CAPÍTULO 3 (PARTE 4): AS FIRMES PROMESSAS DE DEUS | Richard Mayhue

A quarta e última peça de canto definidora para o quebra-cabeça profético concentra-se nas promessas inegáveis de Deus a uma nação antiga que Ele iria logo julgar severamente. Israel entendeu que haveria um momento no futuro, quando eles, como nação e um povo, seriam restaurados. Então, o tão esperado Messias viria e governaria a partir de Jerusalém, sentado no trono de Davi, sobre Israel e o mundo inteiro.

Os textos a seguir, do Antigo Testamento, não precisam de explicação à medida que apontam claramente para uma esperança premilenista futurista para Israel:

Jeremias 24.6-7
“Porei sobre eles favoravelmente os olhos e os farei voltar para esta terra; edificá-los-ei e não os destruirei, plantá-los-ei e não os arrancarei. Dar-lhes-ei coração para que me conheçam que Eu Sou o SENHOR; eles serão o meu povo, e Eu serei o Seu Deus; porque se voltarão para mim de todo o seu coração”.

Jeremias 31.12
“Hão de vir e exultar na altura de Sião, radiantes de alegria por causa dos bens do SENHOR, do cereal, do vinho, do azeite, dos cordeiros e dos bezerros; a sua alma será como um jardim regado, e nunca mais desfalecerão”.

Jeremias 31.40
“Todo o vale dos cadáveres e da cinza e todos os campos até ao ribeiro Cedrom, até à esquina da Porta dos Cavalos para o oriente, serão consagrados ao SENHOR. Esta Jerusalém jamais será desarraigada ou destruída”.

Ezequiel 34.28,29
“Já não servirão de rapina aos gentios, e as feras da terra nunca mais as comerão; e habitarão seguramente, e ninguém haverá que as espante. Levantar-lhes-ei plantação memorável, e nunca mais serão consumidas pela fome na terra, nem mais levarão sobre si o opróbrio dos gentios”.

Ezequiel 37.25
“Habitarão na terra que dei a meu servo Jacó, na qual vossos pais habitaram; habitarão nela, eles e seus filhos e os filhos de seus filhos, para sempre; e Davi, meu servo, será o príncipe eternamente”.

Joel 2.26,27
“Comereis abundantemente, e vos fartareis, e louvareis o nome do SENHOR, vosso Deus, que se houve maravilhosamente convosco; e o meu povo jamais será envergonhado. Sabereis que estou no meio de Israel e que Eu Sou o SENHOR, vosso Deus, e não há outro; e o meu povo jamais será envergonhado”.

Joel 3.18-20
“E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto, e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; sairá uma fonte da Casa do SENHOR e regará o vale de Sitim. O Egito se tornará uma desolação, e Edom se fará um deserto abandonado, por causa da violência que fizeram aos filhos de Judá, em cuja terra derramaram sangue inocente”.

Amós 9.11-15
“Naquele dia, levantarei o tabernáculo caído de Davi, repararei as suas brechas; e, levantando-o das suas ruínas, restaurá-lo-ei como fora nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz estas coisas. Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que lavra segue logo ao que ceifa, e o que pisa as uvas, ao que lança a semente; os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão. Mudarei a sorte do meu povo de Israel; reedificarão as cidades assoladas e nelas habitarão, plantarão vinhas e beberão o seu vinho, farão pomares e lhes comerão o fruto. Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei, já não serão arrancados, diz o SENHOR, teu Deus”.

Sofonias 3.14-20
“Canta, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te e, de todo o coração, exulta, ó filha de Jerusalém. O SENHOR afastou as sentenças que eram contra ti e lançou fora o teu inimigo. O Rei de Israel, o SENHOR, está no meio de ti; tu já não verás mal algum. Naquele dia, se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião, não se afrouxem os teus braços. O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; Ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo. Os que estão entristecidos por se acharem afastados das festas solenes, Eu os congregarei, estes que são de ti e sobre os quais pesam os opróbrios. Eis que, naquele tempo, procederei contra todos os que te afligem; salvarei os que coxeiam, e recolherei os que foram expulsos, e farei ignomínia. Naquele tempo, Eu vos farei voltar e vos recolherei; certamente, farei de vós um nome e um louvor entre todos os povos da terra, quando Eu vos mudar a sorte diante dos vossos olhos, diz o SENHOR. Deles um louvor e um nome em toda a terra em que sofrerem”.

