3 - Um Chamado à Separação


Apesar de não sermos chamados a consertar a confusão que existe no testemunho cristão, existe algo que somos chamados a fazer para nos colocarmos na posição correta em relação a essa confusão. O apóstolo Paulo descreveu o abandono da Verdade no testemunho cristão como algo tão confuso que apenas o Senhor seria capaz de distinguir entre os que são reais e os que são falsos. Ele segue dizendo que nossa responsabilidade nisso tudo é nos apartarmos daquilo que sabemos que está errado, e que é inconsistente com a verdade das Escrituras. "Qualquer que profere o nome de Cristo [o Senhor] aparte-se da iniquidade" (2 Tm 2:19).

A fim de ilustrar este ponto tão importante, Paulo usou a figura de uma "grande casa" para descrever a confusa condição existente na cristandade. Na casa há uma mistura de vasos "de ouro e de prata" (os verdadeiros crentes), e também de "pau e barro" (os falsos, meros professos). Alguns desses vasos são "para honra" e alguns "para desonra". Se um cristão pretende ser um vaso "santificado" para honra, adequado para todo e qualquer uso para o qual o Mestre possa convocá-lo, ele precisa passar pela experiência de se purificar, separando-se daqueles vasos que se misturaram no atual e confuso estado de coisas. Paulo diz: "De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra" (2 Tm 2:20-21).

Portanto, o chamado do Senhor para cada cristão que se encontra identificado com a confusão na "grande casa" é separar-se. Apesar de não podermos sair da "grande casa" (pois isto significaria deixar completamente de professar
que somos cristãos), podemos e devemos nos separar da desordem que existe na casa. Veja também 2 Coríntios 6:14-18; 2 Timóteo 3:5; Apocalipse 18:4.

POR QUE NOS SEPARARMOS?

Alguém poderia perguntar: "Por que a separação é tão importante?" A resposta é simplesmente porque podemos ser – e efetivamente seremos – contaminados por nossas associações! A maioria dos cristãos acredita poder se associar a qualquer coisa que for de sua vontade sem que sejam afetados por isso. A Bíblia, porém, ensina que somos afetados por aqueles com quem nos associamos. "As más companhias corrompem os bons costumes" (1 Co 15:33; 1 Tm 5:22; Ag 2:10-14; Dt 7:1-4; Js 23:11-13; 1 Rs 11:1-8 etc.).

Entendemos que este não é um tópico muito popular entre os cristãos hoje em dia, mas Deus nos disse essas coisas para que pudéssemos ser preservados das sutis corrupções orquestradas pelo inimigo de nossa alma, Satanás. As coisas que Deus disse em Sua Palavra são para o nosso bem, e não por Ele ser um estraga prazeres. Deus nos ama e se importa conosco, e sabe o que é melhor para nós. E lembremo-nos de que nunca somos mais sábios do que a Palavra de Deus.

OS TRÊS TIPOS DE MAL EXISTENTES NA CRISTANDADE


A Bíblia indica que o cristão deve se separar de três tipos de mal, pois a associação com essas coisas irão nos afetar e nos contaminar. São eles:

1) Mal Moral – Um exemplo deste tipo de mal é encontrado no problema existente em Corinto, onde havia uma pessoa imoral entre eles. Por ser um grupo de cristãos que estavam associados a uma pessoa má em seu meio, eles corriam o risco de serem levedados pelo pecado daquela pessoa. O apóstolo disse a eles: "Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa" (1 Co 5:6-7). Ele lhes disse que deviam se dissociar disso excomungando aquela pessoa (1 Co 5:11-13). Se permitissem que ela continuasse no meio deles, isso iria dessensibilizar seus padrões morais e todos eles também acabariam caindo na imoralidade.

Além do mais, ao continuarem assim associados com o pecado (pelo descuido de permitir que o pecado não fosse julgado) eles se tornariam coletivamente culpados daquele mesmo pecado, mesmo que não o tivessem cometido pessoalmente! Compare com o caso do pecado de Acã. Quando ele pecou, o Senhor disse: "Israel pecou" (Js 7:1, 11). Mesmo que apenas um homem e sua família fossem os culpados pelo erro, o Senhor acusou todo o Israel dessa culpa, pois estavam todos associados com Acã.

