Os dons de sinais cessaram | JP Padilha



A Escritura toda nos ensina que os “dons espirituais” (ou sinais) mencionados no Novo Testamento tinham como propósito legitimar a vinda do Messias e revelar os ensinos que Cristo comunicaria aos apóstolos por meio da revelação divina. Um exemplo desses sinais é o dom de línguas. Uma vez que os apóstolos eram simples trabalhadores que não teriam condições humanas para anunciar as grandes revelações do evangelho da graça aos povos do mundo inteiro, somente um dom especial, dado pelo Espírito Santo, seria capaz de capacitá-los a transmitir a mensagem da cruz aos pagãos em suas próprias línguas maternas, sem jamais terem estudado e aprendido línguas estrangeiras, até porque esse processo levaria anos. Esse dom concedido aos apóstolos na festa de Pentecostes, onde sempre se reuniam nações de todos os cantos do mundo, deixou de existir no fim da era apostólica. Não somente o dom de línguas, como também todos os dons extraordinários cessaram juntamente com ele. Tais dons abrangiam o falar em outras línguas, profecias inéditas, curas e milagres. É necessário ressaltar que o termo “línguas estranhas”, encontrado em algumas versões bíblicas, entra em desacordo total com o idioma em que o Novo Testamento foi traduzido – o grego koiné. O termo “línguas estranhas”, na língua original do Novo Testamento, não existe. Ao invés disso, encontramos o termo “outras línguas”, ou “línguas diferentes”, ou “línguas estrangeiras”, etc. Esse é o sentido original do termo usado no Novo Testamento quando o assunto é o “falar em outras línguas”.

Todavia, cabe aqui uma ressalva imprescindível: Ao contrário do que nos acusam, nós, cristãos que entendemos sobre o assunto, não negamos que Deus realiza obras milagrosas, seja no campo da comunicação ou da saúde, como e quando quer, interferindo na ordem natural das coisas. Muito pelo contrário. Nós cremos e ensinamos tão somente aquilo que a Escritura revela, isto é, que os dons extraordinários cessaram porque tinham um propósito específico, temporário e destinado para fins que a Bíblia menciona do início ao fim. Como cristãos genuínos, acreditamos piamente que os milagres de Deus não mais decorrem do exercício de “dons especiais” dados a este ou aquele indivíduo em particular, mas sim da oração da fé (Tg 5.14-15).

A Bíblia também ensina que até mesmo os milagres que Deus faz em nossos tempos são bastante raros, o que se difere completamente dos tempos em que os dons espirituais apostólicos estavam em vigência. Na época em que esses dons eram manifestados, os milagres eram extremamente numerosos (At 5.12-16; 8.4-8; 28.7-10) e não há nenhum registro bíblico de que um servo de Deus, dotado de tais poderes, tenha falhado ao ministrar a cura de um enfermo. Como pode-se notar, essa realidade na Escritura se mostra bem diferente das tramoias e maluquices que vemos hoje em dia, quando supostos detentores desses “dons” constantemente “determinam” curas que nunca acontecem. Todo mundo já deve ter visto, ao menos uma vez, um episódio deste na TV ou em outras seitas evangélicas pentecostais, no movimento carismático da seita católica romana, etc.

Mas, a nível introdutório, qual a minha base para dizer que esses dons de sinais cessaram, uma vez que minha única regra de fé e prática é a Escritura Sagrada? De que maneira eu posso provar, como bom soldado de Cristo, que o que estou dizendo é de autoridade escriturística? Podemos resumir a resposta em dois pontos:

1. A Escritura

A Palavra de Deus mostra que os tempos dos milagres foram propositalmente poucos ao longo da história testamentária, abrangendo apenas os tempos de Moisés e Josué, os dias de Elias e Eliseu e as eras de Jesus e dos apóstolos. Essas são as três fases em que os sinais de Deus foram manifestos de forma sobrenatural ao Seu povo, e ambas as três tiveram uma duração limitada e restrita a esses servos. Tais sinais e grandes prodígios foram designados por Deus com propósitos específicos que, quando finalmente atingidos, puseram fim ao tempo das constantes intervenções divinas sobrenaturais. Na epístola aos Hebreus constatamos que o autor inspirado ensina que o propósito daqueles sinais foi autenticar a mensagem do evangelho ao tempo do seu surgimento, provando a todos que ela era verdadeira (Hb 2.3-4). Uma vez consumada essa autenticação, o propósito central dos milagres foi alcançado e sua frequência começou a desmoronar de forma clara. De modo determinista e normativo, o Novo Testamento revela que já nos primeiros anos da década de 60 da era apostólica, os milagres eram raros e que o dom de cura já não mais existia (Fp 2.26-27; 1Tm 5.23; 2Tm 4.20).

