Providência de Deus ou Graça Comum? | JP Padilha


A teoria da “graça comum” diz que Deus derrama Sua graça sobre salvos e réprobos (perdidos). Mas, será que isso está de acordo com as Escrituras? A ideia de um amor dúbio de Deus por cada indivíduo da humanidade é resultado de um falso ensino soteriológico, muito conhecido como Universalismo ou Graça Comum, que visa unir conceitos arminianos à doutrina bíblica da eleição a fim de promover a confortável “paz” do ecumenismo religioso. Porquanto geralmente seus adeptos usam um argumento que, à primeira vista, é muito forte a seu favor, alegando que o amor de Deus está, em algum sentido que eles nunca esclarecem biblicamente, sobre todas as Suas criaturas, tanto sobre santos como sobre ímpios (mesmo estes tendo sido condenados ao inferno). Tais proclamadores de doutrinas estranhas ao evangelho acusam de “radicais” aqueles que tomaram a iniciativa de condenar suas heresias que, sob o uso do sofisma, têm como finalidade atribuir a Deus um tipo de dualidade em seus atributos divinos.

A graça comum, segundo seus defensores, responderia aos incrédulos a indagação acerca de como Deus pode odiar pessoas as quais Ele mantém em estado de saúde, riqueza e segurança terrenas. Tudo isso se aplicaria à uma suposta graça à parte que, de acordo com a teoria, é distinta daquela única graça que a Bíblia nos apresenta: a graça salvadora. Concederíamos que esse argumento é mais do que suficiente se eles pudessem provar o seu intento – de que Deus ama a todos os homens em geral e derrama algum tipo de graça sobre os ímpios ao sustentá-los com coisas boas na terra –. Todavia, se mostrarmos claramente que são eles que, com suas cavilações, nos pressionam a crer que Deus ama pessoas que Ele mesmo predestinou ao inferno, sem, contudo, apresentar qualquer argumento testamentário para sustentar essa premissa, o que lhes restará, senão que esse pretexto que fraudulosamente alegam seja levado pelo vento?

Através dos tempos, muitos ditos “teólogos” têm insistido em permanecer nesta falsa doutrina. Eles afirmam categoricamente, porém, sem nenhum amparo das Escrituras, que Deus distribui Seu amor a todos os indivíduos do mundo, sem exceção. Para justificar tal heresia grosseira, afirmam que, embora Deus tenha elegido apenas alguns para a salvação e condenado o restante ao inferno, Seu eterno amor (que não possui sombra de variação) está sobre os eleitos e também sobre os perdidos. Para provar essa falsa premissa eles argumentam dizendo que Deus, ao sustentar e suprir as necessidades terrenas dos réprobos, significa o mesmo que amá-los. E o nome dado para essa confusa ideia é “Graça Comum”, um tipo de graça diferente da única que encontramos na Bíblia – a graça salvadora de Deus. Mas, será que a Bíblia concorda com isso? Será que existem “duas graças”, uma que salva e outra que não salva? Vejamos como a Bíblia explica esse terrível paradoxo no qual os adeptos da graça comum se afundaram por meio de influências arminianas.

As Escrituras claramente ensinam que Deus odeia o pecador. E não somente isso, como também concede meios de sustento e prazeres terrenos para a sua própria destruição (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; 92.5-7; Pv 3.33; Ml 1.2-4; Rm 9.13; 1Pe 3.12).

É aqui que a teoria da graça comum inicia o seu declínio. Uma das provas que tornam a teoria da graça comum inconsistente é que a graça de Deus não está nas coisas. Todas as coisas constituem-se meios pelos quais Deus salva os justos (eleitos/justificados) e condena os injustos (réprobos/predestinados à perdição). Toda e qualquer satisfação terrena que um ímpio degenerado desfruta é para a sua própria destruição. Sendo esses homens racionais e morais, isso os torna responsáveis por cada ato (Rm 1.19,20). Deus providencia alimento, vestes, sol, chuva... a todos quantos estão vivos (Mt 5.45). Mas isso não tem nada a ver com Seu eterno amor e graça sobre alguém. Portanto, o que muitos chamam de graça comum é, na verdade, providência de Deus. Como será provado nas linhas que se seguem, a providência de Deus nem sempre significa algo bom para alguém na terra.

As coisas deste mundo são indiscutivelmente comuns, mas a graça nunca é comum. A graça não tem nada de comum. Ela é salvífica. Alguns adeptos protestantes da assim conhecida “Tradição Reformada” podem tentar distorcer isso uma vida toda por meio de manuscritos humanistas e sob o apelo para a emoção. Contudo, a Palavra de Deus continua dizendo que a graça é somente uma, e é salvífica. Não existem duas “graças” – uma temporária e outra eterna, como querem afirmar os ditos “protestantes reformados” e similares. Enquanto esses fariseus atuais repetem a mesma lamúria, a Escritura os responde com uma bofetada na face: Só existe Graça Salvadora. Se não salva, não é graça; é maldição (Pv 24.15-16). Ponto final.

A doutrina da graça comum deve ser rejeitada em todas as suas esferas, sob a base da Escritura. A graça comum ensina que Deus ama o réprobo, enquanto as Escrituras proclamam que “o Senhor odeia ao avarento” (Salmos 10.4 - KJV). Ainda nos salmos, lemos que Deus odeia “a todos os que praticam a maldade” (Salmos 5.5). Você provavelmente já deve ter ouvido esta frase: “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”! Porém, essa ideia trata-se de uma grande mentira. Deus não ama o pecador. Antes, Ele odeia o pecado e também o pecador. Deus lança no inferno o pecador, e não o seu pecado. Além do mais, “o SENHOR prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a Sua [de Deus] alma” (Salmos 11.5). Aqui está a intensidade da aversão de Deus ao réprobo: Sua própria alma – tudo o que Ele é – detesta-o. Assim, Deus “sobre os ímpios fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso” (v. 6).

