havia um propósito divino em dividir os períodos seguintes à era da inspiração e dos milagres usando um marco tão amplo e definido”.(31)

A era apostólica foi singular e terminou. Isto é o que afirmam e testemunham, reiteradamente, a História, Jesus, a Teologia e o próprio Novo Testamento.

–– John MacArthur | O Caos Carismático
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

Deus promete milagres para todos?



Muitos carismáticos insistem que Deus deseja realizar milagres para todos os crentes. Eles declaram freqüentemente: “Deus tem um milagre exclusivo para você”. Os crentes devem procurar milagres particulares? Se você estudar os milagres realizados por Jesus, perceberá que nenhum deles foi realizado de maneira particular.


Embora Jesus tenha curado os males do povo e aliviado o sofrimento físico das pessoas, esses são apenas benefícios secundários. O principal propósito de Jesus era autenticar suas reivindicações messiânicas (cf. Jo 20.30-31). De modo semelhante, os apóstolos também curaram pessoas, mas o objetivo primário deles era autenticar as novas revelações — e essas revelações jamais são uma questão particular.

As pessoas que crêem nas reivindicações dos milagres modernos — especialmente os mais zelosos defensores dos sinais e das maravilhas contemporâneos — parecem relutantes em lidar com a possibilidade, ainda que seja remota, de que essas maravilhas autentiquem um tipo diabólico de “revelação”. Victor Budgen divisa esse perigo:

“O Diabo deseja substituir a Palavra de Deus pela sua. Às vezes essa ação é perceptível, pois tudo é muito evidente. Muitos dos cristãos reconhecem o erro. Moisés Davi, dos “Meninos de Deus”, afirmou: “Diversos profetas de Deus profetizaram muitas vezes a meu respeito como alguém que seria cheio do Espírito de Deus desde o ventre de minha mãe; foi predito que eu realizaria muitas coisas grandiosas... eu seria semelhante a Moisés, Jeremias, Ezequiel, Daniel e até Davi” (Citado na Crusade Magazine, abril 1973, p. 5). Os cristãos rejeitam essa afirmação especialmente à luz dos ensinos heréticos desse grupo. Um livreto sobre o surgimento de Sun Myung Moon e seus adeptos relata: “Entre alguns pentecostais da ‘igreja secreta’, em Piongiang, houve recentemente uma profecia sobre um messias coreano. Por isso, o povo tornou-se um solo fértil para essa idéia” (J. Isamu Yamamoto, The Moon Doctrine, Intervarsity, 1980, p. 4). No entanto, por mais extremados que esses grupos pareçam, não devemos esquecer que existem pessoas hoje que se comparam aos profetas da Bíblia, que crêem em novas “revelações” e engendram um ambiente no qual todos os tipos de falsos ensinos podem ser aceitos... Qualquer pessoa que escreva sobre esse tema pode ser acusada de ressaltar os exemplos mais extravagantes; contudo, muitos movimentos heréticos atraíram primeiramente “cristãos genuínos”. Várias das pessoas enredadas temporariamente pela seita de Jim Jones, com suas curas, revelações e posterior suicídio coletivo, parecem ter sido “cristãos sinceros” e “genuínos”, iludidos e desencaminhados pelo maligno. A única proteção verdadeira e guia seguro que Deus nos deu contra o engano é o apego à Bíblia e à crença de que Ele proveu uma Palavra final e toda suficiente apenas na Escritura.(22)

De fato, os cristãos que procuram por sinais miraculosos expõem-se ao engano satânico. Em nenhuma das epístolas de Paulo encontramos ordens no sentido de que os crentes procurem a manifestação do Espírito por meio de sinais e maravilhas. Paulo ordenou apenas que andassem no Espírito (Gl 5.25) ou, usando outra expressão: “Habite, ricamente, em vós a Palavra de Cristo” (Cl 3.16). Em outras palavras, os crentes devem obedecer à Palavra no poder do Espírito.

O livro de Apocalipse está repleto de visões, maravilhas e sinais. Deveria ser o lugar ideal para o escritor encorajar os crentes a procurarem essas manifestações miraculosas. Mas, o que ele diz? “Bem-aventurados aqueles que ‘lêem’ e aqueles que ‘ouvem’ as palavras da profecia e ‘guardam’ as coisas nela escritas” (Ap 1.3 — ênfase acrescentada).

Quais os meios ordenados por Deus para fortalecer a nossa fé? “A fé vem pela pregação, e a pregação pela Palavra de Cristo” (Rm 10.17). Não precisaremos de um milagre caso desejemos esperança, ansiemos por firmeza ou queiramos incentivo para toda a vida. Precisamos das Escrituras. Romanos 15.4 afirma: “Tudo quanto outrora foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.

–– John MacArthur | O Caos Carismático
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

Milagres são necessários hoje?


