Não vos associeis com aquele que diz ser irmão e não é! | JP Padilha


Há muito tempo venho observando que muitos irmãos (inclusive irmãos que são pastores) parecem fazer “vista grossa” para alguns comportamentos pecaminosos de algumas pessoas que frequentam a Igreja. Já denunciei isso em muitos de meus artigos em que abordo a Doutrina da Separação. Gostaria de levantar esse questionamento mais uma vez com uma passagem da Bíblia que nos ensina a não ter tolerância alguma com o pecado em nosso meio. Trata-se do trecho de uma carta que Paulo escreveu aos irmãos da cidade de Corinto.

Será que devemos nos calar mediante o comportamento pecaminoso de indivíduos que se dizem irmãos em Cristo (que se dizem convertidos), mas que na verdade não são convertidos?

Vejamos o que é dito em 1 Coríntios 5.1-13 (com ênfases minhas entre parênteses):

Geralmente se ouve que há entre vós fornicação (grego Porneia – atos sexuais ilícitos, imoralidade sexual – em especial fora do casamento), e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia (imoralidade tal, que nem os ímpios conhecem), como é haver quem possua a mulher de seu pai (um homem que fez sexo com a própria mãe). Estais ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação (vocês estão tão cegos pela soberba, que nem ao menos se entristecem por não terem tirado do meio de vocês a pessoa que pratica esse tipo de coisa). Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo (físico), mas presente no espírito, já determinei (já decidi), como se estivesse presente, que o (homem) que tal ato praticou, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito (juntos, vocês e eu, como Igreja), pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja, este tal (homem) entregue a Satanás para destruição da carne (corpo e alma), para que o espírito (espírito humano dele) seja salvo no dia do Senhor Jesus (no dia do arrebatamento). Não é boa a vossa jactância (não é boa essa soberba de vocês). Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? (vocês não sabem que uma pessoa que faz isso pode contaminar a todos?) Alimpai-vos, pois, do fermento velho (se limpem das velhas práticas do pecado), para que sejais uma nova massa (uma nova pessoa), assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós (porque Cristo já levou o pecado, não voltem à prática do pecado!). Por isso façamos a festa (vamos viver a vida), não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos (pães sem fermento) da sinceridade e da verdade (Porque na páscoa judaica se come pão ázimo, que é o pão sem fermento). Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem (já enviei carta a vocês dizendo que não se relacionem com pessoas que têm relações sexuais fora do casamento); isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo (isso não quer dizer que vocês não devam se relacionar com as pessoas pecadoras desse mundo, ou que não devam ter contato com elas), ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo (porque se fosse assim, para não ter contato com essas pessoas, seria necessário vocês saírem do mundo! Porque o mundo anda em pecado mesmo! A maioria das pessoas está na ignorância do pecado). Mas agora vos escrevi que não vos associeis (que não se relacionem) com aquele que, dizendo-se irmão (dizendo-se crente), for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal (com essa pessoa) nem ainda comais (nem se assente para comer!). Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? (Porque eu tenho que julgar os ímpios? O povo do mundão?) Não julgais vós os que estão dentro? (Vocês não julgam os que estão dentro da Igreja?) Mas Deus julga os que estão de fora (da Igreja). Tirai pois dentre vós esse iníquo (tirem da Igreja e do meio de vocês esse homem que pratica essa iniquidade)(1 Coríntios 5.1-13).

As palavras de Paulo são severas. Ele primava pela santidade, ordem e proteção da Igreja.

Ser “irmão” (na ótica de Paulo) ia muito além de se dizer “cristão”. No verso 11 podemos ver que ele considerava que “irmão” era aquele que se identificava com a vida de renúncia ao pecado (aquele que abriu mão do “fermento velho”). Ele ainda diz que, pior que se relacionar diariamente com os devassos do mundo (que não são convertidos; que não conhecem o nosso Senhor Jesus) é se relacionar com aqueles que se dizem crentes, mas que na verdade não são; ou com aqueles que se dizem libertos do pecado, mas, na verdade, não são; ou com aqueles que dizem amar o Senhor Jesus, mas, na verdade, amam o mundo e as coisas do mundo (o “fermento velho”) e não o Senhor Jesus. Paulo nos ordena a não ter nem comunhão com essas pessoas (nem mesmo se assentar à mesa para comer junto a essas pessoas). Isso é muito sério.

