Deus ordena que socorramos os mais necessitados | JP Padilha

Embora não exista o dízimo na doutrina dos apóstolos, nos é comunicado sobre a beneficência no Corpo de Cristo, isto é, o ato de socorrer os mais pobres e enfermos. Temos o dever indissolúvel, sempre que pudermos, de prover alimento, vestes ou quantias em dinheiro aos necessitados e àqueles que se dedicam integralmente ao trabalho do evangelho. Não devemos, jamais, nos envergonhar do modo simples como Jesus nos ensina a cuidar uns dos outros na Igreja, pois no mundo as coisas ocorrem de maneira semelhante e ninguém se envergonha. A diferença é que no mundo as pessoas se orgulham de seus próprios atos de “caridade” e se empenham em fazê-lo em troca da salvação e para serem vistos pelos homens, enquanto nós, cristãos, somos ordenados a fazer com que “a nossa mão esquerda não veja o que faz a nossa direita” (Mt 6:3). No princípio da Igreja, os primeiros cristãos até chegaram a ter tudo em comum, dividindo até mesmo suas terras e heranças com os irmãos menos favorecidos; mas a ruína que se instalou no testemunho cristão tornou esse ato impraticável. É por isso que nas epístolas nós temos ordens específicas de como reorganizar tudo isso.
No Novo Testamento, os cristãos são exortados a não se esquecerem "da beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada." (Hb 13:16). A caridade jamais deve ser praticada na tentativa de conquistar a salvação, pois a salvação foi concedida ao crente de graça, pela fé em Cristo Jesus. Temos o dever de ajudar nossos irmãos porque o que Deus nos dá não deve ser considerado como sendo de nós mesmos. Todo cristão deve entender que é apenas despenseiro (responsável pela despensa) de Deus para distribuir o que Deus lhe dá com sabedoria e para suprir as necessidades da obra e do povo de Deus.

Assim como o Senhor Jesus foi liberal, dando sua própria vida por nós, o Espírito, através dos apóstolos, exorta: "Portanto, tive por coisa necessária exortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter convosco, e preparassem de antemão a vossa bênção, já antes anunciada, para que esteja pronta como bênção, e não como avareza. E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará." (2 Coríntios 9:5-6).

Ao contrário da Lei, quando o israelita era obrigado a devolver uma porcentagem fixa como forma de sacrifício, ao cristão é dito para que ele doe aos pobres da Igreja de Deus conforme a sua prosperidade. Jesus ordena da seguinte forma: "cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre."(2 Coríntios 9:7-9).

Como consequência natural dos atributos do Senhor, Deus promete a manutenção das necessidades do crente, como abrigo e sustento. Isso não ocorre como no Antigo Testamento, quando era prometida prosperidade e riquezas terrenas aos israelitas. Ao contrário do que pregam os teólogos da prosperidade, Deus pode sim prover mais que o necessário ao crente, porém jamais para o crente se enriquecer ou receber terras, etc. Deus provê o necessário ao crente para que ele possa ser mais liberal em sua obra para o Senhor, e não para enriquecer-se.

NÃO DEVEMOS DESEJAR RIQUEZAS TERRENAS

Ao se enlaçarem na heresia do Dízimo, muitos crentes se perdem no desejo louco de acumular dinheiro e toda forma de riqueza terrena para si. Pregadores da Teologia da Prosperidade estão sempre envenenando as mentes incautas, levando-as ao desvario de suas mentes. Porém, a Palavra de Deus é enfática em nos mostrar que o desejo de ser rico é loucura:

"Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores."
 (1 Timóteo 6:8-10). "Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus." (Lucas 12:20-21).

A partir dessas referências bíblicas, fica fácil perceber que os ditos “pregadores da prosperidade” transformam seus seguidores em loucos para que caiam em laço, perdição e ruína; seus seguidores se desviem da fé e se traspassam com muitas dores.

TODA PROVISÃO DO CRENTE VEM DE DEUS

"Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça, para que em tudo enriqueçais PARA TODA A BENEFICÊNCIA, a qual faz que por nós se deem graças a Deus. Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus. Visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela submissão, que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de vossos dons para com eles, e para com todos
(2 Coríntios 9:10-13).

Portanto, Deus nos provê e nos sustenta com o objetivo de nos fazer provedores daqueles que têm necessidades e também daqueles que trabalham na obra do evangelho sem pedir nada a ninguém. O fato de não pedirem não significa que não necessitem. Muitas vezes esses homens, os quais trabalham somente em prol do evangelho, necessitam da ajuda da Igreja e são exercitados a depender somente do Senhor, o qual irá mover corações de indivíduos e assembleias para que possam prover o necessário a eles, para que continuem a levar o evangelho e o ministério da Palavra à frente. Sempre que um cristão ajuda alguém em suas necessidades, tanto para supri-lo em sua pobreza como para que o evangelho continue sendo pregado, está produzindo "graças a Deus... muitas graças que se dão a Deus" (2 Co 9:10-13). Com isso aprendemos que o propósito de toda a contribuição cristã não é o enriquecimento, mas a glória de Deus. Sempre a glória de Deus.