Zacarias 14.1,9,11
“Eis que vem o Dia do SENHOR, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti. O SENHOR será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o SENHOR, e um só será o seu nome. Habitarão nela, e já não haverá maldição, e Jerusalém habitará segura”.

Permita-me ser tão ousado ao ponto de dizer que se Deus não cumprir estas promessas a Israel como um povo e uma nação, Ele falhou com Sua palavra. Esta é uma afirmação forte e não tem a intenção de ofender, mas de chocar pessoas que acreditam em outra forma de ver quão anti-bíblica sua escatologia realmente é. Pessoas que não crêem na Bíblia, quer sejam amilenistas, premilenistas futuristas, premilenistas históricos ou posmilenistas, acreditariam que Deus é um mentiroso. Todavia, nós todos, crentes na Bíblia, acreditamos que Ele é a verdade, fala a verdade e não mente como os homens (Nm 23.19; 1Sm 15.29; Tt 1.2).

Todavia, amilenistas, premilenistas históricos e adeptos posmilenistas inadvertidamente permitem que as suas teses teológicas [sobre os atributos de Deus serem verdadeiros e dizerem a verdade] sejam contrariadas pela sua escatologia de negar a restauração de Israel à sua antiga terra com um Rei Davídico, o Messias, em um reino de mil anos.

Deus não é um mentiroso e, portanto, Suas promessas para Israel são verdadeiras e certamente ainda serão cumpridas (2Co 1.20). Amilenistas, premilenistas históricos e posmilenistas necessitam reajustar sua escatologia para se conformar com a verdade e a verdadeira natureza de Deus.


A Preservação de Israel
Agora, para as peças laterais do quebra-cabeça profético, as bordas. Israel é o mais perseguido grupo étnico na história. A partir dos egípcios dos dias de Moisés até as atrocidades de Hitler na Segunda Guerra Mundial, a raça judaica tem estado muitas vezes à beira da eliminação. Desde o cativeiro assírio (722 a.C.), a nação nunca recuperou qualquer grau de seu governo soberano tal como tinha na época da monarquia unida de Davi e Salomão.

Hoje, os judeus compreendem menos do que metade de 1 por cento da população do mundo. As fronteiras de Israel são aproximadamente 265.54 quilômetros (Norte-Sul) por 80.47 quilômetros (Leste-Oeste). Contudo, não foram destruídos pelas incontáveis tentativas de genocídio, nem sua identidade étnica foi perdida. Eles permanecem um povo reconhecível em uma terra identificável que traça ambos os elementos de volta a Abraão em Gênesis 12. Alguns chamaram esta notável preservação de “Maior Milagre de Todos”.

Porém, preservação envolve apenas uma metade da história. Deus prometeu preservação para que Ele pudesse, por último, instituir restauração. Até agora, um retorno com as características enumeradas nas Escrituras não ocorreu, nem no antigo retorno da Babilônia, nem no retorno de 1948.

O Antigo Testamento usa uma linguagem muito específica para descrever a singularidade da restauração prometida, provisionada e capacitada por Deus:

● Uma restauração irreversível (Jr 31.40; Am 9.15).
● Uma restauração eterna (Ez 37.25).
● Uma restauração desavergonhada e abundante (Jl 2.26-27)
● Uma restauração internacionalmente aclamada (Zc 8.20-23)

A abordagem Amilenista, Posmilenista e Premilenista-histórico à essas passagens equivale a uma desvalorização dos seus aspectos históricos ao enfatizar seu suposto significado espiritual ou teológico. No entanto, este é um dos principais contaminadores no ungüento da sua escatologia. Mas, para Premilenistas Futuristas, a promessa da dramática restauração de Israel, de acordo com as promessas de Deus nas Escrituras, representa uma parte muito clara e fundamental do quebra-cabeça profético.