Em 1 Coríntios 5 num todo, Paulo aborda um problema sério na igreja de Corinto: a tolerância com o pecado sexual. Este capítulo é um chamado urgente à disciplina e pureza dentro da igreja. Paulo começa expondo um caso específico de imoralidade sexual que chocou até mesmo os pagãos. Ele não apenas condena a ação, mas também a passividade da igreja em lidar com a situação.

Paulo instrui a igreja a agir com firmeza, removendo (excomungando) o membro pecador da comunhão para proteger a santidade do Corpo de Cristo. Ele destaca a importância de JULGAR aqueles que estão dentro da Igreja, mantendo a pureza e a integridade entre os crentes. A metáfora do fermento ilustra como um pequeno pecado pode contaminar toda a comunidade.

Além disso, Paulo reforça a necessidade de viver como nova criatura em Cristo, deixando para trás os antigos hábitos pecaminosos. Não se trata de uma filosofia onde há uma “melhoria” ou “evolução espiritual” da parte do homem, como dizem muitas seitas e religiões estranhas, tais como o espiritismo. No Cristianismo é bem diferente disso – trata-se de uma transformação do homem corrupto para um homem que agora tem em seu espírito o Espírito Santo, o que o leva a ser uma nova criatura, e não meramente um homem que “evoluiu” ou “melhorou” em algum aspecto da vida. Todo mundo vive em estado de melhoria ou piora de seu estado, mas o cristão não é assim. Ele não “evolui”; ele literalmente se torna outra criatura, em Cristo Jesus. Há aqui uma metamorfose humana, não apenas uma “melhoria” em seu comportamento.

Este capítulo nos desafia a manter altos padrões morais e a exercer a disciplina na igreja com amor. A mensagem de Paulo é clara: a pureza da Igreja é essencial para testemunhar o amor e a santidade de Deus ao mundo. Vamos juntos explorar mais sobre como aplicar esses princípios em nossa vida conforme a Bíblia:

ESBOÇO DE 1 CORÍNTIOS 5.1-13

1 – A confrontação do pecado na Igreja (1Co 5.1-2)
• A imoralidade entre os coríntios (vs. 1)
• A arrogância da Igreja e a falta de lamento (vs. 2)

2 – A disciplina necessária (1Co 5.3-5)
• A ausência de Paulo e seu juízo (vs. 3)
• A entrega do pecador a Satanás para a destruição da carne (vs. 4-5)

3 – A pureza da comunidade (1Co 5.6-8)
• O perigo do fermento (vs. 6)
• Celebrar a vida com sinceridade e verdade, em Cristo, o qual é a nossa Páscoa (vs. 7-8)

4 – Separação dos imorais (1Co 5.9-13)
• A exortação para não se associar com imorais (vs. 9-11)
• O julgamento interno na Igreja (vs. 13-13a)
• A excomunhão do perverso do meio da Igreja (vs. 13b)

1 – A CONFRONTAÇÃO DO PECADO NA IGREJA (5.1-2)

Em 1 Coríntios 5.1-2, Paulo começa abordando um problema grave na igreja de Corinto: a tolerância com o pecado sexual. Ele menciona um caso de imoralidade entre os coríntios que até os pagãos condenariam. Um homem estava vivendo em pecado ao ter relações sexuais com a esposa de seu pai (adultério e incesto). Isso era algo inaceitável, não somente para os padrões cristãos, como até mesmo para a cultura pagã. Nem mesmo os pagãos, com todas as suas depravações sexuais, toleravam esse nível de desvio moral.

Paulo está chocado, não apenas pelo pecado em si, mas pela falta de reação da igreja! Ao invés de lamentarem e tomarem medidas severas contra o pecador, eles se orgulhavam por serem tolerantes. A atitude dos coríntios revela uma falta de entendimento da gravidade do pecado e da necessidade de santidade dentro da igreja. A arrogância deles os cegou para a necessidade de disciplina e correção na congregação.

A resposta de Paulo é clara: a igreja deveria se entristecer e tomado a iniciativa de expulsar o pecador da igreja. Essa ação pode parecer severa, mas neste contexto trata-se de uma correção que, como será provado, levará o crente ao arrependimento. O julgamento é um ato de amor e preservação do Corpo de Cristo, além de ser também um ato de amor pelo próprio pecador. A Igreja, como um todo, tem a responsabilidade de manter a santidade e integridade entre seus membros.

