O que são aquelas línguas estranhas dos pentecostais? | JP Padilha


Chama-se Glossolalia, um fenômeno geralmente acompanhado de "expressões de êxtase". Glossolalia é a prática de proferir sons ininteligíveis que se parecem com uma linguagem real enquanto o praticante fica em estado de êxtase. A glossolalia é muitas vezes confundida com a xenoglossia, a qual se refere ao ato de pronunciar idiomas reais, que é o caso do verdadeiro dom de línguas bíblico. Ou seja, enquanto a glossolalia consiste no ato de falar em um idioma inexistente, nunca antes proferido por qualquer ser humano em sã consciência, a xenoglossia é a capacidade de falar fluentemente uma ou mais línguas estrangeiras sem nunca ter tido um contato prévio com as mesmas.

A xenoglossia não é uma habilidade inata ou natural, mas um dom sobrenatural. Em contraste com a xenoglossia, uma vasta lista de estudos nos mostra que a glossolalia (praticada pelos pentecostais e carismáticos) é um comportamento aprendido, seja por imposição de falsos profetas ou através do sentimentalismo. Outro fator que coopera para a prática da glossolalia é a técnica de persuasão e até mesmo da hipnose que os ditos “profetas” do Pentecostalismo provocam nas pessoas.

Os pentecostais e outros movimentos carismáticos oriundos acreditam que existe uma explicação “sobrenatural” para a glossolalia, associando essa prática ao dom de línguas descrito no Novo Testamento. Eles acreditam que o falar em línguas é a manifestação sobrenatural necessária para legitimar o batismo que receberam do Espírito Santo, que passou a habitar neles por meio dessa manifestação, como no dia de Pentecostes (At 2) e na igreja de Corinto (1Co). Porém, muito longe das línguas idiomáticas expressadas no Novo Testamento, a glossolalia é um grande instrumento nas mãos de Satanás para um engano em massa. Trata-se de uma ferramenta muito útil nas mãos do diabo, o qual facilmente provoca um contágio colossal de histeria nas denominações religiosas pentecostais. E isso acontece numa escala cada vez maior.

Tudo o que se ouve nessas falas mirabolantes durante os cultos carismáticos é uma profusão de engano, confusão e barulho. Por uma questão de lógica, nenhum cristão verdadeiro – que nasceu de novo – pode declarar que estamos de fato “ouvindo as revelações de Deus por meio do dom de línguas, cada um na nossa própria língua em que somos nascidos" (At 2.8), como ocorrido na festa de Pentecostes em Jerusalém, onde a Igreja de Cristo foi inaugurada, e em outras situações isoladas durante o período de Atos, bem como nas manifestações sobrenaturais que encontramos em 1 Coríntios.

Simplificando, a prática da glossolalia não é o dom de línguas bíblico. Paulo ensinou claramente que o principal objetivo do dom de falar em línguas era servir de sinal para os incrédulos [judeus] que não criam no evangelho da graça, bem como espalhar a boa notícia, o evangelho de Cristo (1Co 14.19,22). Conforme nos testifica Atos 2, tal dom espiritual consistia na capacidade concedida pelo Espírito Santo de realizar a pronúncia de línguas estrangeiras sem nunca tê-las estudado. Isso ocorreu para que os apóstolos pudessem evangelizar as nações do mundo numa velocidade incrivelmente inesperada, fazendo com que a mensagem do evangelho da graça se espalhasse por toda a terra em questão de décadas.

COMO SE PRATICA A GLOSSOLALIA?

Uma pesquisa realizada pelo Centro Médico Luterano demonstra que a glossolalia é facilmente aprendida com instruções simples. Do mesmo modo, foi-se observado nessa pesquisa que os alunos puderam exibir o "falar em línguas" sem ficarem inconscientes ou sob comportamentos de transe. Outro teste realizado com sessenta alunos mostrou que depois de escutar uma amostra de um minuto de glossolalia, 20% dos alunos foram capazes de imitar os sons com precisão. Após algum treino, 70% conseguiu.

A glossolalia pode ser observada em praticamente toda parte do mundo. Religiões pagãs por todo o globo são obcecadas por línguas. Algumas delas são os Xamãs no Sudão, o culto Xangô da Costa Oeste da África, o culto Zor da Etiópia, o culto Vodu no Haiti e os aborígines da América do Sul e Austrália. Murmurar ou falar sons ininteligíveis que soam como uma compreensão mística profunda por homens religiosos é uma prática antiga.

Existem basicamente dois aspectos para a glossolalia: O primeiro é falar ou murmurar em sons que se parecem com linguagem. Quase todo mundo é capaz de fazer isso, até mesmo crianças antes de aprenderem a falar podem imitar a linguagem real, embora de forma ininteligível e desconexa. Não há absolutamente nada de extraordinário nisso. O outro aspecto da glossolalia é o êxtase ou a demonstração de euforia em transe. Também não há nada de incomum nisso, embora seja mais difícil fazê-lo intencionalmente do que meramente proferir sons que se parecem com linguagem.

O CÉREBRO DE QUEM PENSA ESTAR FALANDO EM LÍNGUAS

Ao pesquisar mais sobre a aberração da glossolalia praticada por seitas carismáticas, encontrei o seguinte comentário de um artigo muito esclarecedor:

“O fato de que as línguas pronunciadas pelos movimentos carismáticos são falsas, além de estar de acordo com a exegese bíblica, também passou a receber o apoio de provas científicas. Em 2006, uma equipe de cientistas da Universidade da Pensilvânia realizou experimentos em um grupo de membros de seitas pentecostais enquanto eles praticavam a glossolalia – as famosas “línguas estranhas”. Sob o manuseio de técnicas específicas de medicina nuclear, os cientistas avaliaram o fluxo sanguíneo em determinadas porções do cérebro daqueles indivíduos e descobriram que as regiões associadas à linguagem não eram ativadas durante o exercício do suposto "dom". Ou seja, isso mostrou, de forma clara, que aquelas pessoas não estavam falando língua alguma.

