CAPÍTULO 3
A DOENÇA DA MELANCOLIA
Eu não
culparia todos aqueles que são muito dados ao medo, pois de certa forma
trata-se mais de sua doença do que de seus pecados e mais do seu infortúnio do
que de suas faltas.[25]
Às
vezes a depressão não se origina a partir de circunstâncias dolorosas. De acordo
com Charles, “algumas pessoas são constitucionalmente tristes”.[26] Às vezes
somos marcados pela melancolia desde o momento de nosso nascimento.[27]
MARCADO DESDE O NASCIMENTO
Que
diferença essa melancolia, enquanto marca de nascença, faz na vida de uma
pessoa? Responder a essa questão pode ajudar, a nós que sofremos, a começar a
nos conhecer melhor e àqueles que nos amam a obter entendimento.
Para começar, nossa imaginação pode possuir uma fronteira mais sombria. Conforme observou Charles, “todos os nossos pássaros são corujas ou corvos”.[28] Quando “alguém nasce com um temperamento melancólico, vê uma tempestade se formando até na calmaria”.[29]
Nós também somos propensos a medos exagerados. “Pessoas desanimadas”, de acordo com Charles, “podem encontrar motivo para o medo onde não há”.[30]
Isso faz com que nos seja mais difícil encontrar alívio ou certeza de segurança. Se as coisas estão calmas, procuramos encontrar qual é o mal que nos espreita. Se as coisas vão mal, presumimos que o pior ainda está por vir. Imaginamos futuros catastróficos e, embora nenhuma das coisas más que imaginamos tenha acontecido conosco, “convertemos nossas suspeitas em realidade” e com elas torturamos a nós mesmos em nossa própria imaginação.[31]
Então, diferente de outros cujas dúvidas e medos diminuem, nosso “temperamento constitucional é tal que persistimos em duvidar”.[32] Preocupações e ansiedades de muitas formas nos assolam. “Na menor alteração das circunstâncias, começamos a nos afligir”.[33] Todo mundo se aflige e se preocupa, evidentemente. Mas a doença intensifica isso. Nós nos preocupamos mais. Ficamos com mais medo.
Às vezes, nossas responsabilidades corriqueiras nos fazem ficar ansiosos e pressionados. A ansiedade por um bom desempenho nos massacra. Pequenas coisas parecem gigantes. “Uma pessoa pode sentir que deveria fazer algo tão bem que, por esse mesmo motivo, não chegue a fazer o que poderia ter sido feito. Um excessivo senso de responsabilidade pode levar à estagnação.”[34] A menos que possamos fazê-lo perfeitamente não tentaremos fazer de maneira alguma.
Então, frequentemente nos sentindo incapazes de fazer o que nossas responsabilidades demandam, somos perturbados por pensamentos acusadores e condenatórios em relação a cada engano e erro crasso, quer sejam reais ou imaginários. Podemos finalmente ficar entorpecidos. É como se nos fechássemos e sentíssemos tanto que acabamos não sentindo absolutamente nada.
Isso ressoa com sua experiência? A depressão é como uma escuridão que nos cobre aonde quer que vamos. “Quando as pessoas estão no escuro, elas têm medo de qualquer coisa, de tudo.”.[35] Assim, quando nos sentimos constantemente na escuridão mental, trememos e estremecemos pelo que está à espreita ao virar a esquina.
Claro que nem sempre. A depressão tem suas fases de “remissão”. Não somos assediados a todo momento. Às vezes o descanso vem. As portas do porão se abrem e caminhamos bem felizes e à vontade pela luz do sol. Porém, o “corvo negro”[36] deseja e espera para nos atacar subitamente, e às vezes ele o faz.
Marcas biológicas de nascença, como as mencionados acima, podem até produzir certo tipo de “transtorno físico”, segundo Charles. A “imaginação” melancólica pode aumentar e intensificar o que nos aflige. Entretanto, a “depressão do espírito” origina-se de “uma doença real, e não imaginária”[37]. Esses casos biológicos, Charles diz claramente, exigem “a intervenção do médico” mais do que do pastor ou do teólogo.[38] Pastores e cristãos precisam de profissionais médicos em sua equipe de cuidado pastoral.
