REVELAÇÃO PROGRESSIVA NO QUE DIZ RESPEITO À SALVAÇÃO | JP Padilha
O termo "revelação progressiva" refere-se à ideia e ensino de que Deus revelou vários aspectos da Sua vontade e plano geral para a humanidade em diferentes períodos de tempo. Chamamos a isso de “dispensações”. Para nós, dispensacionalistas, uma dispensação é uma economia distinguível (ou seja, uma condição ordenada das coisas) na realização do propósito de Deus. Embora nós, como dispensacionalistas, debatamos o número de dispensações que ocorreram ao longo da história, todos acreditamos que Deus revelou apenas certos aspectos de Si mesmo e de Seu plano de salvação em cada dispensação, com cada uma se desenvolvendo sobre a anterior.
Uma dispensação é a maneira como Deus trata com o homem durante um determinado período de tempo, quando este é provado e testado quanto à obediência a certas revelações definidas da vontade de Deus. Por exemplo, desde os dias de Moisés até Cristo o homem foi provado sob a Lei. O período atual é chamado de "dispensação da graça de Deus" (Ef 3.2). No Milênio o homem será provado sob o reinado pessoal de Cristo, sem a presença de um tentador (Satanás) – é a chamada "dispensação da plenitude dos tempos" (Ef 1.10).
Existem ao todo sete dispensações nas quais o homem tem sido provado: (1) em inocência, (2) em consciência (da expulsão do jardim do Éden ao dilúvio), (3) em autoridade ou governo (do dilúvio a Abraão), (4) sob a promessa (de Abraão a Lei), (5) sob a Lei (da Lei a Cristo), (6) sob a graça (de Cristo ao arrebatamento), (7) sob o reinado pessoal de Cristo (da vinda de Cristo ao final do Milênio).
Embora acreditemos na revelação progressiva, é importante ressaltar que não é necessário ser um dispensacionalista para adotar a revelação progressiva. Quase todos os estudantes da Bíblia reconhecem o fato de que certas verdades contidas nas Escrituras não foram totalmente reveladas por Deus para as gerações anteriores. Qualquer pessoa hoje que não sacrifique um animal (dízimo) quando pretende aproximar-se de Deus ou que adore a Deus em qualquer dia da semana ao invés de no último (sábado judaico) entende que tais distinções na prática e conhecimento têm sido progressivamente reveladas e aplicadas ao longo da história.
Além disso, há questões mais importantes sobre o conceito da revelação progressiva. Um exemplo é o nascimento e a composição da Igreja, da qual Paulo fala: "Por esta razão eu, Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós gentios... Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como pela revelação me foi manifestado o mistério, conforme acima em poucas palavras vos escrevi, pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual em outras gerações não foi manifestado aos filhos dos homens, como se revelou agora no Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber, que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho" (Efésios 3.1-6 – ênfase minha).
Paulo afirma quase a mesma coisa em Romanos: “Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos, mas agora manifesto e, por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, dado a conhecer a todas as nações para obediência da fé” (Romanos 16.25-26 – ênfase minha).
Em discussões sobre a revelação progressiva, uma das primeiras perguntas que as pessoas fazem é: Como a revelação progressiva se aplica à salvação? Aqueles que viveram antes do primeiro advento de Cristo foram salvos de uma maneira diferente do que as pessoas são salvas hoje? Na era do Novo Testamento, as pessoas devem colocar a sua fé na obra consumada de Jesus Cristo, crer que Deus o ressuscitou dentre os mortos e serão salvas (Rm 10.9-10; At 16.31). No entanto, muitos estudiosos do Antigo Testamento dizem ser improvável que todos os santos do Antigo Testamento acreditavam na morte de Jesus Cristo, o Filho de Deus. John Feinberg, por exemplo, diz: "As pessoas da era do Antigo Testamento não sabiam que Jesus era o Messias, que Jesus iria morrer, e que a Sua morte seria a base da salvação.” Se Feinberg e outros estudiosos do Antigo Testamento estão corretos, então o que exatamente Deus revelou aos que viveram antes de Cristo, e como eram salvos os santos do Antigo Testamento? Qual aspecto muda no processo da salvação do Antigo Testamento para o Novo Testamento?
REVELAÇÃO PROGRESSIVA:
Dois caminhos ou um caminho de salvação?
Alguns afirmam que aqueles que defendem a revelação progressiva acreditam em dois métodos diferentes de salvação – um que estava em vigor antes da primeira vinda de Cristo e outro que surgiu depois da Sua morte e ressurreição. Tal afirmação é uma falácia e é refutada por L. S. Chafer, que escreve: "Porventura há duas maneiras pelas quais um homem pode ser salvo? Em resposta a esta pergunta pode-se afirmar que a salvação de qualquer criatura é sempre a obra de Deus em favor do homem e nunca uma obra do homem em nome de Deus. Há, portanto, apenas uma maneira de ser salvo e isso é pelo poder de Deus tornando a salvação do homem possível pelo sacrifício de Cristo.”
Se isso for verdade, então como podem as revelações no Antigo e Novo Testamento a respeito da salvação se reconciliarem? Charles Ryrie resume a questão de forma sucinta desta forma: "A base da salvação em qualquer época é a morte de Cristo; o requisito para a salvação em qualquer época é a fé; o objeto da fé em qualquer época é Deus; o conteúdo da fé muda nas diferentes épocas." Em outras palavras, não importa quando uma pessoa tenha vivido – a sua salvação, em última análise, depende da obra de Cristo e de uma fé colocada em Deus, mas a quantidade de conhecimento que uma pessoa tinha sobre os detalhes do plano de Deus tem aumentado durante os séculos através da revelação progressiva de Deus.
Quanto aos santos do Antigo Testamento, Norman Geisler oferece o seguinte: "Em suma, parece que os requisitos para a salvação no Antigo Testamento no máximo (em termos de crença explícita) foram (1) a fé na unidade de Deus, (2) o reconhecimento da pecaminosidade humana, (3) a aceitação da graça necessária de Deus e, possivelmente, (4) o entendimento de que o Messias estava por vir."
Há evidência nas Escrituras para apoiar a reivindicação de Geisler? Considere esta passagem no Evangelho de Lucas, a qual contém os primeiros três requisitos:
"Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ‘ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho’. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ‘ó Deus, sê propício a mim, um pecador!’ Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado" (Lucas 18.10-14).
Este evento ocorreu antes da morte e ressurreição de Cristo, ou seja, ainda no Velho Testamento, visto que o Novo Testamento só começa com a morte do Testador (Jesus - Hebreus 9.15-17); ou seja, os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João não fazem parte do Novo Testamento. A doutrina dos apóstolos está nas epístolas. É de suma importância lembrar-se disso a fim de não misturar o contexto judaico com o contexto cristão. A Igreja foi inaugurada no livro histórico de Atos, no capítulo 2.
Costumamos ver a Bíblia dividida de forma errada, onde os evangelhos fazem parte do Novo Testamento. Mas isso foi uma tramoia arquitetada por hereges durante a história a fim de transferir para a Igreja os comandos mais severos dados a Israel. Na prática, o Novo Testamento começa no livro histórico de Atos, e não nos evangelhos que obviamente nos mostram um contexto judaico somado a algumas profecias, sinais e milagres de Jesus como uma forma de mostrar ao povo que Ele era, de fato, o Filho Unigênito do Pai, o Deus encarnado. Não há Novo Testamento sem a morte do Testador: “E por isso [Jesus] é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9.15-17).
