TÃO SIMPLES, TÃO FÁCIL, TÃO ÓBVIO | JP Padilha


Eu vejo uma diferença fundamental entre os temas “circuncisão” e “batismo de infantes”. Os israelitas deviam ser circuncidados quer fossem crentes ou não, com base apenas em sua realidade étnica. Tanto que seus bebês eram circuncidados e não precisavam mais tarde professar nada para continuarem sendo parte do povo da aliança. De fato, não era exigido que, uma vez crescidos, os meninos judeus fizessem uma “profissão de fé” para continuarem pertencendo a Israel. Tampouco era exigido que os pais deles tivessem fé. Mais uma vez: a única exigência que era feita para que bebês fossem circuncidados era serem judeus. Isso e somente isso era requerido para que passassem pelo rito da remoção da carne do prepúcio e também somente isso era levado em conta para que fossem considerados participantes da aliança. Assim, a exigência tinha um fundamento meramente étnico, hereditário ou nacional.

Isso se difere muito da realidade da Igreja e do batismo. A Igreja é integrada por indivíduos que não precisam ter nenhuma relação de parentesco. O que os une é a fé comum. Esse é o único fator que os coloca em um só e mesmo Corpo. E esse fator é individual, não parental ou familiar. Preenchido esse “requisito”, a pessoa entra para o povo celestial de Deus, não havendo mais como perder essa posição. Note-se que o requisito da fé é exclusivo como fator que leva alguém a fazer parte da Igreja. Laços de sangue jamais podem substituí-lo, nem mesmo provisoriamente. Bebês não podem crer, nem se arrepender. Eles são puros aos olhos de Deus pelo sacrifício de Cristo feito na cruz do calvário. Portanto, não se deve batizar bebês ou crianças que ainda não chegaram ao entendimento do evangelho nem se arrependeram de seus pecados. Eles não preenchem o “requisito” da fé para serem batizados.

Traçando, pois, um paralelo mais nítido, pode-se dizer que os judeus eram circuncidados e considerados israelitas com base em seus laços de sangue e não com base na fé. Já os crentes não são batizados nem são considerados igreja com base nessas coisas. Na verdade, em Cristo as conexões étnicas perdem sua relevância. Nele não há judeu nem gentio, pois o que une os crentes e os torna um só corpo é a fé que atua pelo amor, sendo essa mesma fé que os preserva para sempre como parte inviolável do povo santo – status que ninguém pode perder. A verdade indiscutível é que o coração em que essa fé não habita, não pode ser considerado o coração de um integrante da Igreja, não importa sua idade nem quem são seus pais terrenos.

Em face disso, percebe-se que tentar encaixar a realidade étnica/familiar específica e própria de Israel à Igreja destrói o conceito que o NT elabora para ela, fazendo com que a comunidade eclesiástica deixe de ser integrada somente por aqueles que são “raça eleita, sacerdócio real, nação santa e povo de propriedade exclusiva de Deus”. Martelar a Igreja para dentro da forma parental de Israel faz com que pessoas reconhecidamente incrédulas sejam consideradas parte da comunidade santa, o que desfigura o conceito bíblico de Igreja e corrompe a sua pureza na dimensão da sua existência local.

Essas coisas são tão simples, tão fáceis e tão óbvias que fica difícil entender por que há tanta discordância em torno delas. As pessoas complicam tanto... Constroem castelos de pensamentos tão complexos que a gente começa a duvidar se a Bíblia pode mesmo ser chamada de “Revelação”, tamanha a obscuridade que atribuem aos seus ensinos. Segundo entendo, porém, o problema reside na tentativa de casar o Sr. Revelação com a Sra. Tradição, já que os filhos dessa união são apegados demais à mãe e costumam ouvir muito pouco as palavras do pai.

– JP Padilha
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