A FALHA NA LIDERANÇA EM CORINTO

A falta de ação dos coríntios também mostra uma falha na liderança na igreja. É certo que em uma assembleia biblicamente reunida haverá liberdade para vários irmãos exercitarem seus dons e sacerdócio, mas não devemos pensar que na assembleia não há governo. As Escrituras indicam que existem certas regras (liderança administrativa) na Igreja. Na assembleia biblicamente reunida haverá aqueles que tomarão a liderança administrativa para assegurar que a santidade e a ordem sejam mantidas.

Bruce Anstey comenta: “Normalmente o Senhor guia uma assembleia local no que tange às responsabilidades administrativas por meio dos que “tomam a liderança” (1Ts 5.12-13; Hb 13.7,17,24; 1Co 16.15-18; 1Tm 5.17 – Tradução de J. N. Darby). Essa frase na versão King James da Bíblia e na versão de João Ferreira de Almeida foi traduzida como “aqueles que presidem sobre vós”, mas é um pouco equivocada, nos levando a pensar que exista uma casta especial de homens que esteja “sobre” o rebanho – o clérigo. É evidente que essas versões da Bíblia estiveram nas mãos de clérigos que de alguma forma influenciaram na tradução. O uso da palavra “bispo” é outro exemplo. Ela deveria ter sido traduzida como “supervisor” ou “supervisão”.

Tomar “a liderança” nessa função não significa liderar no ensino público ou pregar, mas tem a ver com questões administrativas da assembleia. Confundir essas duas coisas é interpretar de forma equivocada a diferença entre dons e ofícios, que são duas esferas distintas na Casa de Deus. Alguns daqueles que “tomam a liderança” podem não ensinar publicamente, mas quando são capazes são muito bons e úteis (1Tm 5.17). Estes homens devem conhecer os princípios da Palavra de Deus e serem capazes de expô-los para que a assembleia compreenda o curso da ação que Deus tomaria em um assunto em particular (Tt 1.9). Estes homens não constituem a si mesmos para o desempenho deste papel, nem mesmo são constituídos pela assembleia – como é frequente na Igreja professa atualmente – mas eles são levantados pelo Espírito Santo para este trabalho (At 20.28). A assembleia irá reconhecê-los pelo cuidado devotado aos santos, pelo conhecimento dos princípios das Escrituras e pela demonstração de bom discernimento.

Há três palavras usadas nas epístolas para descrever estes líderes responsáveis na assembleia local:

– Primeiramente, “anciãos” (Presbuteroi). Essa palavra se refere àqueles avançados em idade – implicando maturidade e experiência. No entanto, nem todos os homens mais velhos da assembleia necessariamente atuam no papel de líderes (1Tm 5.1; Tt 2.1-2).

– Em segundo lugar, “bispos” ou supervisores (Episkopoi). Essa palavra se refere ao trabalho que eles fazem – pastoreando o rebanho (At 20.28; 1Pe 5.2), cuidando das almas (Hb 13.17) e admoestando (1Ts 5.12).

– Em terceiro lugar, “guias” ou líderes (Hegoumenos). Isto se refere à capacidade espiritual que possuem em liderar e guiar os santos.

Os pontos acima mencionados não se referem a três diferentes posições na assembleia, mas sim a três aspectos de um trabalho que esses homens fazem. Isto pode ser visto pela maneira como o Espírito de Deus usa os termos alternadamente – compare Atos 20.17 com 20.28 e Tito 1.5 com 1.7. No livro de Apocalipse os que possuem esta função são chamados de “estrelas” e também de “anjo da igreja (local)” (Ap 1 a 3). Como “estrelas” eles devem ser testemunhas da verdade de Deus (dos princípios de Sua Palavra) como portadores de luz na assembleia local, trazendo luz sobre os vários assuntos enfrentados pela assembleia.

Isso é ilustrado em Atos 15. Após ouvir sobre os problemas que estavam atribulando a assembleia, Pedro e Tiago trouxeram luz à questão. Tiago aplicou um princípio da palavra de Deus e julgou da forma como ele acreditava que o Senhor desejaria que eles fizessem (vs. 15-21). Como “o anjo da igreja”, eles agem como mensageiros que levam a mente do Senhor à assembleia no cumprimento das coisas. Isso também é ilustrado nos versículos 23-29.

