A diferença entre o Arrebatamento da Igreja e a Aparição de Cristo | JP Padilha
É importante entender a distinção que existe nas Escrituras entre o Arrebatamento e a “Aparição de Cristo” (Segunda Vinda ou Manifestação, dependendo da tradução ou do texto usado). Os dois eventos não devem ser confundidos. Embora o Senhor venha do Céu em ambas as ocasiões, o Arrebatamento e a Aparição de Cristo são explicitamente diferentes. É importante entender que a vinda do Senhor tem duas fases – Sua vinda para os Seus santos (Jo 14.2-3; 1Ts 4.16-17 – Arrebatamento) e Sua vinda com os Seus santos (Jd 1.14; Zc 14.5). Conforme a visão dispensacional da Bíblia, esses dois eventos são o Arrebatamento e a Manifestação de Cristo – sendo que, no Arrebatamento, Jesus arrebata Sua Igreja nos ares, enquanto que, em Sua Aparição, Ele desce à terra com a Igreja já arrebatada ao final da Tribulação. Os cristãos da Teologia do Pacto confundem os dois eventos. Embora o Senhor venha do Céu em ambas as ocasiões, o Arrebatamento e a Manifestação de Cristo são coisas distintas. No original da Bíblia traduzida por J. N. Darby é utilizada a palavra “appearing”, traduzida aqui como “Manifestação”. Dependendo da versão em português da Bíblia, a tradução do termo pode variar, como “Manifestação”, “Esplendor”, “Aparição” ou “Vinda” em passagens como 2 Tessalonicenses 2.8 e 2 Timóteo 1.10; 4.1,8 (ARC e ARA). Neste livro usarei os termos “Manifestação”, “Aparição de Cristo” e “Segunda Vinda de Cristo”.
• O Arrebatamento é quando o Senhor vem para os Seus santos (Jo 14.2-3); a Aparição de Cristo é quando Ele vem com os Seus santos que foram levados em glória no Arrebatamento (Jd 1.14; Zc 14.5).
• O Arrebatamento pode ocorrer a qualquer momento. Já a Aparição de Cristo não acontecerá até aproximadamente sete anos após o Arrebatamento (A Tribulação durará sete anos – Dn 9.24-27; Mt 24).
• No Arrebatamento, o Senhor vem secretamente, num piscar de olhos (1Co 15.52 – JND); em Sua Aparição, Ele vem publicamente e todo olho o verá (Ap 1.7).
• No Arrebatamento, Ele vem para livrar a Igreja (1Ts 1.10); em Sua Aparição, Ele vem para livrar Israel (Sl 6.1-4).
• No Arrebatamento, Ele vem nos ares para a Sua Igreja, pois ela é o Seu povo celestial (1Ts 4.15-18); em Sua Aparição, Ele volta à Terra (no Monte das Oliveiras) para Israel, que é o Seu povo terrenal (Zc 14.4-5).
• No Arrebatamento, o Senhor mesmo reúne os Seus santos (1Ts 4.15-18; 2Ts 2.1); em Sua Aparição, Ele envia os Seus anjos para reunir os eleitos de Israel (Mt 24.30-31).
• No Arrebatamento, Ele leva os crentes para fora deste mundo, deixando para trás os ímpios (Jo 14.2-3); em Sua Aparição, os ímpios é que são tirados do mundo para julgamento, enquanto os crentes (aqueles que tiverem sido convertidos por meio do evangelho do Reino que será pregado durante a Tribulação) são deixados na terra para desfrutarem de bênçãos na terra (Mt 13.41-43; 25.41).
• No Arrebatamento, Ele vem para livrar os Seus santos (a Igreja) da ira vindoura (1Ts 1.10); em Sua Aparição, Ele vem para derramar a Sua ira (Ap 19.15).
• No Arrebatamento, Ele vem como o Noivo (Mt 25.6,10); em Sua Aparição, Ele vem como o Filho do Homem (Mt 24.27-28).
• No Arrebatamento, Ele vem como a “Estrela da Manhã” que desponta pouco antes de raiar o dia (Ap 22.16); em Sua Aparição, Ele vem como o “Sol de Justiça”, que é o próprio raiar do dia (Ml 4.2).