Quando o Antigo e o Novo Testamento foram completados, a revelação divina terminou (cf. Hb 1.1-2). Por meio de muitos sinais, maravilhas e milagres Deus autenticou seu Livro. Existe necessidade permanente de que milagres confirmem a revelação divina? Pode alguém, com fé, reivindicar um “milagre”, como muitos ensinam? Deus realiza milagres sob demanda? E os fenômenos exaltados hoje como sinais, maravilhas e curas têm alguma semelhança com os milagres realizados por Cristo e pelos apóstolos?

A resposta a todas essas perguntas é Não. Nas Escrituras nada indica que os milagres da era apostólica deveriam continuar nos períodos subseqüentes. Tampouco a Bíblia exorta os crentes a buscarem manifestações miraculosas do Espírito Santo. Em todas as epístolas do Novo Testamento, encontram-se apenas cinco mandamentos relacionados ao crente e ao Espírito Santo:

“Andemos... no Espírito” (Gl 5.25).

“Não entristeçais o Espírito de Deus” (Ef 4.30).

“Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

“Não apagueis o Espírito” (1Ts 5.19).

“Orando no Espírito” (Jd 20).

No Novo Testamento não existe uma ordem no sentido de procurarmos milagres.

Os carismáticos acreditam que os dons miraculosos foram dados para a edificação dos crentes. Por acaso a palavra de Deus apoia essa conclusão? Não. De fato, na verdade é o contrário. No que diz respeito às línguas, Paulo escreveu em 1 Coríntios 14.22: “De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos”. As línguas jamais tiveram o desígnio de edificar os crentes, e sim o de convencer os judeus incrédulos da veracidade do evangelho, como aconteceu no Dia de Pentecostes descrito em Atos 2. (Quanto a uma discussão mais ampla sobre este assunto, ver Capítulo 10.)

Línguas, curas e milagres serviram como sinais para autenticar uma época da nova revelação. Logo que acabou essa época, cessaram os sinais. O teólogo B. B. Warfield escreveu:

“Os milagres não aparecem a esmo nas páginas da Escritura, aqui ali, ou em outro lugar, indiferentemente. Eles pertencem aos períodos de revelação e aparecem somente quando Deus falava ao povo por meio de mensageiros reconhecidos, declarando seus propósitos graciosos. A abundante manifestação de milagres na igreja apostólica é a marca da riqueza da era apostólica quanto à revelação. E, quando esse período de revelação terminou, o período de realização de milagres também cessou, como algo natural... E a obra subseqüente de Deus, o Espírito Santo, não é trazer revelações novas e desnecessárias ao mundo, e sim difundir a revelação única e completa em todo o mundo, levando a humanidade a seu conhecimento salvífico.

Como expressou vividamente Abraham Kuyper (Encyclopedia of Sacred Theology. E. T. 1898, p. 368; cf. p. 355, ss): não é próprio do caráter divino comunicar a cada homem um estoque particular de conhecimento divino, a fim de satisfazer-lhe necessidades particulares; ao contrário, ele prepara uma mesa comum para todos e os convida a compartilhar da riqueza de seu grande banquete. Ele deu ao mundo uma revelação completa, adaptada a todos, suficiente para todos, oferecida a todos; e requer que cada pessoa retire dessa revelação completa seu alimento espiritual pleno. Portanto, não podemos esperar que esse agir miraculoso — um sinal do poder revelador de Deus — continue, e de fato não continua, após a revelação, à qual acompanhava, ter sido completada”.(21)

Em Atos 7, quando Estêvão pregava seu famoso sermão, ele citou Moisés, que realizou “prodígios e sinais na terra do Egito, assim como no mar Vermelho e no deserto... recebeu palavras vivas para no-las transmitir” (v. 36-38). Observe que a Palavra de Deus traça paralelos entre os sinais de Moisés e suas “palavras vivas” — revelação direta da parte de Deus. Quer tenha usado Moisés, Elias e Eliseu, Jesus e os apóstolos, Deus sempre comprovou por meio de sinais e maravilhas que seus mensageiros portavam novas revelações.

Hebreus 2.3 e 4 afirma que o principal propósito dos milagres da Bíblia era a confirmação dos profetas: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a Sua vontade”. Outra vez percebemos a Bíblia atestando que sinais, maravilhas, milagres e dons miraculosos eram a confirmação divina da mensagem de Cristo e de seus apóstolos (“os que a ouviram”).

A expressão “foi... confirmada” está no passado e reflete com exatidão o texto grego. Temos aqui uma afirmação bíblica inequívoca de que milagres, maravilhas e sinais foram concedidos exclusivamente à primeira geração dos apóstolos para corroborar-lhes a condição de mensageiros de novas revelações.

–– John MacArthur | O Caos Carismático
–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

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