Consideremos
a questão: “Por que um Premilenista futurista e um Aliancista, ambas pessoas
salvas e piedosas, que concordam em aproximadamente 80 por cento das suas
crenças teológicas seguem tais visões opostas quando lidando com Eclesiologia e
Escatologia?”
● A primeira razão é a preconcepção dos Aliancistas da graça/redenção que na
verdade não tem base bíblica.
● A segunda razão é a preconcepção do duplo entendimento hermenêutico que é
requerido para cumprir resultados apropriados exigidos pela preconcepção
Aliancista.
● O terceiro fator é a teologia da substituição: Israel sendo substituído pela
igreja, a qual herda as bênçãos ‘espirituais’ de Israel.
O Premilenismo Futurístico, por outro lado, chega ao texto sem nenhuma
preconcepção além de uma consistente hermenêutica histórico-gramatical que é empregada
ao longo das Escrituras em todas as esferas da Teologia.
Permita-me esclarecer o ponto citando um teólogo bem conhecido J. I. Packer:
“O que é a teologia da aliança? A direta, senão provocativa, resposta a essa
pergunta é o que é chamada hoje em dia de uma hermenêutica, que é uma maneira de
ler a Bíblia toda que é, em si, parte de interpretação geral da Bíblia que ela
sustenta. Uma bem-sucedida hermenêutica é um procedimento interpretativo
consistente gerando um consistente entendimento da Escritura que, por sua vez,
confirma a legitimidade do procedimento em si... Uma vez que os cristãos tenham
chegado até esse ponto, a teologia da aliança da Escritura é algo que eles facilmente
encontram.”[5]
Dr. Packer incorreu no que os lógicos chamam de “raciocínio circular”,
significando que uma pessoa começa com uma posição que garante a ela chegar a
uma conclusão particular. Se a hermenêutica de alguém é a teologia de alguém,
então a teologia desse alguém determina a sua hermenêutica. Essa maneira de
pensar é uma falácia lógica que inevitavelmente conduz a uma errônea e
insalubre conclusão.
Uma teologia não é uma hermenêutica. Tal pensamento enfraquece uma
interpretação apropriada da Bíblia. Na realidade, boa hermenêutica (princípios
de interpretação de literatura) aplicada por uma exegese habilidosa (Aplicação
artística de princípios interpretativos) pode conduzir a uma teologia, mas não
o inverso. Infelizmente, Dr. Packer e todos que seguem seu viés têm colocado o
carro proverbial teológico na frente do boi/cavalo hermenêutico.
Todavia, todo Amilenista, Premilenista histórico e Pós-milenista segue esse
processo, consciente ou inconscientemente, em parte ou no todo, quando chegam a
tratar com a identidade da igreja (Eclesiologia) e o futuro de Israel
(Escatologia). Quando eles não atingem seu fim teológico predeterminado usando
a hermenêutica normal (Que os tem servido bem em todas as áreas da teologia),
eles mudam a sua hermenêutica para gerar as conclusões predeterminadas com as
quais começaram. Isso produz uma abordagem preconceituosa à interpretação a fim
de validar uma predeterminada conclusão. Esta é uma maneira inaceitável,
inconsistente e inválida para interpretar a Bíblia. Assim, ela é rejeitada em
toda maneira e uso pelo Premilenismo Futurístico. Somente uma hermenêutica
consistente pode conduzir a uma interpretação intencionada por Deus do texto
sagrado. Para o Premilenismo Futurístico, uma hermenêutica histórico-gramatical
consistente para interpretar a Escritura toda é uma teologia pressuposicional,
e não predeterminada.
O Premilenismo Futurista não necessita de novas regras de interpretação quando
chega em textos proféticos. O texto bíblico é tomado no seu valor normal, em
seu contexto, reconhecendo linguagem simbólica e figuras de discursos, somado à
realidade que eles representam. Ela permite o intérprete a assumir a mesma
abordagem geral à história de Josué, ou ao altamente figurativo Cantares, ou
livros proféticos.
Por isso, a não ser que algum claro e incontestável mandato da Escritura mude o
modo como a pessoa interpreta a profecia da segunda vinda (e não há nenhum
mandato), então a Escritura deve ser interpretada consistentemente ao longo de
toda a Bíblia. Somente o Premilenismo Futurista faz isso.