Para começar, nossa imaginação pode possuir uma fronteira mais sombria. Conforme observou Charles, “todos os nossos pássaros são corujas ou corvos”.[28] Quando “alguém nasce com um temperamento melancólico, vê uma tempestade se formando até na calmaria”.[29]
Nós também somos propensos a medos exagerados. “Pessoas desanimadas”, de acordo com Charles, “podem encontrar motivo para o medo onde não há”.[30]
Isso faz com que nos seja mais difícil encontrar alívio ou certeza de segurança. Se as coisas estão calmas, procuramos encontrar qual é o mal que nos espreita. Se as coisas vão mal, presumimos que o pior ainda está por vir. Imaginamos futuros catastróficos e, embora nenhuma das coisas más que imaginamos tenha acontecido conosco, “convertemos nossas suspeitas em realidade” e com elas torturamos a nós mesmos em nossa própria imaginação.[31]
Então, diferente de outros cujas dúvidas e medos diminuem, nosso “temperamento constitucional é tal que persistimos em duvidar”.[32] Preocupações e ansiedades de muitas formas nos assolam. “Na menor alteração das circunstâncias, começamos a nos afligir”.[33] Todo mundo se aflige e se preocupa, evidentemente. Mas a doença intensifica isso. Nós nos preocupamos mais. Ficamos com mais medo.
Às vezes, nossas responsabilidades corriqueiras nos fazem ficar ansiosos e pressionados. A ansiedade por um bom desempenho nos massacra. Pequenas coisas parecem gigantes. “Uma pessoa pode sentir que deveria fazer algo tão bem que, por esse mesmo motivo, não chegue a fazer o que poderia ter sido feito. Um excessivo senso de responsabilidade pode levar à estagnação.”[34] A menos que possamos fazê-lo perfeitamente não tentaremos fazer de maneira alguma.
Então, frequentemente nos sentindo incapazes de fazer o que nossas responsabilidades demandam, somos perturbados por pensamentos acusadores e condenatórios em relação a cada engano e erro crasso, quer sejam reais ou imaginários. Podemos finalmente ficar entorpecidos. É como se nos fechássemos e sentíssemos tanto que acabamos não sentindo absolutamente nada.
Isso ressoa com sua experiência? A depressão é como uma escuridão que nos cobre aonde quer que vamos. “Quando as pessoas estão no escuro, elas têm medo de qualquer coisa, de tudo.”.[35] Assim, quando nos sentimos constantemente na escuridão mental, trememos e estremecemos pelo que está à espreita ao virar a esquina.
Claro que nem sempre. A depressão tem suas fases de “remissão”. Não somos assediados a todo momento. Às vezes o descanso vem. As portas do porão se abrem e caminhamos bem felizes e à vontade pela luz do sol. Porém, o “corvo negro”[36] deseja e espera para nos atacar subitamente, e às vezes ele o faz.
Marcas biológicas de nascença, como as mencionados acima, podem até produzir certo tipo de “transtorno físico”, segundo Charles. A “imaginação” melancólica pode aumentar e intensificar o que nos aflige. Entretanto, a “depressão do espírito” origina-se de “uma doença real, e não imaginária”[37]. Esses casos biológicos, Charles diz claramente, exigem “a intervenção do médico” mais do que do pastor ou do teólogo.[38] Pastores e cristãos precisam de profissionais médicos em sua equipe de cuidado pastoral.
O CORPO ALTERA NOSSOS HUMORES
Através
da identificação de algumas formas de depressão como doença[39], Charles alude
a um livro de sua biblioteca, escrito por Timothy Rogers e intitulado Trouble
of Mind and the Desease of Melancholy. Roger definiu a melancolia de uma
maneira típica a seu tempo, descrevendo como ela nos altera e nos endurece
contra a alegria.[40] Segundo ele, a depressão é uma ladra de alegria.