2)
Má Doutrina Um exemplo disso é o caso da "senhora eleita" na Segunda Epístola de João. Ela foi advertida de que se viesse a ela alguém que não trouxesse a doutrina de Cristo, ela não deveria receber tal pessoa em sua casa, e nem tampouco saudá-la, pois se o fizesse estaria sendo participante do seu erro. As palavras do apóstolo João foram estas: "Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras" (2 Jo 9-11). Repare: se ela saudasse ou recebesse tal pessoa, seria participante da má doutrina daquela pessoa, mesmo que ela própria não professasse tal ensino maligno! Sua responsabilidade, portanto, era de se manter longe desses ensinos errôneos e isso precisava ser feito por meio da SEPARAÇÃO.

Os gálatas eram outro exemplo disso. Entre eles haviam se infiltrado mestres que tentavam judaizá-los, ensinando que eles precisavam guardar a lei. Paulo disse a eles: "Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chamou. Um pouco de fermento leveda toda a massa" (Gl 5:7-9). Vemos aqui que o ensino errôneo dos mestres judaizantes que havia entre eles possuía o mesmo efeito de fermentar o grupo como um todo. Eles estavam sendo levedados por aquelas doutrinas judaizantes com as quais estavam associados.

Vemos também que alguns dentre os coríntios haviam adotado ensinos errôneos quanto à doutrina da ressurreição. Paulo identificou esses ensinos como originários da associação deles com alguns mestres existentes em seu meio que eram tendenciosos quanto à doutrina. Ele os alertou que se continuassem associados com essas pessoas, acabariam todos sendo afetados. Suas palavras foram: "Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes" (1 Co 15:33).

Paulo também disse a Timóteo que se ele encontrasse alguém ensinando coisas que não estivessem de acordo com a sã doutrina, deveria "apartar-se" desse, pois se não o fizesse acabaria se tornando participante do pecado daquela pessoa (1 Tm 6:3-5).

3)
Mal Eclesiástico O mesmo princípio vale também para a falta de ordem e o mal eclesiástico (isto é, o clericalismo – sistema formado por clero e leigos). Ao nos associarmos a alguma comunhão em particular de cristãos que tenham um sistema de coisas que não está em conformidade com a Palavra de Deus, quer nós concordemos ou não com suas práticas estaremos mesmo assim identificados com elas. Este princípio é claramente estabelecido por Paulo em 1 Coríntios 10:14-22. Ele mostra que, independente de ser no cristianismo, judaísmo ou paganismo, o princípio da identificação sempre existe. Participar de práticas religiosas, quaisquer que sejam elas, é expressar comunhão com tudo o que existe ali.

No que diz respeito ao cristianismo, Paulo diz: "Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?" (1 Co 10:16). Desta passagem fica evidente que nossa ação de partir o pão (participar da ceia do Senhor) é a expressão de nossa comunhão com aqueles com quem partimos o pão.

Em relação a Israel, Paulo mostrou que o mesmo princípio existia, ao dizer: "Vede a Israel segundo a carne: aqueles que comem os sacrifícios não estão porventura em comunhão com o altar?" (1 Co 10:18 versão J. N. Darby). Alguém que participasse dos sacrifícios sobre o altar no qual eram oferecidos tais sacrifícios estava identificado com tudo o que o altar representava.

O apóstolo mostrou também que o mesmo princípio valia para a idolatria no paganismo, ao dizer: "Mas o que os gentios sacrificam, eles sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que estejais em comunhão com os demônios" (1 Co 10:20 versão J. N. Darby). Neste caso aqueles que participavam do "cálice dos demônios" estavam em comunhão com demônios.

Em tudo isso permanece o fato de que o ato de participarmos de um grupo eclesiástico em particular significa nossa identificação com tudo o que acontece ali. Se eles ensinam má doutrina, estamos em comunhão com a má doutrina. Se eles estão envolvidos com práticas de adoração que não têm fundamento nas Escrituras, estamos também em comunhão com elas. E Deus não gostaria de ver o Seu povo em comunhão com má doutrina ou práticas errôneas (2 Co 6:14-18). É por isso que Paulo diz que quando a confusão religiosa se alastrasse pela casa de Deus, deveríamos nos "purificar" dessas coisas separando-nos delas (2 Tm 2:20-21).

Continua em: 
O remanescente de judeus que partiu da Babilônia

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–– Bruce Anstey | A ORDEM DE DEUS
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–– Fonte 1: Página JP Padilha
–– Fonte 2: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/

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