2. Os Fatos

Não somente a Escritura, como a simples observação inteligente dos fatos nos traz esta plena convicção bíblica. Deus mostra aos Seus filhos aquilo que Ele revelou na Palavra. Com efeito, basta o cristão olhar à sua volta para perceber que ninguém mais tem hoje os dons de línguas, profecias ou curas milagrosas. Tudo o que se vê na atualidade são arremedos grosseiros desses dons – teatros cuja artificialidade pode ser percebida por qualquer criança. Essas encenações blasfemas e heréticas só servem para prejudicar a Igreja de Cristo, lançando-a em total descrédito diante da população pagã.

Como já foi mencionado, há aqueles que professam possuir o dom de línguas e outros dons de sinais em nossos dias. À medida que colocamos à prova suas afirmativas, pela Palavra de Deus e pelos próprios fatos, constatamos que não somente seus discursos, como também suas práticas não são iguais àquilo que nos é apresentado no livro de Atos e em 1 Coríntios. Eles não usam o suposto dom de línguas como um sinal para os incrédulos e nem podem fazer com que um grupo de doentes se aproxime e sejam todos curados (At 5.12-16). Mesmo com respeito às curas registradas em Atos, não existe a certeza de que aqueles que foram curados fossem crentes, mas tudo indica justamente o contrário, pois se tratava de um sinal para confirmar a Palavra aos incrédulos. Aliás, os verdadeiros crentes não necessitam que a Palavra lhes seja confirmada, pois eles a receberam como sendo a Palavra de Deus (1Ts 2.13). É também importante notar que a cura tem relação com o tempo ou século futuro (Hb 6.5; Is 33.24; Sl 103.3). Ou seja, a cura milagrosa tratava-se de um sinal dirigido especialmente àqueles que haviam rejeitado o seu Messias, mostrando que é Ele quem irá, no futuro, trazer as bênçãos do reino sobre a terra; e que Ele Se encontra agora ressuscitado à destra do Pai, e que essas obras de poder eram feitas em nome dEle (At 4.9,10).

No reino de mil anos de Cristo sobre a terra, chamada de “dispensação da plenitude dos tempos”, haverá duas esferas distintas de bênção das quais o Senhor será o centro (Ef 1.10). Haverá a esfera celestial à qual pertence à Igreja (2Co 5.1; Cl 1.5; 1Pd 1.3,4) e haverá a esfera terrenal a qual pertence à Jerusalém, cuja nação será o centro na terra (Is 4.3-5; 65.18). Nós, a Igreja, somos o povo celestial de Deus e aguardamos o momento da Sua vinda para nos arrebatar nos ares, quando seremos transformados e teremos nossos corpos glorificados, isto é, à imagem do corpo glorioso de Cristo (Fp 3.20,21). Enquanto isso, neste “tabernáculo”, ou seja, nesta morada que é o nosso corpo físico, "gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu" (2Co 5.2).

Dito isto, sejamos responsáveis e muito cuidadosos ao consultarmos a Bíblia a respeito das doenças mencionadas entre os crentes nas epístolas, ou seja, as doenças que acometeram o povo celestial de Deus nesses registros apostólicos. Em Romanos 8.23 lemos o seguinte: "nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo". Note que não há aqui nenhuma referência à cura, mas sim ao ato de esperar pela redenção de nosso corpo. O Espírito, enquanto isso, "ajuda as nossas fraquezas" ("enfermidades" - cf. versão inglesa). Essa passagem não diz que o Espírito de Deus remove nossas doenças, mas que Ele nos ajuda em nossas enfermidades.

