O QUE É ORAR NO ESPÍRITO? | JP Padilha


O ato de “orar no Espírito” é mencionado duas vezes na Bíblia. Em Efésios 6.18 é dito: “...com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”. Em Judas 1.20 lemos: “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, orando no Espírito Santo”. A pergunta que muitos fazem é: O que significa exatamente orar no Espírito?

A palavra grega traduzida “orar no” pode ter vários significados diferentes. Pode significar “por meio de”, “com a ajuda de”, “na esfera de” e “em conexão ao”. Ao contrário das orações que fazemos com os lábios, orar no Espírito não está relacionado às palavras que estamos dizendo. Na verdade, refere-se a COMO estamos orando. Muda-se o modo de orar. As palavras são colocadas de lado e o Espírito Santo é quem irá conduzir esta oração. É algo bem mais profundo, quando nossas próprias vontades são colocadas de lado para que a oração seja feita de acordo com a vontade de Deus. Orar no Espírito é orar de acordo com a liderança do Espírito. É orar por coisas que o Espírito nos leva a mencionar. As palavras fogem da nossa mente, dando lugar a uma oração mais profunda, porém não sem entendimento. Isso não significa ser mais eloquente na oração, mas sim ser mais humilde, se humilhando perante a vontade do Senhor. Em Romanos 8.26 é dito que “também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”.

Isto é, a Palavra de Deus está dizendo claramente que não sabemos como orar, e que o Espírito Santo fora enviado justamente para orar por nós nos momentos em que não temos as palavras certas a dizer ao Senhor em oração.

ORAR NO ESPÍRITO NÃO É ORAR EM LÍNGUAS

Alguns, com base em 1 Coríntios 14, igualam o ato de orar no Espírito com “orar em línguas (estrangeiras)”. Isso ocorre porque, ao discutir o dom de línguas, Paulo faz referência ao ato de “orar com o espírito”. Todavia, é importante entender que no contexto de 1 Coríntios 14 Paulo está repreendendo a igreja de Corinto para que os crentes usem o dom de línguas com responsabilidade, para que toda a igreja seja edificada, já que naquele contexto os coríntios estavam fazendo mau uso do dom, de forma que ninguém na assembleia entendia o que os outros estavam dizendo ao praticarem o dom de línguas apenas para edificação própria e de forma leviana. Em nenhum momento dessa repreensão de Paulo ele faz comparação do ato de orar no Espírito com o dom de línguas. O assunto ali nem é mencionado. Aqui se fala em “orar com o espírito” e “com o entendimento”. Veja o contexto:

“Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar. Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação. Mas, se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim. Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja. Por isso, o que fala em língua desconhecida, ore para que a possa interpretar. Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento. De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o que ocupa o lugar de indouto, o Amém, sobre a tua ação de graças, visto que não sabe o que dizes? Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado. Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos. Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida” (1 Coríntios 14.9-19).

Veja que no verso 19 o apóstolo declara a importância de se falar “cinco palavras na própria língua” para que outros sejam instruídos do que “dez mil palavras em língua desconhecida”. Isso nos mostra que o foco de 1 Coríntios 14 não é o ensino sobre orar NO Espírito, mas a falta de responsabilidade dos coríntios em usar o dom de línguas sem que haja entendimento do que se fala e principalmente sem que haja um intérprete caso a língua usada não seja conhecida dos demais crentes de Corinto. Ora, sem um intérprete, quem poderia saber o que se estava falando naquela língua estrangeira?

Em Efésios 6.18, Paulo nos ensina: “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”. Como podemos orar com toda oração e súplica por todos os santos se ninguém, incluindo o orador, entende o que está sendo dito? Portanto, orar no Espírito deve ser entendido como orar no poder e no auxílio do Espírito, de acordo com a liderança e vontade do Espírito, e não como “orar em línguas”. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

ORAR NO ESPÍRITO NÃO É ORAR AO ESPÍRITO

CUIDADO! Ninguém deve orar AO Espírito Santo, como também não se deve adorá-lo. Ainda que o Espírito Santo seja uma Pessoa divina, como é o Pai e o Filho, não devemos orar a Ele. Oramos ao Pai e ao Filho, que são os modos bíblicos de oração, mas não ao Espírito. Porém, quando oramos ao Pai ou ao Filho, devemos orar NO Espírito Santo. Como fazer isso?

A oração do santo é sempre teocêntrica. Devemos derramar nossos corações diante do Pai suplicando somente por meio do santo nome de Cristo, que é a única intercessão entre Deus e os homens (1Tm 2.5-6). A Bíblia diz que por nós mesmos não sabemos orar, mas que, ao nos entregarmos à oração por meio da intercessão de Cristo, o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26), e é nisto que descansamos com confiança. Devemos, sobretudo, reconhecer que a verdadeira oração é um dom do Pai e não do homem. Ele, o SENHOR, outorga a oração por meio do Filho e opera-a em nós através do Seu Espírito Santo. O Espírito Santo, por sua vez, eleva esta mesma oração de volta ao Filho, Jesus Cristo, o qual a santifica e a apresenta aceitável ao Pai. A oração é uma cadeia teocêntrica – movendo-se do Pai, por meio do Filho, mediante o Espírito Santo, que a envia de volta ao Filho para que chegue até o Pai. Oramos ao Pai em nome de Jesus Cristo, e o fazemos NO Espírito Santo, porém, também com entendimento. Jamais devemos orar AO Espírito Santo ou adorá-lo. Ele é nosso Consolador e Intercessor. Cada pessoa divina da Trindade tem um papel e um lugar diferente em um só Deus.

– JP Padilha
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