DISPENSACIONALISMO INTEGRATIVO E ISRAELOGIA | Leonardo Costa


A humanidade não existe por causa de Israel. Israel existe por causa da humanidade. Isso pode parecer sem sentido; no entanto, ele tem um grande impacto em nossa teologia. Para entender a regra mediadora de Israel, vou propor uma analogia.

"Imagine um pequeno negócio, com poucos empregados. O proprietário pode gerenciar perfeitamente a pequena empresa, lidando diretamente com todos os seus poucos funcionários. No entanto, depois de alguns anos, essa pequena empresa cresce e, agora, tem centenas e centenas de funcionários e novos departamentos. Este crescimento tornou impossível a administração direta pelo próprio dono. Ele não pode lidar diretamente com todas as suas centenas e centenas de funcionários. Portanto, para administrar seus negócios, ele cria um Departamento de Gerência que, com algumas pessoas escolhidas, mediará nas funções administrativas. Neste novo esquema, o proprietário ainda lida com todos os seus funcionários, no entanto, através da mediação do Departamento de Gerenciamento.

O proprietário agora discute os planos, as estratégias do negócio com o departamento de gerenciamento. O Departamento de Gerenciamento é o destinatário direto dos mandamentos do dono. No entanto, eles os mediarão para os outros departamentos."

Penso que essa analogia representa, até certo ponto, o papel mediador de Israel na Narrativa Bíblica. O plano e o Reino de Deus são destinados a toda a humanidade, no entanto, através da mediação de Israel. Esta nação pode ser considerada o Departamento de Deus para lidar com a humanidade. Essa é a razão pela qual essa nação é chamada de nação sacerdotal.

O AT prometeu o Reino Escatológico de Deus, com este papel mediador de Israel. No entanto, por causa da rejeição dos judeus ao Messias, estamos experimentando apenas PARCIALMENTE alguns benefícios espirituais do Reino. O papel mediador, na presente dispensação, é parcialmente cumprido por Cristo, o representante corporativo de Israel. Isso é parcial porque a própria Nação não está cumprindo seu papel de mediador. Esse esquema "estranho" (significado parcial) que estamos vivendo agora é o que é considerado um mistério pela Visão Integrativa. Se a ideologia integrativa estiver correta, então as dispensações e o Plano de Deus pretendem alcançar não só Israel, mas a humanidade inteira através de Israel. Portanto, uma visão integrativa vê um cumprimento parcial e inicial nesta presente Dispensação.

Eu tratei essa visão antes nas seguintes palavras: "A impressão de que os autores revisados passam (na minha opinião) é que Deus tem um plano para Israel e, através de Israel, ele alcança a humanidade (ou que Ele tem um plano para Israel e um plano paralelo para o resto da humanidade). Não digo que essa visão seja errada, mas eu digo que está incompleta. O que você quer dizer, Leonardo? Bem, deixe-me explicar. Em vez de dizer que Deus tem um plano para Israel e através de Israel atinge a humanidade, acredito que a melhor maneira de descrever o plano de Deus é assim: "Deus tem um plano para toda a humanidade e escolheu Israel para ser o mediador desse plano (como uma nação sacerdotal). "Então, a Bíblia não fala sobre um programa para Israel e outro para os gentios ou até mesmo fala sobre um programa para Israel que chega aos gentios. Na verdade, a Bíblia fala sobre um PROGRAMA PARA TODA A HUMANIDADE que é MEDIADO por ISRAEL como uma nação sacerdotal. Pode ser uma declaração simples, mas isso faz uma grande diferença em nosso pensamento. Eu favoreço essa perspetiva porque a humanidade não existe por causa de Israel, antes Israel existe por causa da humanidade ". "Portanto, a presente dispensação não é algo paralelo ou estranho ao Programa de Deus. Ele sempre quis governar toda a humanidade, através de uma nação sacerdotal (Israel). Este é o programa de Deus. A questão é: este programa foi inaugurado na primeira vinda? Eu acredito porque algumas bênçãos (nem todas) do programa escatológico estão disponíveis para todos os povos (por exemplo, a habitação do Espírito Santo, o novo coração, etc.), através da mediação de Jesus. Este cumprimento inicial de certos elementos não anula o cumprimento final do resto dos elementos, em vez disso, eles servem como penhor e garantia de que todos os outros elementos serão cumpridos. Portanto, se os elementos "já" cumpridos forem um penhor para a realização dos elementos de descanso, a visão INTEGRATIVA apoia um futuro muito forte para Israel! Também é interessante notar que, devido à rejeição dos judeus, os elementos faltantes da presente dispensação são exatamente os elementos políticos ligados à mediação da nação sacerdotal. "Então, na visão integrativa, o "Programa do Reino "é visto como um programa para toda a humanidade (e não apenas para Israel), no entanto, através da mediação sacerdotal da nação de Israel que prometeu a Davi e governou por um de seus descendentes, o Messias."
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NOTA IMPORTANTE DO AUTOR:

Deixe-me detalhar o contexto no qual escrevi a analogia comercial para se referir a Israel. Primeiro, não a escrevi como um artigo, para ser bem detalhado, mas como uma resposta rápida em um debate de Facebook. Segundo, e mais importante, meu objetivo era tão somente fazer uma crítica à forma com que a visão Revisada enxerga o Plano de Deus. Por exemplo, não é incomum ouvir os revisados afirmarem que estamos vivendo um parênteses no Plano de Deus, conforme Daniel 9:24-27. Por outro lado, o Dispensacionalismo Progressivo afirma que não estamos vivendo um parênteses no plano de Deus. E isso se dá porque esta forma de Dispensacionalismo vê mais continuidade entre a presente dispensação e as anteriores. Portanto, quem está com a razão? Os revisados ou os progressivos? A meu ver, os progressivos estão corretos neste ponto. Os revisados estão corretos em dizer que existe um período parentético em Daniel 9:24-27, entre a 69º e a 70º semanas de Daniel. Contudo, este é um período parentético no tratamento de Deus COM ISRAEL. Dessa forma, se um revisado afirmar que a presente dispensação representa um parênteses no Plano de Deus PARA ISRAEL, ele estará correto. Mas se ele afirmar que estamos vivendo um parênteses no Plano de Deus para a HUMANIDADE como um todo, ele estará errado. E, infelizmente, é isso que ouvimos frequentemente. Esse erro se dá porque os revisados, na prática, querem enxergar o mundo e o plano de Deus como um todo através da perspectiva de Israel. O meu texto, portanto, pretendia mostrar que a humanidade não existe por causa de Israel, mas que Israel existe por causa da humanidade. Conforme eu escrevi: “A impressão que os autores revisados passam (na minha opinião) é que Deus tem um plano para Israel e, através de Israel, ele alcança a humanidade (ou que Ele tem um plano para Israel e um plano paralelo para o resto da humanidade).” Essa é a forma com a qual os revisados tratam o Plano de Deus. Contudo, a forma correta, na minha visão, é enxergar o fato de que Deus tem um plano para toda a humanidade e escolheu Israel para ser o mediador desse plano (como uma nação sacerdotal). Uma vez que aceitamos essa visão, deixamos de lado a dualidade dos dois planos de Deus (um para Israel e outro para a Igreja), comum no período clássico, bem como a visão parentética da presente dispensação. É claro que podemos descrever a dispensação atual como um período parentético, somente se estivermos nos referendo a Israel. Mas quando olhamos o Plano de Deus como um todo, a presente Dispensação não é um parenteses, mas uma das fases do estabelecimento progressivo do Plano de Deus. Com esse entendimento, concordamos com os autores Progressivos ao afirmar que a presente dispensação é uma das fases do estabelecimento do Reino Escatológico. Este Reino está sendo estabelecido em fases, sendo esta a primeira; o Milênio, a segunda; e o Estado Eterno, a última. Na prática, o que muda é que, para os Dispensacionalistas Revisados, o plano Escatólogico do AT começará a se cumprir somente no início do Milênio. Enquanto que, para os Progressivos, o cumprimento do Plano Escatológico do AT iniciou-se com a primeira vinda de Cristo, portanto, a presente dispensação é uma fase inicial de um cumprimento progressivo.

Leonardo Costa

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