Sendo assim, a parábola do fariseu e o publicano ocorreu antes do Novo Testamento, e isso envolve claramente uma pessoa que não tem conhecimento da mensagem do evangelho da graça como articulada hoje no Novo Testamento. Na declaração simples do coletor de impostos ("Deus, sê propício a mim, um pecador!"), encontramos (1) uma fé em Deus, (2) um reconhecimento do pecado e (3) uma aceitação da misericórdia. Então Jesus faz uma declaração muito interessante: Ele diz que o homem foi para casa “justificado”. Este é o termo exato usado por Paulo para descrever a posição de um santo do Novo Testamento que acreditou na mensagem do evangelho da graça e colocou a sua confiança em Cristo: "Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5.1).
O quarto na lista de Geisler está em falta na narrativa de Lucas – a compreensão de um Messias que estava por vir. No entanto, outras passagens do Novo Testamento indicam que este pode ter sido um ensino comum no Velho Testamento. Por exemplo, no relato de João sobre Jesus e a mulher samaritana no poço, a mulher diz: "Eu sei que vem o Messias {que se chama o Cristo}; quando ele vier há de nos anunciar todas as coisas" (João 4.25). No entanto, como o próprio Geisler reconheceu, a fé no Messias não era algo que "tinham que ter" para a salvação no Antigo Testamento.
REVELAÇÃO PROGRESSIVA:
Mais evidência das Escrituras
Uma rápida pesquisa das Escrituras revela os seguintes versículos, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, que suportam o fato de que a fé em Deus sempre foi o caminho da salvação:
• “E creu Abrão no Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça” (Gênesis 15.6).
• “E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Joel 2.32).
• “(...) porque é impossível que o sangue de touros e de bodes tire pecados” (Hebreus 10.4).
• “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho” (Hebreus 11.1-2).
• “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam” (Hebreus 11.6).
As Escrituras dizem claramente que a fé é a chave para a salvação para todos os povos ao longo da história. Mas, como poderia Deus salvar pessoas desprovidas do conhecimento do sacrifício de Cristo a seu favor? A resposta é que Deus as salvou com base em sua resposta ao conhecimento que tinham. Sua fé aguardava algo que não podiam ver, enquanto que hoje, os crentes olham para trás em eventos que podem ver. O gráfico do artigo ilustra esse entendimento (Vide imagem do artigo).
A Bíblia ensina que Deus tem sempre dado às pessoas revelação suficiente para exercer fé. Agora que a obra de Cristo tem sido concretizada, a exigência mudou; os "tempos da ignorância" acabaram:
• "(...) o qual nos tempos passados permitiu que todas as nações andassem nos seus próprios caminhos. Contudo não deixou de dar testemunho de si mesmo" (Atos 14.16)
• "Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam" (Atos 17.30)
• "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos" (Romanos 3.25).
Antes da vinda de Cristo, Deus estava prenunciando a morte de Jesus através do sistema de sacrifício e condicionando o Seu povo a compreender que o pecado leva à morte. A Lei foi dada para ser um tutor e levar as pessoas ao entendimento de que eram pecadoras necessitadas da graça de Deus (Gl 3.24). Mas a lei não revogou a anterior aliança com Abraão, a qual era baseada na fé. É a aliança de Abraão que é o padrão para a salvação hoje (Rm 4). Mas, como Ryrie afirmou acima, o conteúdo detalhado da nossa fé – a quantidade de revelação dada – tem aumentado ao longo dos tempos ao ponto que as pessoas hoje têm uma compreensão mais direta do que Deus requer delas.
REVELAÇÃO PROGRESSIVA – Conclusões
Referindo-se à revelação progressiva de Deus, João Calvino escreve: "O Senhor susteve esta economia e esta ordem na administração do pacto de sua misericórdia, de sorte que, quanto mais com o correr do tempo se aproximava o dia da plena revelação, com tanto maior clareza o quis anunciar. Assim, no início, quando a primeira promessa de salvação foi dada a Adão (Gn 3.15), ela brilhou como uma faísca fraca. Então, ao ser a ela adicionada, a luz cresceu em plenitude, rompendo cada vez mais e derramando o seu brilho mais amplamente. Finalmente – quando todas as nuvens se dispersaram – Cristo, o Sol da Justiça, plenamente iluminou toda a Terra" (Institutas, 2.10.20).
A revelação progressiva não significa que o povo de Deus no Antigo Testamento não tinha qualquer revelação ou compreensão. Aqueles que viveram antes de Cristo, diz Calvino, não estavam "sem a pregação que contém a esperança de salvação e de vida eterna, mas, eles só tinham um vislumbre de longe e em um esboço sombrio aquilo que vemos hoje em plena luz do dia" (Institutas, 2.7.16; 2.9.1; comentário sobre Gálatas 3.23).
O fato de que ninguém é salvo sem a morte e ressurreição de Cristo é claramente indicado na Escritura (Jo 14.6). A base da salvação tem sido, e sempre será, o sacrifício de Cristo na cruz, e o meio de salvação sempre tem sido a fé em Deus. No entanto, o conteúdo da fé de uma pessoa sempre dependia da quantidade de revelação que Deus estava contente em dar em um determinado tempo. Os santos do Velho Testamento tinham conhecimento da vinda de Cristo e criam que Ele viria. Os cristãos, por outro lado, têm conhecimento da vinda de Cristo e creem que Ele veio. Só o que podemos concluir é que muda-se a conjugação dos verbos “criam” e “creem”, mas a crença é a mesma, a fé é a mesma e o meio pelo qual os diferentes povos de Deus são salvos é o mesmo.
– JP Padilha
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PALAVRA INSPIRADA VS. REVELAÇÃO INÉDITA | JP Padilha
Jesus disse que nos enviaria o Espírito Santo para nos ensinar tudo aquilo que Ele havia ensinado na Palavra inspirada (Jo 14.26), e não que Ele enviaria sonhos e visões para a Igreja na dispensação da graça. Deus não se revela mais através de sonhos e visões, como no caso dos profetas no Velho Testamento, nem através de revelações inéditas, como no caso dos apóstolos no Novo Testamento. A Palavra de Deus está selada. Hoje o crente vive da fé na Palavra escrita e selada (cf. Gl 1.6-10). No mais, tenhamos em mente que o Antigo Testamento é um livro de tipos e figuras para o cristão.
No Velho Testamento vemos Deus mandar Davi matar seus inimigos à espada para conquistar a terra prometida. Você irá fazer isso também? No Velho Testamento é ordenado que o judeu leve o Dízimo à casa do tesouro (um aposento que ficava dentro do Templo de Jerusalém). Você irá fazer isso também? Da mesma forma, vemos Deus enviando sonhos e visões aos profetas do Antigo Testamento e se revelando de forma audível aos apóstolos no Novo Testamento para fins de edificação doutrinária ou advertências aos Seus povos – Israel e Igreja. Uma vez que a doutrina dos apóstolos foi selada e as advertências foram compiladas na Escritura Sagrada, Deus nos proíbe terminantemente de ir além do que está escrito (Gl 1.6-10).
A SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS
A doutrina da suficiência das Escrituras é um princípio fundamental da fé cristã. Dizer que as Escrituras são suficientes significa que a Bíblia é tudo de que precisamos para nos equipar para uma vida de fé e serviço. Ela fornece uma apresentação clara da intenção de Deus em restaurar o relacionamento quebrado entre Ele e a humanidade através do Seu Filho Jesus Cristo. A Bíblia nos ensina sobre a eleição, fé e salvação pela morte de Jesus na cruz e Sua ressurreição. Nenhum outro livro é necessário para que essa boa nova seja entendida, assim como nenhum outro livro é necessário para nos equipar a viver uma vida de fé. Da mesma maneira, nenhuma outra forma de revelação, que não seja escriturística, é necessária para ouvir a voz de Deus. Se queremos ouvir a voz de Deus, basta-nos abrir a Bíblia. Se queremos ouvir a voz de Deus de forma audível, basta-nos lê-la em voz alta.