O ESPINHO NA CARNE DE PAULO

Em 2 Coríntios 12.7-10 a Bíblia nos mostra que Paulo tinha um “espinho na carne”. A Bíblia não diz com clareza o que era esse espinho. Porém, ao nos atentarmos ao contexto histórico e textual de 2 Coríntios percebemos que o espinho na carne de Paulo provavelmente era algum homem que atuava entre os coríntios – uma figura religiosa influente dentro da igreja de Corinto –, o qual se opunha ao ministério de Paulo, perturbando sua vida, desrespeitando-o, caluniando-o, estimulando a perseguição contra ele, desencorajando a igreja a ajudá-lo em suas necessidades e deixando-o muito abatido. Essa interpretação nos parece mais sensata porque explicaria o fato de que no verso 10 Paulo associa o espinho na carne a injúrias, necessidades, perseguições e angústias. Portanto, uma enfermidade na alma, como por exemplo a depressão, ou qualquer coisa que esteja mais associada aos males da alma, parece se encaixar melhor ao espinho na carne de Paulo. Não dá para ter certeza, mas é certo afirmar que o contexto da passagem nos dá essa pista.

PAULO, TIMÓTEO E TRÓFIMO FICARAM DOENTES

Já em Gálatas 4.13, Paulo está, de fato, falando de uma “enfermidade física” que lhe acometeu (versão Almeida Revista e Atualizada), e, ainda assim, Deus não o curou, mas o ensinou a depender dEle naquela dificuldade.

Timóteo tinha "freqüentes enfermidades", mas Paulo não o curou, nem lhe indicou alguém que o curasse, mas o aconselhou que utilizasse um remédio para sua enfermidade (1Tm 5.23).

Em 2 Timóteo 4.20, Paulo deixou Trófimo doente em Mileto, embora tivesse curado tantas pessoas durante seu ministério apostólico (Atos 19.11,12; 28.8,9).

A ORAÇÃO DA FÉ SUBSTITUIU O DOM DE CURA

Como já fora demonstrado na Bíblia, à medida com que a era apostólica se findava, o dom de cura entrava em decadência. Em Tiago 5.14-18 encontramos o caso de um que, estando doente, chama pelos anciãos para orarem por ele. Não se trata da fé do doente que lhe restaura a saúde – sua fé nem mesmo é mencionada – mas trata-se de um exercício de fé da parte daqueles que orarem por ele. A passagem também não menciona o dom de cura, mas sim a oração do homem sendo respondida diante de uma enfermidade. Ali aprendemos que aquele que está doente deve ser honesto e reconhecer seus pecados para que possa confessá-los. Aqueles que oram discernem a vontade de Deus em relação à enfermidade, e, orando de acordo com a vontade de Deus, Ele responde à oração. Não há menção aqui de uma cura súbita e miraculosa, mas do Senhor levantando o enfermo novamente.

Além do mais, naqueles dias havia anciãos (ou presbíteros) designados pelos apóstolos. Em contrapartida, hoje não há apóstolos ou quem tenha recebido autoridade delegada diretamente por eles para estabelecer anciãos, como era o caso de Tito (Tt 1.5). A Bíblia nos mostra que, mesmo na era apostólica, a assembléia local nunca nomeava os seus próprios anciãos, embora não exista dúvida de que mesmo nestes nossos dias de ruína e fracasso Deus permaneça fiel à Sua Igreja, e assim como Paulo previu que viriam dias em que lobos vorazes entrariam (e estão entrando) no rebanho, ele se referiu também àqueles anciãos de Éfeso não como tendo sido nomeados por ele, mas pelo Espírito Santo (At 20.28.30).

Hoje não existem anciãos (bispos ou presbíteros) oficiais na Igreja. O que temos na Igreja de Deus são homens levantados por Ele para tomar conta do Seu povo, em um espírito de humildade e amor pelo rebanho de Deus. É por essa razão que Tiago menciona o caso de Elias na passagem em questão, um profeta nos dias de ruína e divisão de Israel, e demonstra como ele era conhecedor da vontade de Deus em suas orações. Primeiro Elias reconheceu a necessidade de disciplina para o povo de Deus para, só então, orar para que a chuva fosse suspendida. Em seguida, ele novamente ora para que haja chuva, e Deus responde porque a oração de Elias se encontra em perfeita harmonia com Sua vontade após disciplinar o Seu povo. Hoje, nós, cristãos, vemos com frequência como Deus responde a orações que são feitas de acordo com Sua vontade e não conforme nossos próprios caprichos e vaidades. Vemos isso acontecer em situações de grande dificuldade ou quando Deus restaura a saúde de alguém após uma oração. Todavia, é necessário que compreendamos as épocas e circunstâncias em que vivemos hoje, bem como buscar pelo discernimento da vontade de Deus a respeito da oração feita de forma bíblica (Ef 5.17). Se oramos segundo a vontade de Deus, Ele certamente nos ouve.