Essa ladra de alegria também gosta de saquear nossa percepção de Deus. “Há algumas almas verdadeiras às quais Deus ama”, observa Charles, “que, no entanto, não costumam desfrutar um dia de sol brilhante. São muito sombrias, tanto com relação a sua esperança quanto sua alegria. Algumas delas talvez tenham perdido, por meses, a luz do semblante de Deus”.[41]
Agora, o que estou prestes a escrever demanda nossa atenção. A depressão é capaz de vandalizar tanto nossa alegria e nossa percepção de Deus de tal modo que nenhuma de suas promessas pode nos confortar, na ocasião, não importa quão verdadeiras sejam ou quão gentilmente sejam ditas. E pior, “tudo no mundo parece sombrio”. Até mesmo as misericórdias de Deus nos assustam “e erguem-se como terríveis presságios do mal” ante os olhos de nossa mente.[42]
Vamos parar por um momento a fim de ressaltar três auxílios importantes:
1. Sejamos nós aqueles que sofrem ou os cuidadores, devemos levar em conta a contribuição do corpo para a depressão. Sobre esse ponto, Charles nos lembra da teologia cristã básica: “o homem é um ser duplo, composto de corpo e de alma, e cada uma das porções do homem pode receber feridas e dor.”[43]
2. A depressão não é pecado. Embora por causa dela os pecados possam acontecer e as tentações se intensificar, a depressão em si não é um pecado. “Podemos ficar deprimidos no espírito; talvez fiquemos nervosos, amedrontados, tímidos; podemos até mesmo chegar aos limites do desespero”, e mesmo assim “separados do pecado.”[44]. Às vezes o que prenuncia o senso da ausência de Deus em nossa vida não é nosso coração duro, mas um trapaceiro psicológico.
3. A depressão não é unicamente para nós. Depois de citar exemplos históricos, como os de Martinho Lutero, Isaac Newton e William Cowper, e bíblicos, como o de Jó, Davi, Elias e nosso Senhor Jesus Cristo, Charles inevitavelmente dirá: “Você não é o primeiro filho de Deus a ficar deprimido ou atribulado”. Até “entre os mais nobres dos homens e mulheres que já viveram, houve muito desse tipo de coisa (...) portanto não pense que você está totalmente sozinho em sua aflição.”. Embora você possa “ir para a cama nas trevas”, você “acordará na eterna luz do dia”.[45]
Essa ladra de alegria também gosta de saquear nossa percepção de Deus. “Há algumas almas verdadeiras às quais Deus ama”, observa Charles, “que, no entanto, não costumam desfrutar um dia de sol brilhante. São muito sombrias, tanto com relação a sua esperança quanto sua alegria. Algumas delas talvez tenham perdido, por meses, a luz do semblante de Deus”.[41]
Agora, o que estou prestes a escrever demanda nossa atenção. A depressão é capaz de vandalizar tanto nossa alegria e nossa percepção de Deus de tal modo que nenhuma de suas promessas pode nos confortar, na ocasião, não importa quão verdadeiras sejam ou quão gentilmente sejam ditas. E pior, “tudo no mundo parece sombrio”. Até mesmo as misericórdias de Deus nos assustam “e erguem-se como terríveis presságios do mal” ante os olhos de nossa mente.[42]
Vamos parar por um momento a fim de ressaltar três auxílios importantes:
1. Sejamos nós aqueles que sofrem ou os cuidadores, devemos levar em conta a contribuição do corpo para a depressão. Sobre esse ponto, Charles nos lembra da teologia cristã básica: “o homem é um ser duplo, composto de corpo e de alma, e cada uma das porções do homem pode receber feridas e dor.”[43]
2. A depressão não é pecado. Embora por causa dela os pecados possam acontecer e as tentações se intensificar, a depressão em si não é um pecado. “Podemos ficar deprimidos no espírito; talvez fiquemos nervosos, amedrontados, tímidos; podemos até mesmo chegar aos limites do desespero”, e mesmo assim “separados do pecado.”[44]. Às vezes o que prenuncia o senso da ausência de Deus em nossa vida não é nosso coração duro, mas um trapaceiro psicológico.