Quando se usa a palavra "Escritura", os cristãos estão se referindo ao Antigo e ao Novo Testamento. O apóstolo Paulo declarou que as Escrituras "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Timóteo 3.15-17). Se a Escritura é "inspirada por Deus", então ela não é uma obra da vontade humana. Apesar de ter sido escrita por homens, os "homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1.21). Nenhum livro escrito pelo homem é suficiente para nos equipar para toda boa obra; somente a Palavra de Deus pode fazer isso. Além disso, se as Escrituras são suficientes para nos equipar completamente, então nada mais é necessário. Nem sonhos, nem visões, nem revelações supostamente dadas àquele ou a este indivíduo se dizendo “pastor” ou “profeta”.
Colossenses 2 discute os perigos que uma igreja enfrenta quando a suficiência das Escrituras é contestada ou quando a Escritura é mesclada com escritos não-bíblicos. Paulo advertiu a igreja de Colossos: "Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Colossenses 2.8). Judas é ainda mais direto: "Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos" (Judas 1.3). Observe a frase "de uma vez para sempre". Isso deixa claro que não há outros escritos ou ideias, independente de quão piedoso seja o pastor, teólogo ou igreja denominacional que esteja promovendo-os; independente de onde venham esses escritos extra-bíblicos com supostas revelações inéditas. Essas ideias ou escritos extra-bíblicos NÃO devem ser vistos como iguais ou complementares da Palavra de Deus. A Bíblia contém tudo o que é necessário para que o crente possa compreender o caráter de Deus, a natureza do homem e as doutrinas do pecado, do céu, do inferno e da salvação através de Jesus Cristo.
Talvez os versículos mais fortes sobre a questão da suficiência bíblica venham do livro de Salmos. No Salmo 19.7-14, Davi se alegra na Palavra de Deus, declarando que ela é perfeita, digna de confiança, certa, radiante, iluminada, verdadeira e inteiramente justa. Já que a Bíblia é "perfeita", então nada mais é necessário.
A suficiência da Escritura está sob ataque hoje em dia e, infelizmente, esse ataque com muita frequência vem das próprias igrejas. As denominações religiosas pentecostais são as mais danosas neste aspecto, pois alegam em seus discursos revelações que não se encontram nas Escrituras. Os mestres do Pentecostalismo são especialistas em enganar multidões através de revelações que, segundo eles, vêm da parte de Deus fora das Escrituras Sagradas, isto é, que vão além das Escrituras. Técnicas administrativas seculares, métodos de atrair multidões, entretenimento, revelações extra-bíblicas, misticismo e aconselhamento psicológico declaram que a Bíblia e seus preceitos não são suficientes para a vida cristã. Qualquer crente pode reivindicar estar proferindo uma revelação divina – e quase tudo pode se passar por verdade divinamente revelada. Não se engane: alguns dos mais conhecidos líderes carismáticos têm abusado da confiança de seu rebanho por afirmarem o recebimento de novas verdades divinas quando, na verdade, ensinam mentiras e invenções.
Os carismáticos desprezam a exclusividade da Escritura como Palavra de Deus; e o resultado é a competitividade espiritual. O anseio por algo novo e esotérico substitui a firme confiança na Palavra de Deus, estabelecida pelo cristianismo histórico. Isso é um convite à falsificação satânica. Confusão, erro e engano diabólico são os resultados inevitáveis.
Entretanto, Jesus disse: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem" (João 10.27). Sua voz é tudo o que precisamos ouvir, e as Escrituras são a Sua voz, completa e absolutamente suficientes.
“Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 5.39).
"Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos" (1 Coríntios 1.22-23).
O cristão vive da fé, não de sinais. A fé não pede sinais. Quem pede sinais é a dúvida!
– JP Padilha
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PENTECOSTALISMO E SEUS DANOS À IGREJA DE DEUS | Marcos Granconato
OS TRÊS PERIGOS
Ao longo de sua história, a igreja cristã tem enfrentado três graves perigos: O PAGANISMO, O PAPISMO E O PENTECOSTALISMO. O paganismo ameaçou a igreja logo nos primeiros anos de sua existência, especialmente por meio de um misto de religiões, filosofias e fábulas que mais tarde ficou conhecido como gnosticismo. Esse modelo exercia forte atração sobre os cristãos menos preparados porque, além de oferecer experiências místicas, como visões e coisas do tipo (Cl 2.18), também impunha aos seus seguidores normas de conduta que pareciam piedosas — regrinhas como "não pode isso", "não pode aquilo" (Cl 2.20-23). O maior atrativo do gnosticismo, porém, estava na alegação de que seus adeptos formavam uma elite espiritual detentora de um grau de espiritualidade e conhecimento (gnosis) que outras pessoas eram incapazes de ter.
O papismo, por sua vez, desenvolveu-se em decorrência de processos muito mais longos e complexos, iniciados já no século 2, e que culminaram no surgimento de uma espécie de príncipe eclesiástico com autoridade universal, supostamente dotado de infinitos poderes temporais e espirituais — uma espécie de deus, reconhecido, aliás, como infalível!
Por causa do papismo, a igreja medieval ficou muitas vezes nas mãos de homens inescrupulosos, imorais e corruptos que, em nome de Cristo e em benefício próprio, cometeram atrocidades como as guerras das Cruzadas, os crimes da Inquisição e a exploração impiedosa do povo por meio da venda de relíquias e de indulgências. O caos e a vergonha a que o papismo lançou a igreja deram ensejo à Reforma Protestante do século 16.
O terceiro perigo, o pentecostalismo, é de todos o mais recente e também o mais danoso, posto que abriga elementos dos dois primeiros e, conforme será demonstrado, trouxe prejuízos para o cristianismo que nem mesmo os piores inimigos da fé foram capazes de causar nesses 2 mil anos de história eclesiástica.
SEU SURGIMENTO
O surgimento do movimento pentecostal geralmente é datado de 1906, ano em que William Joseph Seymour, um pregador afro-americano, iniciou reuniões num barracão na Rua Azuza, número 312, em Los Angeles, EUA. Nessas reuniões, a ênfase era a busca do batismo com o Espírito Santo, o que Seymour cria ser uma experiência mística pós-conversão, acompanhada pelo falar em línguas.
Ora, a Bíblia ensina que o batismo do Espírito Santo é dado a todos os crentes, sem que eles precisem se esforçar para obtê-lo (1Co 12.13; Gl 3.2). Também ensina que isso ocorre no momento da conversão (Ef 1.13), sem nenhuma necessidade de ser evidenciado pelo dom de línguas, já que, na Igreja Primitiva, esse dom era dado somente a alguns (1Co 12.30).
Contudo, os seguidores de Seymour criam que o batismo do Espírito Santo era uma espécie de segunda bênção (a primeira bênção seria a conversão) dada por Deus somente a quem a buscasse com orações, jejuns, clamores, lágrimas e vigílias. Por isso, testemunhas oculares relataram que, na Rua Azuza, as pessoas passavam dias e noites gritando, chorando, gemendo, uivando, pulando, girando e se contorcendo, enquanto clamavam pela "bênção". Já os que eram "batizados" balbuciavam o que criam ser línguas estranhas e, em êxtase, caíam no chão onde ficavam rolando ou se sacudindo, numa manifestação frenética de loucura total. Outros, ainda, desmaiavam e ficavam deitados por horas a fio, inertes como se estivessem mortos.
