A divisão correta dos dez mandamentos | JP Padilha


Em Êxodo 20 encontramos os dez mandamentos do Pentateuco: Os cinco primeiros estão relacionados à responsabilidade para com Deus e os cinco últimos para com o próximo. Todavia, muitos “estudiosos” costumam entender apenas os quatro primeiros mandamentos como se esses se referissem à responsabilidade do homem para com Deus, fazendo dos seis últimos um compêndio de leis relacionado à responsabilidade para com o próximo.

A nível de introdução, vamos resumir os Dez Mandamentos de Êxodo 20 para que tenhamos uma visão melhor:

1. Não ter outros deuses.
2. Não fazer ou adorar ídolos.
3. Não dizer o nome de Deus em vão.
4. Guardar o sétimo dia (essa lei é de cunho cerimonial e restrita aos judeus).
5. Honrar pai e mãe.
6. Não assassinar.
7. Não adulterar.
8. Não furtar.
9. Não mentir.
10. Não cobiçar*.

Nota*: No catecismo católico romano, o último mandamento foi dividido em dois: 9 - "não cobiçar a mulher do próximo" e 10 - "não cobiçar as coisas alheias". A intenção da seita é fazer com que a contagem dos mandamentos continue sendo “Dez” após a extração do segundo mandamento que fala de imagens. Essa versão foi aceita sem contestação durante os séculos em que o catolicismo romano proibia a leitura da Bíblia, impedindo as pessoas de irem conferir o que dizia o texto original das Escrituras.

A divisão correta dos dez mandamentos fica mais fácil de se entender se considerarmos que os cinco primeiros mandamentos são de responsabilidade vertical, enquanto os cinco últimos são de responsabilidade horizontal. Ou seja, os cinco primeiros correspondem à responsabilidade do homem para com quem está acima dele, o que se enquadra melhor ao verbo "honrar". Desta maneira você inclui toda uma cadeia de comando que chega até Deus. Já os cinco últimos mandamentos estão associados ao relacionamento com as pessoas, independente do grau de parentesco.

O quinto mandamento não nos fala exatamente de como devemos tratar as pessoas, mas está predominantemente ligado ao ato de reconhecer uma autoridade (alguém acima de nós, como é requerido nos quatro primeiros). Por esta razão que “honrar pai e mãe” não depende de quem seja o pai e a mãe ou de como eles se comportam.

Há quem alegue que este mandamento não deve ser obedecido quando se trata de pais que maltratam os filhos ou abusam dos mesmos. Porém, isso é um engano. Se aplicarmos o mesmo raciocínio ao lidar com os textos que falam das outras autoridades, a obediência e honra às potestades superiores ficará a nosso critério, fazendo com que essas autoridades estejam submissas ao juízo que fazemos delas. Todavia, a Bíblia é consistente quanto à subordinação às autoridades postas por Deus no mundo. Considere o que escreveu o apóstolo Paulo:

“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Romanos 13.1-2).

Quando nos lembramos do fato de que quem escreveu isso estava sob o domínio de Nero, conseguimos entender que obviamente o apóstolo da graça não estava falando que deveríamos estar sujeitos apenas às autoridades politicamente corretas. Foi exatamente assim no caso de Daniel e seus amigos quando debaixo da autoridade de Nabucodonosor. Foi também o caso de Davi, que mesmo sabendo que seria o rei sucessor de Saul não ousou feri-lo. Por que? Porque Davi o reconheceu como rei. Foi o caso do Senhor Jesus, que se sujeitou como ovelha muda nas mãos de seus algozes. Pôncio Pilatos disse a Jesus que tinha poder para soltá-lo se Ele dissesse qualquer coisa a seu favor. Mas, qual foi a resposta de Jesus a ele? “Nenhuma autoridade terias sobre mim se não tivesse sido dado do alto” (Jo 19.11). Jesus estava sendo claramente injustiçado por uma autoridade que podia livrá-lo com apenas uma defesa de Jesus. Mas a atitude de Jesus foi se submeter a essa autoridade e sofrer o dano da injustiça.

Existe apenas uma exceção que devemos ter em mente: A sujeição às autoridades não implica fazer aquilo que contraria a vontade de Deus em Seus preceitos. Quando qualquer lei contrária à Palavra de Deus é estabelecida pelos homens, temos o dever de desobedecê-la em prol da sujeição à autoridade máxima, que é Deus. Se uma autoridade tenta exigir que eu mate inocentes, como cristão eu devo me negar a fazê-lo, pois a honra e a sujeição a Deus estão acima da sujeição aos homens. É muito importante entender isso.

Portanto, devemos reconhecer que o quinto mandamento tem muito mais a ver com os quatro primeiros do que com os cinco últimos que condenam o pecado do assassinato, do adultério, do furto, da mentira e da cobiça. Esses cinco últimos não possuem qualquer relação com a obediência, honra ou sujeição à autoridades superiores, que é o que vemos nos primeiros cinco mandamentos. Por isso há mais sensatez em que os dez mandamentos de Êxodo 20 sejam divididos em 5 e 5, sendo os primeiros relacionados a Deus (fonte de toda autoridade) e os últimos relacionados ao próximo.

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