3. A depressão não é unicamente para nós. Depois de citar exemplos históricos, como os de Martinho Lutero, Isaac Newton e William Cowper, e bíblicos, como o de Jó, Davi, Elias e nosso Senhor Jesus Cristo, Charles inevitavelmente dirá: “Você não é o primeiro filho de Deus a ficar deprimido ou atribulado”. Até “entre os mais nobres dos homens e mulheres que já viveram, houve muito desse tipo de coisa (...) portanto não pense que você está totalmente sozinho em sua aflição.”. Embora você possa “ir para a cama nas trevas”, você “acordará na eterna luz do dia”.[45]
A GRAÇA ALIVIA, MAS NEM SEMPRE CURA
A DEPRESSÃO
A DEPRESSÃO
Mas
seguir a Jesus não deveria mudar tudo isso? Jesus não deveria curar nossas doenças?
Muitos de nós sentimos que, se fôssemos mais fiéis a Jesus não teríamos de
lutar dessa maneira. Outros até nos dizem que nossa salvação em Jesus está ameaçada
e a colocam em questão.
Mas assim como um homem com asma ou uma mulher que nasceu muda provavelmente permanecerão dessa forma, embora amem Jesus, de igual maneira nosso transtorno mental e nossa inclinação à melancolia frequentemente continuam conosco também. A conversão a Jesus não é o céu, e sim a sua antecipação. Deste lado do paraíso, a graça nos assegura, contudo não nos cura em definitivo. “Existem traços de fraqueza na criatura que até mesmo a graça não apaga.”[46]. Embora a cura substancial possa vir, Charles nos lembra que, usualmente, ela espera o paraíso para completar sua obra plena.
Não professamos que a crença em Jesus Cristo mudará tão completamente um homem, levando dele todas as suas tendências naturais. Isso garantiria ao que se desespera algo que lhe aliviaria o desânimo. Porém, quanto ao que é causado por um baixo estado do corpo ou de uma mente doente, não professamos que a crença em Jesus vai removê-lo totalmente. Em vez disso, vemos todos os dias que entre os melhores servos de Deus há aqueles que estão sempre duvidando, olhando para o lado sombrio de cada providência, para a ameaça mais do que para a promessa, e que estão prontos para escrever coisas amargas contra si mesmos (...)[47]
Portanto, nós cristãos que sofremos de depressão podemos ficar terrivelmente fracos, mesmo na fé. Todavia, não estamos perdidos para Deus. Ao contrário daqueles que nos dizem que não temos fé suficiente ou que estamos condenados por causa da nossa incapacidade de sorrir mais, a “depressão do espírito não é um índice de declínio da graça”.[48] É Cristo e não a ausência de depressão que nos salva. Declaramos essa verdade. Nossa sensação da ausência de Deus não significa que ele esteja ausente. Embora o nosso sofrimento corporal não nos permita sentir seu toque suave, ele nos segura firme. Nossos sentimentos em relação a ele não nos salvam. Ele sim.
Por isso nossa esperança não reside em nossa capacidade de preservar um bom humor, mas em sua capacidade de nos sustentar. Jesus nunca nos abandonará com nosso coração abatido. Conforte-se no modo como Charles coloca isso:
Talvez você não esteja bem, ou talvez tenha desenvolvido uma doença que desgastou intensamente seu sistema nervoso e você esteja deprimido e por isso acha que a graça o está deixando. Mas ela não está. Sua vida espiritual não depende da natureza. Se assim fosse, ela poderia expirar. Ela depende da graça e a graça nunca cessará de brilhar até que o ilumine para a glória.[49]
Embora toda nuvem escureça com a formação da tempestade, sabemos que o sol ainda brilha. Nós que já voamos de avião podemos atestar essa verdade.
Também sabemos que embora nos sacudamos e nos viremos em um sono inquieto e doentio, nosso amado segura nossa mão e enxuga o suor de nossa cabeça nas profundezas da noite, mesmo que não tenhamos consciência disso.
Assim é com Deus. Enquanto nossos corpos podem, às vezes, fazer com que os nossos humores naufraguem e lançar dúvidas sobre nossa fé, mesmo que não saibamos, ele nos mantém seguros enquanto nossa crise se faz violenta.