Tudo isso, pensavam, era necessário e valia a pena, pois o batismo do Espírito Santo, uma vez recebido, elevaria o crente a um novo e mais rico patamar espiritual, tornando-o participante de uma elite de homens santos e fazendo-o desfrutar de uma vida repleta de experiências poderosas e arrebatadoras com Deus.
Foi dito aqui que o primeiro grande perigo que ameaçou a igreja de Cristo foi o paganismo manifesto em doutrinas gnósticas. Pois bem... O pentecostalismo demonstrou ser um dos maiores danos que já sobrevieram à igreja porque, com sua ênfase numa doutrina jamais ensinada nas Escrituras, trouxe de volta para o cristianismo precisamente aquelas velhas noções pagãs, apegando-se ao êxtase, ao frenesi espiritual e, especialmente, ao principal conceito gnóstico da existência de uma elite espiritual que se situa acima dos crentes comuns.
Então, como ocorreu com o gnosticismo nos séculos 1 e 2, a possibilidade de provar emoções novas e de fazer parte de uma elite espiritual fez com que o pentecostalismo atraísse uma imensa massa de pessoas ignorantes, ávidas por experiências místicas e sedentas por conquistar o reconhecimento e a admiração dos seus correligionários.
O PENTECOSTALISMO É PIOR DO QUE O PAPISMO
Conforme dito anteriormente, a segunda maior ameaça sofrida pela igreja ao longo dos séculos foi o papismo. Ora, o pentecostalismo também não deixou de fora os principais elementos desse mal. Com efeito, além de trazer novamente para a igreja de Cristo o velho paganismo combatido pelos pais apostólicos do século 2, o movimento pentecostal trouxe também para a igreja evangélica o velho papismo combatido pelos reformadores do século 16. A diferença é que o papismo pentecostal é um papismo piorado.
De fato, se no romanismo foi acolhida a figura de um papa apenas, no movimento pentecostal ocorreu a diabólica proliferação de um exército de pequenos papas locais, todos reivindicando autoridade divina e infalibilidade absoluta sob os títulos de bispo, apóstolo, profeta ou patriarca.
Com incrível ousadia, todas essas figuras alegam que Deus lhes fala diretamente e, à semelhança dos pontífices medievais, não aceitam que suas opiniões ou condutas sejam questionadas por ninguém e em nenhum grau. Também à semelhança dos papas renascentistas, esses facínoras exploram a boa-fé do povo e juntam tesouros para si, vendendo quinquilharias que dizem ser santas e dotadas de poder. Na verdade, isso acontece hoje numa escala tão grande que é fácil concluir que os papas medievais, em termos de engano e estelionato, teriam muito que aprender com os pequenos papas da atualidade que reinam soberanos nas igrejas pentecostais.
UMA FÁBRICA DE SEIS MALES
Se o pentecostalismo abriga elementos do paganismo e do papismo, há também outras razões muito mais perceptíveis que comprovam que essa vertente dita evangélica é um risco terrível para a causa cristã. Para expor essas razões, basta descrever o pentecostalismo como uma fábrica de seis males: heresia, superstição, falsos irmãos, hipocrisia, desordem e desilusão.
● O PRIMEIRO MAL
Por que podemos afirmar seguros que o pentecostalismo é uma fábrica de HERESIAS? A resposta é simples e lógica: Crendo que Deus fala diretamente aos seus apóstolos e profetas, bem como àqueles que foram agraciados com a “segunda bênção”, os pentecostais não valorizam o estudo teológico, a exegese ou mesmo as lições mais elementares da hermenêutica bíblica. Para que — dizem eles — se afadigar na análise do texto bíblico, no aprendizado das línguas originais ou na leitura de obras de profundidade doutrinária se Deus nos fala diretamente? Aliás, no afã de ressaltar essa fábula, alguns pastores mais criativos deixam uma cadeira vazia ao seu lado no púlpito, afirmando que aquele lugar é ocupado por um anjo ou pelo próprio Espírito Santo que, pondo-se ao seu lado, sussurra as coisas que ele deve dizer à multidão.
Agravando essa situação, grande parte dos líderes pentecostais se opõe ferozmente ao estudo da teologia, dizendo que “a letra mata” (2Co 3.6). Ora, o fácil contexto dessa citação é suficiente para mostrar que Paulo fala ali da Lei Mosaica (a letra) e seu impacto mortal sobre aqueles que tentam ser justificados através da sua observância. Para os pentecostais, porém, nesse texto, Paulo, justamente o apóstolo mais estudioso do Novo Testamento (At 26.24), reprovava o dedicado estudo da Palavra de Deus!
O resultado dessas proezas é que o pentecostalismo acaba sendo um prato cheio para os que se deleitam na preguiça intelectual e dá ensejo para que homens sem preparo, seguindo as imaginações de seu próprio coração e chamando tudo o que lhes vêm à mente de “revelação”, ensinem aos seus seguidores absurdos que vão desde as tolices mais chocantes até as heresias mais deploráveis e destruidoras. Na verdade, esse fato é tão notável e evidente que qualquer crente com conhecimento teológico básico sabe que é mais fácil encontrar um dente na boca de um torcedor corintiano do que uma frase de alto valor doutrinário na boca de um pastor pentecostal.
De fato, poucas vezes na história do pensamento cristão existiu uma fábrica de heresias tão produtiva como o pentecostalismo. Há algum tempo eu adquiri o grau de mestre (Th.M) em teologia histórica e posso afirmar depois de muitos anos de estudo que nem Márcion, o arqui-herege do século 2, nem os montanistas, nem os defensores da cristologia heterodoxa que ameaçou a igreja nos séculos 4 e 5, nem os cátaros, nem o catolicismo medieval, nem os radicais da época da Reforma, nem as seitas pseudocristãs da atualidade superaram o pentecostalismo na produção de doutrinas blasfemas, desvios teológicos, erros de interpretação, ensinos destruidores, lições vergonhosas e propostas antibíblicas.
Quem duvida, deve estudar esses movimentos e compará-los com as aberrações que dia após dia brotam dos púlpitos pentecostais. Sem dúvida, o crente sincero se sentiria mais à vontade numa missa dirigida pelo Papa Inocêncio III do que num “culto de libertação” realizado por pentecostais. Se bem que, na verdade, o melhor mesmo seria não comparecer em nenhuma das duas reuniões.
● O SEGUNDO MAL
O segundo mal que a máquina pentecostal produz incansavelmente é a SUPERSTIÇÃO. Mais uma vez, a noção de que Deus fala diretamente a seus profetas, revelando coisas novas a cada dia, fez com que o pentecostalismo abrisse as portas para o misticismo religioso, repleto de crendices toscas inventadas por pessoas que diziam ter recebido uma “revelação” qualquer.
Os reformadores do século 16 afirmavam que a superstição é filha da ignorância. Assim, sem conhecer a doutrina bíblica e fiando-se nas ilusões de inúmeros sonhadores, os pentecostais passaram a acreditar em frases mágicas (“eu determino”, “tá amarrado”; “eu tomo posse”, “eu não aceito...”), em rituais de quebra de maldição, na força maior de orações feitas de madrugada, no poder de objetos ungidos com óleo de cozinha e até em água milagrosa obtida por meio de um copo deixado sobre o aparelho de TV durante a transmissão de um programa evangélico qualquer.