Ambos, Ezequiel e Jeremias, fornecem alguns dos mais instigantes testemunhos de que o Premilenismo Futurista inequivocamente resulta do ensino do plano de Deus nas Escrituras. Ezequiel 37.15-28 elenca detalhes de restauração como nenhum outro texto da Bíblia, como ilustrado no gráfico a seguir:


A RESTAURAÇÃO DE ISRAEL DE ACORDO COM EZEQUIEL 37
Nação unificada
vv.19,22
Resgate global
vv.20,21
Patrimônio reivindicado
v.21
Um rei
v.22
Povo justo
v.23
Verdadeira adoração
v.23
Reino Davídico
vv.24,25
Cidadãos obedientes
v.24
Residência permanente
v.25
Aliança de paz
v.26
Lugar de habitação divina
v.27
Reconhecimento internacional
v.28

Esta passagem não pode ser explicada como tendo sido já cumprida. Nada na história passada de Israel, desde o cativeiro Assírio e Babilônico, chega sequer remotamente perto desta categoria de cenário que Ezequiel descreve em detalhes. Nem pode ser explicado como tendo a ver com as bênçãos herdadas pela Igreja, perdidas pelo Israel continuamente pecaminoso. O detalhe proíbe qualquer tentativa de espiritualizar a intenção e o contexto encontrado aqui.

Ainda mais persuasivas são as duas passagens em Jeremias (31.35-37; 33.19-26). A primeira passagem ensaia promessas da aliança Abraâmica (31.35-37) e as outras características da aliança Davídica (33.19-26). A primeira envolve a preservação da semente Abraâmica (tanto pessoal como nacional) e a segunda fala da restauração da realeza Davídica. Ambos, preservação e restauração, são tão certos como:

● A ordem fixa do dia e da noite (31.35; 33.20,25).
● A imensurável altura do céu e profundeza da terra (31.37; 33.22).

Há mais de duzentos anos, Frederick II (1712-1786), o grande rei da Prússia (1740-1786), discutiu com seu capelão a veracidade da Bíblia. O rei tinha se tornado cético acerca do cristianismo, grandemente através da influência do ateu francês Voltaire. Então ele disse ao seu capelão: “Se a sua Bíblia é realmente verdade, ela deve ser capaz de alguma prova fácil. Tão frequentemente, quando solicito, provas da inspiração da Bíblia me são dadas em algum grande volume que não tenho nem tempo nem desejo de ler. Se a sua Bíblia é realmente de Deus, você deveria ser capaz de demonstrar o fato de forma simples. Dê-me uma prova da inspiração da Bíblia em uma palavra”.

O capelão respondeu: “Sua majestade, é sim possível responder ao seu pedido, literalmente. Eu posso lhe dar a prova que vossa majestade pediu, em uma só palavra”.

Frederick ficou surpreendido com esta resposta. “Que palavra mágica é esta que carrega tal peso de prova?”, perguntou ele.

“Israel”, disse o capelão.

Frederick ficou em silêncio.

A preservação milagrosa de Israel através dos milênios é um sinal certo de que Deus vai restaurar Israel no final, tão claramente ensinado pelos profetas e confirmado pelo Premilenismo Futurista.


Exclusividade de Israel em Deuteronômio 28
Amilenismo, Premilenismo histórico e Posmilenismo afirmam que as maldições de Deus em Deuteronômio 28.15-68 valiam para Israel (historicamente), mas que as bênçãos prometidas em 28.1-14 eram para a igreja (espiritualmente). No entanto, quatro observações demonstram que estas conclusões são assombrosamente anti-bíblicas:

● Não há garantia hermenêutica de interpretar Deuteronômio 28, tanto histórica como espiritualmente.
● Não há evidência exegética [qualquer que seja] que conecte Deuteronômio 28 à igreja do Novo Testamento.
● Na realidade, Israel experimentou tanto bênçãos históricas (cf. Js 21.45; 23.14; 1Re 8.56) quanto maldições históricas (cf. Js 23.15-16).
● O Novo Testamento nunca associa Deuteronômio 28 com a igreja (i.e., os escritores do Novo Testamento nunca citam Deuteronômio 28).
● Por outro lado, há três observações bíblicas principais que confirmam a posição do Premilenismo Futurista de que Israel (Como uma nação que rejeita Cristo atualmente) ainda experimenta as maldições de Deuteronômio 28.
● Deus designou que a maldição durasse para “sempre” (Dt 28) no sentido de tempo longo.
● A Glória Shekiná partiu do templo em Jerusalém (Ez 8.11) e não retornará até o tempo do Messias (Is 11.11; Zc 14.11), que ainda está no futuro.
● As maldições de Deuteronômio 28 cessarão apenas quando Israel retornar à terra em submissão ao reinado terrestre do Messias (Jr 32.36-44; Ez 20.39; 28.25-26).