Lembre-se, a depressão é um “infortúnio, não uma falta”, como recorda Charles na citação de abertura deste capítulo. Um tipo de luta que não assegura nossa condenação.
O que isso significa? Em contraste com aqueles que iriam lhe dizer para ser mais forte e suplicar suas forças junto a Deus, Charles nos diz: “deixe sua fraqueza suplicar a Deus em Jesus Cristo”.[50] Suas misericórdias são grandes o bastante, profundas o bastante, largas o bastante, altas o bastante para mantê-lo seguro no que você não consegue. A graça de que você precisa aumenta com a ocasião (Hb 4.12). Sua esperança não é sua saúde, mas a capacidade dele deve ser a força de que você precisa.
Mas assim como um homem com asma ou uma mulher que nasceu muda provavelmente permanecerão dessa forma, embora amem Jesus, de igual maneira nosso transtorno mental e nossa inclinação à melancolia frequentemente continuam conosco também. A conversão a Jesus não é o céu, e sim a sua antecipação. Deste lado do paraíso, a graça nos assegura, contudo não nos cura em definitivo. “Existem traços de fraqueza na criatura que até mesmo a graça não apaga.”[46]. Embora a cura substancial possa vir, Charles nos lembra que, usualmente, ela espera o paraíso para completar sua obra plena.
Não professamos que a crença em Jesus Cristo mudará tão completamente um homem, levando dele todas as suas tendências naturais. Isso garantiria ao que se desespera algo que lhe aliviaria o desânimo. Porém, quanto ao que é causado por um baixo estado do corpo ou de uma mente doente, não professamos que a crença em Jesus vai removê-lo totalmente. Em vez disso, vemos todos os dias que entre os melhores servos de Deus há aqueles que estão sempre duvidando, olhando para o lado sombrio de cada providência, para a ameaça mais do que para a promessa, e que estão prontos para escrever coisas amargas contra si mesmos (...)[47]
Portanto, nós cristãos que sofremos de depressão podemos ficar terrivelmente fracos, mesmo na fé. Todavia, não estamos perdidos para Deus. Ao contrário daqueles que nos dizem que não temos fé suficiente ou que estamos condenados por causa da nossa incapacidade de sorrir mais, a “depressão do espírito não é um índice de declínio da graça”.[48] É Cristo e não a ausência de depressão que nos salva. Declaramos essa verdade. Nossa sensação da ausência de Deus não significa que ele esteja ausente. Embora o nosso sofrimento corporal não nos permita sentir seu toque suave, ele nos segura firme. Nossos sentimentos em relação a ele não nos salvam. Ele sim.
Por isso nossa esperança não reside em nossa capacidade de preservar um bom humor, mas em sua capacidade de nos sustentar. Jesus nunca nos abandonará com nosso coração abatido. Conforte-se no modo como Charles coloca isso:
Talvez você não esteja bem, ou talvez tenha desenvolvido uma doença que desgastou intensamente seu sistema nervoso e você esteja deprimido e por isso acha que a graça o está deixando. Mas ela não está. Sua vida espiritual não depende da natureza. Se assim fosse, ela poderia expirar. Ela depende da graça e a graça nunca cessará de brilhar até que o ilumine para a glória.[49]
Embora toda nuvem escureça com a formação da tempestade, sabemos que o sol ainda brilha. Nós que já voamos de avião podemos atestar essa verdade.
Também sabemos que embora nos sacudamos e nos viremos em um sono inquieto e doentio, nosso amado segura nossa mão e enxuga o suor de nossa cabeça nas profundezas da noite, mesmo que não tenhamos consciência disso.
Assim é com Deus. Enquanto nossos corpos podem, às vezes, fazer com que os nossos humores naufraguem e lançar dúvidas sobre nossa fé, mesmo que não saibamos, ele nos mantém seguros enquanto nossa crise se faz violenta.
Lembre-se, a depressão é um “infortúnio, não uma falta”, como recorda Charles na citação de abertura deste capítulo. Um tipo de luta que não assegura nossa condenação.