Percebendo a facilidade com que as massas criam nessas fábulas, homens perversos e impostores foram atraídos para o meio pentecostal onde conquistaram facilmente postos de liderança (para se destacar no meio pentecostal basta gritar, sapatear e rodopiar bastante). Então, movidos pela ganância, esses homens inventaram ainda mais superstições, criaram um amplo comércio de relíquias muito semelhante ao que a igreja católica explorou na Idade Média e enriqueceram vendendo cacarecos ungidos para o povo iludido, prometendo saúde e prosperidade por meio dessas coisas (2Pe 2.1-3).
A massa desesperada seguiu esses golpistas, acreditando que sua vida ia melhorar e, então, os salões pentecostais ficaram lotados. Foi assim que o pentecostalismo fez com que a igreja do Senhor recebesse a fama de um covil de ladrões e a maravilhosa fé cristã, exposta e defendida por gigantes e santos do passado, ficasse com a pecha de uma religião de feiticeiros, muito semelhante à macumba, ao candomblé, ao baixo catolicismo e ao fetichismo de tribos primitivas. Com efeito, nenhuma outra estratégia do diabo foi capaz de emporcalhar tanto o santo nome da igreja de Deus.
● O TERCEIRO MAL
O terceiro mal que o pentecostalismo fabrica incessantemente são os FALSOS IRMÃOS. Infelizmente, ao contrário do que muitos pensam, um número enorme de pentecostais jamais conheceu a salvação anunciada no verdadeiro evangelho. Isso acontece especialmente porque quem se filia a esse movimento geralmente o faz em busca dos milagres de Cristo e não do seu perdão. Porém, outra causa para o grande número de incrédulos dentro dessa vertente evangélica está no fato de que os pentecostais acreditam piamente na heresia arminiana da perda da salvação.
Consequentemente, ainda que afirmem em teoria que a salvação é somente pela fé em Cristo, na prática, os pentecostais vivem tentando se manter salvos por meio da religiosidade aparente, das práticas rituais e da observância de regrinhas inventadas pela igreja. Por incrível que pareça, muitos deles chegam a acreditar que preservam a salvação porque não deixam a barba crescer ou porque nunca vestiram uma bermuda!
Tudo isso mostra que muitos pentecostais jamais entenderam as Boas Novas de Cristo, sendo apenas incrédulos cheios de medo tentando melhorar de vida ou buscando ser salvos pelo esforço próprio.
Obviamente, essa presença enorme de falsos crentes no meio evangélico, produzida especialmente pelo movimento pentecostal, é uma das principais causas do descrédito a que foi lançado o cristianismo nos tempos modernos.
● O QUARTO MAL
A HIPOCRISIA é o quarto mal que a máquina pentecostal fabrica. A ênfase numa espiritualidade marcantemente exterior, com gritos, pulos e quedas no chão, deu espaço para constantes representações teatrais. Com efeito, simulando o que chamam de “transbordar do Espírito”, muitos pentecostais sapateiam, rodopiam e se contorcem como loucos, tudo para convencer os outros de que são fervorosos espiritualmente. Também a altíssima valorização do falar em línguas impeliu esse povo ao fingimento, levando-os a repetir, por conta própria, três ou quatro sílabas desconexas a fim de dar a impressão de que foram agraciados com o maravilhoso dom descrito em Atos 2 (muitos deles, depois de “falar em línguas de anjos” no domingo, falam a língua dos demônios durante a semana na forma de palavrões!). Buscando ainda status dentro da igreja, muitos pentecostais fingem profetizar, quando, na verdade, somente dizem qualquer coisa que lhes venha à mente e que possa estar relacionada à vida alheia. Naturalmente, todo esse teatro é facilmente percebido por qualquer pessoa normal, o que transforma a fé cristã em motivo de piadas aos olhos dos incrédulos.
● O QUINTO MAL
O quadro descrito acima desemboca facilmente no quinto mal produzido pelas igrejas pentecostais: a DESORDEM. Nem num hospício, nem num desfile de carnaval, nem na Câmara dos Deputados em Brasília é possível ver e ouvir as loucuras e sandices que se veem e ouvem num culto pentecostal. Ali uns riem, outros uivam; uns correm de lá para cá, outros rolam no chão; uns dançam, outros oram aos gritos... No final, dizem que tudo isso é fervor ou ação do Espírito Santo. Pra piorar, os pentecostais ainda afirmam que a igreja ordeira, centrada no estudo da Palavra, marcada por decência, reverência e santo temor é, na verdade, fria e precisa aprender muito com eles se quiser amadurecer na vida cristã!
● O SEXTO MAL
Finalmente, o sexto mal que se origina no pentecostalismo é a DESILUSÃO. Ouvindo profecias vazias e revelações inventadas, muitas pessoas criam esperanças que jamais se cumprem e que as lançam, enfim, num poço de frustração. Quando isso acontece, para agravar a situação, mestres impostores as atormentam ainda mais, dizendo que as ditas profecias não se cumpriram por causa da falta de fé. Então, além de frustradas, essas pessoas passam a se sentir também culpadas, vivendo infelizes pelo resto da vida.
Outros, seguindo orientações que lhes disseram ter sido reveladas por Deus, tomam decisões ou praticam coisas que acabam por destruir sua família, seu casamento, sua juventude, seu futuro, sua saúde, sua carreira e seu patrimônio. Quando, enfim, despertam para isso, percebem muitas vezes que é tarde demais.
Há ainda aqueles que, numa busca escravizadora pelo que acreditam ser o batismo do Espírito Santo, entregam-se a um rigorismo cruel que os priva do lazer (cinema é pecado!), do conforto (mulher de calça comprida? Nem pensar!), do alegre convívio com os filhos pequenos (ir à praia com eles seria pura carnalidade!) e até dos prazeres do leito conjugal. No fim de tudo, ao descobrirem que nada disso teve qualquer proveito, passam a se lamentar frustrados, percebendo que foram enganados, que a vida passou e que aquilo que perderam não pode mais ser recuperado.
Veem-se, assim, quão horríveis são os males causados pelo pentecostalismo. Como evitá-los? Como fugir deles? Esse será o tema do último artigo desta série.
RESSALVAS E OPÇÕES:
Muitas pessoas vão dizer que nesta série de artigos eu faço confusão entre pentecostalismo e neopentecostalismo. Dirão que, na verdade, é somente o neopentecostalismo que realiza os abusos que tenho enumerado, estando o pentecostalismo “clássico” livre disso tudo.
Esse parecer resulta de certas distinções que foram feitas no passado entre o chamado pentecostalismo de “primeira onda” (com ênfase no batismo do Espírito acompanhado de línguas estranhas), o pentecostalismo de “segunda onda” (com ênfase em curas e milagres) e o da “terceira onda” (que adota a teologia da prosperidade). Sem dúvida, essa distinção tem certo valor como forma de classificação que auxilia a análise histórica do movimento. Contudo, a observação do cenário atual mostra que, na prática, a referida diferenciação tornou-se obsoleta, não fazendo mais qualquer sentido.
Com efeito, como acontece em qualquer praia em que uma “onda” logo se mistura com a outra, o mesmo ocorreu com o pentecostalismo. Por isso, hoje é possível perceber que a “primeira”, a “segunda” e a “terceira onda” se mesclaram, viraram uma vaga só, espumando heresias, confusões, fraudes, escândalos e hipocrisias. Assim, a diferença entre pentecostalismo e neopentecostalismo, se houver, poderá talvez ser encontrada na eventual ênfase que cada igreja em particular dá a um erro específico. Na base, porém, todo o movimento se iguala, pois as comunidades que o compõem adotam os mesmos pressupostos, praticam e pregam basicamente as mesmas coisas, afirmando a crença na “segunda bênção”, nas revelações e nos portentos supostamente concedidos por Deus aos seus falsos apóstolos e profetas ilusórios.