Todavia, não há nomeação oficial de anciãos/supervisores/guias para este trabalho hoje, como houve na Igreja primitiva (At 14.23; Tt 1.5), porque não há apóstolos (ou pessoas delegadas pelos apóstolos) na terra para ordená-los. Isso não significa que o trabalho de supervisão não possa continuar. O Espírito de Deus continua levantando homens de Deus para exercer a supervisão na assembleia biblicamente reunida (At 20.28). Esses certamente seriam aqueles que um apóstolo iria ordenar se vivesse em nossos dias.

Na carta de despedida de Paulo aos anciãos de Éfeso, ele fornece uma descrição do caráter e trabalho de um ancião/supervisor/guia, usando a si mesmo como exemplo (At 20.17-35). Primeiramente ele destaca o que os mesmos devem ser:

– Coerentes (vs. 18);
– Humildes (vs. 19);
– Compassivos (v. 19);
– Perseverantes (vs. 19);
– Fiéis (vs. 20);
– Comprometidos (vs. 21-24);
– Enérgicos (ou decididos) (vs. 24-27).

Na sequência ele destaca o que eles devem fazer:

– Pastorear o rebanho (vs. 28);
– Vigiar contra duas ameaças: lobos adentrando e homens atraindo discípulos após si (vs. 29-31);
– Utilizar os recursos dados por Deus para aquele trabalho – oração e a Palavra de Deus (vs. 32);
– Ter o ministério de dar (vs. 33-35).

A MANUTENÇÃO DA SANTIDADE E DA ORDEM

O propósito do governo na igreja é manter a santidade e a ordem na casa de Deus. Isso tem a ver, principalmente, com duas coisas:

– O cuidado com o que adentra a assembleia. Isso envolve princípios de recepção.
– O cuidado com o que (ou quem) está na assembleia. Isso envolve disciplina na Igreja, caso necessário”.

Portanto, aprendemos que a Igreja não pode ignorar o pecado entre seus membros. A confrontação e a correção são necessárias para manter a saúde espiritual da assembleia. A disciplina, quando feita em amor, visa restaurar o pecador e manter a santidade na congregação. Que possamos sempre buscar a pureza e agir com coragem diante do pecado, lembrando que somos o Corpo de Cristo, chamados para viver em santidade.

Leia mais sobre “Liderança e Vigilância na Assembleia” neste link:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2024/04/a-vigilancia-na-assembleia-bruce-anstey.html

2 – A DISCIPLINA NECESSÁRIA

Em 1 Coríntios 5.3-5, Paulo continua tratando da questão do pecado na igreja de Corinto. Mesmo estando ausente fisicamente, Paulo declara que já julgou o caso. Ele o faz com a autoridade que Deus o outorgou como apóstolo. Este julgamento não é pessoal, mas espiritual, refletindo a seriedade com que devemos tratar o pecado em uma congregação cristã.

Paulo instrui a igreja a reunir-se em nome do Senhor Jesus (Mt 18.20) e, com o poder de Cristo, entregar o pecador a Satanás. Esta ação pode parecer dura, mas o objetivo é a salvação do espírito do pecador no dia do Senhor (NOTA: Geralmente o Dia do Senhor se refere à Sua Manifestação quando Ele vier em Sua Segunda Vinda para julgar as nações após a Tribulação para estabelecer quem entrará no Reino Milenar ou não, mas neste contexto o Dia do Senhor se trata do Arrebatamento, pois a Igreja não passará pela Tribulação. Ela será arrebatada antes da Tribulação, sete anos antes da Segunda Vinda de Cristo para julgar as nações. Devemos sempre nos lembrar que a Igreja não será julgada – não entrará em juízo algum – João 5.24).

A entrega a Satanás implica remover o indivíduo da proteção e comunhão da igreja, expondo-o aos perigos de se andar com os mundanos fora do Corpo de Cristo e às consequências de seu pecado na esperança de que ele se arrependa. Como será provado mais à frente, o ato de entregar o pecador a Satanás para a destruição de seu corpo a fim de que seu espírito seja salvo (vs. 5) tem a ver com colocá-lo sob uma situação em que suas paixões carnais morrerão e, assim, seu espírito será salvo.

A disciplina visa restaurar, não destruir. É um ato de amor, buscando o bem-estar eterno do pecador. A ação firme da igreja também serve como um alerta para os demais membros sobre a seriedade do pecado e a importância da pureza na vida cristã. Quando a igreja toma medidas sólidas e severas contra o pecado, ela resguarda sua santidade e testemunho no mundo.