• No Arrebatamento, Ele vem sem qualquer sinal, pois o cristão anda por fé e não por vista (2Co 5.7); a Sua Aparição será cercada de sinais, pois os judeus buscam sinais (Lc 21.11,25-27; 1Co 1.22).
● O Arrebatamento fecha a atual dispensação do Mistério (Ef 3.9); a Manifestação de Cristo abre a Dispensação da Plenitude dos Tempos (Ef 1.10).
• O Arrebatamento nunca é mencionado na Escritura como um “ladrão de noite”, mas Sua Aparição é assim comparada 5 vezes (1Ts 5.2; 2Pe 3.10; Mt 24.43; Ap 3.3; 16.15).
Haverá:
1. A vinda do Senhor para o que era Seu (na primeira vinda Ele já havia feito isso, mas foi rejeitado pelo Seu povo – Jo 1.10-11; Hb 10.7).
2. A vinda do Senhor pelos que lhe pertencem (o Arrebatamento – Jo 14.2-3; 1Ts 4.15-18).
3. A vinda do Senhor com os que lhe pertencem (a Aparição de Cristo – Jd 1.14).
O corpo dos santos “arrebatados” para encontrar o Senhor nos ares passará por uma tremenda mudança física. Não se trata de receber um novo corpo, mas de ter um corpo “transformado”[1] (1Co 15.51-52; Fp 3.21; Jó 14.14). O corpo deles será glorificado como o corpo do Senhor Jesus Cristo, quando apareceu aos Seus discípulos em Sua ressurreição (Rm 8.17,28-30; Fp 3.21; Lc 24.39).
Os santos arrebatados experimentarão uma permanente semelhança moral com Cristo, tanto quanto terão uma mudança física em seu corpo. Essa conformidade moral com Cristo nos santos, que é efetuada pelo trabalho silencioso do Espírito de Deus, já teve início enquanto ainda se encontram na terra, mas então ela se completará (Rm 8.28-30; 2Co 3.18). E então, todos eles serão fisicamente (Fp 3.21) e moralmente (1Jo 3.2) semelhantes a Cristo. Esta será uma condição imutável que continuará para todo o sempre.
A natureza caída pecaminosa nos santos assim “arrebatados” será erradicada. Isso significa que eles nunca mais pecarão (Hb 11.40; 12.23 – “aperfeiçoados” diz respeito à pessoa na sua totalidade: espírito, alma e corpo; Nm 24.20 – “Amaleque” é figura da carne, que é a natureza caída pecaminosa).
As crianças sem idade suficiente para serem consideradas responsáveis por seus pecados, cujos pais (ou mesmo um deles) são redimidos, subirão também para encontrar o Senhor nos ares no Arrebatamento (1Co 7.14 – “santos”). Porém, os pais incrédulos com seus filhos serão deixados para trás para entrarem na Tribulação. À medida que essas crianças forem crescendo durante a Tribulação, terão oportunidade de ouvir e crer no evangelho do Reino, o qual será pregado nessa época[2]. Se alguma dessas crianças for morta durante os sete anos de Tribulação, sua alma estará a salvo com Cristo no Céu (Mt 18.10-11; 2Sm 12.23). Isso será um ato de misericórdia, pois, se fosse deixada para crescer e atingir a idade adulta, separada da operação da graça de Deus, iria se tornar como seus pais incrédulos, rejeitando o evangelho do Reino e, consequentemente, sendo levada a julgamento (Gn 19.15). O mundo não ficará esvaziado de crianças no Arrebatamento. O Sr. C. H. Brown, com toda a razão, costumava dizer que “Deus não assaltará o berço dos incrédulos no Arrebatamento”. Deus deixará a família do incrédulo intacta.[3]
O Espírito de Deus, na forma como age atualmente, também será tirado da terra (2Ts 2.6-7)[4]. Hoje Ele está na terra habitando na Igreja – que é Sua habitação (1Co 3.16-17; Ef 2.22). O Senhor prometeu que, uma vez que o Espírito tivesse vindo para habitar na Igreja, o Espírito jamais a deixaria (At 2.1-4; 1Co 12.13; Jo 14.16). Quando a Igreja for chamada para a glória, então o Espírito Santo também sairá deste mundo para nunca mais vir aqui habitar. Isso não significa que o Espírito deixará de trabalhar sobre a Terra. Porém, daquela hora em diante, Ele fará Sua obra neste mundo a partir de Seu lugar no Céu, como fazia na época do Velho Testamento. Ele continuará a operar em uma diversidade de ações (Ap 1.4), como na vivificação das almas, etc.