UMA
EXEGESE IMPARCIAL
O texto de Apocalipse 20.1-10 (confira o capítulo 6: “E Quanto a Apocalipse 20?”)
pode bem ser considerado o pináculo dos estudos milenistas. Pois aqui se
encontra um período histórico singular que é designado como “MIL ANOS”
(20.2,3,4,5,6,7).
Várias questões importantes exigem respostas a fim de interpretar este número e
este texto com precisão. Primeiro, precisa ser questionado se este período de
tempo está ainda no futuro ou se já foi cumprido. Em seguida, é este período
realmente MIL ANOS de extensão, ou o termo representa outro período de tempo,
digamos, cinco mil anos? Finalmente, como foi o “MIL” de Apocalipse 20.1-10
interpretado no passado? As respostas a estas perguntas compõem a nossa segunda
peça de canto.
O
Tempo do Cumprimento
Eventos peculiares ocorrem durante este segmento especial de tempo. Um anjo
prende Satanás com uma grande cadeia (Ap 20.1-2). Satanás é então encarcerado
no abismo, que é fechado e selado (Ap 20.3). Assim, Satanás não engana as
nações até que os mil anos terminem. Os Mártires da Tribulação são
ressuscitados para reinar com Cristo (Ap 20.4,6). Quando os mil anos terminam,
Satanás é solto por um curto período de tempo para mais uma vez enganar as
nações (Ap 20.3,7-8).
Começamos com a pergunta: “Será que isto já foi cumprido?”. A maioria dos que
mantém uma forma de teologia da “Aliança” respondem afirmativamente e apontam
para a vitória de Cristo sobre Satanás na cruz como o ponto de partida. Textos
como Mateus 12.22-29 são empregados para reforçar a posição de que Satanás está
agora preso em cumprimento de Apocalipse 20.
Embora seja verdade que Cristo conquistou a vitória no Calvário e a condenação
de Satanás foi eternamente conquistada, não é verdade que Satanás tem sido
incapacitado na forma exigida pelo texto. Satanás ainda instiga os homens a
mentir (At 5.3). Ele está aprisionando as mentes dos descrentes para o
Evangelho da glória de Cristo em Deus (2Co 4.4). Ele atualmente disfarça como
um anjo de luz para enganar a igreja (2Co 11.2-3, 13-15). O diabo barra
ministros de Deus (1Ts 2.18) e percorre a terra para devorar sua população (1Pe
5.8). Para qualquer estudante imparcial das Escrituras, Apocalipse 20 não pode
se referir ao tempo presente à luz desses testemunhos abundantes do presente e
frenético ritmo de Satanás.
Portanto, podemos concluir que Apocalipse 20 aponta para algum tempo futuro de
confinamento especial. Uma vez que está ainda adiante, perguntamos: “Quanto
tempo vai durar esse tempo?”
A
Extensão do Tempo
A moral da história, nesta questão, pergunta: “Chilia ete” em Apocalipse 20
realmente significa MIL ANOS literais?”. Comecemos a discussão examinando
números bíblicos em geral e então estreitaremos o foco para Apocalipse e “MIL
ANOS” em particular.
É entendido comumente como uma regra básica de hermenêutica que números devem
ser aceitos por seu valor real, i.e., comunicando uma grandeza matemática, a
não ser que haja uma evidência substancial que garante o contrário. Este ditado
para interpretar números bíblicos é geralmente aceito como um ponto de partida
apropriado.
Esta regra permanece real por toda a Bíblia, incluindo Apocalipse. Um resumo de
números em Apocalipse sustenta isto. Por exemplo, sete igrejas e sete anjos em
Apocalipse 1 referem-se a sete igrejas literais e seus mensageiros. Doze tribos
e doze apóstolos referem-se ao real número histórico (Ap 21.12,14). Dez dias (Ap
2.10), cinco meses (Ap 9.5), um terço da humanidade (Ap 9.15), duas testemunhas
(Ap 11.3), quarenta e dois meses (Ap 11.2), 1260 dias (Ap 11.3), doze estrelas
(Ap 12.1), dez chifres (Ap 13.1), mil e seiscentos estádios (Ap 14.20), três
demônios (Ap 16.13), e cinco reis caídos (Ap 17.9-10), todos usam números em
seu sentido normal. Dos vários números em Apocalipse, somente dois (Sete
espíritos em Ap 1.4 e 666 em Ap 13.18) são conclusivamente usados de uma forma
simbólica. Enquanto essa linha de arrazoado não prova que “MIL ANOS” em
Apocalipse 20 deve ser tomado literalmente, ele coloca o ônus da prova sobre
aqueles que discordam em aceitar “MIL ANOS” como mil anos.