O fato de congregarmos somente ao nome do Senhor, fora das denominações e dos sistemas religiosos, isentos de heresias como a do dízimo, não torna as coisas mais baratas para nós. Na verdade, é melhor pensarmos bem se estamos vivendo conforme os moldes estabelecidos por Deus a respeito da beneficência para com todos os irmãos necessitados da Igreja de Cristo ou se estamos vivendo na avareza e egoísmo de nossos corações, deixando de lado aqueles que necessitam da nossa ajuda financeira. A motivação do crente nas coisas de Deus nunca deve ser material, nem mesmo no sentido de dar ou receber.

A propósito, não preciso nem falar sobre o que as denominações evangélicas fazem para acumular riquezas em seus edifícios de pedras e em suas vidas ímpias, tais como campanhas, votos, promessas e tantas outras coisas praticadas na cristandade hoje, não é mesmo? Todo cristão genuíno sabe muito bem que tais práticas não passam de mesquinharias, de pessoas que desejam fazer barganha com Deus para, de algum modo, se enriquecerem.

COMO OS SERVOS DO SENHOR DEVEM SER MANTIDOS FINANCEIRAMENTE?

Uma vez que aprendemos que os servos de Deus não devem jamais receber um salário pelo que fazem na obra do Senhor, alguém poderá perguntar de que modo esses servos devem ser mantidos financeiramente. Mais uma vez devemos buscar a resposta na Palavra de Deus. O apóstolo Paulo, entre outros que serviam juntamente com ele, é um exemplo de como os servos do Senhor devem efetuar seu serviço para Ele (1 Tm 1:16; Fp 3:17). Esses homens eram "servos de Jesus Cristo" e não servos de alguma seita (denominação) ou divisão na igreja (Rm 1:1; Fp 1:1; 2 Pd 1:1; Jd 1 etc.). Eles realmente acreditavam que o Senhor os tinha enviado para fazer o trabalho, e que se Ele verdadeiramente os enviara, certamente também cuidaria deles. "Quem jamais milita à sua própria custa?" (1 Coríntios 9:7). Sendo assim, esses servos de Deus saíam em campo "nada tomando dos gentios", pois confiavam em Deus e tinham a plena convicção de que Ele supriria todas as suas necessidades (Jo 7; Fp 4:19). Todavia, para agir desta forma é preciso que o servo do Senhor tenha fé. Nunca faltará suprimento vindo de Deus para a obra a qual Ele nos enviou. Sempre que a obra é feita à maneira de Deus, é certo que seremos supridos em todas as nossas necessidades. O que deve ser mais uma vez ressaltado é que Deus jamais prometeu deixar alguém rico na Igreja, mas sim prover tão somente o que precisamos. Lembre-se, caro leitor, do que já fora dito pela Bíblia aqui: “o desejo pela riqueza leva o homem à loucura”.

Nos primeiros dias da igreja, haviam duas maneiras pelas quais os servos do Senhor eram mantidos financeiramente:

1) Através do seu próprio trabalho.

Os servos do Senhor se mantinham a si mesmos trabalhando com suas próprias mãos. O apóstolo Paulo é um exemplo disso. Ele trabalhava como fabricante de tendas enquanto servia ao Senhor (At 18:3). Paulo diz o seguinte aos anciãos de Éfeso: "Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20:34-35).

Aos Tessalonicenses, Paulo escreveu: "Nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes" (2 Ts 3:8-9).

2) Através de doações da Igreja.

A segunda maneira pela qual os servos de Deus devem ser mantidos é através de doações dos santos que desejam expressar sua comunhão com a obra na qual os irmãos estão empenhados. Na época de Paulo, essas doações vinham de duas fontes: das assembleias locais, conforme Paulo disse aos Filipenses: "Fizestes bem em tomar parte na minha aflição. E bem sabeis também, ó filipenses, que, no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente; porque também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica. Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta" (Fp 4:14-17); e de indivíduos específicos, como ele menciona aos Gálatas: "O que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui" (Gl 6:6; Hb 13:16; 1 Tm 6:17-19).

Todavia, os servos do Senhor tomavam o cuidado de fazer a obra de Deus "nada tomando dos gentios" (3 Jo 7). Os "gentios" aqui eram os incrédulos dentre aqueles para quem eles pregavam. Eles tinham esse cuidado para se precaver de dar ao mundo uma impressão errada de que o evangelho é algo que uma pessoa possa comprar. E este é o padrão para a manutenção dos servos de Deus nos dias de hoje.

Com relação ao segundo ponto, é triste observar que se trata de um dos vários desastres da ruína no testemunho cristão. De um lado vemos homens corruptos e hereges, já condenados por suas heresias de perdição, recebendo o dinheiro do povo que promove suas pilantragens e cavilações disfarçadas de evangelho. De outro lado, vemos homens que são genuínos servos do Senhor passando por necessidades inefáveis, tanto na área da saúde como financeira, sem que ninguém dentre os professos da fé cristã os ajudem. Esse distúrbio ocorre há vários séculos por causa das sérias consequências de se criar denominações religiosas e preceitos de homens perversos que transtornam o evangelho puro e simples do Senhor Jesus. Os assim chamados “pastores” vivem como se fossem deuses, enquanto os verdadeiros embaixadores de Cristo na Terra passam fome e outras formas de necessidade.

Leia também: Jesus mandou dar o Dízimo? (em breve).

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