O QUE É A PÁSCOA SEGUNDO A BÍBLIA? | JP Padilha
Existem muitos bons textos e até mesmo livros inteiros escritos com o propósito de explicar o porquê de os cristãos primitivos e os puritanos não comemorarem a Páscoa. Por outro lado, existem também muitos artigos que descrevem a Páscoa hereticamente como sendo uma celebração cristã que visa relembrar a morte e ressurreição de Cristo, o que passa longe da verdade contida nas Escrituras. E é isso que eu pretendo desmistificar aqui. Por fins de simplicidade e praticidade, pareceu-me bem escrever um breve argumento na forma de tópicos para explicar este assunto. Então, assim vai o argumento:
1. A Páscoa que se comemora atualmente não tem origem bíblica. Ela não é a festa registrada e ordenada no Antigo Testamento. Afinal de contas, você não sacrifica um cordeiro, nem come ervas amargas ou peregrina até o templo de Jerusalém, que, por sinal, não existe mais (cf. Ex 12.1-28; Lv 23.4-8; 2Cr 35.1-19; 2Cr 30). Portanto, a justificativa de que, ao se comemorar a Páscoa moderna, você está obedecendo a Deus, é inválida. Contudo, se você julga servir a Deus de um modo que não foi ordenado por Ele mesmo em Sua Palavra, você está cultuando a sua própria vontade (e não a Deus); portanto, o seu culto é falso e idólatra (Dt 12.32; Mt 15.7-9; Mc 7.6-8; Cl 2.16-19).
2. A Páscoa que se comemora atualmente tem origens pagãs. Ela surgiu das festas de fertilidade celebradas à deusa pagã Astarote (1Rs 11.5); daí os ovos e os coelhos. A Bíblia é muito clara ao explicar que Deus, que é Santo e Zeloso pelo Seu culto e pela pureza do Seu povo, não aceita que os Seus adotem em sua vida práticas pagãs ou que incorporem rituais pagãos ao culto ao Deus vivo e verdadeiro. Portanto, Deus nos ordena a destruir todos os ídolos e todos os monumentos de idolatria que estiverem ao nosso alcance e em nossa propriedade, e não perpetuá-los (Dt 12.29-32; Ex 23.24; Js 23.6-9; 1Co 10.14; At 19.19; Jr 10.1-3).
3. Só Deus tem, por natureza, a prerrogativa de estabelecer tempos santos em Sua Palavra e obrigar que os homens os cumpram (1Rs 12.33–13.1-10). Atribuir significado religioso ao que Deus fez comum chama-se SUPERSTIÇÃO, a grande inimiga dos puritanos. Além disso, ordenar aos homens que façam, em culto a Deus, algo que Ele não ordenou ou que os impeça de trabalhar em um dia que Deus não santificou é violar a liberdade de consciência dos homens, que não devem se sujeitar a nada que seja contrário à vontade de Deus ou além dela em termos de culto e fé (1Tm 4.1-5; Cl 2.20-23).
4. Se fosse para restabelecer a lei do Antigo Testamento, teríamos que restaurá-la por completo, pois quem somos nós para escolher quais artigos da lei de Deus obedecer? Assim, os que querem comemorar a Páscoa judaica, que se circuncidem. E, mesmo que se quisesse restaurar a festa como ela o era na antiga dispensação, a Escritura claramente nos proíbe de o fazer, pois voltar às sombras da Lei quando se tem a realidade e a substância na revelação de Cristo é redentivamente retrógrado e uma ofensa ao próprio Deus. Querer voltar ao culto judaico, que consistia de cerimônias que simbolizavam Aquele que havia de vir, é uma negação da vinda de Cristo em Sua encarnação, pois o Antigo Testamento apontava para Cristo e necessariamente cessou quando o Messias cumpriu seus símbolos e tipos na Cruz do Calvário (Hb 7.12; Hb 8.9). Negar a vinda de Cristo em carne é a própria essência do espírito do Anticristo (2Jo 7).
5. Deus já estabeleceu meios pelos quais somos lembrados da morte e ressurreição de Cristo e de toda a obra da redenção, a saber, o rito batismal e a ceia do Senhor. Essas são as únicas – repito – as únicas celebrações deixadas aos cristãos por Cristo Jesus para serem celebradas na Igreja de Cristo. Adicionar outra coisa é julgarmo-nos mais sábios do que Deus em estabelecer a maneira como seremos abençoados por Ele mesmo e edificados na fé.