A partir dessa ocasião, o Noivo (Cristo), a noiva (a Igreja) e os amigos do Noivo (os santos do Velho Testamento, etc.) estarão juntos para sempre (1Ts 4.17; Hb 11.40).
ELE e eu, glória à rebrilhar,
Alegria profunda partilhar,
O meu prazer, sempre estar com ELE
E ter-me no Seu lar, será o d'ELE.
A Igreja não passará pela Tribulação. Ela será levada em glória no Arrebatamento antes que o período de Tribulação comece. O Senhor falou: “Eu te guardarei da hora da tentação (Tribulação) que há de vir sobre todo o mundo” (Apocalipse 3.10). Veja o Apêndice ‘C’ para maiores informações sobre este ponto.
A glorificação do corpo dos santos acontecerá “num momento, num piscar de olhos” (1Co 15.51-56 – JND).
Nenhum homem sabe “o dia nem a hora” da vinda do Senhor – o Arrebatamento (Mt 25.13).[5]
A dispensação do Mistério começou e irá terminar com uma Pessoa divina vinda do Céu. No início, “veio do céu um som, como de um vento veemente... e todos foram cheios do Espírito Santo” (At 2.2-4,33). No final, “o mesmo Senhor descerá do céu com alarido” (1Ts 4.16).
As duas coisas são mencionadas como ocorrendo em uma fração de segundo. O Espírito Santo veio “de repente” (At 2.2) e o Senhor também virá “num momento”, transformará nossos corpos “num abrir e fechar de olhos” e nos levará para a Casa do Pai (1Co 15.52). Assim, a atual dispensação irá terminar tão rapidamente quanto começou.
Além disso, do mesmo modo como a Igreja começou com “todos concordemente no mesmo lugar” (no cenáculo no dia de Pentecostes — Atos 2.1), ela irá terminar com “todos concordemente no mesmo lugar” (a Casa do Pai). É triste reconhecer que, entre os dois eventos e no tempo em que a Igreja esteve na terra não é isso que temos visto. A Igreja falhou terrivelmente em seu testemunho. Ela não foi cheia do Espírito e, como consequência, ao longo de sua história ela acabou dividida e espalhada. Todavia, na vinda do Senhor para arrebatar Sua Igreja, a convocação que Ele fará à reunião irá recriar a unidade que tem ficado perdida desde os primórdios da Igreja (1Ts 4.16). “Nossa reunião com Ele” naquele momento será uma demonstração do poder de Deus que é capaz de reunir o Seu povo para estarem juntos (2Ts 2.1).
Essas coisas demonstram que a Igreja, desde o seu início até o seu destino final, é uma criação celestial de Deus designada e criada para habitar com Cristo no Céu. Ela não é uma instituição permanente na terra, apesar de estar atualmente na terra. A Igreja está apenas passando por este mundo em seu caminho para o Céu. O Senhor disse: “Não são do mundo, assim como eu não sou do mundo” (João 17.14). Os cristãos são apenas “peregrinos e forasteiros” aqui na terra (1Pe 2.11). Um “forasteiro” é alguém que não está em sua própria casa, e um “peregrino” é alguém que está a caminho de casa. O Céu é o nosso destino.
– JP Padilha
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NOTAS:
[1] N. do A.: Não conhecemos qualquer versículo bíblico que diga que os santos receberão um novo corpo. Dizer que os santos receberiam um corpo novo, na verdade, nega a ressurreição! Se ensinarmos que os santos receberão novos corpos no Arrebatamento, estaremos dando a entender que os corpos em que viveram não ressuscitarão dos mortos. A verdade é que o mesmo corpo com que os santos viveram enquanto estavam na terra será ressuscitado. Não obstante, os santos não serão ressuscitados na mesma condição caída em que estiveram, mas serão “ressuscitados incorruptíveis” (1Co 15.53-54). O corpo deles será então glorificado. Os santos que estiverem vivos na terra no momento do Arrebatamento também terão seus corpos transformados e glorificados naquele momento.