Feita essa ressalva, importa agora voltar a atenção para os crentes em Cristo que se encontram nas igrejas pentecostais. Sim, há cristãos de verdade nessas comunidades. Eu conheço muitos deles. Trata-se de irmãos em Cristo que percebem que algo está errado, que sentem a falta de alimento sólido, que observam, inconformados, aquelas manifestações fingidas de arrebatamento espiritual, que sofrem ao perceber a ação de espertalhões e a santidade hipócrita de quem louva a Deus com gritos mas tem a vida suja (Is 29.13).
São irmãos que, às vezes, se sentem culpados, pensando: “Será que o errado sou eu? Será que não tenho fervor? Será que Deus está realmente agindo aqui e só eu não estou vibrando? Por que não sinto vontade de gritar e pular? Por que não consigo falar em línguas? E quanto a essas profecias, curas e orações barulhentas? Será que só eu percebo que são forçadas?”.
Tive contato com muitos irmãos amados que enfrentaram esses dilemas no meio pentecostal e que hoje estão num aprisco bíblico. Outros, porém, geralmente por causa de vínculos sociais e afetivos, ainda vivem nesse meio, mesmo se sentindo incomodados e pouco à vontade. Para esses crentes de verdade, creio haver quatro opções:
1. Permanência com influência: Nessa primeira opção, o crente permanece na igreja em que está, tentando mudar as coisas. Trata-se de uma decisão nobre, mas a experiência mostra que tem poucos resultados. Ademais, essa opção tem se mostrado perigosa, pois, geralmente, com o passar do tempo, os crentes que a adotam ficam indiferentes diante do erro. Aos poucos, sem que percebam, tornam-se menos rígidos em seus julgamentos. A constante e tácita convivência com a mentira faz com que, para eles, o mal se torne normal (e até engraçado). O resultado final é que, sem alimento espiritual e com as faculdades amortecidas, seu testemunho entra em colapso, seu casamento começa e enfrentar crises e seus filhos, quando crescem, correm para o mundo, dizendo que tudo na igreja não passa de representação barata.
2. Ecclesiola in ecclesia: Essa expressão significa “pequena igreja dentro da igreja” e foi usada especialmente pelos puritanos da Inglaterra para se referir a pequenos grupos de crentes verdadeiros que se reuniam para cultuar a Deus de maneira correta, sem, contudo, se desligar da igreja maior, cheia de erros, à qual pertenciam. Essa opção pode ser útil, especialmente porque uma ecclesiola seria um bom lugar para levar o visitante, sem passar vergonha. Além disso, talvez seja uma forma de obter alimento verdadeiro. Porém, essa alternativa é perigosa porque pode gerar orgulho espiritual ou até mesmo uma forma de elitização. Ademais, a liderança da igreja maior se indisporá com grupos assim e os problemas serão inevitáveis.
3. Formação de uma nova igreja por um grupo: A vantagem dessa opção é o surgimento quase imediato de uma igreja séria. Porém, os perigos dessa medida a tornam desaconselhável. Isso porque a nova igreja nascerá com a fama de dissidente, enfrentando a forte oposição da igreja de origem. Esta, em regra, não poupará esforços para caluniá-la, enfraquecê-la e até destruí-la. Ainda que possa sobreviver a tudo isso, o sofrimento decorrente dessas investidas deixará marcas que poderiam ser evitadas caso fosse adotado um modo de agir diferente.
4. Saída individual pacífica: De todas as alternativas, essa é a melhor. Nessa opção, o crente simplesmente se desliga da comunidade maculada em que se encontra e se filia a uma igreja séria, onde poderá nutrir comunhão com seus irmãos e cultuar a Deus longe de escândalos, encenações e badernas. Na igreja que pastoreio tenho várias ovelhas que, pertencendo a comunidades pentecostais no passado, tomaram essa iniciativa e hoje fazem parte do nosso rol de membros. O senso de terem achado finalmente o seu lar, a alegria de aprender a Palavra de Deus a partir da hermenêutica sadia e o alívio de terem se livrado de um ambiente eclesiástico nocivo, repleto de excessos e de maluquices, fazem desses irmãos os mais gratos e vibrantes crentes que há no nosso meio.
– Marcos Granconato
Livro: A Prática da Igreja de Deus, págs. 166-176
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CUIDADO COM SONHOS E VISÕES! | JP Padilha
Vivemos numa era em que os cristãos professos precisam ver para crerem, e isso é grave e traz consequências espirituais para a vida das pessoas. A fé não pede sinais. Quem pede sinais é a dúvida. Mas, como evitar essa Síndrome de Tomé? Como se proteger de sonhos e visões que, porventura, possam nos tentar a pecar? Essa questão é muito simples se você for EXTREMAMENTE ZELOSO com as Escrituras Sagradas e seguir os passos que Paulo estabelece em Gálatas 1.6-10. Em primeiro lugar, se você sonhar com algo que não é bíblico, descarte. Em segundo lugar, se você sonhar com algo que é bíblico, o sonho é DESNECESSÁRIO, a menos que você apenas medite no que sonhou, caso for bíblico.
Se o sonho vai além do que a Escritura diz, ele deve ser rejeitado imediatamente. Não permita que seu coração retenha isso. E se o sonho se limita a passagens da Bíblia, ele é inútil. Limite-se à meditação das passagens com as quais sonhou.
Minha sugestão a todos que supostamente têm sonhos e visões é que leiam Gálatas 1.6-10. Guarde essa passagem bem no fundo de seu coração. Abrace esta passagem como a passagem mais importante de sua vida, pois ela é o nosso escudo contra as nossas vãs imaginações ou sonhos que de nada servem.
“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja AMALDIÇOADO. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja MALDITO. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gálatas 1.6-10).
Nesta passagem, Paulo nos exorta que se um ANJO aparecer e nos proclamar um evangelho que vá ALÉM do que está ESCRITO, devemos amaldiçoar este anjo. Imagine, então, se for um homem trazendo para nós um ensinamento que vá além das Escrituras?
Lembre-se de que na época dos profetas do Antigo Testamento Deus se comunicava de forma diferente com seus servos. Isto é, por meio de sonhos e visões. HOJE, o crente vive da fé na Palavra inspirada e selada, não de sonhos e visões que podem nos afastar de Deus. A Bíblia é o nosso escudo contra isso. Satanás usa sonhos e visões para nos tentar. Tenha cuidado! "E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2 Coríntios 11.14). Aqueles que fazem profissão de pregar e ensinam que podemos ter sonhos e visões como benefício são ministros de Satanás, pois na continuação do verso, no versículo 15 do mesmo capítulo, é dito: "Não é muito, pois, que os seus ministros (ministros de Satanás) se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras". Se uma pessoa tem o seu fim segundo as suas obras, é óbvio que seu fim é o inferno, pois ninguém pode ser salvo pelas obras (Ef 2.8-9).
A passagem bíblica indica que Satanás pode se disfarçar de anjo de luz e que seus servos também podem fingir ser ministros de Deus. Esses servos geralmente alegam ter sonhos e visões e ensinam seus seguidores a buscarem por isso também. E esses sonhos e visões acontecem, seja por meio de Satanás ou por meio da imaginação. Não importando o meio pelo qual esse pecado é cometido, o resultado é igualmente maléfico.