A PÁSCOA SEGUNDO A BÍBLIA
A verdadeira Páscoa judaica, conhecida pelos judeus como Pessach, significa “passagem” e relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito há cerca de 3500 anos.
O calendário judeu (ou calendário hebraico) é conhecido por ser um calendário lunissolar, isto é, que se baseia nos ciclos da Lua e do Sol. A Páscoa judaica é comemorada anualmente no dia 14 de nissan (ou nisã), pelo fato de que a primeira Páscoa comemorada pelos judeus, enquanto eram escravos no Egito, aconteceu nos dias 14 e 15 de nissan, há cerca de 3500 anos.
A primeira Páscoa aconteceu no contexto da escravidão dos hebreus no Egito. Esses, originários de Abraão, estabeleceram-se em Canaã e, depois de um tempo de seca e falta de alimentos, mudaram-se para o Egito, local no qual acabaram sendo escravizados. A libertação dos hebreus foi realizada por Moisés, logo após a execução das dez pragas no Egito, segundo a narrativa judaica.
A Páscoa judaica aconteceu pouco antes da execução da décima praga, na qual o anjo da morte desceu ao Egito e matou todos os primogênitos daquela terra. O anjo da morte só não passou pelas casas daqueles que haviam seguido as ordens de Javé (Deus) realizando a festa, da forma conforme havia sido ordenada, e passando o sangue do cordeiro nos umbrais de suas portas. Após a décima praga, os hebreus foram libertos da escravidão e autorizados a retornarem para Canaã.
COMO OS JUDEUS CELEBRAVAM A PÁSCOA?
A primeira Páscoa celebrada pelos judeus, ainda no período do cativeiro no Egito, é descrita na narrativa bíblica da seguinte maneira:
• Os hebreus sacrificaram um cordeiro sadio, de um ano, no dia 14 de nissan.
• O animal foi assado inteiro e então consumido (o que não foi consumido, foi queimado).
• Os hebreus também consumiram pão sem fermento e ervas amargas.
• O sangue do animal foi utilizado para marcar os umbrais das portas das residências dos judeus.
• A comemoração da Páscoa, conforme posterior tradição judaica, estendeu-se por sete dias, nos quais o consumo de alimentos com fermento era e continua terminantemente proibido.
• Essa festa é conhecida como Festa de Pães Asmos (ou pães ázimos).
• Nos tempos antigos, a Páscoa era utilizada pelos hebreus para contarem sobre Jeová para as crianças, e muitos costumavam ir a Jerusalém para celebrarem a Páscoa.
• O vinho (não fermentado) também era utilizado na celebração da Páscoa pelos hebreus.
COMO OS JUDEUS COMEMORAM A PÁSCOA HOJE?
A Pessach é uma festa que é comemorada até hoje em obediência à ordem de Javé transcrita na narrativa, que fala: “Comemorem esse dia como festa religiosa para lembrar que Eu, o Senhor, fiz isso. Vocês e os seus descendentes devem comemorar a Festa da Páscoa para sempre” (cf. Êx 12). Sendo assim, a Pessach foi comemorada pelos judeus, por exemplo, nas seguintes datas:
• 2019: 19 e 20 de abril
• 2020: 8 e 9 de abril
• 2021: 27 e 28 de março
• 2022: 15 e 16 de abril
Resumindo, a comemoração judaica da Páscoa relembra a passagem do anjo da morte durante a décima praga que possibilitou a libertação dos judeus da escravidão. Já a “Páscoa cristã”, que não tem embasamento bíblico, relembra o sacrifício de Cristo e Sua ressurreição, isto é, Sua passagem da morte para a vida. Mas esta segunda celebração não é ordenada por Deus em Sua Palavra inspirada. Como já fora provado, esta celebração não passa de uma superstição pagã.
A Páscoa judaica é inaugurada com o Sêder, isto é, um jantar no qual as famílias judaicas reúnem-se para relembrar e celebrar a libertação do povo hebreu. O jantar é realizado dentro de uma estrutura litúrgica que inclui: a leitura do Hagadá, um livro que contém a história de libertação dos hebreus; e o consumo dos alimentos, cada qual com sua ordem específica.
Os judeus, durante a Pessach, não comem nada fermentado, e a celebração inclui uma série de alimentos que possuem, cada qual, uma simbologia diferente. Uma tradição comum da Páscoa judaica é conhecida como Afikoman. Nela o matsá (pão sem fermento) é dividido em dois, e o maior pedaço é escondido. Depois do jantar, as crianças partem à procura do pedaço de matsá, e aquela que o encontrar, ganhará um prêmio.