QUANDO DEUS USA AS NOSSAS ENFERMIDADES PARA CUMPRIR SEUS PROPÓSITOS

1 Coríntios 11.30 nos dá uma demonstração inata de como Deus usa uma enfermidade humana em Seus desígnios governamentais, sem nada perguntar a ninguém. Deus permitiu que os coríntios ficassem “fracos e doentes” por não terem julgado a si mesmos por seu proceder negligente e irresponsável. Isso aconteceu em Coríntios por causa do pecado não julgado entre eles.

Deus pode e usa nossas doenças para fins que Ele estabeleceu de antemão, para nosso bem, não para nosso mal. Embora o cristão esteja eternamente seguro no que diz respeito à salvação de sua alma, ele se encontra sob os desígnios governamentais de Deus, e Deus às vezes utiliza a doença para tratar com os que são Seus. Se nos recusamos a escutar, poderemos perder o privilégio de vivermos aqui como um testemunho para Cristo, embora o sangue de Cristo já nos tenha tornado prontos para o céu. Isso não significa que toda doença seja uma punição, pois ela pode ser apenas parte da nossa natureza caída, uma vez que nosso corpo geme após a queda de Adão, como também pode ser um modo de Deus estar disciplinando alguém por meio desta ou daquela enfermidade, como quando se poda uma videira para que produza mais fruto – o que era exatamente o caso de Paulo em 2 Coríntios 12.7-10.

OS FALSOS MILAGRES DA ERA PÓS-APOSTÓLICA

Jamais devemos ir além da Palavra de Deus (Gl 1.6-10; 1Co 4.6; Sl 62.5; Nm 23.19). Aqueles que buscam por dons de sinais nos dias de hoje estão indo além da Palavra de Deus e praticando heresias. Por conta dessa busca frenética por “poderes milagrosos”, muitos se encontram vulneráveis a "todo vento de doutrina" e ao poder de Satanás (Sl 17.4,5; 2Tm 2.24-26). Falsos profetas farão sinais e maravilhas no futuro (Mt 24.24), mas serão sinais feitos pelo poder de Satanás, e a única maneira de termos certeza se algo é de Deus é observando se aquilo está em harmonia com a Palavra de Deus.

Todas as passagens das Escrituras que tratam dos últimos dias da história nunca falam de sinais e milagres, mas sim da fraqueza dos crentes e do abandono de Deus em suas vidas. Veja, por si mesmo, o que Paulo diz a respeito da Igreja em seus últimos dias em 2 Timóteo 3. Veja, por si mesmo, o que João diz sobre os últimos dias da Igreja em Laodicéia (Ap 3.14-20). Veja, por si mesmo, o que Pedro diz em 2 Pedro 3.3,4 a respeito dos últimos dias da Igreja.

O Espírito Santo foi dado no dia do Pentecostes, e agora, como uma Pessoa divina, Ele habita nos corpos dos crentes (1Co 6.19) e Se encontra também na casa professa da cristandade (Ef 2.22). O Senhor Jesus falou disso (Jo 14.16,17), dizendo aos discípulos, antes do dia de Pentecostes, que esperassem por Sua vinda em cujo tempo eles seriam "do alto revestidos de poder" (Lc 24.49). Em Corinto, não foi dito aos crentes que esperassem que viesse "poder" sobre eles, mas que deveriam usar os dons do Espírito, os quais Deus lhes havia dado, inteligentemente, dirigidos por Sua Palavra e em uma santa liberdade, conforme fossem guiados pelo Espírito (1Co 12.4-11). O Espírito e a Palavra não podem ser separados sem que se caia no misticismo e na perdição. Por outro lado, o mesmo acontece no racionalismo quando separamos o Espírito da Palavra.