Por outro lado, a análise revelou que porções do cérebro fortemente associadas ao aprendizado inconsciente e à memorização implícita (regiões ricas em "neurônios espelho") ficavam mais ativas durante o "falar em línguas" dos pentecostais, deixando claro que aquelas pessoas estavam apenas reproduzindo ou imitando sons que ouviram em suas instituições religiosas ou em outras reuniões de cunho pentecostal e carismático.

Feito isso, a equipe de cientistas ainda verificou que, durante a experiência daquelas ditas "línguas estranhas", a parte do cérebro que coordena e integra atividades conscientes e inconscientes (o tálamo) entra em atividade mais intensa. Em meio a isso tudo, a pessoa "sente" que o "dom" está "fluindo naturalmente"; ela tem uma sensação agradável e experimenta certo alívio do estresse.

Todas essas conclusões tiraram o debate sobre línguas do campo da opinião pessoal, revelando, de forma objetiva, que as chamadas “línguas estranhas” que os pentecostais alegam praticar não tem nada de sobrenatural, entrando em total desacordo com a experiência registrada no livro de Atos e na epístola de 1 Coríntios”.

MISTÉRIO REVELADO PELA CIÊNCIA

Doutores em Linguística que estudaram a glossolalia moderna passaram anos pesquisando pessoalmente a manifestação da glossolalia, visitando grupos pentecostais e carismáticos em vários países do mundo. Entre eles está o professor de linguística William Samarin, da Universidade de Toronto. William Samarin explica o seguinte:

"Não há mistério sobre a glossolalia. Amostras gravadas são fáceis de se obter e analisar. Elas sempre acabam por ser a mesma coisa: "Sequências de sílabas, compostas de sons retirados de todos aqueles que o orador conhece, reunidos mais ou menos ao acaso, mas que, no entanto, surgem como unidades semelhantes a palavras e frases por causa do realismo, do ritmo e da melodia semelhante à linguagem. Glossolalia é, de fato, como uma linguagem em alguns aspectos; mas isso é só porque o orador (inconscientemente) quer que seja uma linguagem. No entanto, apesar das semelhanças superficiais, a glossolalia não é fundamentalmente uma linguagem. Todos os tipos de glossolalia que já foram estudados não produziram recursos que cheguem a sugerir que eles refletem algum tipo de sistema de comunicação (...). Glossolalia não é um fenômeno sobrenatural. Na verdade, qualquer um pode produzir glossolalia se for desinibido e descobrir qual é o truque.

Quando o completo aparato das ciências linguísticas faz pressão sobre a glossolalia, ela acaba revelando ter apenas aparência de linguagem."

(Dr. William Samarin).

O PERIGO DA PRÁTICA ENGANOSA DA GLOSSOLALIA

Em seu livro “Fogo Estranho”, John MacArthur esclarece:

“Na realidade, as expressões modernas de glossolalia são enganosas e perigosas, oferecendo apenas uma pretensão de espiritualidade genuína. Pentecostais podem dizer que é Deus falando através deles, mas não há absolutamente nenhuma evidência que confirme a noção de que a glossolalia moderna vem do Espírito Santo ou o auxilia em seu trabalho de produzir santidade. Por outro lado, há muitas boas razões para evitar tal prática. Ela é, de fato, comum em várias seitas e falsas religiões e entre seus seguidores – desde os curandeiros do Vodu Africano e monges místicos do budismo até os fundadores do Mormonismo.

Historicamente, o discurso irracional e extático tem sido associado apenas a grupos marginais heréticos, dos montanistas aos jansenistas e irvingitas. A mesma experiência espiritualmente vazia é essencialmente idêntica à prática carismática moderna. Os evangélicos hoje, em grande parte, desconhecem a história da prática (...); pensam na glossolalia como algo praticado na época apostólica da Igreja. Isso é um terrível engano.

Na longa história da Igreja, depois dos dias dos Apóstolos, onde quer que o fenômeno da glossolalia surgisse, era encarado como uma heresia. A glossolalia foi, sobretudo, confinada aos séculos XIX e XX. Mas, independentemente de onde e como surgiu, ela nunca foi aceita pelas igrejas históricas da Cristandade. Foi universalmente repudiada pelas igrejas cristãs como uma aberração doutrinária e emocional’” (John MacArthur / Livro: Fogo Estranho).

Em suma, essa prática herética dos pentecostais é uma falsificação que, sob qualquer aspecto, fica aquém do dom de línguas descrito no Novo Testamento. Os praticantes dessa aberração afirmam ter recebido o dom bíblico de falar em línguas, mas, no final, não possuem outra saída senão reconhecer que as falas confusas deles não possuem nenhuma das características de uma língua real.

Podemos resumir o falso dom de línguas dos pentecostais por meio de duas características:

1. As assim chamadas "línguas estranhas" manifestadas nas reuniões da seita evangélica pentecostal são um comportamento aprendido que consiste em sílabas incompreensíveis, repetitivas, gaguejadas e sem significação.

2. Em contraste com isso, o dom de línguas no Novo Testamento consistia na habilidade sobrenatural de falar precisamente em uma língua estrangeira que o falante jamais havia aprendido ou sequer estudado.

Conclusão: Embora os pentecostais possam apoderar-se da terminologia bíblica – dom de línguas – para descrever a prática dessas expressões malucas e sem nexo, tal comportamento fabricado não tem nenhuma relação com o genuíno dom de línguas da Bíblia.

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–– JP Padilha / O Evangelho sem Disfarces
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