Não devem apenas os números em geral ser tomados normalmente em Apocalipse,
mas, mais especificamente, números referindo-se a tempo. Em Apocalipse 4-20
existem, pelo menos, vinte e cinco referências e medições de tempo. Apenas dois
destes demanda ser entendido como algo que não seja um sentido literal, e estes
não envolvem números reais. “O grande dia da ira dEle” (Ap 6.17) provavelmente
excederá 24 horas e “A hora do Seu juízo” (Ap 14.7) aparentemente se estende
para além de sessenta minutos. Não há nada, no entanto, na frase “MIL ANOS” que
sugira uma interpretação simbólica.
Este próximo ponto é muito importante: Na Bíblia, o “ano” nunca é usado com um
adjetivo numérico quando não se refere ao período real de tempo que ele
matematicamente representa. A não ser que evidências ao contrário possam ser
fornecidas, Apocalipse 20 não é a única exceção na Escritura inteira.
Também, o número “mil” não é usado em outros lugares da Bíblia com um sentido
simbólico. Jó 9.3; 33.23; Salmos 50.10; 90.4; Eclesiastes 6.6; 7.28; e 2Pedro
3.8 têm sido usados em apoio à ideia de que mil em nosso texto é usado
simbolicamente. No entanto, estas tentativas falham porque em cada um destes
textos é usado no seu sentido normal para fazer um ponto vívido.
Mil, em suas variadas combinações, é usado com frequência em ambos os
Testamentos. Ninguém questiona a quantidade literal de cinco mil crentes (At
4.4), vinte e três mil homens mortos (1Co 10.8), ou sete mil mortos (Ap 11.13).
Da mesma forma, não há razão exegética para questionar a normalidade de MIL
ANOS em Apocalipse 20.
O
Testemunho da História
A partir da era pós-apostólica, a igreja entendeu o “milênio” de Apocalipse 20
como mil anos literais. Papias, Barnabé, Justino Mártir, Irineu, Tertuliano...
todos deram prova disto em seus escritos. A igreja não ensinou nada além disto
até o quarto século.
Quando os teólogos começaram a ir além do que a Bíblia ensinava sobre o
milênio, quando começaram a fazer dele um período de tempo que seria mais para
o prazer do homem do que para a glória de Deus, alguns reagiram para corrigir
este excesso interpretando, desta vez, como algo menos do que um período
histórico real. No século V, Agostinho popularizou a abordagem que arrazoava
que a igreja herdou as bênçãos prometidas à Israel e que elas são espirituais,
não terrestres. Este ensinou que Apocalipse 20 referia-se a este tempo.
No entanto, mesmo Agostinho compreendeu de Apocalipse 20 que este período durou
MIL ANOS literais. Assim, Agostinho, chamado por muitos como “O pai do
Amilenismo”, considerou os mil anos normalmente. Mesmo hoje em dia, alguns
não-premilenistas interpretam Apocalipse 20 como mil anos em extensão.
À luz da discussão acima, podemos concluir que os mil anos de Apocalipse 20
exigem um cumprimento FUTURO, uma vez que uma apreciação com consciência justa
do texto e da história determina que ele ainda não aconteceu. E mais, um
panorama de números na Bíblia e Apocalipse claramente exige que os mil anos
sejam entendidos no sentido normal. Esta posição recebe melhor substanciação
através da interpretação da igreja primitiva deste texto, que se alinha com a
visão Premilenista Futurística.
– Richard
Mayhue / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o premilenismo
futurista – John MacArthur & Richard Mayhue, Cap. 3, Pág. 63-68
SUMÁRIO: Os
Planos Proféticos de Cristo
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