Eu, particularmente, às vezes chego a pensar que Deus quer me dizer algo através dos sonhos vívidos que tenho. O que eu faço? Eu oro pedindo ao Senhor que NÃO me envie sonhos para se comunicar comigo, pois o meu temor de ser enganado pelo próprio coração é tanto, que eu posso acabar pecando ao ser incrédulo. Então eu oro a Deus que Ele jamais se comunique comigo por meio de sinais, sonhos ou visões. A ESCRITURA ME É SUFICIENTE.
É claro que SENTIMOS a presença de Deus algumas vezes. Sentimos que Ele quer nos falar algo e então abrimos a Bíblia e lá está o que Ele queria nos dizer. Sim, Ele pode nos fazer SENTIR algo. Mas há alguns cristãos que passarão a vida sem sentir NADA, mas apenas crendo. Tenha consciência disso. Um cristão pode passar a vida inteira sem sentir a presença de Deus, por mais que Deus esteja ali com ele. Tudo que ele precisa é crer, não sentir. A Bíblia não diz “sinta o Senhor Jesus Cristo e serás salvo”; ela diz “Creia no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos 16.31).
Particularmente, eu queria sentir a presença de Deus na minha vida, como já senti em um certo tempo; mas não sinto mais. Vivo da minha pequena fé. Já senti a presença dEle há alguns anos. Mas Ele parou de me fazer SENTIR.
Então alguém pode me perguntar: "Mas, JP, como, então, você sabe que Ele está com você?" A minha resposta é simples: "TEMOR". “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução” (Provérbios 1.7). O caminho que eu tracei não tem mais volta. Ou, melhor dizendo, o caminho que ELE traçou para mim não tem volta.
Se não está nos 66 livros da Bíblia, Deus não o disse.
Sola Scriptura!
– JP Padilha
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O QUE É A PÁSCOA SEGUNDO A BÍBLIA? | JP Padilha
Existem muitos bons textos e até mesmo livros inteiros escritos com o propósito de explicar o porquê de os cristãos primitivos e os puritanos não comemorarem a Páscoa. Por outro lado, existem também muitos artigos que descrevem a Páscoa hereticamente como sendo uma celebração cristã que visa relembrar a morte e ressurreição de Cristo, o que passa longe da verdade contida nas Escrituras. E é isso que eu pretendo desmistificar aqui. Por fins de simplicidade e praticidade, pareceu-me bem escrever um breve argumento na forma de tópicos para explicar este assunto. Então, assim vai o argumento:
1. A Páscoa que se comemora atualmente não tem origem bíblica. Ela não é a festa registrada e ordenada no Antigo Testamento. Afinal de contas, você não sacrifica um cordeiro, nem come ervas amargas ou peregrina até o templo de Jerusalém, que, por sinal, não existe mais (cf. Ex 12.1-28; Lv 23.4-8; 2Cr 35.1-19; 2Cr 30). Portanto, a justificativa de que, ao se comemorar a Páscoa moderna, você está obedecendo a Deus, é inválida. Contudo, se você julga servir a Deus de um modo que não foi ordenado por Ele mesmo em Sua Palavra, você está cultuando a sua própria vontade (e não a Deus); portanto, o seu culto é falso e idólatra (Dt 12.32; Mt 15.7-9; Mc 7.6-8; Cl 2.16-19).
2. A Páscoa que se comemora atualmente tem origens pagãs. Ela surgiu das festas de fertilidade celebradas à deusa pagã Astarote (1Rs 11.5); daí os ovos e os coelhos. A Bíblia é muito clara ao explicar que Deus, que é Santo e Zeloso pelo Seu culto e pela pureza do Seu povo, não aceita que os Seus adotem em sua vida práticas pagãs ou que incorporem rituais pagãos ao culto ao Deus vivo e verdadeiro. Portanto, Deus nos ordena a destruir todos os ídolos e todos os monumentos de idolatria que estiverem ao nosso alcance e em nossa propriedade, e não perpetuá-los (Dt 12.29-32; Ex 23.24; Js 23.6-9; 1Co 10.14; At 19.19; Jr 10.1-3).
3. Só Deus tem, por natureza, a prerrogativa de estabelecer tempos santos em Sua Palavra e obrigar que os homens os cumpram (1Rs 12.33–13.1-10). Atribuir significado religioso ao que Deus fez comum chama-se SUPERSTIÇÃO, a grande inimiga dos puritanos. Além disso, ordenar aos homens que façam, em culto a Deus, algo que Ele não ordenou ou que os impeça de trabalhar em um dia que Deus não santificou é violar a liberdade de consciência dos homens, que não devem se sujeitar a nada que seja contrário à vontade de Deus ou além dela em termos de culto e fé (1Tm 4.1-5; Cl 2.20-23).
4. Se fosse para restabelecer a lei do Antigo Testamento, teríamos que restaurá-la por completo, pois quem somos nós para escolher quais artigos da lei de Deus obedecer? Assim, os que querem comemorar a Páscoa judaica, que se circuncidem. E, mesmo que se quisesse restaurar a festa como ela o era na antiga dispensação, a Escritura claramente nos proíbe de o fazer, pois voltar às sombras da Lei quando se tem a realidade e a substância na revelação de Cristo é redentivamente retrógrado e uma ofensa ao próprio Deus. Querer voltar ao culto judaico, que consistia de cerimônias que simbolizavam Aquele que havia de vir, é uma negação da vinda de Cristo em Sua encarnação, pois o Antigo Testamento apontava para Cristo e necessariamente cessou quando o Messias cumpriu seus símbolos e tipos na Cruz do Calvário (Hb 7.12; Hb 8.9). Negar a vinda de Cristo em carne é a própria essência do espírito do Anticristo (2Jo 7).
5. Deus já estabeleceu meios pelos quais somos lembrados da morte e ressurreição de Cristo e de toda a obra da redenção, a saber, o rito batismal e a ceia do Senhor. Essas são as únicas – repito – as únicas celebrações deixadas aos cristãos por Cristo Jesus para serem celebradas na Igreja de Cristo. Adicionar outra coisa é julgarmo-nos mais sábios do que Deus em estabelecer a maneira como seremos abençoados por Ele mesmo e edificados na fé.
A PÁSCOA SEGUNDO A BÍBLIA
A verdadeira Páscoa judaica, conhecida pelos judeus como Pessach, significa “passagem” e relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito há cerca de 3500 anos.
O calendário judeu (ou calendário hebraico) é conhecido por ser um calendário lunissolar, isto é, que se baseia nos ciclos da Lua e do Sol. A Páscoa judaica é comemorada anualmente no dia 14 de nissan (ou nisã), pelo fato de que a primeira Páscoa comemorada pelos judeus, enquanto eram escravos no Egito, aconteceu nos dias 14 e 15 de nissan, há cerca de 3500 anos.
A primeira Páscoa aconteceu no contexto da escravidão dos hebreus no Egito. Esses, originários de Abraão, estabeleceram-se em Canaã e, depois de um tempo de seca e falta de alimentos, mudaram-se para o Egito, local no qual acabaram sendo escravizados. A libertação dos hebreus foi realizada por Moisés, logo após a execução das dez pragas no Egito, segundo a narrativa judaica.
A Páscoa judaica aconteceu pouco antes da execução da décima praga, na qual o anjo da morte desceu ao Egito e matou todos os primogênitos daquela terra. O anjo da morte só não passou pelas casas daqueles que haviam seguido as ordens de Javé (Deus) realizando a festa, da forma conforme havia sido ordenada, e passando o sangue do cordeiro nos umbrais de suas portas. Após a décima praga, os hebreus foram libertos da escravidão e autorizados a retornarem para Canaã.