Duas passagens na Escritura tratam com o fim das maldições. Primeiro, Zacarias 14.11: “... e já não haverá maldição e Jerusalém habitará segura”. Esta passagem se refere às maldições de Deuteronômio 28. O Reino milenar de Cristo será o tempo de bênçãos prometido para Israel. Segunda, Apocalipse 22.3: “... Nunca mais haverá qualquer maldição”. Referindo-se à maldição Edênica de Gênesis 3.8-21 sobre toda a terra e toda população. Eternidade futura, o assunto de Apocalipse 21-22, será sem pecado e, desta forma, sem a maldição de Deus.


A Identidade Fixa de Israel

A Igreja Grace Community foi, há vários anos, alvo de protestos por um grupo segurando cartazes que proclamavam que “A igreja é Israel moderno”. Um autor cristão [e também uma personalidade do rádio bíblico] ensina que “A igreja é o verdadeiro Israel de Deus”. E assim é a visão Amilenista, Posmilenista e Premilenista histórico de Israel e da igreja. Eles ensinam que a igreja substituiu Israel como o único povo de Deus (cf. capítulo 5, “E Quanto à Israel?”). Mas, seria esta uma afirmação biblicamente verdadeira?

Por uma variedade de razões bíblicas, pode ser confiantemente ensinado que a igreja não substituiu Israel:

● O livro de Atos fala frequentemente da igreja (nove vezes) e de Israel (vinte vezes). Começando em Pentecostes, “igreja” sempre se refere a esses povos (judeus e gentios) que são crentes em Cristo; “Israel” sempre se refere à nação judaica, historicamente e etnicamente. Os termos nunca são usados como sinônimo ou intercambiavelmente.
● No Novo Testamento inteiro, a igreja nunca é chamada de “Israel espiritual” ou, pior, de “novo Israel”. Nunca, no Novo Testamento inteiro, Israel jamais é chamado de “igreja”.
● Igreja “é mencionada dezenove vezes em Apocalipse 1-3”. “Igreja” não é posteriormente confundida com “Israel” em Apocalipse 6-19. Curiosamente, não há qualquer menção de “igreja” a partir de Apocalipse 3.22 até 22.16.

Alguns tem proposto que Romanos 9.6 fala da igreja como Israel: “... Porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas”. No entanto, a distinção de Paulo aqui é entre os judeus étnicos, cuja linhagem pode ser traçada até Abraão, apenas num sentido físico, e judeus étnicos que tem tanto uma herança física quanto espiritual em Abraão. Em Gálatas 6.16, Paulo usa a frase “Israel de Deus”. Alguns têm concluído que ele esteja igualando Israel com a igreja aqui, quando, na verdade, ele está se referindo aos judeus crentes na congregação da igreja.[7]

Robert Louis Stevenson, famoso autor escocês do século dezenove, escreveu estas palavras marcantes sobre a equação de menos-que-sensata à igreja com “Israel espiritual”.

Não posso entender como vocês teólogos e pregadores podem aplicar à Igreja [ou à multiplicidade de igrejas] promessas da Escritura que, em seu sentido literal, devem aplicar-se ao povo escolhido por Deus de Israel e à Palestina; e que, por conseguinte, ainda devem estar no futuro... Os livros proféticos estão cheios de ensinamentos que, se forem interpretados literalmente, seriam inspiradores e uma magnífica segurança de um futuro grande e glorioso. A partir do instante em que eles são espiritualizados, tornam-se ridículos – Quando aplicados à igreja, eles são uma comédia.[8]

– Richard Mayhue / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o premilenismo futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 3, Pág. 71-79


SUMÁRIO: Os Planos Proféticos de Cristo

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