O que isso significa? Em contraste com aqueles que iriam lhe dizer para ser mais forte e suplicar suas forças junto a Deus, Charles nos diz: “deixe sua fraqueza suplicar a Deus em Jesus Cristo”.[50] Suas misericórdias são grandes o bastante, profundas o bastante, largas o bastante, altas o bastante para mantê-lo seguro no que você não consegue. A graça de que você precisa aumenta com a ocasião (Hb 4.12). Sua esperança não é sua saúde, mas a capacidade dele deve ser a força de que você precisa.
DEUS NÃO RI DE NOSSA DEPRESSÃO
Ao passo que concluo esse capítulo, admito que comecei a falar de Deus explicitamente.
Muitos de nós podem achar muito duro de aceitar isso. O assunto “Deus” não nos
foi gentil e nossas misérias foram reais de mais para pessoas religiosas más e
banais solucionarem. Você está certo sobre isso e espero que cada capítulo
daqui por diante se mostre útil enquanto se refere à sua depressão e a Deus.
Por ora, entretanto, pode lhe interessar saber que Charles, em sua depressão, de alguma forma viu Deus como compassivo para com ele e para com todos nós que sofremos dessa maneira, distinguindo o próprio Deus daqueles que dele zombaram:
Alguns de vocês podem estar em grande agonia de espírito, uma angústia de que nenhuma criatura companheira pode lhes libertar. Vocês são pobres pessoas nervosas das quais os outros frequentemente riem. Posso lhes assegurar que Deus jamais rirá de vocês. Ele sabe tudo sobre essa sua triste queixa. Então os encorajo a irem até ele, pois a experiência de muitos de nós nos ensinou que “o Senhor é gracioso e cheio de compaixão.”[51]
–– Zack Eswine / A Depressão de Spurgeon: Esperança realista em meio à angústia – PARTE1 – Cap. 3 – Pág. 47-57
SUMÁRIO DA SÉRIE "A DEPRESSÃO DE SPURGEON: Esperança Realista em meio à Angústia"
_____________________________________________________
NOTAS:
25. Charles Spurgeon, “Lançai Fora o Medo,” MTP, Vol. 16, Sermão 930
Por ora, entretanto, pode lhe interessar saber que Charles, em sua depressão, de alguma forma viu Deus como compassivo para com ele e para com todos nós que sofremos dessa maneira, distinguindo o próprio Deus daqueles que dele zombaram:
Alguns de vocês podem estar em grande agonia de espírito, uma angústia de que nenhuma criatura companheira pode lhes libertar. Vocês são pobres pessoas nervosas das quais os outros frequentemente riem. Posso lhes assegurar que Deus jamais rirá de vocês. Ele sabe tudo sobre essa sua triste queixa. Então os encorajo a irem até ele, pois a experiência de muitos de nós nos ensinou que “o Senhor é gracioso e cheio de compaixão.”[51]
–– Zack Eswine / A Depressão de Spurgeon: Esperança realista em meio à angústia – PARTE1 – Cap. 3 – Pág. 47-57
SUMÁRIO DA SÉRIE "A DEPRESSÃO DE SPURGEON: Esperança Realista em meio à Angústia"
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NOTAS:
25. Charles Spurgeon, “Lançai Fora o Medo,” MTP, Vol. 16, Sermão 930
(http://www.projetospurgeon.com.br/2012/01/lancai-fora-o-medo/)
26. Charles Spurgeon, “Joy, Joy,
Forever!,” MTP, Vol. 36, Sermão 2146 (Ages Digital Library, 1998), p.
373.
27. Charles Spurgeon, “Joyful
Transformations,” MTP, Vol. 14, Sermão 847, The Spurgeon Archive
(http://www.spurgeon.org/joyful.htm),
acessado em 13/12/13.
28. Charles Spurgeon, “First Things
First,” MTP, Vol. 31, Sermão 1864 (Ages Digital Library, 1998), p.
712.
29.
Charles Spurgeon, “Soberania Divina,” NPSP, Vol. 2, Sermão 77,
(http://www.monergismo.com/textos/chspurgeon/Soberania_Spurgeon.htm).
30.