A obediência à disciplina de Paulo reflete a submissão à autoridade espiritual estabelecida por Deus. A igreja deve agir unida, em comunhão, para disciplinar o pecador e manter a pureza do Corpo de Cristo. Essa unidade fortalece a comunidade e demonstra o compromisso com os padrões de Deus.

Portanto, aprendemos que a disciplina é necessária para a saúde espiritual da Igreja. Ela deve ser aplicada com amor e firmeza, sempre visando a restauração do pecador e a proteção de uma assembleia. Que possamos ser diligentes em manter a pureza nas congregações, confiando na sabedoria e autoridade de Deus em todas as nossas ações.

3 – A PUREZA DA COMUNIDADE (1Co 5-8)

Em 1 Coríntios 5.6-8, Paulo continua sua instrução à igreja de Corinto, destacando a pureza da comunidade cristã. Ele usa a metáfora do fermento para ilustrar como um pequeno pecado pode afetar toda a igreja. Assim como o fermento leveda toda a massa, um pecado não tratado pode contaminar toda a congregação.

Paulo adverte os coríntios contra o orgulho. Eles se orgulhavam de sua tolerância com o pecado, mas Paulo deixa claro que isso é prejudicial. A igreja deve se gloriar na pureza e na santidade, em Cristo Jesus, não na aceitação do pecado em seu meio. A presença do pecado, quando ignorada, compromete o testemunho e a integridade da igreja.

Para reforçar sua mensagem, Paulo faz referência à Páscoa dos judeus. Ele lembra os coríntios que Cristo, o qual é nossa Páscoa (nosso Cordeiro Pascal), foi sacrificado por nós. Assim como os israelitas removeram todo o fermento de suas casas durante a Páscoa, os cristãos devem remover o pecado de suas vidas e da assembleia. Essa limpeza simboliza a nova vida em Cristo, livre do pecado e da corrupção.

Paulo exorta a igreja a celebrar a festa (viver a vida cristã), não com o fermento velho da maldade e malícia, mas com os pães asmos de sinceridade e verdade. A verdadeira celebração cristã é marcada pela pureza e transparência. A vida cristã deve refletir a transformação que Cristo opera em nós, vivendo de acordo com os padrões de Deus.

Sendo assim, aprendemos que a pureza é fundamental para a saúde de uma assembleia cristã. A igreja deve ser diligente em identificar e remover o pecado de seu meio, protegendo e promovendo sua santidade. A disciplina é uma expressão de amor e compromisso com a verdade. Que possamos celebrar nossa nova vida, em Cristo Jesus, com sinceridade e verdade, sempre na busca incessante pela integridade da nossa caminhada com Deus.

4 – SEPARAÇÃO DOS IMORAIS (1Co 5.9-13)

Em 1 Coríntios 5.9-13, Paulo aborda a questão da separação dos imorais dentro da igreja. Ele começa lembrando os coríntios de sua instrução anterior para não se associar com pessoas imorais. Paulo esclarece que, naquele momento, ele não estava se referindo aos imorais do mundo, pois seria impossível evitar completamente essas pessoas. Em vez disso, ele se refere aos que se dizem irmãos, mas vivem em pecado.

Paulo lista vários pecados: imoralidade sexual, ganância, idolatria, calúnia, embriaguez e fraude. Ele instrui os coríntios a não se associarem com tais pessoas, nem mesmo comer com elas. Esta instrução tem como objetivo proteger a pureza da assembleia cristã e incentivar o arrependimento daqueles que vivem em pecado.

A separação dos imorais é uma medida disciplinar que demonstra a seriedade do pecado e a necessidade de santidade na vida cristã. A igreja deve JULGAR aqueles que estão dentro dela, enquanto Deus julgará os que estão de fora. Isso não significa que seja pecado julgar os devassos do mundo, pois nos é ordenado julgar “todas as coisas” (1Co 2.15; 1Co 5.12-13; 1Co 6.2-3; 1Co 6.5; 1Co 14.29; Gl 1.8-9; Ef 5.11; 1Jo 4.1; Jo 7.24). Sendo assim, não é pecado julgar o pecador. Ao contrário, Deus ordena que o cristão esteja apto a julgar os que pecam. No entanto, vemos que em 1 Coríntios 5, nos versos 12 e 13, Paulo enfatiza a prioridade que o cristão deve ter em julgar o pecador que está em nosso meio. Ele destaca aqui a responsabilidade da igreja em manter a pureza e a integridade do Corpo de Cristo.