Além de inútil, é perigoso aguardar por um segundo derramamento adicional do Espírito Santo em nós, além daquele que temos. Somos habitados pelo Espírito de Deus e a Palavra diz que isso nos basta.

O movimento carismático leva as pessoas a buscarem por demonstrações de poder que não estão em conformidade com a Palavra de Deus, e, portanto, não são pelo Espírito de Deus. Mesmo nos dias de hoje a demonstração desse poder e as ditas "línguas" estão com freqüência associadas à má doutrina acerca da Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, como também ligadas a outras práticas macabras e heréticas, pois Satanás se transfigura em "anjo de luz" (2Co 11.13-15); ele é como um "leão que brama ao nosso derredor, buscando a quem possa devorar" (1Pe 5.8,9). Seu grande alvo sempre foi atacar a gloriosa Pessoa e a obra consumada de nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo, e o movimento carismático é uma de suas maiores armas hoje.

O VERDADEIRO PODER DE DEUS EM NÓS

Nós não devemos buscar por "poder", nem tampouco precisamos, pois, se somos verdadeiros crentes, nascidos em Cristo Jesus para uma nova vida, nós simplesmente somos habitados pelo Espírito de Deus, que é o verdadeiro poder, o qual nos capacita a andar como filhos de Deus, adotados em Cristo Jesus. Neste momento o Espírito Santo habita os corpos de todos que creram no evangelho (Ef 1.13). Note com muita atenção que não há qualquer registro nas Escrituras de alguém que tenha recebido ordens de esperar pelo batismo do Espírito Santo após o dia de Pentecostes. O que existe é a exortação que diz: "Enchei-vos do Espírito" (Ef 5.18), que significa que devemos permitir que Ele nos guie em tudo o que fazemos. Ela é dada em contraste com o embriagar-se com vinho, uma vez que alguém assim estaria fora de controle, enquanto que aquele que está cheio com o Espírito encontra-se sob controle, pois dois aspectos do fruto do Espírito são temperança e equilíbrio próprio (Gl 5.22,23 – Almeida Versão Atualizada).

Onde o Espírito de Deus está verdadeiramente guiando, aí há liberdade e serviço racional, inteligente e bíblico.

Deus quer que todos os que são Seus "venham ao conhecimento da verdade" (1Tm 2.4). O caminho de obediência à Sua Palavra é o único caminho seguro e verdadeiramente feliz, e neste caminho não existem desapontamentos e nem esperanças perdidas. Os caminhos da sabedoria "são caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz" (Pv 3.17).

A Palavra de Deus não nos ordena a buscar por um segundo Pentecostes, jamais. O que a Bíblia nos ordena a fazer é observar como devemos agir e como devemos nos reunir ao Nome do Senhor Jesus Cristo em obediência (Mt 18.20), numa época em que a cristandade se tornou uma grande casa, com "vasos para honra, outros, porém, para desonra" (2Tm 2.16-26).

TRÊS PONTOS CRUCIAIS SOBRE O FIM DO DOM DE LÍNGUAS BÍBLICO

Quais as evidências de que o dom de línguas cessou?

1. O dom de línguas era um dom miraculoso de revelação inédita, e, como já observamos repetidas vezes, a era dos milagres e da revelação chegou ao fim com os apóstolos. Os últimos milagres registrados no Novo Testamento ocorreram por volta do ano 58 d.C., nas curas realizadas na ilha de Malta (Atos 28.7-10). Do ano 58 ao 96, momento em que João escreveu o livro de Apocalipse, nenhum milagre foi registrado. Os sinais milagrosos como o de línguas e curas são mencionados em 1 Coríntios, uma das primeiras epístolas a serem escritas. Embora duas epístolas posteriores tratem cabalmente sobre os dons do Espírito, as mesmas não fazem qualquer referência aos sinais milagrosos do dom de línguas e curas instantâneas. Muito pelo contrário, as cartas de Efésios e Romanos descrevem os dons miraculosos como sinais obsoletos e desnecessários para a edificação da Igreja. Em ambas as epístolas os dons extraordinários de línguas e curas já eram considerados sinais pertencentes ao passado (Hb 2.3,4). Com isto, a autoridade e a mensagem dos apóstolos não necessitavam mais de confirmação por meio de sinais. Antes do fim do século I, todo o Novo Testamento já havia sido escrito e circulava pelas igrejas de Cristo. Sendo assim, os dons de revelação acompanhados de sinais milagrosos haviam cumprido seu propósito e cessaram. Ao fim da era apostólica, com a morte de João, os sinais que identificavam os apóstolos como mensageiros da revelação divina já haviam se tornado questionáveis (2Co 12.12).