[2] N. do A.: O evangelho do Reino não deve ser confundido com o evangelho da graça de Deus (At 20.34), o qual os cristãos estão pregando hoje. O evangelho da graça de Deus promete a justificação pela fé em Cristo e um lar com Ele pela eternidade no Céu. O evangelho do Reino declara as boas novas do Rei que está vindo e que irá estabelecer o Seu reino na terra em poder, de acordo com as profecias do Velho Testamento. Aqueles que crerem no evangelho do Reino e forem preservados do martírio durante a Tribulação entrarão no Reino Milenar de Cristo para desfrutarem de suas bênçãos na terra. Trata-se do mesmo evangelho pregado antes do dia de Pentecostes por João Batista (Mt 3.1-2), pelo Senhor Jesus Cristo, o Rei (Mt 4.17) e por Seus discípulos (Mt 10.7).
[3] N. do A.: As figuras que encontramos no Velho Testamento do julgamento do mundo também indicam o mesmo. Ao contrário do que aconteceu com Noé e sua família, por ocasião do dilúvio, os filhos dos incrédulos não foram tirados do mundo antes que chegasse o dilúvio. No julgamento de Sodoma e Gomorra, os filhos dos incrédulos não foram tirados antes que fogo e enxofre queimassem aquelas cidades, mas a família de Ló foi tirada.
[4] Alguns poderiam perguntar: “Como podemos saber quando o Espírito será tirado?” Cremos que é evidente, pelas seguintes passagens, que será no Arrebatamento. Na noite em que foi traído, o Senhor prometeu a Seus discípulos que quando o Espírito de Deus viesse para fazer morada na Igreja (At 2), isso seria para sempre (Jo 14.16-17). Quando a Igreja for chamada para fora deste mundo no Arrebatamento, o Espírito de Deus irá junto, pois o Senhor disse que Ele (o Espírito) nunca os deixaria. Isso também é encontrado no livro de Apocalipse. Nos primeiros três capítulos, quando a Igreja é vista como estando na terra, o Espírito é encontrado falando constantemente à Igreja. Mas, a partir do capítulo 4.1-2, quando a Igreja aparece como sendo tirada do mundo para o Céu, o Espírito não é mais mencionado até os capítulos 14.13 e 22.17, os quais se passam após a Tribulação. Compare também os capítulos 2.7,11,17,29; 3.6,13,22 com o capítulo 13.9. Repare na ausência notória de qualquer menção à expressão “o que o Espírito diz às igrejas” no capítulo 13.9, quando a Tribulação estiver sobre a terra. Isso também é visto figuradamente em Gênesis 24, onde é procurada uma noiva (uma figura da Igreja) para Isaque (uma figura de Cristo) pelo servo (uma figura do Espírito de Deus). Assim que a noiva foi assegurada pelo servo, ele a levou ao longo de todo o caminho de volta à casa, a Isaque, que estava aguardando por ela. Assim como o servo voltou para casa com a noiva, também o Espírito Santo voltará para o lar para morar no Céu com a Igreja quando o Senhor vier para arrebatá-la.
[5] N. do A.: Muitos cristãos usam Mateus 24.36 para ensinar que ninguém sabe quando o Arrebatamento ocorrerá. No entanto, esse versículo não está falando do Arrebatamento, mas da Aparição de Cristo. É verdade que ninguém sabe quando o Arrebatamento ocorrerá; o versículo correto a ser usado para indicar o Arrebatamento é Mateus 25.13 – que tem a ver com a vinda do Noivo com Sua noiva. (N. do T.: As palavras finais de Mateus 25.13, “... em que o Filho do Homem há de vir”, estão incorretamente acrescentadas nas versões Almeida Corrigida – ARC e Fiel – ARF), pois o termo “Filho do Homem” se refere à Aparição de Cristo quando Ele vem nesse caráter para reinar por mil anos sobre a terra – Segunda Vinda).
– JP Padilha
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