Charles Spurgeon, “Lançai Fora o Medo,” MTP, Vol. 16 , Sermão 930
(http://www.projetospurgeon.com.br/2012/01/lancai-fora-o-medo/).
31. Ibid.
32. Charles Spurgeon, “A Prayer for the
Church Militant,” MTP, Vol. 13, Sermão 768 (Ages Digital
Library).
33. Charles Spurgeon, “The Yoke Removed
and the Lord Revealed,” MTP, Vol. 25, Sermão 1462 (Ages
Digital
Library, 1998), p. 183.
34.
Charles Spurgeon, “A
Maior Luta do Mundo” (São José dos Campos: Editora Fiel, 2006), p. 11.
35.
Charles Spurgeon, “Como Entender a Doutrina da Eleição,” MTP, Vol. 30, Sermão 1797
(http://www.escolacharlesspurgeon.com.br/files/pdf/Como_Entender_a_Doutrina_da_EleicaoSpurgeon.
pdf)
36. Jane Kenyon, “Having it Out With
Melancholy,” Jane
Kenyon: Collected Poems (Saint Paul,
Minnesota; Grey Wolf Press, 2005) p.
233.
37. Charles Spurgeon, “The Cause and Cure
of a Wounded Spirit,” MTP, Vol. 42, Sermão 2494 (Ages
Digital Library, 1998), p. 786.
38. Spurgeon, “The Cause and Cure
of a Wounded Spirit,” p. 786.
39. Charles Spurgeon, “Bells for the
Horses,” em Sword and Trowel
(http://www.spurgeon.org/s_and_t/bells.htm),
acessado em 13/12/13.
40. Timothy Rogers, (1660-1729) “Trouble of Mind, and the Disease of Melancholy,” citado em
Charles Spurgeon, The Treasury of David, Psalm 107, Explanatory Notes and
Quaint Sayings
(http://www.spurgeon.org/treasury/ps107.htm),
acessado em 13/12/13. Nota
do revisor: Esta obra,
publicada
originalmente em 1691, tem sido reeditada recentemente. Confira 2a. edição por Don Kistler.
Morgan
(PA): Soli Deo Gloria, 2002, p. 396.
41. Spurgeon, “Means for
Restoring the Banished,” Vol. 16, Sermão 950, p. 645.
42. Charles Spurgeon, “The Garden of the
Soul,” MTP, Vol. 12, Sermão 693 (Ages Digital Library, 1998),
p. 370.
43. Charles Spurgeon, “Healing for the
Wounded,” NPSP, Vol. 1, Sermão 53, The Spurgeon Archive
(http://www.spurgeon.org/sermons/0053.htm),
acessado em 13/12/13.
44. Charles Spurgeon, “Our Youth Renewed,” MTP, Vol. 60, Sermão 3417 (Ages Digital Library, 1998),
p.
462.
45. Charles Spurgeon, “The Cause and Cure
of a Wounded Spirit,” MTP, Vol. 42, Sermão 2494 (Ages
Digital Library, 1998), pp. 791-792.
46. Charles Spurgeon, “Faintness and
Refreshing,” MTP, Vol. 54, Sermão 3110 (Ages Digital Library, 98),
p. 590.
47. Charles Spurgeon, “Weak Hands and
Feeble Knees,” NPSP, Vol. 5, Sermão 243, The Spurgeon
Archive
(http://www.spurgeon.org/sermons/0243.htm), acessado em 13/12/13.
48. Charles Spurgeon, “Sweet Stimulants
for the Fainting Soul,” MTP, Vol. 48, Sermão 2798 (Ages Digital
Library, 1998), p. 575.
49. Charles Spurgeon, “Smoking Flax,” MTP, Vol. 31, Sermão 1831 (Ages Digital Library, 1998),
p. 224.
50. Charles Spurgeon, “The Frail Leaf,” MTP, Vol. 57, Sermão 3269 (Ages Digital Library, 1998),
p. 595.
51. Charles Spurgeon, “Remembering God’s Works,” MTP, Vol. 49, Sermão 2849 (Ages Digital Library,
1998),
p. 591.
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