Remover o perverso do meio da igreja é uma ação necessária a fim de preservar a santidade da congregação. Essa separação não é uma condenação definitiva, mas um chamado ao arrependimento. A esperança em “entregar um membro da igreja a Satanás” é que, ao experimentar as consequências de seu pecado, a pessoa se volte para Deus e busque restaurar sua relação com Ele.

Portanto, aprendemos que a separação dos imorais que estão dentro da Igreja é uma prática essencial na disciplina administrativa de uma assembleia e para a sua saúde espiritual. A disciplina deve ser aplicada com amor e firmeza, visando a restauração do pecador e a integridade da igreja. Devemos ser diligentes em manter a pureza em nossas congregações, lembrando sempre do nosso compromisso com a santidade e a verdade de Deus.

REFLEXÃO DE 1 CORÍNTIOS 5 PARA OS NOSSOS DIAS

Em 1 Coríntios 5, Paulo nos desafia a lidar com o pecado de forma séria e amorosa dentro da igreja. A mensagem de Paulo é cristalina e direta ao ponto – a SANTIDADE é fundamental para a vida cristã.

Vivemos em um mundo marcado pela tolerância ao pecado, incluindo no seio da Igreja cristã. Vivemos em um mundo onde a tolerância e a aceitação são altamente valorizadas. Mas a Bíblia NÃO tolera nem aceita o pecado na Igreja de Deus. Deus não tolera isso. Como cristãos, somos chamados a um padrão diferente do mundo. A pureza e a santidade não são opcionais, mas essenciais. Quando toleramos o pecado, comprometemos o nosso testemunho e a integridade da Igreja.

A disciplina na igreja, como Paulo descreve em 1 Coríntios 5, é de fato um julgamento severo, mas trata-se de um ato de amor e restauração. Não é o caso de excomunhões definitivas como vemos em Gálatas 1.6-10, quando falsos cristãos pregam um falso evangelho e devem ser não somente excomungados, como também amaldiçoados. No entanto, é nossa responsabilidade confrontar o pecador com coragem e intrepidez, sempre buscando a redenção e a libertação do pecador. A disciplina na igreja deve ser aplicada com um coração cheio de amor e compaixão, tendo em mente que o objetivo é a restauração e não a condenação daquele que se encontra em pecado dentro da congregação.

Paulo nos lembra aqui que um pouco de fermento leveda toda a massa (vs. 6). Ou seja, um pecado não tratado dentro da assembleia contamina toda ela. Devemos estar atentos e agir com sabedoria para proteger a pureza da igreja. A separação dos imorais é uma medida necessária para manter a santidade e incentivar o arrependimento na congregação dos santos.

Isso significa que não podemos fechar os olhos para o pecado dentro da igreja. Precisamos abordar essas questões com ousadia e intrepidez, com temor e tremor diante de Deus, sempre visando a restauração do crente que se encontra em pecado. A disciplina bíblica, quando aplicada corretamente, fortalece a igreja e promove a santidade.

Que possamos aprender com a sabedoria outorgada a Paulo e aplicar esses princípios em nossas congregações hoje, numa época em que a Igreja tem falhado em seu testemunho por conta do espírito do ecumenismo religioso, onde tudo é tolerado e quase ninguém confronta o pecador dentro da igreja.

Os dias em que vivemos são marcados pelo "espírito de compromisso" (ecumenismo). A maioria esmagadora dos cristãos professos acredita piamente que pode andar com Deus e com o mundo ao mesmo tempo. Mesmo com tantas exortações bíblicas, a impressão é que esses ditos cristãos nunca leram sequer uma linha das Escrituras ou, no mínimo, não enxergaram o que está ali. Por todos os lados vemos misturas profanas, alianças ímpias e jugos desiguais. Muitos cristãos professos parecem estar tentando descobrir quão perto do mundo podem andar e ainda ir para o Céu.

Nosso foco deve ser buscar a pureza, a santidade e a restauração, lembrando sempre que somos o Corpo de Cristo, chamados para fora do arraial (Hb 13.13), a fim de vivermos em amor, santidade e verdade. Que Deus nos dê a coragem, intrepidez e sabedoria para enfrentar o pecado e buscar a santidade em TODAS as áreas da nossa vida!