2. Como já fora testificado aqui, o dom de línguas tinha como objetivo ser um sinal para o Israel incrédulo. Também significava que Deus havia começado uma nova obra que incluiria os gentios (nações fora de Israel). O Senhor se comunicaria agora com todas as nações em suas próprias línguas por meio do evangelho de Cristo. O dom de línguas simbolizava tanto a maldição divina sobre a nação desobediente como também a benção de Deus sobre indivíduos do mundo todo. Com o estabelecimento da Igreja, Deus começou a se revelar aos povos espalhados pelo mundo e em todas as línguas. Contudo, uma vez que a Sua revelação fosse comunicada por completo, tal sinal milagroso já não era mais necessário. O povo de Deus, a partir do fim da era apostólica, viveria da fé na Palavra revelada e nunca confiaria em nada fora dela.

3. As próprias epístolas registram que o dom de línguas cessou. Outra vez é significativo perceber que as manifestações das “línguas” são mencionadas apenas nas primeiras cartas do Novo Testamento. Depois de 1 Coríntios, Paulo escreveu pelo menos doze epístolas em que não mais menciona as “línguas”. Pedro, Tiago, João e Judas jamais as mencionaram. O dom de línguas durou por um breve período de tempo (mencionado em Atos e 1 Coríntios) e desapareceu na medida com que a mensagem do evangelho foi disseminada.

Com efeito, logo que a Igreja de Deus foi estabelecida, o dom de línguas desapareceu. As epístolas posteriores não o mencionam. Tampouco se vê a Igreja pós-apostólica falando sobre isso. Os assim conhecidos “pais da Igreja” jamais mencionaram nada a respeito de “línguas”.

CONCLUSÃO

A Palavra de Deus nos ensina que hoje não há necessidade de um sinal para comprovar que Deus está em constante tratamento com Seu povo à partir de uma única nação – ISRAEL – a fim de lidar com nações do mundo inteiro. Israel é a nação escolhida por Deus como um canal de Sua eterna misericórdia para com o povo escolhido, o qual é composto por indivíduos do mundo todo. Não há absolutamente nenhuma ordem normativa para a prática do dom de línguas. Em contrapartida, ao perceber a fixação dos cristãos pelo dom, o apóstolo Paulo rapidamente os repreendeu sob a base de que o dom de línguas não era a credencial do verdadeiro cristão, mas sim os frutos do mesmo.

A partir de três pontos sabemos identificar o verdadeiro cristão hoje:

1. Qual é a credencial de um genuíno cristão? Jesus disse que “pelos frutos sereis conhecidos” (Mt 7.20) e não que “pelos dons sereis conhecidos”.

2. Os cristãos devem buscar por sinais? A Bíblia diz que “os judeus pedem sinais e os gregos buscam sabedoria, mas que nós, cristãos, pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (1Co 1.22,23).

3. O que é o poder de Deus para a salvação? Jesus diz que “o evangelho é o poder de Deus” (Rm 1.16), e não que os dons, sinais, curas e línguas o são. Cristo também diz que “a verdade vos libertará” (Jo 8.32), e não que “os dons/sinais vos libertarão”.

Em uma certa ocasião, Jesus disse a Pedro: "Para trás de mim, Satanás" (Mt 16.23), mostrando que até mesmo um genuíno crente, útil e verdadeiro na obra do Senhor, pode ser seduzido e usado por Satanás. O cristão verdadeiro não vive de sinais, mas vive da fé (Rm 1.17). A fé não pede sinais. Quem pede sinais é a dúvida. O homem que nasceu de novo, que recebeu o Espírito Santo, não busca por sinais, mas pelo conhecimento da Palavra revelada porque esse é o poder de Deus: Seu conhecimento.

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–– JP Padilha / O Evangelho sem Disfarces
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JP Padilha
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