Por que o Arminianismo se prova herético? – Uma análise sobre as crenças e ensinos de Jacob Arminius | JP Padilha
Jacob Arminius foi um líder religioso adepto da Teologia Reformada do Pacto do século 16. Em uma determinada época ele havia feito juramentos concernentes à sua subordinação aos primeiros documentos confessionais da “Fé Reformada” (também conhecida como Teologia do Pacto) da denominação da Holanda. Esses documentos eram a “Confissão Belga” e o “Catecismo de Heidelberg”. Ele começou a ensinar a epístola de Romanos, estava indo muito bem e teve sucesso teológico em Romanos 7 e 8. A problemática se deu quando Arminius se deparou com Romanos 9. Para resolver o “problema do mal” e tentar “exonerar” Deus de Seus eternos decretos, Jacob Arminius, com base em Romanos 9, começou a ensinar que os decretos de Deus não foram ativamente operados antes da fundação do mundo, mas sim baseados na Sua presciência divina. Tal ensino contrariara de forma absurda a soberania de Deus descrita nas Escrituras, visto que punha à baixo Sua onipotência e a substituía com as doutrinas da “fé prevista” e “eleição condicionada”, isto é, doutrinas que ensinam que Deus salva seus escolhidos com base no que Ele vê no futuro e debaixo do inviolável livre-arbítrio do homem, o qual recebe uma salvação meritória – não pela graça –, condicionada às suas “boas obras”. Obviamente que esta crença cria sérios problemas para a teologia, uma vez que Deus, sabendo de todos os eventos que haviam de ocorrer no mundo (incluindo a queda humana), não poderia deixar de ser o Autor da história da humanidade. Uma vez que Deus sabe de tudo quanto deve ocorrer, logicamente é Ele quem colocou tais eventos no corredor da história, a menos que se diga que alguém ou algo, à parte do Criador, construiu este ou aquele evento futuro.
A tensão levantada pela interpretação estapafúrdia de Arminius com relação aos decretos de Deus não teve a ver diretamente com a existência ou não dos decretos de Deus, mas sim se esses decretos haviam sido determinados por Deus de forma ativa, antes da fundação do mundo, ou de forma “passiva”, deixando que os homens construíssem a história e estivessem livres de Deus em seus atos, o que automaticamente colocaria Deus em uma posição de expectativa quanto às atitudes do homem. E foi exatamente a segunda tese que fora levantada como legítima por Arminius.
Como conseqüência, vemos então cinco doutrinas estranhas sendo impingidas por Arminius na cristandade (esses ensinos resultariam nas cinco doutrinas sistematizadas pelos remonstrantes, cujo sistema de crenças viria a ser denominado como Arminianismo):
1 – Como resultado das falcatruas de Arminius, Deus, então, não seria mais soberano e autor sem par da história do homem, mas um expectador frustrado com a ação humana e sempre à mercê das más escolhas de Suas criaturas. Basicamente, o resultado do ensinamento de Arminius dentro da Igreja Reformada Holandesa e na cristandade num todo é que os mesmos desembocam abruptamente na crença no deus pelagiano chamado “Livre Arbítrio”, contrário ao Deus bíblico que tudo decreta segundo o beneplácito de Sua vontade, e não conforme qualquer mérito humano. A Predestinação de Deus é substituída perversamente por meras permissões concedidas por um deus inconstante. A Eleição passa a ser condicionada aos méritos dos homens e não mais reconhecida como incondicional, imutável e eterna. Porém, quando o tema é decreto divino, a Bíblia, em oposição ao conceito espúrio da eleição condicionada aos atos da criatura, é bem mais positiva – os eternos decretos (Predestinação) de Deus são determinativos, perfeitos e imutáveis.
2 - Vale salientar que Arminius não necessariamente negava os decretos de Deus ou a “salvação pela graça”, mas construía seu próprio conceito que viria a ser chamado tecnicamente de “graça preveniente”. Essa doutrina herética, por meio de sofismas dogmáticos, defende que, embora os decretos de Deus estejam na Bíblia, eles são operados somente com base na onisciência de Deus. Igualmente, de forma ainda mais controversa, o Arminianismo afirma que a graça não é uma obra pertencente somente ao Doador da Fé (Deus), mas uma forma de conceder ao homem participação no processo salvífico dos escolhidos. E é aqui que o problema aumenta.
3 - Arminius também não defendia a posição bíblica de que o homem nasce depravado em todas as suas faculdades. Em vez disso, ele ingeria nas mentes fracas a idéia de que o homem nasce bom, mas o pecado, vindo a ser colocado em prática, contamina o homem. Ele negava claramente a doutrina da “Depravação Total” (que viria a ser sistematizada mais tarde em oposição aos remonstrantes de Armínius no Sínodo de Dort).
4 - Em quarto lugar, Arminius, desenfreadamente, negava em seus ensinos o que viria a ser conhecido como “Expiação Limitada [ou] Particular”. A posição bíblica, concernente à doutrina da salvação, é a de que o sangue de Cristo pagou pelos pecados dos eleitos na Cruz do Calvário de uma vez por todas, não sendo possível que um homem justificado pelo sacrifício de Cristo venha a decair da graça, uma vez dada aos santos antes da fundação do mundo. Este é mais um problema que resultaria [igualmente] nos cinco pontos do Calvinismo contra as heresias dos remonstrantes (o Arminianismo). Arminius, rompendo seus laços com as Escrituras Sagradas, assumira uma posição oposta à expiação eficaz de Cristo na Cruz. O problema apresentado aqui é denominado como “Teoria Governamental da Expiação”.
5 - Em última instância, quanto à Perseverança dos Santos, Arminius deixa a tensão em aberto, embora seus ensinos heréticos tenham resultado, consequentemente, em uma posição inversa à “perseverança dos santos”, uma vez que o sacrifício de Cristo – segundo os seus ensinamentos – não é eficaz em seus sermões, mas passível de falhas por conseqüência da escolha humana em rejeitar a salvação.
Hoje vemos discípulos de Armínius surgindo cada vez mais, e, junto com eles, os antigos ensinos que uma vez haviam sido rejeitados e combatidos por muitos cristãos. Hoje, 80% das denominações ditas protestantes são, na verdade, seitas arminianas sob o título de “igreja evangélica”. O Pentecostalismo, assim como outras vertentes do arminianismo, é apenas uma das conseqüências doutrinárias oriundas desse distúrbio soteriológico e espiritual.
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