3 MOTIVOS DE ORAÇÃO EM 1 CORÍNTIOS 5

1. Pureza na Igreja: Ore para que a Igreja mantenha um compromisso firme com a santidade, confrontando o pecado com coragem e ousadia, protegendo assim a integridade da comunidade cristã.

2. Sabedoria na disciplina: Peça a Deus por sabedoria e discernimento para que você levante a voz contra o pecado na Igreja de Deus. Ore também pelos líderes que exercem seus dons de cuidar das ovelhas de Cristo nessa questão e em várias outras. Ore para que esses líderes, vocacionados para tal obra, apliquem a disciplina em amor e severidade ao mesmo tempo, pois sem severidade não há amor (e vice-versa). Que esses líderes e outros crentes com seus vários dons visem sempre a restauração dos pecadores dentro da igreja e os levem ao arrependimento.

3. Unidade e amor: Clame por uma unidade sólida dentro da Igreja, onde cada membro se apoie mutuamente na busca pela santidade, vivendo em amor e verdade, refletindo o caráter de Cristo no mundo.

COMO É POSSÍVEL DESTRUIR A CARNE E SALVAR O ESPÍRITO? (1Co 5.5)

As instruções de Paulo em 1 Coríntios 5 para entregar a Satanás um irmão que está em pecado apresenta alguns desafios especiais àqueles que servem o Senhor. O primeiro destes desafios é entender todo o contexto de 1 Coríntios 5.1-13. Por ora, vamos ao verso:

“Seja, este tal, entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no dia do Senhor Jesus” (1 Coríntios 5.5).

O problema é óbvio. A igreja de Corinto tinha a mente tão aberta e tolerante que não fazia nada para eliminar a imoralidade que tinha se infiltrado na congregação. O comportamento de um de seus irmãos era escandaloso, mas ninguém o tinha corrigido adequadamente. Este membro da igreja adulterou com sua própria mãe (a esposa de seu pai). Paulo explicou que tal impureza, deixada sem correção, destruiria uma comunidade inteira de santos. Ele então ordenou que expulsassem o pecador da congregação.

Mas a preservação da congregação não é a única meta ali. Este ato disciplinar é um ato de amor, buscando os melhores interesses do irmão rejeitado. O homem pecador estava tentando manter um pé na Igreja de Deus enquanto o outro estava no mundo. Seus irmãos não podiam forçá-lo a tirar o pé do mundo, mas podiam tirar seu outro pé do meio do povo de Deus. Assim, entregaram-no a Satanás com um propósito: “a destruição da carne” (vs. 5). Uma vez que ele se achasse só no mundo, o pecado não o satisfaria. Uma tradução melhor deste versículo seria “a destruição dos desejos carnais”. Ele, como “o filho pródigo”, poderia cair em si e voltar ao Senhor (cf. Lc 15.17-18; 2Tm 2.24-26). Deste modo, os outros cristãos poderiam ajudá-lo a destruir as paixões carnais que o estavam roubando da comunhão com Deus, para que pudesse ser perdoado e salvo (cf. Tg 5.19-20). 2 Coríntios 2.5-11 pode indicar que este homem de fato voltou ao Senhor. Isso mostra que ele provavelmente era um eleito de Deus – predestinado à salvação (Ef 1.3-14; 2.8-10). Daí a correção de Deus por meio da Igreja.

O segundo e maior desafio que este capítulo apresenta está na sua aplicação prática. Muitas igrejas preferem manter a “paz” ao invés de prezar pela santidade e continuam tolerando o pecado a fim de evitar o confronto com o pecador. Passagens como 1 Coríntios 5.1-13 e 2 Tessalonicenses 3.6-15 são mandamentos que Deus nos deu para nos separar de irmãos que andam em pecado dentro da congregação. Ou rejeitaremos aqueles que retornam ao pecado, ou seremos rejeitados por Deus pela nossa desobediência. Tenhamos coragem, intrepidez, amor e fé para fazer o que o Senhor exige para preservar a pureza de Seu povo.

Leia mais sobre separação dos ímpios neste link:
2 Coríntios 6.14-18 – Um chamado à separação:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2019/11/2-corintios-614-18-um-chamado-separacao.html

Entenda melhor o que significa ser entregue a Satanás neste link:
O que significa ser entregue a Satanás:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2024/07/o-que-significa-ser-entregue-satanas.html

– JP Padilha
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