A teoria da ‘graça comum’ ensina que as coisas boas que os réprobos recebem nesta vida são a prova do amor de Deus por eles. Todavia, esse foi o engano de Asafe quando ele pensou que os ímpios eram amados por Deus porque prosperavam no mundo (Sl 73.12); e esse continua sendo o engano de muitos. Porém, quando Asafe entrou “no santuário de Deus” (v. 17), compreendeu que “a prosperidade dos ímpios” (v. 3) – sua saúde (v. 4), comida (v. 7), riquezas (v. 12) – “certamente” se tratava de Deus colocando-os em “lugares escorregadios” antes de lançá-los na “destruição” (v. 18). Assim como Asafe, devemos compreender que Deus dá coisas boas aos ímpios em Sua providência, mas Ele “despreza-os” (v. 20) por sua impiedade (v. 8).

Nas palavras de Salomão, o mais sábio dos homens de todos os tempos, ele diz: “A maldição do SENHOR habita na casa do ímpio” (Pv. 3.33). Isso significa que todas as coisas boas em sua casa – esposa, filhos, possessões, alimento, etc. – não chegam com o amor de Deus, mas com a Sua maldição.

Algumas pessoas dizem que rejeitamos a graça comum sob a base de inferências extraídas a partir do conselho eterno da predestinação de Deus. Porém, a verdade revelada de Deus da predestinação não é a única doutrina que milita contra a graça comum. Contra a unidade de Deus (Dt 6.4), a graça comum ensina que Deus tem dois amores, duas misericórdias, duas benignidades, etc. Contra a imutabilidade de Deus (Ml. 3.6), a graça comum ensina que Deus ama os réprobos no tempo e, depois, os odeia na eternidade. Contra a justiça divina, que é tão grande que Deus “não pode ver o mal” (Hb 1.13), a graça comum diz que Deus ama aqueles que são completamente iníquos (Rm 3.10-18). Resumindo, a graça comum postula um amor temporário, limitado, mutável e injusto de Deus (fora de Jesus Cristo!) pelo réprobo. Todavia, as Escrituras nos ensinam que Deus ama a Si mesmo e à Sua Igreja eleita (Ef 5.25) com um amor particular (Rm 9.18), eterno (Rm 8.37-39), infinito (Ef 3.17-19) e imutável (Sl 136) em Jesus Cristo.

Essa heresia de um “amor de Deus pelos réprobos” tem sido usada por muitos para destruir a antítese (Gn 3.15), amenizar a depravação total, comprometer a expiação particular (limitada aos eleitos), pregar um desejo de Deus de salvar o réprobo, silenciar o fato de que Deus odeia a todos os quais Ele não amou na eternidade e, então, negar a eleição e reprovação incondicional, recusando, assim, condenar o arminianismo e seus falsos mestres, permitindo a comunhão com os arminianos em uma grande festa ecumênica onde o jugo desigual é quem dita as regras.

DEUS ODEIA O PECADO E TAMBÉM O PECADOR

O amor de Deus e a Sua ira andam de mãos dadas (Nm 14.18; Rm 11.22; Hb 12.5). Sempre que a Bíblia menciona a ira de Deus, ela automaticamente envolve o Seu amor. Isso acontece pelo fato de que a ira de Deus é uma expressão inata do Seu amor (Sl 136.14-21). Isto é, não há como falar do amor de Deus sem falar da Sua ira. Seus atributos são eternos e se correlacionam em perfeita harmonia. Sem a Sua ira, Seus atributos seriam falhos. Sem a Sua santa ira, Deus seria indiferente com o pecado e nenhum pecador estaria no inferno agora. Sem a Sua ira, Deus mostraria uma total ausência de moralidade em Seu caráter. Sem a Sua ira, Deus estaria em comunhão com a blasfêmia e corrupção do mundo.

A pureza de Deus exige que Ele odeie o que é impuro. Deus é amor (1Jo 4.8), e por isso Ele tem de ser ódio (Cl 3:6). A questão não é que Deus "deixa de amar" ou “deixa de odiar”. Seus atributos são eternos – não possuem começo nem fim. Sua ira sobre os réprobos permanece o tempo todo e não apenas num momento isolado (Jo 3.36). A doutrina dos atributos de Deus é uma das mais omitidas e evitadas pela igreja prostituta da América. Dificilmente acharemos, hoje, uma congregação onde os atributos de Deus sejam ensinados da maneira que a Bíblia nos apresenta. Não se trata de mera “questão secundária” (termo muito usado hoje por liberalistas teológicos), mas de uma doutrina essencial da fé cristã que exige, com urgência, a atenção dos santos (Jo 3.36; Sl 11.5; Pv 3.32; 6.16-19; 8.13-17; 2Co 2.14, 15; 2Co 4.3; Rm 9.13; Sl 5.5).

Leia também: “SOMENTE A GRAÇA – Mateus 5.44-45 NÃO apoia a teoria da "Graça Comum" – Neste link:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2024/08/somente-graca-mateus-544-45-nao-apoia.html

– JP Padilha
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