O que significa a parábola das Dez Virgens? | JP Padilha


Para se ter uma compreensão desta parábola é necessário entender sobre os tipos e figuras que a Bíblia nos fornece em todo o seu pano de fundo a respeito de Israel e Igreja. A parábola das dez virgens é muitas vezes atribuída erroneamente à Igreja. Isso se dá pela má interpretação de textos que deveriam ser analisados com mais cuidado e sob a ótica histórico-gramatical das Escrituras. A parábola que vemos em Mateus 25 fala do testemunho de um modo geral (pois fala de luz), e a relação ali estabelecida parece ser muito mais com Israel (povo terrenal de Deus) do que com a Igreja (povo celestial de Deus).

A parábola começa falando do reino dos céus, que é o caráter da profissão de fé neste mundo, onde se mescla verdadeiros e falsos em sua profissão individual de fé. No reino dos céus há joio e trigo, virgens tolas e prudentes. Não se pode esquecer do fato de que as virgens não são noivas do Noivo, mas fazem o papel que hoje chamaríamos de “damas de companhia”.

Para entender melhor sobre isso é necessário compreender os tipos e figuras que as Escrituras nos fornecem. Em um certo sentido, o Senhor tem duas noivas ou esposas: Israel e a Igreja. Cantares é um poema de amor do Noivo para a noiva, e é exatamente de Israel que Cantares está falando. Israel é Sua primeira noiva. O Salmo 45 é uma profecia desse matrimônio do Senhor com Israel, o qual ocorrerá futuramente, após o período da tribulação que cairá sobre toda a terra.

O livro de Ester tem um profundo significado em forma de figuras, no qual Assuero está no papel da autoridade máxima (que é Deus; porém, Deus não é citado no livro), e a esposa gentia desse rei o despreza (uma clara figura da Igreja antes do arrebatamento: Orgulhosa, no espírito de Laodiceia, que não quer dar testemunho de sua glória para o mundo). Então ela sai de cena (é reprovada como testemunho) e uma esposa judia toma o seu lugar em um período de grande tribulação, já que a tribulação tem como objetivo refinar a nação de Israel e manifestar o remanescente judeu fiel que fará jus a esse testemunho diante de Deus.

Continuando com os tipos e figuras, Mardoqueu seria um tipo de Cristo, o homem obediente que salva a vida e a honra do rei sem reivindicar nada em troca. Por esta razão Mardoqueu acaba sendo instrumento na salvação do povo judeu. Assim como Jesus na tentação do deserto, Mardoqueu se nega a prestar adoração a Hamã, uma figura de Satanás.

J. N. Darby faz o seguinte comentário sobre a parábola das dez virgens:

"Os professos, durante a ausência do Senhor, são aqui representados como virgens, que saem para encontrar o Noivo, e iluminarem Seu caminho até a casa. Nesta passagem Ele NÃO é o Noivo da igreja. Ninguém irá encontrar-se com Ele para suas núpcias com a Igreja no céu. A noiva não aparece nesta parábola. Se ela tivesse sido apresentada aqui, então teria sido Jerusalém na terra. Neste sentido a assembleia não é vista nestes capítulos. Aqui se trata da responsabilidade individual durante a ausência de Cristo”.

É muito provável que o número 5 na Bíblia se refira à responsabilidade humana. Pelo menos ele aparece muito associado a isso nas Escrituras. São cinco os livros dados a Moisés de todas as coisas que os homens deveriam cumprir na dispensação da Lei. São dez os mandamentos: *Cinco se referem à responsabilidade para com Deus e cinco estão associados à responsabilidade para com o próximo. 

Nota*: Para entender melhor a respeito dessa divisão em grupos de 5 e 5 nos dez mandamentos ao invés de 4 e 6 como muitos costumam dividi-los, leia meu breve comentário sobre isso, clicando no link abaixo:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2019/11/a-divisao-correta-dos-dez-mandamentos.html

Considerando que 'virgem' é uma figura da Igreja, as cinco virgens prudentes nos falam da responsabilidade do testemunho que foi deixado nas mãos dos homens, enquanto outras cinco nos falam do testemunho que não tem o azeite, ou seja, considerando que o azeite é uma figura de unção, do Espírito Santo, trata-se da esfera da falsa profissão de fé dos que apenas professam ser cristãos – a falsa noiva de Apocalipse (a meretriz).

Quando o Noivo vem, somente as virgens que são verdadeiras entram para a Sua presença. As outras virgens recebem a sentença: “Nunca vos conheci” (Mt 7.23). Sendo assim, é pouco provável que o número 5 seja o número das esposas do Cordeiro, pois há uma noiva no sentido coletivo da Igreja. Os tipos e figuras nos mostram que nas Escrituras o Senhor possui duas esposas. Da primeira Ele Se divorciou por sua infidelidade (Ez 16; Jr 3.8 ). Essa é Sua esposa terrenal, Israel. Todavia, Ele tornará a recebê-la porque prometeu que um dia voltaria Seus olhos para ela novamente. A outra noiva é a Igreja, a qual Ele apresentará a Si mesmo como virgem pura.

Além de todas essas evidências, podemos perceber que Mateus 25 não fala de Igreja, nem do arrebatamento da mesma, em nenhum momento e em nenhum aspecto. O texto fala claramente a respeito da vinda de Cristo para julgar as nações após o período da tribulação.

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