COMO OS JUDEUS CELEBRAVAM A PÁSCOA?
A primeira Páscoa celebrada pelos judeus, ainda no período do cativeiro no Egito, é descrita na narrativa bíblica da seguinte maneira:
• Os hebreus sacrificaram um cordeiro sadio, de um ano, no dia 14 de nissan.
• O animal foi assado inteiro e então consumido (o que não foi consumido, foi queimado).
• Os hebreus também consumiram pão sem fermento e ervas amargas.
• O sangue do animal foi utilizado para marcar os umbrais das portas das residências dos judeus.
• A comemoração da Páscoa, conforme posterior tradição judaica, estendeu-se por sete dias, nos quais o consumo de alimentos com fermento era e continua terminantemente proibido.
• Essa festa é conhecida como Festa de Pães Asmos (ou pães ázimos).
• Nos tempos antigos, a Páscoa era utilizada pelos hebreus para contarem sobre Jeová para as crianças, e muitos costumavam ir a Jerusalém para celebrarem a Páscoa.
• O vinho (não fermentado) também era utilizado na celebração da Páscoa pelos hebreus.
COMO OS JUDEUS COMEMORAM A PÁSCOA HOJE?
A Pessach é uma festa que é comemorada até hoje em obediência à ordem de Javé transcrita na narrativa, que fala: “Comemorem esse dia como festa religiosa para lembrar que Eu, o Senhor, fiz isso. Vocês e os seus descendentes devem comemorar a Festa da Páscoa para sempre” (cf. Êx 12). Sendo assim, a Pessach foi comemorada pelos judeus, por exemplo, nas seguintes datas:
• 2019: 19 e 20 de abril
• 2020: 8 e 9 de abril
• 2021: 27 e 28 de março
• 2022: 15 e 16 de abril
Resumindo, a comemoração judaica da Páscoa relembra a passagem do anjo da morte durante a décima praga que possibilitou a libertação dos judeus da escravidão. Já a “Páscoa cristã”, que não tem embasamento bíblico, relembra o sacrifício de Cristo e Sua ressurreição, isto é, Sua passagem da morte para a vida. Mas esta segunda celebração não é ordenada por Deus em Sua Palavra inspirada. Como já fora provado, esta celebração não passa de uma superstição pagã.
A Páscoa judaica é inaugurada com o Sêder, isto é, um jantar no qual as famílias judaicas reúnem-se para relembrar e celebrar a libertação do povo hebreu. O jantar é realizado dentro de uma estrutura litúrgica que inclui: a leitura do Hagadá, um livro que contém a história de libertação dos hebreus; e o consumo dos alimentos, cada qual com sua ordem específica.
Os judeus, durante a Pessach, não comem nada fermentado, e a celebração inclui uma série de alimentos que possuem, cada qual, uma simbologia diferente. Uma tradição comum da Páscoa judaica é conhecida como Afikoman. Nela o matsá (pão sem fermento) é dividido em dois, e o maior pedaço é escondido. Depois do jantar, as crianças partem à procura do pedaço de matsá, e aquela que o encontrar, ganhará um prêmio.
O QUE OS JUDEUS COMEM NA PÁSCOA?
Como mencionado, durante a Pessach, os judeus não consomem nada que possua fermento, e, assim, todos os alimentos do tipo são vetados. Durante o jantar, uma série de alimentos é consumida, e cada um deles possui uma simbologia distinta. Vejamos o que cada alimento significa:
• Matsá: é um pão sem fermento. Na tradição hebraica, os judeus, quando foram autorizados a saírem do Egito, não conseguiram esperar o pão fermentar, e, por isso, ele é feito de uma massa bem fina.
• Vinho: é um vinho especial para Pessach e que também não é fermentado. São servidas quatro taças de vinho durante o Sêder.
• Zeroá: é pedaço de osso com carne que foi tostado e simboliza o sacrifício.
• Maror: é uma raiz amarga que simboliza a amargura do tempo da escravidão. A alface (chazeret) também é utilizada para simbolizar essa amargura.
• Charósset: é uma pasta que mistura maça, uva e nozes (pode ter também tâmaras, canela e vinho). Simboliza a argamassa que era usada pelos judeus para fazer tijolos.
• Água salgada: simboliza as lágrimas e o suor derramado pelos judeus durante a escravidão. É usada para o consumo de batatas cozidas.
• Beitzá: é o ovo cozido que simboliza a esperança pela recuperação do Templo de Salomão. Simboliza também o luto pela destruição do templo.
Esses são os alimentos consumidos durante o jantar que inaugura a Páscoa judaica, mas os judeus cozinham e consomem outros pratos também, como o Guelfite fish, um bolinho de peixe com uma cenoura em cima. O Sêder é tão relevante na história judaica que a Última Ceia, momento marcante da história e vida de Cristo, foi celebrada durante um desses jantares típicos da Pessach.
CONCLUSÃO
Logo, não há razão alguma para um cristão comemorar a Páscoa, mas há vários motivos para que o mesmo se abstenha dela. Comemorá-la é negar a vinda de Cristo, é uma forma de prostituição espiritual e uma profanação do culto verdadeiro ao Deus vivo, além de uma tirania sobre a consciência dos outros. Cabe a nós não recebermos nem darmos ovos de Páscoa, não fazer troca de presentes, não assistirmos a filmes, vídeos e teatros de Páscoa, principalmente os que retratam Jesus em imagem ou por atores – em ambos os casos, há uma violação do segundo mandamento (cf. Êx 20.4; Dt 4.15-19). Devemos, sobretudo, nos ausentar de cultos pascais. E, se alguém perguntar a razão de sua fé, cabe a você saber dá-la, sendo uma boa oportunidade evangelística. Como conclusão, entendo que as palavras do apóstolo Paulo – isto é, as palavras do próprio Deus – são irrefutáveis:
“Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio que eu haja trabalhado em vão para convosco" (Gálatas 4.8-11).
“Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade” (1 Coríntios 5.7-8).
"Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, NÃO COM TINTA, MAS COM O ESPÍRITO DO DEUS VIVO, NÃO EM TÁBUAS DE PEDRA, MAS NAS TÁBUAS DE CARNE DO CORAÇÃO. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser MINISTROS DE UM NOVO TESTAMENTO, NÃO DA LETRA (Lei), MAS DO ESPÍRITO (graça); porque a letra (Lei) mata, e o espírito (graça) vivifica. E, SE O MINISTÉRIO DA MORTE (Antigo Testamento), GRAVADO COM LETRAS EM PEDRAS, veio em glória, de maneira que os FILHOS DE ISRAEL não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, A QUAL ERA TRANSITÓRIA, como não será de maior glória o MINISTÉRIO DO ESPÍRITO (graça)? Porque, se o MINISTÉRIO DA CONDENAÇÃO foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória. Porque, se o que era TRANSITÓRIO foi para glória, MUITO MAIS É EM GLÓRIA O QUE PERMANECE. Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E NÃO SOMOS COMO MOISÉS, que punha um véu sobre a sua face, para que os FILHOS DE ISRAEL não olhassem firmemente para O FIM DAQUILO QUE ERA TRANSITÓRIO. Mas os seus sentidos foram ENDURECIDOS; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do VELHO TESTAMENTO, O QUAL FOI POR CRISTO ABOLIDO; e até hoje, quando é lido Moisés, O VÉU ESTÁ POSTO SOBRE O CORAÇÃO DELES (israelitas/judeus não convertidos). Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Coríntios 3.2-18 – ênfase minha).
– JP Padilha
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