O QUE OS JUDEUS COMEM NA PÁSCOA?
Como mencionado, durante a Pessach, os judeus não consomem nada que possua fermento, e, assim, todos os alimentos do tipo são vetados. Durante o jantar, uma série de alimentos é consumida, e cada um deles possui uma simbologia distinta. Vejamos o que cada alimento significa:
• Matsá: é um pão sem fermento. Na tradição hebraica, os judeus, quando foram autorizados a saírem do Egito, não conseguiram esperar o pão fermentar, e, por isso, ele é feito de uma massa bem fina.
• Vinho: é um vinho especial para Pessach e que também não é fermentado. São servidas quatro taças de vinho durante o Sêder.
• Zeroá: é pedaço de osso com carne que foi tostado e simboliza o sacrifício.
• Maror: é uma raiz amarga que simboliza a amargura do tempo da escravidão. A alface (chazeret) também é utilizada para simbolizar essa amargura.
• Charósset: é uma pasta que mistura maça, uva e nozes (pode ter também tâmaras, canela e vinho). Simboliza a argamassa que era usada pelos judeus para fazer tijolos.
• Água salgada: simboliza as lágrimas e o suor derramado pelos judeus durante a escravidão. É usada para o consumo de batatas cozidas.
• Beitzá: é o ovo cozido que simboliza a esperança pela recuperação do Templo de Salomão. Simboliza também o luto pela destruição do templo.
Esses são os alimentos consumidos durante o jantar que inaugura a Páscoa judaica, mas os judeus cozinham e consomem outros pratos também, como o Guelfite fish, um bolinho de peixe com uma cenoura em cima. O Sêder é tão relevante na história judaica que a Última Ceia, momento marcante da história e vida de Cristo, foi celebrada durante um desses jantares típicos da Pessach.
CONCLUSÃO
Logo, não há razão alguma para um cristão comemorar a Páscoa, mas há vários motivos para que o mesmo se abstenha dela. Comemorá-la é negar a vinda de Cristo, é uma forma de prostituição espiritual e uma profanação do culto verdadeiro ao Deus vivo, além de uma tirania sobre a consciência dos outros. Cabe a nós não recebermos nem darmos ovos de Páscoa, não fazer troca de presentes, não assistirmos a filmes, vídeos e teatros de Páscoa, principalmente os que retratam Jesus em imagem ou por atores – em ambos os casos, há uma violação do segundo mandamento (cf. Êx 20.4; Dt 4.15-19). Devemos, sobretudo, nos ausentar de cultos pascais. E, se alguém perguntar a razão de sua fé, cabe a você saber dá-la, sendo uma boa oportunidade evangelística. Como conclusão, entendo que as palavras do apóstolo Paulo – isto é, as palavras do próprio Deus – são irrefutáveis:
“Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio que eu haja trabalhado em vão para convosco" (Gálatas 4.8-11).
“Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós. Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade” (1 Coríntios 5.7-8).
"Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, NÃO COM TINTA, MAS COM O ESPÍRITO DO DEUS VIVO, NÃO EM TÁBUAS DE PEDRA, MAS NAS TÁBUAS DE CARNE DO CORAÇÃO. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser MINISTROS DE UM NOVO TESTAMENTO, NÃO DA LETRA (Lei), MAS DO ESPÍRITO (graça); porque a letra (Lei) mata, e o espírito (graça) vivifica. E, SE O MINISTÉRIO DA MORTE (Antigo Testamento), GRAVADO COM LETRAS EM PEDRAS, veio em glória, de maneira que os FILHOS DE ISRAEL não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, A QUAL ERA TRANSITÓRIA, como não será de maior glória o MINISTÉRIO DO ESPÍRITO (graça)? Porque, se o MINISTÉRIO DA CONDENAÇÃO foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória. Porque, se o que era TRANSITÓRIO foi para glória, MUITO MAIS É EM GLÓRIA O QUE PERMANECE. Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E NÃO SOMOS COMO MOISÉS, que punha um véu sobre a sua face, para que os FILHOS DE ISRAEL não olhassem firmemente para O FIM DAQUILO QUE ERA TRANSITÓRIO. Mas os seus sentidos foram ENDURECIDOS; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do VELHO TESTAMENTO, O QUAL FOI POR CRISTO ABOLIDO; e até hoje, quando é lido Moisés, O VÉU ESTÁ POSTO SOBRE O CORAÇÃO DELES (israelitas/judeus não convertidos). Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Coríntios 3.2-18 – ênfase minha).
– JP Padilha
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